Heroes. escrita por Lord


Capítulo 3
Sem Minaj, sem paz.


Notas iniciais do capítulo

Voltei.
Como vai você?



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–Eu preciso fazer xixi, tipo sério mesmo. – Max reclamou.

Max era como uma criança de dezoito anos. Além de ser teimoso e não parar quieto por um minuto completo, ele precisava ir ao banheiro em momentos impossíveis de achar um banheiro, como na excursão para as cavernas da sexta série.

– Qual é Max, não faz nem uma hora que você foi ao banheiro. – Falei sem tirar os olhos da estrada. – Você mal tem cinquenta quilos, como consegue produzir tanta urina?

– Você mija mais que o Boris e ele tenta marcar território de dois em dois metros. – Aimée disse tirando o cabelo vermelho da boca.

A melhor ideia do mundo passou pela minha mente naquele exato momento.

– Tem um posto de gasolina chegando, eu paro o carro, mas você vai ter obedecer minhas exigências. – Falei rindo do desespero do menor.

– Tudo bem. – Ele falou depois de pensar por alguns segundos.

– Primeiro, sem Minaj ou qualquer outra música que você não tenha fôlego para cantar. – Comecei.

Quando terminei de falar minhas exigências básicas já estávamos quase passando pela frente do posto de gasolina, então Max não teve muito tempo de pensar direito, ou não percebeu que acabaria no banco de trás com o cachorro, não tomaria refrigerante fora das refeições e não poderia escolher a música.

Max saltou sobre Aimée assim que eu estacionei o carro.

– Vou levar Boris para esticar as pernas, provavelmente vou demorar menos que o Max. – Aimée disse descendo do carro.

Aproveitei que estava sozinho para ligar para casa. Disquei os números que eu já conhecia há muito tempo, o fato engraçado que dependendo do ritmo que eram discados os números formavam um jingle de uma marca de refrigerantes.

– Mãe? – Falei assim que alguém atendeu.

– Theo? – A voz de minha mãe era alegre como sempre. – Está tudo bem? Onde vocês estão?

– Sim, nós fizemos uma amiga chamada Aimée, provavelmente Max tem um problema de bexiga e estamos quase na metade do caminho, eu não sei ao certo o lugar. – Falei tudo de uma vez. – Como estão as coisas aí?

– Jenn quebrou o braço alguns minutos depois da sua partida, seu pai continua lutando contra o vício no Xbox e eu vou fazer uma plástica na segunda. – Minha mãe disse como se tudo fosse normal.

Jenn era a minha irmã mais nova que sofria de amores pelo Max e de certa forma tentar chamar a atenção de quem não presta atenção nem em si mesmo fez com que Jenn quebrasse duas vezes cada um dos braços, ela se orgulha muito disso.

– Me diz que você não vai aumentar o silicone.

– Não, vou fazer uma lipoaspiração antes de fazer a minha tatuagem nova. – Pude muito bem imaginar os lábios dela se esticando em um sorriso. – E o Max? Daya disse que ele não ligou desde que vocês saíram.

Meus pais amavam o meu melhor amigo. Eles não gostavam do garoto como se ele fosse um amigo qualquer, eles eram fascinados pelas ideias sem sentido que Max tinha. Se eu contasse que ele estava querendo largar a faculdade antes mesmo do início das aulas para ir para o outro lado do país, provavelmente eles comprariam a passagem de avião.

– Mãe, é o Max. – Falei como se ela não conhecesse a figura. – Acho que ele ligou para a abuelita, agora ele tem cabelo azul, e um novo amigo canino.

Max era 25% mexicano e sua avó o forçou a aprender espanhol, então desde criança ele chamava sua avó de abuelita, era meio idiota e incrivelmente fofo ao mesmo tempo

– Você devia ser mais como o Max.

– Mãe, eu tenho que desligar, minha amiga está vindo. – Falei quando Aimée parou ao lado da picape para tirar a coleira de Boris. – Amo todos vocês.

– Também te amamos.

Desliguei.

– Quem era? – Aimée disse entrando no carro.

– Minha mãe ela...

– Liga a porra do carro. – Max se jogou no banco de trás quase esmagando Boris. – Tipo, sério mesmo, eu acho que irritei um cara.

Eu estava desapontado, mas não estava surpreso. Eu já havia me metido em uma porção de brigas, apenas uma não era para defender o garoto, e foi a vez que nós saímos no tapa. Seria cômico se não fosse trágico.

– Que tipo de cara? – Aimée perguntou assustada.

– Do tipo que tem um Monster Truck. – Max disse apontando para um enorme caminhão monstro estacionado do outro lado do posto de gasolina. – Theo!

Liguei a picape e saí do posto o mais rápido que pude. Como sempre Max havia me colocado em alguma encrenca, agora eu provavelmente seria esmagado por um caminhão monstro e não teria nem a oportunidade de me formar.

– Acha que ele vai esmagar a gente? – Max perguntou colocando a cabeça entre o banco do motorista e do passageiro.

– Max, eu vou quebrar o seu nariz, mais uma vez. – Falei encarando o garoto pelo retrovisor.

– Ele estava olhando Aimée como eu olho para sorvete. – O garoto se justificou. – Aimée é uma dama, não deve ser olhada assim.

Aimée começou a gargalhar, mesmo com raiva eu não pude deixar de rir. Eu estava indo tão rápido que eu havia esquecido completamente do meu medo de dirigir.

– Max, não tem nenhum Monster Truck atrás da gente. – A garota falou parando de rir.

– Eu sei, só queria assustar o Theo. – Max falou desviando de uma cotovelada que acertaria o seu rosto. – Ele me tirou a Minaj e eu tirei a paz dele.

– Maxwell, eu te odeio tanto. – Falei sorrindo.

Eu não conseguia ficar com raiva do Max quando ele fazia esse tipo de coisa, era como se isso me lembrasse porque eu gosto tanto dele e porque ele sempre foi o meu melhor amigo, às vezes eu olho para ele e vejo o mesmo menino de cinco anos que gostava de dinossauros e tinha estrelas coladas no teto do quarto.

– Eu sei que você me ama, Theodor. – Max bagunçou os meus cabelos.

– Garotos, seria inconveniente eu dizer que preciso muito ir ao banheiro? – Aimée coçou a cabeça. – Eu ia devolver o Boris para o Theo e usar o do posto, mas alguém ferrou os meus esquemas.

– Foi mal. – Max deu um sorriso amarelo.

***

Assim que a noite caiu Aimée decidiu assumir o volante e eu fui para o banco de trás ao lado de Boris que era uma ótima companhia. Mesmo sendo noite o calor era escaldante, então eu continuava sofrendo, diferente de Max que resolveu ficar sem camisa. Max nunca se sentiu desconfortável com as garotas isso me deixava com um pouquinho de inveja.

– Será que ele já está dormindo? – Max perguntou.

– Acho que sim. – Aimée disse olhando pelo retrovisor.

– Posso ligar o rádio? – Max pediu usando toda sua fofura.

– Sem Minaj?

– Sem Minaj. – Max apertou o botão e uma música muito boa tomou conta da cabine dupla da picape velha, logo outra música começou.

– Eu amo Bowie. – Aimée disse batucando o volante e cantando em afinação perfeita.

Não demorou muito para que Max começasse a acompanhar a garota. Mesmo sendo meio desafinado e pulando algumas partes da música e misturando Bowie e Minaj, eu adorava ver Max cantando. Algo dentro de mim estava gritando para que eu abraçasse o menor e nunca mais o soltasse.


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