Eu acredito muito em carma. Meu carma tem nome e sobrenome, Max Ross. Ou melhor, Max Bêbado.

Na minha cabeça existem três versões do Max, o Max Deluxe é o que aparece nas festas de família, é inteligente, certinho e insuportável. O Max Mexicano tem o sangue quente e o pavio curto. E por último, o Max Bêbado, que tem o um dos melhores sensos de humor e nenhum filtro.

Voltando para o meu carma. A nossa pequena festinha se tornou uma festança num piscar de olhos. Leonard tinha muitos amigos, muitos amigos gostosos, muitos amigos gostosos e gays. Max era o tipo inocente e vulgar, aparentemente as pessoas estavam amando ele. Fiquei com ciúmes? Sim.

Leonard também não ajudava em nada, ficava passeando com Max como se ele fosse seu novo bichinho de estimação, isso estava me deixando mais puto ainda. Porém eu não sou o tipo de cara que bebe e depois sai no soco com alguém, eu finjo que não tem nada acontecendo, depois eu vomito e choro.

— Theo, vem cá, você tem que conhecer os meus amigos. – Leonard disse mais pra lá do que pra cá. 

Empurrei algumas pessoas para chegar até o meu primo que estava dançando de um jeito muito estranho e fora do ritmo da música pop. Eu não gostava desse tipo de música, mas Max adorava, então era comum a gente ouvir o álbum de alguma cantora ou banda do momento, eu preferia as músicas antigas.

— Essa é a Freya, ela que organizou tudo. – Leonard disse. – Você quer conhecer a minha russa preferida?

— Primeiramente você está fazendo a garota parecer uma prostituta. – Max tirou o cabelo azul da cara. – Segundamente, Theo, essa palavra existe? Tanto faz. O Theo é igual sol das oito, a gente pensa que não queima, mas queima sim.

Leonard e Miles cuspiram a bebida com uma sincronia perfeita, bebida saiu pelo nariz de Kyle, Aimée e Freya se limitaram a uma gargalhada moderada assim como o outro garoto e a garota que estavam na roda. Eu ri, mas na verdade eu queria estar chorando. Eu estava completamente confuso e o desgraçado faz esse tipo de piadinha. Que tipo de amigo Max é?

— Eu vou deitar porque amanhã ele vai brigar comigo. – Max disse ainda sério. – Eu preciso de ajuda pra subir as escadas.

— Eu te ajudo, ainda estou sóbrio, vai subindo. – Kyle disse sorrindo. – Deus, como ele está bêbado, Theo, você não se importaria se eu...

— Ele é todo seu. – Falei dando um tapinha no ombro de Kyle.

Eu disse “Ele é todo seu”, mas na verdade eu queria dizer algo como “Vadia, ele é meu, aquele cabelo azul é meu e a marca em forma de coração que ele tem na coxa direita também é minha”. Bem, eu não disse nada já que eu não gosto de confusão. Ou talvez eu só seja muito bocó para tomar alguma atitude.

— Enfim, seu queima rosca. – Leonard soltou uma risada rápida. – Essa é a Liv, ela é um amorzinho, se você precisar vomitar ela te leva no banheiro. E esse é o Rato, ele é burro, mas é bonito, então ele é a pessoa mais popular que está nessa casa.

— George. – O garoto disse irritado.

Leonard tinha razão quando disse que ele era muito bonito, tinha o cabelo num tom muito claro de loiro, seus olhos eram grandes esmeraldas e ele provavelmente praticava algum tipo de esporte.

— Eu acho que não foi uma boa ideia deixar o Max com o Kyle. – Miles disse abrindo um sorriso.

— Por quê?

O garoto se limitou a apontar com o copo. Quando me virei me deparei com Max sendo segurado de ponta cabeça bebendo cerveja por uma mangueira. Kyle também estava de ponta cabeça. Eles estavam competindo.

— Aposto cinquenta no Kyle. – Leonard disse se apoiando no meu ombro.

— Max é mexicano. – Revirei os olhos. – Cinquenta que o Max detona o Kyle.

— Kyle tem uma garganta muito promissora pra esse tipo de coisa. – Leonard falou com um sorriso idiota no rosto.

Miles deu um soco no garoto e saiu irritado.

— Amor, volta aqui. – Leonard seguiu Miles.

— Eles estão juntos? – Perguntei confuso.

— A gente se pergunta isso todos os dias. – Freya sorriu. – Garotas, vamos caçar uns caras.

Freya puxou Liv e Aimée para o meio da multidão, George sumiu em um piscar de olhos e eu fiquei sozinho com uma garrafa de tequila. Quais as chances de isso dar errado? Todas.

***

— Você está bem? – A garota que Leonard tinha me apresentado mais cedo perguntou.

Eu estava deitado na banheira. Eu não sabia como eu havia ido parar ali, mas resolvi não perguntar. Ela era bonita de um jeito diferente de Freya. Enquanto a russa era loira com um corpo escultural e um sorriso que podia dominar o mundo, Liv tinha uma beleza um pouco mais simpática e cativante, seu cabelo era curto e avermelhado, seu corpo era magro como o de uma bailarina.

— Você vai usar o banheiro? – Perguntei meio tonto.

— Só vou lavar o rosto, pode continuar deitado. – Ela fez uma pausa de alguns segundos. – Se importa se eu me deitar aí com você?

— De um jeito sexual ou de um jeito depressivo?

— Jeito depressivo. – Ela respondeu.

— Tem bastante espaço aqui. – Falei sorrindo.

Liv tirou os sapatos entrou na banheira com um pouco de dificuldade. Ficamos deitados por longos minutos antes que alguém resolvesse começar a falar qualquer coisa. Era completamente desconfortável estar deitado em uma banheira com alguém que você não conhece.

— Você está gelada. – Falei.

— Pele gelada para uma garota fria. – Liv sorriu. – Foi isso que o meu namorado disse quando eu terminei com ele.

— Nós, garotos, viemos com algum defeito de fábrica. – Comentei.

— O seu amigo estava falando sério? – Ela perguntou. – Você é gay, bi, ou só curioso? Eu posso ver que você está muito confuso, então foi uma pergunta idiota. Eu já transei com uma garota, ou melhor, Freya fez eu transar com uma garota.

— Como assim? – Gargalhei.

— Nós temos algo que chamamos de Lista. – Ela começou. – Uma lista com tarefas que devem ser feitas em um período de tempo, ideia do Miles, e eu acabei perdendo, minha punição foi transar com uma garota.

— E você continuou falando com ela?

— A vida só funciona quando você para de olhar para os problemas mesmo quando os problemas olham para você. – A garota disse encarando o teto. – Uma coisa só se torna um problema quando ela se torna grande, transar com uma garota não foi uma grande coisa perto do carinho que eu tenho pela Freya.

Não entendi o que ela quis dizer com isso, eu nem mesmo procurei entender o que ela queria dizer. Talvez ela estivesse muito bêbada para falar qualquer coisa que fizesse sentido ou eu estivesse muito bêbado para entender as coisas.