Além do Fraternal escrita por Cristal Blanco


Capítulo 4
4. Quando o novo assusta e atrai


Notas iniciais do capítulo

Fiquei muito feliz com os comentarios! Espero que gostem.



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German e Angie procuraram não transparecer a preocupação deles para os filhos durante o jantar. Leon não estava à mesa, pois tinha ido se arrumar para a festa. Voltou alguns minutos depois com um perfume que encheu a casa, uma camisa pólo preta, calça jeans azul marinho e tênis preto.


_Então, pai, mãe._ Leon falou._ Eu vou dar uma saída, combinei um programa com alguns amigos.


_Não volta tarde querido, por favor._ pediu Angie, enquanto ele lhe dava um beijinho no rosto.


_Fica tranqüila!


Ele caminhou em direção à Violetta e também lhe deu um beijinho no rosto. Violetta não entendeu o porquê, mas sentiu seu rosto queimar no lugar onde os lábios dele tocaram seu rosto, além de um ciuminho chatinho remoendo seu peito. Por isso, quando ele já estava abrindo a porta para sair, ela grita:


_MANDA UM BEIJO PARA A LUDMILA!


_LUDMILA?_ Angie dá um salto da cadeira._ Ludmila Ferro?


Leon, que já estava de volta à cozinha, tentava contornar a situação.


_Pois é mãe... É uma reunião na casa dela, uma festinha...


_Não.


_Mãe...


Angie se aproxima do filho e toca o seu rosto com carinho.


_Você quer ir muito a essa festa meu amor?_ Leon balança a cabeça positivamente._Pois é mas... EU SOU MUITO NOVA PARA SER AVÓ!


German e Violetta seguravam o riso, enquanto Leon subia para seu quarto. O som da porta batendo foi o último sinal de vida que ele deu no resto da noite.


_Você é má._ disse German para Violetta.


_Não pai, só não quero ser tia aos 17.


A campainha tocou e interrompeu a conversa. Angie pediu para Violeta atender, enquanto limpava as louças do jantar. A surpresa de Violetta ao atender a porta pôde ser notada quando ela falou:


_Ramalho? Como vai!


_Vou bem minha querida e você? Não vai me visitar mais...


_Bom, eu estava pensando em ir agora, nas férias.


_Vá sim... Onde está o Leon?


_No quarto de castigo._ foi German quem respondeu, dando um abraço no amigo.


_Ele já não é bem grandinho para ficar de castigo?


_Não para mim._ foi a vez de Angie responder.


German pediu para que Ramalho o acompanhasse até a sala, enquanto Angie e Violetta voltavam para a cozinha.


_Mãe, ta um pouco tarde para ele vir aqui,será que aconteceu alguma coisa?


_Não sei querida, mas se tiver acontecido com certeza ele vai querer conversar particularmente, por isso vá para o seu quarto ok?


Violetta deu um beijinho de boa noite na mãe e subiu a escada. Seguia para seu quarto, mas se pegou parada na frente da porta do quarto do seu irmão. Sentia-se mal pelo o que tinha acontecido, ela não queria denunciá-lo e não entendia o porquê o tinha feito. Decidida, ela bateu na porta e ouviu um "Entre." vindo do outro lado. Ela abriu a porta devagar. Leon estava deitado na sua cama, olhando para o teto, parecia perdido em pensamentos. Quando viu que a irmã o observava, ele disse, com o olhar fixo no teto:


_O que quer?


_Vim ver como você está.


A reação dele assustou Violetta: ele sentou-se na cama e fez um gesto para que ele se sentasse também. Ela fechou a porta e fez o que ele pediu. Não conseguia olhar nos olhos dele.


_Violetta o que aconteceu? Você me garantiu que não me entregaria! Eu te fiz algo?


_Não._ ela mantinha os olhos fixos nos próprios pés._ Leon me desculpe, eu sinceramente não sei o que aconteceu!


Finalmente ela o olhos nos olhos. O olhar do rapaz não dizia como ele se sentia naquele momento, por isso ela foi com calma nas explicações:


_Acho que também fiquei preocupada com você, Ludmila tem uma péssima reputação assim como os amigos dela! Leon você não pertence àquele mundo.


Leon ficou um pouco emocionado com a preocupação da irmã, mas mantinha-se firme.


_Olha, me desculpe, acho que foi um... Ciúme de irmã...


Leon não pode segurar o sorriso e disse:


_Você tem ciúmes de mim?


Violetta levantou-se imediatamente e caminhou até a porta. Parou por um instante para dizer:


_É, mas não vá se acostumando.


E saiu imediatamente. Leon ficou um tempo olhando para a porta fechada, até que se deitou novamente e voltou a olhar para o teto. Também morria de ciúmes dela, mas não confessaria isso, nem morto!


–*-*-*


No andar de baixo, Angie, German e Ramalho conversavam aos sussurros.


_Eu sabia que isso iria acontecer um dia!_ disse Ramalho depois de ler a carta._Gente vocês não poderão fugir para sempre, um dia eles terão que saber a verdade!


_Ramalho, por favor, não insista nisso! Estamos decididos a não contar nada para eles!_ rebateu Angie.


_Os dois são felizes assim..._ completou German.


_Ok, e você então irão passar o resto da vida de vocês privando os dois de ter uma vida familiar saudável e comum?


_Eles têm uma vida familiar saudável, somos uma família unida._ Angie já estava ficando irritada.


_Eu quis dizer almoço na casa da avó, visita aos primos durante as férias, aulas de culinária com a tia, isso é uma vida saudável!_ Ramalho insistiu._ Além disso, eles irão passar o resto da vida acreditando que todos os outros familiares morreram?


_Os dois sobreviveram muito bem durante esses 17 anos sem essas coisas que você falou._ German argumentou._ E quanto aos parentes, para todos os efeitos eu e Angie somos filhos únicos e nossos pais morreram antes dos dois nascerem.


German se aproxima de Ramalho e implora:


_Por favor, nos ajude!


Rmalho não sabe o que responder. Aquele era o momento perfeito para que seus queridos afilhados ficasse sabendo de toda a verdade, finalmente. Ele nunca gostou da idéia de mentir para os dois, ainda mais uma mentira como aquela, que afetaria a vida deles drasticamente. Mas, por outro lado, entendia a preocupação de German e Angie, que só queriam o melhor para os filhos.


_Está bem... Eu acho que sei o que fazer._ ele disse, sentindo-se vencido.


Tirou o celular do bolso e disca os números.


_Oi, Sr. Taylor, aqui é Ramalho Black... Estou bem, obrigado, estou ligando para dar uma resposta sobre aquela proposta que o Sr. me fez, lembra-se? ... Essa mesmo. Sinto muito senhor, mas não poderei aceitá-la... Então, ocorreu um problema de família e terei que ficar por aqui mesmo infelizmente... É eu sei disso, mas eu gostaria de dar uma sugestão, se o Sr. permitir... É eu gostaria de indicar o Vargas... Ele vai adorar, qualquer um ficaria satisfeito em saber que seu salário seria triplicado... A Angie? Bom, acho que ela quer o melhor para os filhos, por isso não se importaria... O Senhor vai fazer a proposta?... Ok então, muito obrigado mesmo assim... Ah pode deixar, um abraço.


Ele desliga o celular e volta-se para o casal, que aguardavam ansiosos.


_Bom... Preparem-se para Manchester.


Angie dá um abraço apertado no amigo e o agradece. German faz o mesmo.


_Olha, não precisam agradecer. German, o Sr. Taylor irá te fazer a proposta amanhã, pode aceitar tranqüilo, seu salário irá triplicar!


_Eu aceitaria qualquer coisa para sair daqui.


_Só quero deixar uma coisa clara: se ela contratou detetive particular uma vez, ela irá contratar novamente e quantas vezes forem necessárias para encontrar. Vocês não poderão fugir para sempre. Pensem em uma maneira de contar a verdade aos dois logo, antes que seja tarde.


No dia seguinte, assim que German voltou do trabalho, foi convocada uma reunião de família.


_Queridos, _ iniciou Angie._ o pai de vocês tem uma notícia maravilhosa para dar.


German espera que os dois digam algo, mas como isso não acontece, ele prossegue:


_Eu fui promovido e recebi uma proposta de emprego que poderá triplicar o meu salário.


_Que maravilha pai!_ diz Violetta, dando um abraço no pai.


_Meus parabéns pai._ Leon faz o mesmo.


Angie interrompe a comemoração e diz:


_Ok, mas agora o assunto é sério. Quero que se sentem e prestem muita atenção e só falem quando o pai de vocês tiver terminado._ ela aponta para o sofá e os dois a obedecem.


_Nossa, quanto mistério._ diz Violetta.


_Pois bem..._German procura as melhores palavras para dar aquela notícia para os dois._ Porém essa proposta é em outra cidade, em Manchester. E eu e Angie conversamos bastante e chegamos à conclusão que o melhor é todos nos mudarmos para lá.


Leon e Violetta esperaram o pai terminar de falar e imediatamente atacaram:


_Não, vocês estão loucos?_ Violetta protesta, colocando-se de pé.


_Nós estamos começando o último ano na escola, vamos nos formar!_ Leon acompanha a irmã.


_Sabemos que será difícil, mas tenho certeza de que tudo dará certo!_Angie tenta amenizar a situação._Além disso, com o pai de vocês recebendo um alto salário, poderei largar o emprego e ficar por conta da casa. Significa que você, Violetta, terá mais tempo para estudar para o vestibular.


_E comigo recebendo mais, poderei comprar aquele carro que você sonha meu filho._ German argumenta.


Os protestos de Leon e Violetta continuam. Angie e German mal conseguem se impor. Até que ela toma as rédeas e diz:


_Nós vamos nos mudar sim e ponto final!


Os dois se calaram de imediato. German sente um desconforto por estar mentindo para os filhos, mas entende que aquilo é o melhor.


_Nos mudaremos no sábado. Vocês têm dois dias para arrumarem suas coisas. Deixem os mais pesados para trás, contrataremos um caminhão de mudança. Angie irá amanhã à escola de vocês pedir transferência. Agora, se não se importam, eu quero conversar com sua mãe em particular.


O tom na voz de German foi o suficiente para que os dois se dessem por vencidos. Cabisbaixos, eles rumaram para o andar de cima. Angie esperou para ouvir as portas dos quartos batendo e disse:


_Eu odeio deixá-los tristes! Viu como ficaram?


_Foi necessário amor._German a abraçou forte, queria mostrar para ela que não estava sozinha.


_Talvez Ramalho tenha razão, não poderemos fugir para sempre._ a voz dela saiu abafada.


_Sim... Mas sinto que ainda não é o momento certo.


Angie se afastou um pouco e olhou nos olhos do marido. Sentiu o quanto o amava, como sempre!


_Eu te amo!_ as lágrimas escorriam pelos olhos dela.


German não respondeu, simplesmente a abraçou mais forte e encheu a bochecha dela de beijos.


–*-*-*-*


Violetta sentou-se em sua cama e começou a chorar. Por que estavam fazendo aquilo? Afastando-a de seus amigos, de seus sonhos? Por que não podiam esperar que ela se formasse? Passou toda a sua vida naquela casa e com certeza ir embora dali não era fácil.


Batidas leves na porta a alertaram e ela pediu para que a pessoa entrasse. Leon também tinha o semblante triste. Sentou-se ao lado da irmã e disse:


_Vai dar tudo certo Vilu! Eu não vou te deixar sozinha nem um minuto, prometo. Lembra quando tivemos que sair da nossa escola do jardim de infância? Eu entrei de mãos dadas com você no novo colégio e vai ser assim em qualquer lugar novo, que conhecermos juntos!


Violetta o olhou com lágrimas nos olhos e sorriu. O sorriso mais lindo que ela já tinha dado, pelo menos que ele se lembrasse.


_Muito obrigado._ ela lhe deu um beijo no rosto.


Leon ficou um pouco sem graça com aquele gesto, não entendia o porquê.


_Sabe, _ ela disse._ Se você não fosse meu irmão eu com certeza me apaixonaria por você.


Leon riu encantado.


_Meu sonho é me casar com você!_ ele disse agarrando a irmã, em um abraço apertado._ Por que você sabe que eu vou me apaixonar e me casar, mas você é eterna.


–*-*-*


Dois dias depois, todos estavam embarcando para uma nova cidade: Manchester. Era uma cidade grande, no noroeste da Inglaterra. Durante todo o vôo, Leon e Violetta permaneceram em silêncio. Uma pequena festa de despedida, no dia anterior, foi organizada na casa de Ramalho e, para a surpresa dos dois, todos os seus amigos estavam lá.


Agora voavam para uma cidade desconhecida, com pessoas desconhecidas. Sentiriam a falta de Ramalho, mas ele prometeu que na primeira folga os visitaria.


Pousaram ao meio-dia no Aeroporto de Manchester, como programado. German e Angie tentavam animar os filhos e conseguiram assim que chegaram à nova casa.


Era uma casa enorme, com 6 quartos, sendo 4 com suíte; sala de jantar, cozinha dos sonhos, quintal enorme, piscina e mais um cômodo vazio.


Leon e Violetta olharam maravilhados para a casa.


_Pai,_ Violetta maravilhou-se._ é linda!


_O que estão esperando? Vão escolher os quartos!


A sugestão de Angie empolgou os jovens que subiram correndo para o 2º andar. Depararam-se com um corredor grande, com três portas de cada lado.


Resolveram olhar um por um e, por questões de cavalheirismo, Violetta ficou com o segundo, deixando o primeiro maior para os pais e o terceiro para Leon.


_Podemos pintar as paredes da cor que quiserem._ disse German, observando Violetta dar voltas e mais voltas em seu novo quarto.


_Quando chegam os móveis da mudança?_ela perguntou.


_Dentro de uns 5 dias, a distância é longa.


Violetta foi até o pai e lhe deu um abraço forte:


_Eu te amo pai.


–*-*-*


Como German disse, 5 dias depois os móveis da mudança chegaram. Não foi fácil colocar a casa em ordem, mas no fim das contas deu tudo certo. Leon e Violetta tentavam não demonstrar a tristeza que ainda sentiam por terem se mudado tão repentinamente, pois percebiam que os pais faziam de tudo para agradá-los.


Quando deram por si, o período de férias já estava acabando. No último dia, os irmãos resolveram dar uma volta pela região. Encontraram um parque pequeno, à um quarteirão da casa deles.


_Vamos dar uma parada ali._Violetta sugeriu.


Era um fim de tarde belíssimo. Os dois se sentaram em um banquinho e ficaram em silêncio. Algumas crianças brincavam, casais assistiam ao por do sol juntos.


_Como você acha que será amanhã?_ Violetta quebrou o silêncio.


_Não sei... Teremos que descobrir... Juntos.


Leon pegou a mão dela e a acariciou. Violetta se repreendeu silenciosamente por ter sentido um arrepio na espinha.


_Pelo menos é inicio de ano letivo, não seremos os únicos novatos._ ele disse, ainda segurando a mão dela.


Mais uma vez o silêncio caiu entre eles. Leon agora levava a mão dela aos lábios e depositava ali um beijo. Era tudo tão inocente, mas Violetta não conseguia deixar de sentir um arrepio na espinha. O olhar dele fixou no dela e ele sorriu:


_Não precisa ficar nervosa, vai ser legal amanhã.


Nervosa por causa do dia seguinte? Isso nem passava pela cabeça dela agora. A única coisa que ela pensava era no quanto o sorriso dele a encantava, no quanto os olhos dele a atraiam e no quanto o simples contato dos lábios dele contra a pele dela fez seu coração disparar. Estava nervosa perto dele. Estava tímida perto dele. Sentia coisas que apenas era natural se sentir quando se estava... Apaixonada.


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