O natal passou, os meses passaram, meu aniversário passou e eu nem acredito que eu estava nesse momento arrumando o malão para voltar para casa amanhã. Suspirei ao ver tudo guardado, resumindo, eu havia conseguido destruir o diário e o anel, roubei o diário do dormitório de Lúcio. Foi bem chato, tive que esperar debaixo da capa perto das masmorras alguém abrir a porta, eu passei sorrateira e segui Lucio. Ele era idiota o suficiente para deixar o diário perto de seus outros livros, claro que foi difícil driblar Rabastan, que de algum jeito, conseguiu reconhecer meu perfume e acabou me seguindo tentando achar a fonte do cheiro. Ficamos nessa até eu despistá-lo e sair fechando a porta em sua cara, eu corri para Dumbledore e destruímos o diário e o anel ao mesmo tempo, faltavam apenas a cobra e a taça, já que ele provavelmente ainda não havia feito do colar uma horcrux.

Ele não voltara a me incomodar mas eu entrara em sua mente sem querer as vezes, igual a quando ele estava puto de raiva com Malfoy por perder o diário, ele não me notou ali no começo. Só depois quando se acalmou um pouco, e logo me expulsou nem me dando chance de desfrutar daquele momento de vitória.

Eu fechei meu malão e me sentei na cama exausta, as meninas estavam no salão comunal com os meninos. Mas eu estava com dor de cabeça e sem vontade nenhuma de encarar o casal grude, que era a Kath e o Remus. Eles não estavam namorando, só... Muito grudentos e “fofos”.

O.K, deixe-me contar-lhes uma história.

Lá estava eu no salão comunal depois da festa de aniversário que fizeram para mim e James, Lily me encarava desconfiada.

– Mione? Vou ser direta, desde quando você gosta de Remus? – Eu engasguei com minha saliva e tossi me curvando, a olhei surpresa, quer dizer, eu finalmente havia parado de mentir para mim mesma e havia admitido que estava gostando de Remus semana passada, mas não contei a ninguém.

– D-do que v-você está f-falando? – Perguntei rindo nervosa e corando, ela me olhou debochada e com uma sobrancelha arqueada, suspirei derrotada e a encarei. – Tá bom, desde que o conheci? Não sei exatamente. – Murmurei e ela se levantou num salto rindo e comemorando.

– Eu sabia! Eu sabia!

– Tá bom, agora fala baixo! – Chiei e ela riu se sentando tentando se conter.

– Você precisa contar para as meninas!

– Não!

– Precisa sim! Elas também são suas amigas! Como você se sentiria se te escondessem algo assim? – Perguntou repreendedora e eu bufei, odiava quando ela estava certa. Ela sorriu e nós subimos para nosso dormitório, Kath havia saído para fazer sei lá o que, mas Marlene e Alice estavam ali. Nós nos sentamos em uma roda e eu limpei a garganta.

– Tenho uma coisa para contar. – Murmurei, mas a porta foi aberta e Kath gritou eufórica e com os olhos brilhando.

– Tenho uma coisa para contar! – Nos entreolhamos e rimos, ela se sentou no espaço vago e eu falei para que ela fosse primeiro, ela sorriu agitada e falou corando. – Remus e eu nos beijamos! – Eu arreganhei a boca sentindo as lágrimas inundarem meus olhos, pisquei rápido para as afastar e Lily me olhou penalizada. Sorri de lado para ela escondendo a dor como sempre, a dor no meu peito era mais que incômoda, xinguei Draco e o ouvi chorar, meu estômago afundava e minha garganta fechava. As meninas exclamaram várias coisas enquanto ela ria, sorri de lado triste comigo mesma. Claro que ele iria querer Kath, ela era alta, loira dos olhos azuis, linda.

– E você, Mione? – Perguntou Marlene e eu levantei o olhar para ela e olhei de canto de olho para Kath.

– Não era nada demais... Eu só... Ia dizer que Diggory se confessou para mim de novo. – Murmurei me sentindo extremamente para baixo, ela riram novamente e eu coloquei minha máscara muito bem feita de felicidade em excesso. Melhor sorrir e não ouvir ninguém perguntar nada do que deixar transparecer. – Com licença. – Falei sorrindo depois de um tempo e saí deixando o sorriso desaparecer lentamente a medida que eu me afastava e corria para a sala precisa, senti Lily me acompanhar, mas eu a ignorei parando em frente a parede do sétimo andar, eu passei três vezes pelo corredor ofegante e vi Lily me olhando triste como se eu estivesse louca. Mas seu rosto ficou admirado ao ver uma porta aparecer, eu entrei e ela me seguiu, ela fechou a porta olhando maravilhada para o lugar que assumiu a forma do meu quarto.

– Que lugar é esse? – Não lhe respondi por medo de minha voz sair estrangulada e sussurrei.

– Não deveria ter me seguido.

– Eu não ia te deixar sozinha. – Falou convicta e eu caí em lágrimas no chão ajoelhada, porque doía tanto? Lily me levou até a cama e me deixou chorar em seu colo enquanto ela sussurrava coisas meigas e afagava meus cabelos.

Fui interrompida das minhas memórias por uma dor aguda na cabeça, eu não estava preparada, e Tom Riddle entrou na minha cabeça de modo fácil. Me vi na biblioteca e encarei Riddle, ele sorriu de modo bestial para mim e eu senti um frio horrível passar pela minha espinha. Bateram na porta e Riddle se endireitou me dando as costas.

– Entre. – Falou frio e Régulo apareceu assustado e mais pálido que o normal, senti minha garganta fechar e comecei a suar frio. – Vejo que está pronto, Black. Tentamos não gritar hoje, sim? – Falou sorrindo e Régulo ficou uma cara de doente, ele entrou prendendo um soluço e fechou a porta atrás de si indo ao meio da sala, Riddle lançou um abaffiato e apontou a varinha para Régulo, que mordeu o punho com os olhos fechados. – Crucio!

– Não! – Gritei de modo agudo ao ver Rémulo convulsionando no chão chorando e deixando alguns pequenos gritos lhe escaparem pelos lábios. – Pare! Pare! – Me desesperei e tentei dar um tapa na mão de Riddle, mas a mesma o atravessou, engoli o choro e voltei a gritar para que parasse, ele parou depois de alguns minutos e me olhou com um sorriso diabólico.

– Está melhorando, Régulo. Lembra do porque eu estou fazendo isso?

– Hermione... Eu sou amigo dela... E... E ela é uma traidora de sangue. – Balbuciou e levou a mão o medalhão que eu havia lhe dado, eu sabia que ele ainda era meu amigo pois ele ainda usava o mesmo. Eu lhe disse que quando não quisesse mais ser meu amigo era apenas tirar o mesmo que eu iria lhe deixar em paz.

– Isso. Exatamente, Régulo, isso é culpa da Potter. – Riu e dispensou Régulo que saiu arfando, ele se virou para mim e começou a me rondar enquanto eu mantinha as mãos em punho e tremia de raiva rangendo os dentes. – Entendeu, Potter. Não ouse me ameaçar novamente, ou as consequência serão piores. – O olhei com tanto ódio, que ele vacilou por um milésimo de segundo, fechei minha mente me levantando arfante e saltei da cama tirando a capa e encurtando a saia para não me atrapalhar. Prendi meu cabelos de modo brutal e saí batendo a porta e xingando alto, desci e quando passei pelo salão comunal ouvi.

– Onde acha que vai com essa saia curta?! – Perguntou James e eu gritei um “vá se foder”, fui até o escritório do diretor e pedi a espada de Griffyndor, ele me deu com o cenho franzido. Mas eu não lhe dei explicações e simplesmente saí enfiando a espada na minha bolsa de contas, sim, feitiço de extensão. Corri até o banheiro da Murta que Geme e a ignorei indo até a pia, eu nunca havia tentado falar língua das cobras, mas se eu entrava na mente do filha da puta...

– Abra. – Murmurei e um som estranho saiu dos meus lábios, mais parecia um chiado misturado com sibilado. A passagem começou a abrir e eu passei pelo buraco segurando a bolsinha de modo firme, quando aterrissei no chão de ossos de ratos e de outros animais eu estava cega pelo ódio, tirei a espada da bolsinha e joguei a mesma perto da entrada, não havia nada ali mesmo. Andei pelo corredor úmido e olhei a imagem de Salazar, ignorei e entrei na toca do Basilisco olhando para os pés, ele estava dormindo então fui silenciosamente até seu lado e olhei com ódio para o bicho. Se eu fiquei com pena da coisa que me petrificou e muitos outros no segundo ano? Pffft! Claro que não. Com sangue frio, desci a espada em seu crânio, o basilisco nem abriu os olhos, apenas soltou alguns ruídos estranhos e sofrentes levantando a cabeça por uns segundos antes dela cair do chão novamente em um baque úmido. Desenterrei a espada da cabeça da mesma e saí da toca puxando minha varinha, movi o corpo da cobra até fora da toca aos pés de Salazar e a deixei no meio do extenso corredor. Me sentei em sua cabeça e cruzei as pernas apoiando um dos meus braços no cabo da espada. Peguei minha varinha e forcei com tudo as barreiras da mente de Riddle, ele, pego de surpresa, nem pôde lutar. Ele apareceu de costas para mim encarando os pés de Salazar, Tom olhou espantado e assustado para a câmera. – Olá, Tom.

Tom Riddle

Eu havia feito certo, eu estava amaciando Régulo a alguns meses antes de mostra-lo a Potter. E agora ele a odeia, e ela se culpa. Ah sim, eu vi em seu olhar, mas vi um ódio e determinação que me fez vacilar por pouco tempo, ela nada disse, simplesmente fechou a mente depois de implorar que eu parasse.

No momento eu estava sorrindo para o nada bebendo meu copo de Whisky de Fogo de modo vitorioso, sorri de lado, havia se passado umas boas meia hora até que eu senti a Potter forçar as barreiras de minha mente de modo tão poderoso que eu me assustei e não pude ao menos me proteger. Quando abri os olhos, vi dedões. Mas dedões muito conhecidos de Salazar, abri a boca espantado e olhei para os lados vendo a Câmera secreta.

– Olá, Tom. – Ouvi uma voz fria atrás de mim e me virei tenso e lentamente, senti meu coração querer saltar para fora do peito ao ver Hermione Potter sentada na cabeça do basilisco morto e usando a espada de Griffyndor toda ensanguentada de apoio para o braço. Olhei penalizado e triste para a cobra, fez parte da minha história e eu pretendia mandar um herdeiro abrir a câmera para matar sangues-ruins no futuro. Ela se levantou atraindo minha atenção e andou a minha volta lentamente enquanto eu estava rígido olhando para o corpo da cobra, ela arrastava aquela espada fazendo um barulho agoniante. – Eu avisei, Riddle. – Rosnou. – Eu avisei para deixar meus amigos em paz, e agora vai ter mais, Riddle. Acha que eu vou deixar passar em branco?! – Gritou no meu ouvido puta da vida, Merlin. – Antes você tinha uma inimiga, agora então... – Deixou a frase morrer no ar ao falar “agora então” de modo irônico, ela parou a minha frente e segurou a espada com firmeza. – Você não vai ter mais que temer a Alvo Dumbledore, vai ter que temer a mim. – Rosnou e ao mesmo tempo em que descia a espada em direção a minha cabeça, eu fechava minha mente. Me levantei arfante da poltrona puxando os cabelos, joguei com tudo o copo na parede urrando de ódio. Eu devia ter levando a sério, ela é pior do que parece, matou o basilisco e saiu sem nenhum arranhão, como caralhos ela conseguiu entrar na câmera Secreta?! Como ela sabia onde ficava?! Quem é ela?! Como uma menina de 12 anos consegue matar um basilisco e ainda sentar nele apenas para me mostrar? Merlin, e a sua ameaça... Ela foi tão... Real.

Eu sinto nos meus ossos que eu devia realmente teme-la, tanto quanto eu temo o velho, tanto quanto eu temo a morte. Ela esperta, perigosa, poderosa e muito bem treinada. Como eu sei disso? Bellatrix e Lúcio entraram em um duelo com ela os dois ao mesmo tempo, e ela os derrotou em dois movimentos, eles lançaram maldições imperdoáveis e Bella disse que ela apenas bocejou e desviou com facilidade. Ambos eram ótimos duelistas, e ganhar dos dois ao mesmo tempo... É inacreditável, e cá entre nós. Os dois não jogam limpo.

Ela me avisou para não mexer com seus amigos, e lá fui eu subestimá-la. O que mais ela poderia fazer para me atingir? Não há nada que eu duvide agora que ela não seja capaz de fazer para proteger os amigos.