Insurgent's Attack - Interativa escrita por MaryDuda2000


Capítulo 3
Reencontro desagradável


Notas iniciais do capítulo

Oi pessoal! Fico muito felizes que apesar do "hiatus", ainda estejam acompanhando e se dedicando em ler. Boa leitura!



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A ceia passou. A alegria e extrema harmonia das pessoas da Amizade era algo admirável e simultaneamente detestável a qualquer outro refugiado no Complexo que em momento algum tivesse tido contato com qualquer membro da facção.

Johanna, a representando e porta-voz do Conselho, declarou que de fato, todos que estavam ali deveriam contribuir com a comunidade, seja trabalhando com grãos, lavando roupas, cuidando da estufa, examinando as colheitas para ter certeza que tudo estava perfeitamente certo antes de mandarem para a sede da Erudição, já que a Abnegação, que antigamente cuidava dessa tarefa, está completamente destruída.

A passagem de dois dias pareceram variar gradualmente. As manhãs e tardes pareciam ter se juntado de tal forma que em meio a agitação e modo braçal só se podia notar sua transição quando já estava perto do jantar, quando o céu começava a escurecer e alguns membros mais experientes da facção se reuniam em meio ao salão para a refeição.

Assim que despertaram, Lucy, Raven e Alice direcionaram-se ao posto da enfermaria, o qual geralmente só era de pura assistência a calos, cortes leves com instrumentos de plantio ou razões levemente físicas de mal estar, como dores de cabeça ou câimbras excessivas.

Logo que se despediam dos três rapazes do turno da noite com um amigável cumprimento já que os mesmo pertenciam já a facção, receberam um agudo grito como recepção de algum paciente que provavelmente sofriam que de fato, fugia a normalidade, logo que havia um senhor de idade usando luvas, talvez um antigo médico da Erudição, para cuidar dele sendo auxiliado por outras duas pessoas, sendo um rapaz baixo e franzino e uma mulher já de idade e pele queimada de sol, a qual demonstrava enorme agonia a cada gemido.

— O que está... – dizia Alice, quando Lucy tratou de completar e responder.

— Acontecendo? Não sei, mas dá para ver que não é tão atrativo assim e tranquilo como Elizabeth nos falou.

— Ei, vocês! Qualquer uma! Peguei a pomada que está dentro da segunda gaveta naquele armário do canto – pediu, quase num tom de ordem, o senhor sem nem mesmo dirigir o olhar a nenhuma das três.

Raven assim o fez, pegando a primeira pomada que viu na frente e levando ao homem. Nem precisou chegar perto o suficiente para reconhecer a figura. Não havia presenciado nenhuma cena onde teria de fato mostrado sua verdadeira possibilidade, entretanto, o simples fato de ver aquela garota com os cachos estranhamente forçados, apesar de descabelada, fez seu rosto arder em meio a uma confusão de sentimentos os quais não sabia exatamente qual escolher. Deveria ficar feliz ao ver que a queda do trem a deixara em estado deplorável ou praguejar qualquer um por ter conseguido sobreviver?!

Muito mal colocou o tubo de coloração metálica na palma do senhor, deu-lhe as costas, saindo em passos calculados do local antes que pudesse dizer qualquer coisa. Lucy e Alice ousaram em tentar segui-la, sem entender sua reação, todavia estavam sendo fitadas o tempo todo por outro paciente com bandagens que cobria parcialmente quarenta por cento de sua face. Imaginar ter de trocar aquilo e ter de encarar o possível desastre por trás daquela camada em tom gelo de tecido fez com que o estômago de Alice revirasse.

Os passos de Raven se tortaram cada vez mais ágeis já que ela não podia simplesmente gritar ou socar a parede, caso contrário, alguém a delataria e poderia resultar em problemas a mais. Quando finalmente encontrou-se ao suposto fim do corredor onde se sentiu livre o suficiente para bufar de raiva, indignação, desprezo, uma jovem tocou seu ombro de força amigável e ainda sim decidida, que fez Raven revirar os olhos e ainda sim segui-la.

— Onde pensa que vai... Raven, acertei?! – pela primeira vez olha diretamente para Raven e dá um meio sorriso com o canto dos lábios em cumprimento, recebendo um aceno de confirmação da outra – Seria bom se cumprisse com seu turno

— Eu ia cumprir, só não posso ficar lá no momento! – retrucou Raven, reparando as vestimentas da garota. Trajes que de longe poderiam ser confundidos a sacos de estopa devido a coloração abrupta, caso considerasse somente a espécie de jaleco que vestia, olhos observadores, verdes, quase gentis, ou debochados, e cabelos medianos, fatalmente ruivos, um tanto bagunçado, fazendo uma enorme contradição ao que pensamentos possíveis de ter quanto a sua personalidade

— Por quê? Tem nojo de feridas? – continua a andar com passos agora pouco mais ágeis.

— Não! O caso é que a pessoa quem está lá é Clarissa, a sobrinha de Jeanine, quem fingiu fugir com a gente e nos traiu matando amigos meus. – os olhos da garota fixaram em Raven ao mesmo instante que parou de andar.

— Não importa de quem ela seja sobrinha ou o que tenha feito antes. Nossa missão agora é evitar que ela morra e depois, mandaremos ela de volta a Erudição e não vai nem mesmo precisar olhar na cara dela novamente. – volta a dar os passos largos que fazem um leve grunhido em contato ao assoalho – Precisamos descobrir o que aconteceu com ela. Até agora ela só gritou e...

— Caiu de um trem! – expõe a jovem, acompanhando a outra sem nem mesmo dirigir-lhe o olhar.

— Como sabe?

— Como eu falei – a loira parou a fim de encará-la – Ela mexeu com amigos meus e na queda levou um deles junto. Sabe se por acaso encontraram um rapaz junto a ela?

— Nada! – ambas param em frente a porta. – Vai beber um pouco de água antes de atacar a paciente. Se precisar de mim, meu nome é Josie. – entra na sala.

Na fresta da porta, Raven consegue visualizar a frustração das companheiras que com certeza já descobriram de quem é de fato o paciente, nesse caso, a. No entanto, a batida da porta a poucos centímetros de seu rosto faz com que ela tenha um rápido flash do período em que achou estar em perigo, porém livre. O choro de Alyssa, o acúmulo de alguns outros rostos que devido a rapidez não é capaz de reconhecer e o rosto de Emily. Não a que acabara de conhecer, mas sim aquela que Luke encontrou morta com uma facada certeira do “vulto” que já tinha nome específico – Clarissa!

*******

Tanner descia os enormes sacos de grãos trazidos de algumas fazendas da Amizade, possivelmente quais ficam depois da cerca falsa, juntamente a Dean, James e Mia, que por si só tinha se recusado completamente a tarefa de cuidar das crianças, que tinha sido lhe endereçada, colocando Luke em seu lugar por três horas consecutivas.

Pegando seu último saco do que não fazia a mínima ideia do que poderia ser, contudo imaginando que poderiam ser repolhos devido ao modo como o conteúdo deslizava por seu ombro ao ser estocado no galpão, procurou qualquer parte vazia e próxima o suficiente e tratou de deixar o mesmo num canto, sentando-se ao lado numa mistura de cansaço e frustração.

A imagem de Rose correndo consigo em proximidades a roda-gigante e caindo vinha toda vez a mente, seguida da irmã quanto ao seu “adeus” em meio a batalha contra o pessoal de Bruce. Ambas gostariam de estar ali, mesmo ele não suportando o lugar com toda sua harmonia e paz, tornaria tudo mais tolerável.

Fechou os olhos por um instante e sentiu mãos os cobrindo. Por um minuto, simplesmente não ligou. Pelo menos, assim fingiu, somente tocou-as devagar, sentindo os finos e longos dedos, com as pontas calejadas de tanto atirar facas.

Num gesto rápido, agarrou a garota pelo pescoço, passando-a por cima de si e aprisionando numa chave de braço. Os cabelos em tom castanho, um tanto puxados para o ruivo, antes reconfortante, agora despertava em si sua maior ira.

— Olá, docinho! Precisando de mim?

— A última coisa que eu quero é você perto de mim – Tanner solta Katherine ao mesmo instante que nota outras duas mulheres da Amizade se aproximando.

— Ah! Poupe-me e economize, meu bem! – virou-se sem nem mesmo ligar a presença de ambas, que saíram, por sorte, sem notá-los – Acho que está tenso demais! Precisa relaxar um pouco, sabe?! Tirar todo esse peso de suas costas!

— Então vamos começar por você saindo do meu colo! – o rapaz tratou de levantar, entretanto a mesma o empurrou contra alguns sacos bem colocados que nem sequer mexeram com o movimento.

— Que pena que ainda não se tocou que sou a mulher da sua vida... – sussurro próximo ao ouvido dele – Mas sabe onde me encontrar durante as noites sozinho. – sorrio e mordeu/chupou de leve seu lóbulo e saio rapidamente.

*******

Na parte de cuidado das crianças, uma ala quase ao lado do refeitório, basicamente ao ar livre, encontravam-se Violet e Sarah, as quais tinham sido destinadas a área apesar dos seus respectivos treze e doze anos de idade, e Luke, juntamente a duas outras moças que não falavam muito, no entanto não tiravam os olhos deles.

Esteiras forradas ao chão, alguns brinquedos de bola, copos, chocalhos, quebra-cabeças e algumas cordas para pular estavam espalhados aqui e ali, contendo a atenção das crianças de dois a aproximadamente dez anos, pois maiores dessa idade começavam a fazer passeio e serem explicados quanto ao seu futuro na cidade. Os menores de dois anos dispunham de algumas redes contrárias ao sol para descansar o restante do dia.

— Luke – chamou Sarah.

— Estou um pouquinho ocupado no momento – respondeu tentando fazer um menino que não devia ter menos de cinco anos, porém não dissera nenhuma palavra desde que o viu e agarrou as mãos meladas de doce de goiaba em seu cabelo – Alguma coisa com Alyssa?

— Não! Ela dorme que nem uma pedra. Violet está com ela. Na verdade eu queria saber duas coisas. – oferece uma bola ao garotinho que sorri, pega o brinquedo e sai correndo.

— Obrigado! – passa a mão na cabeça e sente o açúcar unir alguns fios loiros – Fala!

— Primeiro, por acaso sabe onde Alice e Scott estão? – indaga olhando em volta – Não pretendo deixar aqueles dois sozinhos. Não depois que ele sumiu daquele jeito lá no acampamento.

— Sabe o que eu acho? Você se preocupa muito com Alice e é nova demais para isso. Ela sabe se cuidar muito bem e Scott não é um cara ruim. Ele só é um nerd, bastante estranho que sumiu quando precisávamos dele, raspou a cabeça e voltou ao estilo módulo de batalha quando o bicho pegou.

— Ok! – inevitavelmente escapa um riso dos lábios de Sarah – E outra coisa, conhece alguma daquelas mulheres? Elas estão te encarando faz um bom tempo. – o rapaz nega, balançando suavemente a cabeça, desatento – Sugiro ficar um pouco afastado ou se Mia descobrir, pode acabar rolando expulsão daqui. – levantou-se e saiu.

*******

A enfermaria estava praticamente deserta. Tirando o homem estranho que nem sequer pregou os olhos num sono profundo desde que entraram ali, estava somente o corpo inerte de Clarissa, dopado por inúmeros chás que Josie administrou na jovem antes de sair em companhia de Alice e não mais voltar.

Raven batera somente uma vez na porta para avisá-las que ficaria ajudado Scott na estufa a cuidar das plantas mais delicadas e ervas, como as que supriam o reservatório médico. Lucy acabava de organizar um dos armários com suprimentos médico quando Elizabeth, Emily e James entraram trazendo um corpo encharcado, deixando o caminho escorregadio e lamacento pela sala e provavelmente todos os corredores que passaram até ali.

Depositaram o corpo na cama. O rapaz continuava a segurar para tentar sentir o pulso da moça, mas o nervosismo tirava-lhe qualquer estabilidade para tal. Seu corpo igualmente molhado indicava que fora ele quem a encontrara.

Lucy aproximou-se e só pela tatuagem na nuca foi capaz de reconhecer Reyna. Sua pele estava ainda mais pálida do que de costume. Os cabelos castanhos agora pareciam ter tonalidade preta azulada e seu corpo parecia ter encolhido.

Emily sentou-se ao lado dela e iniciou uma sessão de massagem cardíaca enquanto Elizabeth pegou dentro de um dos armários um cobertor para James.

— O que aconteceu? – perguntou Lucy.

— Sério isso?! – replicou Elizabeth – Acho que é meio óbvio que ela se afogou e ele foi tentar resgatá-la, não?! – faz com que a outra revire os olhos e bufe.

— Ela foi encontrada no tanque de água, mas não faço a mínima ideia de como ela conseguiu entrar lá. – Emily tomou a posição na conversa.

— Acho que ela deve ter entrado pelo mesmo lugar que ele quando foi tirá-la de lá, só que ou não quis sair... – e Lucy completou.

— Ou não tinha como! Dopada ou desmaiada! – concluiu.

Foi em direção a única torneira no local que, por sorte, despejava água quente. Molhou duas toalhas e levou, colocando-as em rolada ao pescoço e em direção aos pulmões, por baixo da camisa avermelhada, que desbotava a tinta, dando um tom rosado a pele do abdômen da garota, ainda imóvel.

— Então, quem acha que pode ter feito isso? – Elizabeth encara Lucy, deixando James deitado a cama ao lado e sentada no estrado que resta da mesma.

— Estamos na Amizade! Possivelmente não foi alguém daqui.

— Eles são muito “paz, amor, harmonia, comida e músicas bregas a noite toda para fazer isso”.— altera a voz a um agudo patético – Mas não se esqueça que sempre há alguma exceção.

A ideia de ter sido Clarissa vem a mente por um segundo, entretanto era a prova viva de que a mesma, apesar de não se encontrar em lá seus melhores momentos, estava quieta e era completamente inofensiva esticada naquela cama com quatro costelas quebradas, um fêmur e o ombro direito deslocado e arrebentado num corte profundo.

Em seguida, Katherine e Alek se apresentam em sua mente. As duas são espertas o suficiente e se fosse para matar alguém, não seria de modo tão simples como afogamento e com certeza, já que a situação não está favorável para ninguém, não deixariam o corpo para provocar suspeitas. Amam atenção e gostariam de ter trabalho reconhecido. São basicamente descartadas da ideia de terem feito isso.

Ao mesmo instante, Scott entrou acompanhado de Alice, batendo as porta a parede oposta, o que fez as dobradiças soltarem um desconfortável barulho que foi piorado com o som da madeira batendo contra uma das camas.

— Onde está Raven? – Alice começou.

— Ela disse que estaria com o Scott na estufa – preocupou-se Lucy, ficando imediatamente de pé – Aconteceu alguma coisa com Alyssa?

— Não. Ela ta bem com Sarah, Luke e Violet – arfou, demonstrando cansaço ou uma falta de ar descomunal.

— Dean, Tanner e Mia acabaram de entrar numa discussão não muito legal e acho que seria bom se ela pudesse aparecer por lá para acalmar os ânimos.

— Mas o Dean era da Amizade. – contraria Emily – Eu o conhecia. Não faz sentido isso. Ele nunca foi de brigar.

— Parece que o cara que estava arrumando discussão com Mia pelo cabelo e falando besteiras para o Tanner não gosta muito de gente que intrometida. – disparou Scott, levantando os óculos evidenciando ainda pouco de terra abaixo das unhas – Por mais que seja com boas intenções!

— Deixa comigo! – Elizabeth sorri e levanta – Estou a fim de um pouquinho e emoção mesmo. – segura em Scott e Alice saindo da sala – Depois eu volto! – termina, sem fechar a porta ou estar falando realmente sério.


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Notas finais do capítulo

Ok! Acho que você esperam uma justificativa pela minha demora e eu poderia criar uma outra fic só dizendo tudo o que aconteceu nesse meio tempo que exigiu não só que eu desse uma pausa nessa, como em outras histórias minhas, e também me afastasse por um tempo do site. Vou poupar vocês disso porque seria um tanto tedioso também.
Tive umas ideias bem interessantes esses dias para os próximos capítulos e se der, anunciarei logo.
Esse capítulo era para ter sido postado na virada do ano, porém acabei agendando para fevereiro e só fui notar meu erro agora.
Um ótimo 2016 para todo mundo! Amanhã capítulo novo (mais agitado que esse, juro). Até!

Personagem (novo) do leitor:
— Josie Grace Foster

Obs: Caso procurem uma rápida leitura, fiz esses dias minha primeira one-shot/song fic baseada na música Amianto (Supercombo). Segue o link:
https://fanfiction.com.br/historia/664397/Amianto/capitulo/1/