— Claire? Claire! – chamava o Doutor chacoalhando sua mão.

Os olhos de Claire estavam imóveis e fitavam o horizonte vazio. Todos ao redor se desesperaram ainda mais ao perceber o que acontecera.

— Não! – exclamou Eddie se jogando no chão. – Claire! Claire fale comigo! Claire, por favor! – insistia ele chacoalhando-a pelos ombros e com as mãos sujas de sangue.

Alec permanecia em silêncio. Ele olhava para a mãe sem saber o que fazer. Apesar de tudo o que fizera, ver Claire morta nunca estivera em seus planos. Ele sempre soube que ela e Spencer se escondiam nas galerias, mas nunca permitia que os Cybermen tomassem alguma atitude, pois não saberia como reagir caso algo acontecesse com ela.

E agora o que ele mais temia acabara de acontecer.

Clara se abaixou ao lado do Doutor, que tentava não demonstrar a tristeza que sentia, mas sem sucesso. 

— O… o que faremos agora? – perguntou ela encostando a cabeça no ombro do Senhor do Tempo.

— É… é uma ferida bem grande. – disse ele. – Mas acho que vou sobreviver com uns trinta centímetros a menos. – continuou ele.

Clara levantou a cabeça bruscamente ao ouvir a fala do Doutor. Ela arqueou uma sobrancelha, sem entender totalmente o que ele quisera dizer.

Embora, no fundo, ela já soubesse o que ele quisera dizer.

— Não vai fazer o que estou pensando, vai? – perguntou ela.

— É… é o único jeito. – disse ele. – Não é justo ela partir sem ter ao menos a chance de sentir o gostinho da vitória mais uma vez. 

— Mas e você? Vai ficar bem? – perguntou ela.

— Sabe que eu sempre fico bem. – respondeu ele. – Bom, eu… Eu preciso que se afastem. – pediu ele levantando-se repentinamente.

Os outros se olharam sem entender. O que mais havia a ser feito? 

— O… o que vai fazer? – perguntou Alec aproximando-se do Doutor.

— É… complicado. – respondeu ele. – Mas, se der certo, trará Claire de volta.

Alec olhou esperançoso para o Doutor, que abaixou-se novamente.

Em seguida, ele pousou a mão sobre o abdome de Claire e fechou os olhos. Sabia que não seria um processo fácil, então se esforçou para abstrair o que acontecia a sua volta e focar no que precisava. Clara olhava apreensiva, pois sabia o que ele pretendia fazer, embora não soubesse se aquilo funcionaria. Os outros olhavam cada vez mais confusos, mas tentavam se aproximar o máximo que podiam, pois queriam ver o que o Doutor tinha para fazer.

O Doutor se esforçava cada vez mais, a ponto das veias de suas testas saltarem. Ele fechava os olhos com mais força e sua mão tremia, até que um brilho dourado começou a surgir em volta dela.

Os familiares e colegas de Claire arregalaram os olhos, atônitos. 

— O… o que é isso? – perguntou Eddie.

No entanto, ele não obteve resposta. O Doutor mantinha os olhos fechados, enquanto o brilho ao redor de sua mão aumentava e parecia adentrar o corpo de Claire. O Doutor transferia parte de sua energia regeneradora para Claire.

O brilho dourado envolvia o corpo de Claire e seus cabelos loiros pareciam ofuscar o olhar dos que estavam em sua volta. Clara cerrava os olhos para proteger as vistas e Alec olhava cada vez mais fascinado com o que acontecia.

Pouco tempo depois, a luz cessou e o Doutor caiu para trás enfraquecido.

— Doutor! – exclamou Clara apoiando-o. 

Todos olhavam ansiosos para Claire, torcendo para que aquilo surgisse algum efeito. Por alguns instantes, parecia que nada iria acontecer e o Doutor olhou frustrado para o corpo ainda desfalecido de Claire.

Entretanto, ela repentinamente abriu os olhos e soltou uma longa inspiração.

— Doutor? – perguntou ela.