Memory of the Future - Parte 2 escrita por chrissie lowe


Capítulo 10
The Family Pain


Notas iniciais do capítulo

Olá! Sejam bem-vindos a mais um capítulo de Memory of the Future! Espero que gostem ˆˆ



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/646137/chapter/10

— Quando ia nos contar que Alec é seu filho?! – Esbravejou o Doutor bufando e batendo os pés pelas galerias.

    – Espera, como é que é? – Perguntou Clara sem entender.

    – É por isso que não queria que fôssemos até lá. Para que não descobríssemos a verdade! – Acusou ele em resposta.

    – E vocês me enganaram! – Rebateu Claire. – Disseram que iam partir, e não ir até lá! Não sabem como fiquei quando Rookie me contou que a TARDIS havia desaparecido! 

    – Como pode, Claire? Você disse que as coisas estavam bem! Isso parece bem pra você? – Perguntava o Doutor.

    – Do que está falando? Eu nunca disse isso!

    – Mas é claro que disse! Eu me lembro muito bem e…

    – Doutor, o que está dizendo? – Interrompeu Clara puxando o Doutor para perto de si. – Ela… Ela realmente nunca disse que as coisas estavam bem.

    O Doutor permaneceu em silêncio, tentando organizar os pensamentos. Enfim, ele soltou um longo suspiro e se acalmou.

    – Me desculpe, eu me exaltei. – Disse ele. 

    – Você se desculpando? Isso é novidade. – Zombou Clara.

    – Mas, enfim. O… O que houve, Claire? Como foi que… Seu filho? – Perguntava o Doutor ainda chocado com a recente descoberta.

    Claire respirou fundo e tentou se explicar.

    – Lembra do que eu disse sobre os meus esforços em impedir que as coisas saíssem de controle? – Perguntou ela.

    – Sim. Disse que fazia o que podia para barrar projetos perigosos e coisas do tipo. – Respondeu o Doutor já mais calmo.

    – Acontece que isso me demandava muita energia e tempo. Saí da presidência para me dedicar à vida pessoal, mas isso se tornou ainda mais difícil. Eu tentava, mas… No fim, eu sempre acabava indo na direção do trabalho. Alec sentia minha falta e eu sempre prometia que tiraria meu tempo para ficar com ele, mas tudo ficou somente na promessa. – Dizia ela tentando conter o choro. – Não me admira que ele me despreze hoje, mas… Eu jamais poderia imaginar que ele chegaria a esse ponto!

    – Mas como você e Eddie não perceberam o que se passava? Ele estava bem do teu lado! – Exclamava o Doutor indignado.

    – Eu sei! Mas… É que… Eu n-não sei, eu… Eu escolhi os outros ao invés dele! Foi isso que eu fiz! Meu menino!

    Nisso, Claire caiu no choro. Um choro doloroso que fazia o coração da mulher doer. Não havia como explicar o que acontecera com Alec, mas ela sabia que grande parte da culpa era dela e isso a remoía por dentro há anos.

    O Doutor e Clara olharam para a mulher em prantos sem saber o que fazer.

    – Claire, eu… – Começou Clara se aproximando de Claire. – Eu sinto muito.

    – Eu… Ele… Ele sempre foi… Diferente. – Disse Claire tentando se recompor. – Desde pequeno ele mostrou sinais de que era excepcionalmente inteligente. Eu e Eddie sentimos… Orgulho no início. Mas daí…

    – O que houve? – Perguntou Clara.

    – Eu não sei dizer. Ele… Alec começou a… Se isolar. – Respondeu ela. – Ele via que as outras crianças não conseguiam acompanhar o ritmo dele, mas não entendia o porquê. Eu sempre dizia que as pessoas eram diferentes umas das outras, por isso não havia com o que se preocupar, mas… Ele se sentia cada vez mais confuso e solitário. Passava horas dentro do quarto lendo ou escrevendo. Eu e Eddie nos preocupávamos cada vez mais, mas ao mesmo tempo, as coisas fora de casa andavam tão turbulentas quanto e… Trabalhávamos o dia inteiro, por isso não tínhamos energia para… Para resolver os problemas de Alec. Acho que talvez… Talvez ele tenha achado algum acolhimento na ideologia ciborgue. Muitos cientistas falavam sobre a inibição de sentimentos e que isso daria um fim ao sofrimento, à dor… As pessoas parariam de combater entre si, pois não haveria raiva, não haveria rancor para tal. Me dói muito pensar nisso, mas… Não consigo parar de pensar que ele viu nessa ideologia a chance de… Não sofrer mais. 

    – Perdi a conta de quantas pessoas já vi caindo nessa mesma história. – Lamentou o Doutor. – Não importa o local ou a época ou a espécie, ninguém consegue lidar pacificamente com os próprios sofrimentos. 

    – A ideologia ciborgue subiu à cabeça dele. – Disse Claire. – Ele era obcecado com isso. Passava noites a fio lendo tudo o que podia sobre o assunto, escrevendo artigos científicos… As pessoas o admiravam por tamanha dedicação, mas eu sentia medo. Eu pedia pra ele deixar isso de lado, mas ele não me ouvia. E Eddie… Eddie não fazia ideia de como lidar com isso e… Se afastou. Meu casamento foi por água abaixo com o passar dos anos, até chegar ao ponto em que sequer nos falávamos! Isso só mudou depois que decidimos reativar a Resistência. Nos juntamos a alguns de nossos antigos colegas e isso acabou nos unindo de novo. Eu tinha… Esperança de que tudo pudesse ser resolvido, caso derrubássemos o governo atuante na época. Eu acreditava que nossa família poderia se reaproximar caso acabássemos com as atitudes doentias do governo. Nunca imaginamos que, ao invés disso, a resposta seria… Entrar no quarto de Alec e ver o que estava acontecendo com ele. 

    Um silêncio aterrador tomou o salão escuro da galeria, pois o Doutor, Clara e Claire sentiam-se mal demais para dizer alguma coisa. Alguns minutos depois, entretanto, o silêncio foi quebrado com o som de passos vindo em direção ao salão.

    – O que está havendo aqui? – Perguntou uma voz grave ecoando pelas paredes da galeria.

    Os três olharam para trás e viram um sujeito coberto da cabeça aos pés, sendo possível ver apenas os seus olhos opacos e inexpressivos.

    – Spencer! – Exclamou Claire se levantando do chão. – Pensei que fosse retornar mais tarde.

    – Rhonda me ligou e disse que as coisas estavam tensas, por isso pediu para eu voltar mais cedo. Quem são vocês? – Perguntou ele para o Doutor e Clara em tom hostil.

    – Estes são Clara Oswald e o… Doutor. – Respondeu Claire em voz baixa.

    Spencer soltou uma expressão confusa. Ele tirou o gorro e o lenço que cobria seu pescoço, boca e nariz, deixando a mostra os seus cabelos cor de mel com as raízes já grisalhas e suas marcas de expressão eram profundas em seu rosto.    

    – Como assim, o Doutor? – Perguntou ele. – Este homem não pode ser o mesmo que conhecemos. – Disse ele desconfiado.

    – Eu sei, é uma longa história. – Respondeu Claire. – Mas, acredite, é ele. 

    Spencer encarou o Doutor e Clara, ainda em alerta. Clara sentiu a tensão percorrer o seu corpo.

    – Já faz um bom tempo. – Disse Spencer. – Vieram nos ajudar?

    O Doutor olhou para Clara com uma ponta de esperança no olhar. Talvez Spencer fosse menos resistente enquanto a deixar que os dois os ajudassem.

    – Aí é que está. – Respondeu o Doutor. – Não posso ajudar se Claire não quer a nossa ajuda.

    – Eles já sabem sobre Alec. – Disse Claire para Spencer em tom de constrangimento.

    – Contou para eles? – Perguntou Spencer surpreso.

    – Não. Eles descobriram por conta própria. Acabei de tirá-los da Cidade. – Respondeu ela séria.

    – Estiveram na Cidade? Como conseguiram escapar da atualização? – Perguntou ele ainda mais surpreso.

    – Não teríamos escapado se Claire não tivesse aparecido. – Respondeu Clara. – Devemos uma para ela.

    – Exato. Por isso acho que deveria nos deixar ajudá-la a resolver esse caos. – Disse o Doutor.

    – Eu não posso! – Exclamou Claire. – E agora vocês sabem o motivo. Não há mais nada que eu possa fazer!

    Claire sentiu o rosto queimar novamente. Ela já havia tentando todas as alternativas para conseguir convencer Alec de acabar com tudo isso. Só havia sobrado uma opção e ela não queria sequer pensar em tal possibilidade.

    – Mas deve haver alguma coisa a ser feita! – Insistiu o Doutor. – O que acha disso, Spencer?

    Todos olharam para Spencer, que não tirou a expressão séria do rosto.

    – Bom… Se Claire acha melhor ficarem longe disso, então eu acho o mesmo.

    – Mas… 

    O Doutor não continuou a frase. Não sabia mais qual argumento utilizar, assim como os outros três presentes na sala. Entretanto, o silêncio foi logo quebrado por uma animada Rhonda entrando no salão.

    – Pai! Está de volta! – Exclamou ela correndo em direção a Spencer.

    – Oi, querida. – Respondeu Spencer abraçando a menina. – Como estão as coisas?

    – Está tudo bem. – Assegurou ela. – Mas… Mas o que está acontecendo? – Perguntou ela ao perceber a tensão dos quatro.

    – Eles estiveram na Cidade Proibida. – Respondeu Spencer. – Eles descobriram sobre Alec. 

    – Estiveram na Cidade Proibida?! – Perguntou a jovem espantada.

    – Sim, estivemos! – Retrucou o Doutor impaciente. – Será que todos aqui vão perguntar isso?

    – N-não fale assim com ela! – Resmungou Claire.

    – Ok, não comecem com isso. – Pediu Clara. – Escute, Claire. Sabemos que Alec é seu filho, mas isso não nos impede de querer ajudá-la. Mas não podemos acabar com isso por conta própria. Precisamos de você.

    – Eu… Eu não sei o que fazer. – Insistiu Claire. – Tentamos tudo o que estava em nosso alcance, eu juro! Mas ele é teimoso, não nos deu ouvidos. Disse que sabia o que estava fazendo. 

    – Mas você sabe que não é verdade. – Disse o Doutor. – Sabe mais do que qualquer um aqui que ele não tem ideia do que está fazendo! 

    – Sim, eu sei. Mas o que é que eu posso fazer?

    – Você tem a nós agora. – Disse Clara. – O Doutor já enfrentou muitos perigos e sempre arranjou uma solução. Aposto que não será diferente por aqui. Por favor, deixe ele ajudar! 

    Claire olhou apreensiva para o Doutor. Ainda não estava certa sobre isso.

    – Eu não entendo. – Sussurrou Rhonda para Spencer. – Por quê Claire não quer a ajuda dele? 

    – Você pediria ajuda para matarem o seu filho se estivesse no lugar dela? – Perguntou Spencer sombrio.

    Rhonda engoliu em seco. Realmente, era difícil resolver esse impasse.

    – Claire! Claire! – Interrompeu um garoto correndo desesperadamente para dentro do salão.

    – O que foi, Rookie? –  Perguntou Claire impaciente. –  Não vê que estou ocu…

    – Mas é Artie! – Interrompeu Rookie. – Ele está na superfície! Alguém o pegou! 

    – Como é?! – Exclamou Claire sentindo o coração acelerar. 

    – Eu e Mara estávamos checando os sensores, quando vimos que ele estava fora dos limites das galerias! Fomos verificar e vimos um grupo de pessoas atrás dele! Ela os rendeu e está com eles, mas me mandou aqui para avisá-la! 

    No mesmo instante, Claire levantou-se e correu para a superfície.

    – Rhonda! Vince! Venha comigo!

    Rhonda tirou uma pistola do coldre em seu cinto e Vince logo apareceu no salão, pegou uma bazuca no arsenal que se encontrava escondido em uma das paredes e pendurou-a tiracolo. 

    Claire sentia uma fúria incontrolável dentro de si. Não importa quem ou o que estivesse com Artie, pagaria caro por isso.

    O Doutor e Clara, aflitos pelo garoto, seguiram Claire e Vince.

    – Quem pode ser? – Perguntou Clara acelerando o passo.

    – Não faço ideia. – Respondeu o Doutor.

    Ao chegarem na superfície, o pequeno grupo composto por uma Claire em fúria, Rhonda, Vince, o Doutor e Clara logo se depararam com um embate entre o grupo de formado por Mara e alguns outros jovens, todos com armas a postas, e um grupo de pessoas misteriosas, vestindo capas pretas e surradas que não permitia que seus rostos fossem vistos. 

    Um dos encapuzados segurava Artie pelo braço. Outro parecia tentar apaziguar a situação e tentava convencer o outro a soltar o menino.

    – Eu disse para não fazer isso! – Dizia uma voz feminina.

    Todos saltaram ao ouvir o barulho da arma de Claire sendo carregada. 

    – Tire as mãos dos meu filho, AGORA! – Vociferou Claire com a arma apontada na cabeça do desconhecido.

    No entanto, o que aconteceu depois foi diferente do que Claire, ou qualquer outro, pudesse esperar.

    – Seu… Filho? – Perguntou um dos intrusos mais distante dos outros. 

    O encapuzado que segurava Artie soltou o menino e este correu até Claire, em prantos.

    – Está tudo bem agora, querido. Ninguém vai machucar você. – Dizia ela soltando a arma e o abraçando, aliviada em vê-lo fora de perigo.

    Nisso, o desconhecido mais distante tirou o capuz que cobria o rosto. Claire arregalou os olhos ao descobrir a identidade do invasor. Incrédula, ela teve que se segurar para não cair para trás.

    – Edward?! – Exclamou ela quase que em um sussurro.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!