Alien Panic escrita por Metal_Will


Capítulo 11
Crise 11 - Infiltração




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Crise 11 - Infiltração

A semana passou e finalmente chegou o sábado. Naquela noite, Estrela iria para a tal festa do pijama na casa de nossa representante de sala Bruna. Não que Estrela fosse muito de festas, mas ela tinha um objetivo: eliminar uma praga chamada "nanoinseto de cabelo", um tipo de piolho nanoscópico capaz de aumentar o tamanho dos fios de cabelo com alguma reação química com ingredientes de xampu ou algo assim (desculpe, ainda estou no Ensino Fundamental, não sei explicar essas coisas direito). Parece que Bruna estava com isso e precisava de um antídoto.

E lá estava eu, sábado, por volta das sete da noite, na casa de Estrela. Ela pediu para que saíssemos juntos. Por que eu deveria ir junto em uma festa de meninas? Tenho que ajudá-la a colocar o antídoto contra os nanoinsetos em cada frasco. Claro que para isso terei que invadir a casa da Bruna. Essas coisas só acontecem comigo.

– Então deu certo? - perguntou Estrela, devidamente arrumada com jeans, tênis e uma camiseta preta com a frase Crazy Universe (Universo Doido) estampada em uma fonte esquisita.

– P-Parece que sim - gaguejei.

Ela estava falando de um artefato tecnológico capaz de produzir imagens holográficas. Graças a isso eu poderia criar um holograma de mim mesmo dormindo. Além disso, ele conseguia imitar a minha voz e produzir respostas pré-definidas caso os meus pais fossem até o meu quarto. Em resumo, ninguém suspeitaria que eu estava fora de casa à noite. Era um aparelho bem simples, tinha o formato de um disco com menos de 20 cm de diâmetro. Na mesma hora que o coloquei debaixo da minha cama já começou a funcionar.

– Não é uma maravilha? Várias garotas do universo usavam isso quando queriam ir para festas interplanetárias e os pais não deixavam - comentou Estrela. Imagino como deveria ser uma festa interplanetária.

– Deve fazer muito sucesso - comentei.

– Ah, nem tanto. Não demorou para criarem medidas contra isso. É uma tecnologia bem fácil de desativar. Mas a Terra é um planeta bem atrasado, então aqui deve funcionar bem.

Como sempre, ela expressava sua grande consideração pela Terra.

– Então já podemos ir - disse Estrela - Ah, ainda tenho que deixar a comida da Plum. Você pode ir adiantando as coisas para mim? Pega o frasco do antídoto ali em cima da mesa que eu já volto.

Não seria agora que eu ouviria um "Por favor", mas não era nada demais mesmo. Apenas peguei o pequeno frasco de plástico e me virei. Pena que tropecei logo que virei e o frasco escapou em uma caixa logo ali, em cima da mesa. Malditos cadarços! Será que eram Knot Snakes de novo? De qualquer forma, levantei rápido e fui correndo pegar o frasco. É uma pena que outros frascos muito parecidos também estivessem ali naquela caixa, mas acho que me lembro bem de como era. Acredito que era aquele ali no canto. Assim que o peguei, Estrela retornou.

– Vamos?

– Ah, vamos lá - falei, claro, extremamente ansioso (afinal, eu teria que invadir uma casa! Quem não ficaria ansioso?)

A casa de Bruna também não ficava muito longe. Era um bairro nobre da cidade, nada que meia hora de ônibus não desse conta. Chegamos lá e dei de cara com uma linda casa. Não era exatamente uma mansão, mas era bem maior que a minha. Havia um jardim, pintura nova e um carro importado bastante chamativo na garagem. Tudo bem protegido com uma cerca elétrica e avisos de seguro bem estampados nas paredes. Ouvi dizer que os pais dela eram empresários bem sucedidos e aquela casa comprovava bem aquilo.

– Grande, né? - comentei.

– Será que é maior por dentro? - respondeu Estrela.

É verdade. Esqueci que o ponto de vista dela era bem diferente. De qualquer modo, Estrela não me deu mais muito tempo para admirar a casa de Bruna.

– Bem, nos separamos aqui - disse ela - Vou tocar a campainha. Encontre um jeito de entrar.

– Como? - perguntei - Essa casa é cheia de segurança! Não tem como entrar sem chamar a atenção ou me torrar na cerca elétrica.

– Use isso - Estrela abriu sua bolsa e me deu um par de uma espécie de disco de plástico ou algo assim - É feito de um material extremamente elástico. Coloque isso no seu tênis e poderá saltar pelo menos a uma altura maior que a cerca.

– Mesmo? - peguei os discos meio receoso - Parece bem conveniente. Por que você tem uma coisa dessas?

– Do que está falando? Isso é tão vagabundo que é vendido em qualquer loja de utilidades no Setor W. Claro que num planeta atrasado onde as casas não são protegidas por campos de força pode ser usado de um jeito errado.

Ela não podia perder a oportunidade de dizer o quanto nosso planeta é atrasado.

– Bem, é isso. Vou dar um sinal no seu telefone quando todos forem dormir. Essa vai ser a hora que você poderá entrar. De preferência, seria bom que você já conseguisse entrar na casa antes que eles fechem tudo.

– Aí já é pedir demais - reclamei.

Mas Estrela não falou mais nada. Ela tocou a campainha e logo ouvi a doce voz de Bruna se aproximando. Saí correndo para os fundos da casa antes que fosse visto. Bem, era hora de agir. Coloquei os tais discos que Estrela me deu dentro dos meus sapatos e percebi que eles realmente conseguiam me fazer saltar mais. Se eu forçasse talvez conseguisse saltar na altura de um prédio, mas eu só precisava saltar o suficiente para pular a cerca. Tudo bem. Era só questão de me concentrar um pouco. No três. Um, dois, três. Pulei. Pulei e me dei conta de que estava em pleno ar. A primeira parte já foi. Agora tem a segunda parte: cair. Estrela não me falou nada sobre como cair. Mas eu iria descobrir logo. Tentei cair com meus pés no chão o que me rendeu mais um salto. Fui pulando e saltando, saltando e pulando algumas vezes até me estabilizar. Parece que ninguém ouviu o barulho. Ainda bem. Podia começar a me concentrar em minha missão sem interrupções. Digo...tirando uma pequena interrupção que dei de cara logo que me acostumei da queda.

– Ai, caramba - balbuciei ao dar de cara com a fera logo à minha frente. Bem, na verdade era um poodle, mas naquele momento era bem parecido com um leão - Cachorrinho bonitinho...

Mas ele não parecia muito a fim de conversa. E pensar que há poucos instantes estava tentando me livrar das lambidas da Plum. Será que ele se acostumaria com o meu cheiro? Acho que não. Tudo que pude fazer foi sair correndo e gritando, até uma mulher abrir a porta.

– Socorro! - gritei, me lançando para o interior da casa assim que pude.

–Fifi. Chega. Pra fora! Pra fora! - a mulher colocou a poodle em seu lugar, enquanto eu tentava me recuperar. Depois de alguns segundos, finalmente pude ver quem era minha salvadora. Ela usava um tipo de vestido cinza como uniforme e um avental branco. Devia ter uns 50 e poucos anos, mas tinha uma face acolhedora.

– O-Obrigado - agradeci.

– Quem é você? - ela perguntou.

– Bem..eu..

– Ah, claro! Você deve ser uma das amiguinhas da Bruna que veio para a festinha, não é?

Amiguinhas?

– Já falaram que você parece um menininho? Mas deve ser seu estilo, não é? Não se preocupe, vou levá-la até onde as outras meninas estão.

– S-sim. Obrigado. Hã? O quê? Não, espere!

– Ei, Bruna - gritou a mulher, me puxando pela camisa (acho que meu destino é ser puxado pela camisa) e me levando até onde Bruna e as outras meninas estavam. Eu podia ouvir a voz de Bruna cumprimentando Estrela que havia acabado de entrar e sido recepcionada por outra empregada.

– Fiquei muito feliz de ter vindo à minha festa, Estrela - disse ela, em uma voz de pura simpatia - Você vai adorar passar a noite com a gente, não é, meninas?

– Claro - uma das outras meninas da festa respondeu.

– Priscila? - perguntou Bruna, com um certo olhar ameaçador.

– Com certeza - respondeu a pobre Priscila timidamente.

Nessa hora, cheguei na sala. Todas me olharam com uma expressão de espanto. Mas a empregada parecia tratar tudo com a maior naturalidade.

– Ei, Bruna. Achei uma dos seus convidadas ali fora - disse ela.

– Convidada? - estranhou Bruna, claramente intrigada ao me ver.

Já estava esperando um grito de reprovação e uma bela encrenca para minha pobre pessoa. Eu havia invadido uma festa só de meninas, algo bem drástico. Mas, para meu espanto, Bruna apenas sorriu e agradeceu à empregada.

– Obrigada, Teresa. A gente cuida "dela".

– Boa festa - disse a tal Teresa, com toda a simpatia do mundo.

Bruna agradeceu mais uma vez e depois direcionou os olhos para mim. Estrela apenas balançava a cabeça em preocupação. O que seria de mim agora?

– Você...é o Vitor da minha sala, não é? - perguntou Bruna.

– S-Sim - gaguejei, intimidado pelas outras quatro meninas (sem contar Estrela e Bruna) ao meu redor. Uma era Priscila, outras duas da minha sala e a outra não conhecia (talvez fosse uma prima).

– Puxa. O que você estava pensando para entrar numa festa só de meninas e sem convite? - perguntou ela - Isso...não é muito legal, você sabe.

– Eu...eu...

– Não seria nada bom se alguém ficasse sabendo disso, não acha? Invasão de domicílio é caso de polícia.

Todas ficaram em silêncio.

– Eu sinto muito! Por favor, não conte nada..eu...eu...só ouvi falar da festa e estava curioso e...

– Ele é meu vizinho - disse Estrela - Deve ter me seguido, certamente.

– Sério? - perguntou Bruna.

– Sim. Imagino que esteja aqui por amor.

Todas ficaram ainda mais pasmas.

– Amor? - gritou Bruna - Isso está ficando interessante!

– Ele está apaixonado por essa garota - falou Estrela apontando para Priscila.

– QUÊ?! - Priscila gritou. Bruna apenas deu um sorriso malicioso.

– O que está fazendo, Estrela? - reclamei.

– Salvando sua pele com uma justificativa aceitável para garotas dessa idade. Paixão sempre é uma justificativa válida para elas.

Elas eram adolescentes, mas não idiotas. O que uma coisa tinha a ver com a outra?

– Isso está cada vez melhor - disse Bruna - Fico imaginando...o que aconteceria se o resto da escola ficasse sabendo.

– Espere, Bruna, eu..

– Claro, não precisa falar nada - continuou ela - Desde que...você se comporte direitinho.

Não gostei nada do olhar dela. Sabia que me infiltrar na casa dela não daria certo. E agora? O que seria de mim?


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Notas finais do capítulo

Alguns informes: estou às voltas com uma mudança para um apartamento e ficarei uns dias sem internet. Espero que não atrase tanto o capítulo, mas acredito que em menos de duas semanas já devo postar o próximo.

Até mais ;)