Desculpas de Uma Assassina escrita por Menthal Vellasco


Capítulo 1
One Shot


Notas iniciais do capítulo

Foi inspirado na revelação dos estúdios Marvel sobre quem estaria do lado de quem na Guerra Civil. Se passa paralelamente a esse evento.



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Seus olhos se abrem subitamente. Conhecia aquele quarto. Por um instante, não se lembrava de como foi parar lá, principalmente usando seu uniforme, mas depois encarou um rosto conhecido. Os olhos castanho-azulados estavam molhados e inchados. Sua expressão: deprimida.

– O que... - mas ao tentar se levantar, sentiu uma enorme dor na cabeça, como se alguém a tivesse acertado.

– Nat, relaxe. Acabou de passar por uma situação nada agradável.

– Como vim parar aqui?

– Não se lembra? - questionou.

– Não. - respondeu parecendo perdida.

– Também acho melhor eu não contar. Seria cruel com você.

– O que eu fiz, Clint? - ela insiste, séria.

– Não faça isso com você. - ele respondeu.

Ela sabia que foi algo muito ruim. Quando ela lhe falou aquela frase, ele havia matado muitos agentes e quase a ela. Natasha sabia que aquilo não queria dizer boa coisa. Então, foi como se uma onda de memórias ruins as chocasse contra sua cabeça. Algo prende em seu pescoço e ela desmaiar era sua memória mais recente. A Guerra Civil, a Lei de Registro, seu melhor amigo do lado oposto e tantas outras memórias ruins não se comparavam à culpa que sentia pelo que fez:

– Eu a matei, não foi? Matei Laura?

– Nat, não...

– E a Hunther e Linda.

– Aquela não era você. Você foi controlada mentalmente e forçada a fazer isso.

– Me trouxe de volta como eu te trouxe naquela vez?

– Sim. Consegui acertar sua cabeça com uma frigideira antes que você desse um tiro em Nathan.

– Uma frigideira? - perguntou confusa.

– Seu amigo nunca foi um cara normal. - ele se defende, mas sem o ar divertido que normalmente o acompanhava.

– Nathaniel está bem? - perguntou preocupada.

– Pode ter ficado traumatizado. - respondeu preocupado.

A ruiva inicia um choro, e é amparada pelo amigo. Laura era uma grande amiga. Aguentar o fato de ter tirado sua vida era algo que Natasha nunca iria conseguir. Clint tentava parecer forte e suportá-la, pois sabia que precisava de ajuda. Mas Laura sempre foi o centro de sua vida, e perdê-la dessa forma era a pior coisa que poderia acontecer. Estava destruído por dentro. Mas ele não culpava sua amiga pela morte de sua esposa, seu filho Hunther e a única menina que teve, Linda, pois sabia que ele já havia passado por aquilo, e ela foi piedosa com ele. Havia razão, além de estarem em lados opostos de uma guerra, para ele não ter a mesma piedade com ela?

– Eu sei que você nunca vai me perdoar. - ela falou.

– Não, se preocupe. - ele acaricia sua cabeça - A arma não tem culpa de quem puxou o gatilho.

– Ela era minha amiga. - só então o abraso sessa e os dois se olham nos olhos - E era tudo para você. A culpa é toda minha.

– Não fale assim. Quem fez isso com você é quem nunca vou perdoar. Ele os matou, não você. Você foi usada apenas.

– Me desculpe.

Depois daquela frase, o quarto entrou em silêncio total. Os dois se entreolham incansavelmente. A culpa de Natasha em seu olhar era tão nítida quanto a dor nos olhos de Clint. Ele amava Laura mais do que tudo e fez de tudo para que aquilo não acontecesse a sua família. Tudo o que ele mais temia era o que havia acontecido naquela manhã.

– Quer vestir algo confortável? - ele perguntou.

– Não sei se vou conseguir usar algo dela.

– Os corpos estão no quarto das crianças. Nathaniel Pietro está dormindo aqui, no canto do quarto. Vou precisar de ajuda para limpar a casa.

– Você não precisa fazer isso, Clint. Só vai acabar se matando um pouco mais.

– Algo precisa ser feito. - ele respondeu sério.

O silêncio se instalou de novo naquele lugar. Levar o corpo de sua esposa e filhos da sala para o quarto já foi difícil. Tanto que, ao deitar o corpo de Laura na cama que antes pertenceu a sua filha, caiu de joelhos e chorou. Mas agora ele ainda queria limpar o sangue do chão? Era impressionante. Enquanto Natasha se perguntava como ele conseguia, percebia também que não era hora de ficar parada no lugar chorando. Ela precisava ajuda-lo.

– Sim, eu topo. E te ajudo a arrumar tudo. - ela responde, tentando sorrir.

Assim o fizeram. Ao fim de tudo, os dois se sentaram na cozinha tomando café em silêncio. Ambos com pensamento distante e a grande questão: o que aquela guerra fez com eles? A luta de dois dias antes ainda vagava pelas suas memórias. "Somos amigos, somos?" Ela perguntou, mas recebeu uma resposta irônica e típica dele: "Depende de quão forte você bate". E por aquela razão, Clint voltou para casa naquela noite, para esfriar a cabeça.

Natasha se lembrava de forma nítida de quando tirou a vida de sua melhor amiga. Ela bateu na porta, Laura abriu e logo perguntou o que estava acontecendo. Como resposta, recebeu um chute na barriga que a fez tombar no chão. "Onde está o Barton?" Era tudo o que saía da boca da ruiva, e logo Laura sabia que aquela não era a Nat que ela conhecia. Mirou sua arma nas crianças, mas Laura se joga na frente e toma o tiro no peito. Inutilmente, pois logo, com suas últimas palavras sendo: "Tia Nat, não faz isso!", Hunther Barton foi morto. Em seguida, sua irmã, Linda Barton, que chorava de pavor.

Clint estava na cozinha começando a fazer hambúrgueres quando ouviu o primeiro tiro. Quando chegou, presenciou a morte da filha. Não intendia a razão de logo ela fazer aquilo. Ao finalizar aquela parte, caminhou feito um zumbi na direção do bebê. Clint não podia acreditar no que via, até perceber um pequeno dispositivo em seu pescoço com uma luz vermelha forte. Natasha mataria Nathan se Clint não houvesse acertado a frigideira em suas mãos na cabeça dela com muita força.

– Como pretende cuidar do Nathan? - perguntou Natasha, dando um gole no café forte que preparou para ela e seu amigo.

– Não sei. Nathan é muito pequeno ainda. Acho que vou largar tudo. É claro que antes disso, vou querer vingança.

– Eu também. Você, assim como eu, sabe o que é ser desfeito. - ela respondeu – Mas mais do que me vingar, quero vinga-los.

– E vamos. - ele respondeu – Depois largo tudo. Sou um inútil mesmo. Vocês não precisam de mim.

– Eu preciso. E não diga isso de você mesmo, Clint, já me ajudou muito. Você é incrível! E eu nunca vou poder retribuir tudo o que já fez por mim.

– E quem disse que precisa?

– Eu te amo. - ele a encara desacreditada – E esse era o único segredo meu que você não sabia.

Houve uma certa hesitação de Natasha em falar essa frase. Frase que fez Clint a encarasse com outros olhos. Primeiro, ele a via como a temida assassina conhecida como Viúva Negra. Depois se tornou uma amiga inseparável para todas as horas; uma irmã. Agora, a via como uma garotinha que precisava de ajuda. Uma criança que passou a confiar nele.

– Olha... Natasha... - se mal palavras haviam em sua mente, o que sairia de sua boca?

– Me desculpe. Eu sei que eu não devia ter dito isso. Você acabou de perde-la da pior forma possível e, agora, parece que quero tomar o lugar dela, sendo que na verdade isso está muito longe de ser o que eu quero. - Clint solta um suspiro e pergunta.

– Esconde isso há quanto tempo?

– Nos conhecemos há quanto tempo mesmo? - responde em um tom de leve ironia.

– Mas... e o Bruce?

– Tentei forçar algo com outro. Tentei mentir para mim mesma e me apaixonar por outro, mas não consegui. Laura era maravilhosa. Você merecia alguém melhor do que eu e esse alguém era ela! Tentei respeita-la, mas não consegui, pois sempre fui apaixonada por você. - as lágrimas começas a escorrer em seu rosto de novo – Me des...

– Pare de pedir desculpas! Você não tem culpa de nada! - ele a repreende.

– Enquanto eu amar um homem casado, eu tenho culpa. Sinto como se tivesse feito de propósito, mas eu sei que não.

– Você não fez aquilo, Tasha! Já disse mil vezes! E meus parabéns, agora você ama um homem viúvo. Vai parar de se culpar agora? - ele pediu.

Natasha quase sorriu. Sempre teve Clint muito perto dela, mas ao mesmo tempo muito longe. Só de pensar que ela o tornou disponível, lhe dava nojo de encarar o espelho. Sim, ela já teve suas mãos sujas de sangue inocente, mas nunca de alguém na qual ela se importasse tanto.

– Tudo isso por causa de uma porcaria de lei de registro. - comentou Clint.

– Ela seria boa para nós, Clint... - mas Natasha é interrompida.

– Minha família seria morta de qualquer jeito se acontecesse. Nossos inimigos os descobri...

– Ou estariam mais seguros do que nunca!

– Sei porque está do lado do Stark: você não consegue não estar trabalhando para alguém. Não consegue não ser submissa a regras ou normas. A sua vida inteira você foi assim: KGB, S.H.I.E.L.D., não sei se os Vingadores então fora da lista, você nunca estava sozinha e ainda sim tinha um líder.

Houve um silêncio de poucos segundos, até Natasha o encarar e responder com um triste sorriso de lado: - Talvez seja verdade.

Algo nela despertou um sentimento de Clint que ele nunca achou que ela despertaria nele. O olhar de Natasha clamava o que ela dizia há horas: "Me desculpe!". Ela se sentia culpada. Por tudo. Uma guerra civil ocorrendo e ela ficou contra a única pessoa em que ela confiava.

– Vou precisar largar tudo pelo Nathan, depois, é claro, de nos vingarmos de quem fez isso com a gente... a não ser que alguém me ajude. - falou o pai preocupado.

– Te ajudar a cuidar dele é o mínimo que eu posso fazer.

– Eu pretendia sugerir.

– Mas e a Guerra...? - Clint a interrompe.

– Esqueça a Guerra Civil. Vamos fugir.

– É uma boa ideia. - Natasha respondeu.

Não que realmente fosse uma boa ideia, mas os dois não tinham muitas opções. Desistir da guerra, se vingar, fugir e cuidar de Nathaniel Pietro juntos, como uma família. Era essa a decisão que haviam tomado. E se Nathan crescesse achando que Natasha é sua mãe? E se ele nunca soubesse sobre quem são as pessoas que o criam? E se Clint, com o tempo, passasse a amar Natasha do jeito que ela o ama? Isso não cabe a mim.

Me desculpe por não ver o futuro deles.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado!
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