O que diabos ele estava fazendo? Por todos os deuses da galáxia, ela era uma princesa! Uma maldita princesa irritante e marrenta, sobre a qual ele não deveria sequer estar pensando. Han Solo suspirou, passando as mãos pelos cabelos. Aquilo não acabaria bem, na verdade, aquilo sequer começaria. Não sabia por que estava perdendo seu tempo com suposições sobre Leia. Aquela mulher o enlouquecia!

O havia tirado do sério desde o instante em que se conheceram. Não haviam sequer sido verdadeiramente apresentados e lá estava ela, com toda sua presunção da realeza, distribuindo insultos e ordens. E como adorava mandar! Para ser honesto, no instante em que a conheceu, Han se esqueceu de todos os stormtrooper e desejou atirar naquela garota, talvez assim ela fechasse a maldita boca. Nenhuma recompensa na galáxia valia o esforço de aturar a princesinha.

Ainda assim, por mais que ele quisesse, não poderia negar que aquela mulher mexia com ele. Ela era extremamente irritante, mas linda e, acima de tudo, feroz. O modo como tomou a blaster de Luke e atirou sem hesitar foi incrível. Ela sabia o que estava fazendo e não via problema algum em desafiá-lo. Eram poucas as pessoas que tinham aquela coragem e a moça o fazia sem jamais perder a classe. Era irritante e, de certo modo, instigante.

Leia não era como nenhuma das garotas que já havia conhecido. Ela era uma princesa, uma rebelde e a líder de uma revolução. Já ele não passava de um contrabandista, uma espécie de mercenário que não perdia qualquer oportunidade de lucro fácil, um canalha de incontáveis maneiras. Acima de tudo, Han Solo era egoísta. Não fora sempre assim, é verdade, mas aprendera cedo que se queria sobreviver naquele mundo não tinha outra opção. Então, ele pensava em si mesmo acima de tudo e todos. Não se importava com aquela revolução, com o Império, a antiga república, os rebeldes, ou qualquer um que não fosse ele mesmo. A Galáxia inteira poderia se explodir, ele não ligava!

Pelo menos era o que dizia a si mesmo, mas, de certo modo, sabia que era mentira. Era óbvio que se importava com Chewie – aprendera a gostar daquela bola de pelos que o acompanhava há anos – e com a Millennium Falcon, afinal aquela nave era sua casa. Mais recentemente Luke entrara na equação, aquele garoto idiota teria morrido pelo menos umas vinte vezes sem ele, assim como aqueles dois androides que ele levava para todo lugar (apesar de que Han daria tudo para desligar o insuportável C-3PO por pelo menos uma semana). Por fim, havia a maldita Leia e era justamente a princesa seu problema.

Havia momentos em que ele sentia que poderia matá-la, mas nos demais não conseguia tirá-la de sua cabeça. Havia se apaixonado por ela e não importava o quanto se amaldiçoasse não poderia mudar aquilo. Uma parte dele queria fugir, entrar na Falcon e se esconder nos confins da galáxia, rezando para que aquele sentimento não o seguisse. Outra parte, no entanto, queria que ela sentisse o mesmo. Em alguns momentos chegava a acreditar que aquilo não era apenas uma ilusão e Leia realmente nutria sentimentos por ele. Talvez fosse por isso que a perturbava tanto, queria que ela sentisse algo a seu respeito e queria que admitisse.

A ideia lhe soava estranhamento agradável, pelos menos durante os minutos em que levava para perceber que aquilo não passava de uma utopia. Uma princesa nunca se apaixonaria por um cara como ele, principalmente com alguém como Luke por perto. Suspirou exasperado. Desde quando ele se sentia inseguro com alguma coisa? Ele era Han Solo, um cara independente, bem resolvido e seguro de si, algumas pessoas até o chamariam de prepotente, não que ele se importasse. De qualquer forma, inseguranças não combinavam com ele, mas quando se tratava de Leia não conseguia evitá-las. Uma parte de si estava constantemente o lembrando que não era bom o suficiente para ela e nunca seria.

Revirou os olhos, diante aos próprios pensamentos. Deveria parar de alimentar ilusões tolas e se comportar como uma garotinha adolescente e começar a se preocupar com seus problemas reais. Já havia ficado tempo demais ao lado dos rebeldes, tinha que parar de enrolar e resolver suas pendências com Jabba, antes que aquela dívida acabasse custando sua vida.

Já havia perdido a conta de quantas vezes dissera aquilo a si mesmo. Planejara partir um milhão de vezes, mas por alguma razão sempre acabava ficando mais um dia, semana, mês... Ficara porque Luke se tornara um verdadeiro irmão, porque acabara se importando verdadeiramente com aquela revolução, mas acima de tudo, porque a ideia de abandonar Leia lhe soava insuportável. Além disso, apesar de toda insegurança, medo e o que seu lado racional gritava, algo dentro de si ainda insistia em lhe dizer que a princesa também havia se apaixonado por ele.