O Desafio dos Deuses escrita por moriartea


Capítulo 16
Somos surpreendidos pelo mal


Notas iniciais do capítulo

ALELUIA!! ALEULUIA!! ALELUUUUUIAAAAA!!! XD

Finalmente, aqui está um novo capítulo, quentinho!!
Foi mal mesmo por ficar tanto tempo sem postar, mas a minha inspiração pra essa fic tinha morrido. E agora ela ressuscitou, weeee /o/
É provável que eu não poste com frequência, já que tenho uma fic em andamento e outra, hum, nascendo (xD), mas de uma coisa eu tenho certeza: EU VOU TERMINÁ-LA!!
Aliás, tenho quase certeza que meus leitores desistiram de mim, mas a esperança é a última que morre. U_U
Enjoy =D



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Eu tentei sustentar o olhar de Órion, mas ele desviou e quando voltou a me encarar, seus olhos já eram inexpressivos. Talvez tenha sido apenas a minha imaginação. Nunca se sabe.

- Muito bem pessoal, vamos começar pelo andar inferior – disse ele.

O centauro nos mostrou a parte frequentada apenas pelos tripulantes do navio, como a sala das máquinas, a cozinha e entre outros. Depois subimos e andamos por cada corredor de cada andar do navio, até chegarmos na área de lazer, no último andar.

O tour acabou levando horas, graças ao tamanho da coisa (e às pequenas confusões entre o nosso grupo, devo dizer) e quando Órion finalmente declarou todas as áreas como visitadas, já era quase a hora do almoço. Almoçamos então no grande salão, junto com os outros passageiros e depois nos encaminhamos até a sala dos tripulantes.

- Então pessoal, sinto dizer, mas agora é a hora do trabalho duro – anunciou ele

- O quê, já? – exclamou Clarisse

- Nós não vamos curtir o navio antes? – perguntou Nico, desanimado.

- Não, gente – Órion disse, rindo – Vocês vão poder curtir sim, mas somente nos horários de folga

- Isso é exploração de menores, sabia? – disse Percy. Ele estava com uma expressão séria, mas eu sabia que ele sendo engraçadinho.

- Claro, claro. Bem, se precisarem de alguma coisa, eu estarei por aí. Até mais.

Ele saiu trotando da sala, nos deixando ali meio perdidos.

- “Vou estar por aí”?? Nós nunca vamos encontrá-lo nesse navio enorme – comentou Jack

- Pessoal, chega de resmungar. Quanto mais cedo começarmos, mais cedo iremos terminar – disse eu, me voltando para o armário ao meu lado – Parece que nossas roupas estão aqui.

- Certo. Vamos terminar logo com isso – disse Adam, pegando seu uniforme.

Dez minutos depois, eu estava com a Sra. Devon, a camareira responsável por mim, a caminho do andar designado à nós. Subimos de elevador até o quinto andar e andamos até pararmos na porta da primeira cabine do corredor. Ela pegou um cartão do bolso e explicou:

- Este cartão é uma espécie de chave mestra. Ele abre todas as cabines do navio. Como você ainda é uma aprendiz, não poderá ter o seu.

- Eu nem imagino o porquê – comentei, irônica

A Sra. Devon passou o cartão no leitor instalado na porta, que se abriu instantaneamente. Para a minha surpresa, a cabine estava uma bagunça. Os lençóis da cama estavam totalmente revirados, os travesseiros jogados no chão e havia restos de comida espalhados por todo o canto.

- Pelos... – eu me interrompi a tempo – Quer dizer, como pode? A pessoa nem dormiu aqui ainda e já fez essa bagunça?

- Ah, minha filha, você ainda não viu nada! – disse ela, sombriamente.

- Nossa...

- Bom, tudo o que você tem que fazer é dar uma ordem nisso aí. Não precisa trocar os lençóis, estão limpos, apesar de tudo. Cuidarei das outras cabines do outro lado enquanto você fica com as que estão deste. – ordenou.

- Certo.

Ela saiu e eu encarei aquela zona, imaginando quem seria o ocupante bestial. Provavelmente era um playboy mimado qualquer. Resolvi então parar de protelar e começar o trabalho.

Eu já havia arrumado a cama, colocando os travesseiros no lugar e estava quase terminando de varrer a cabine, quando ouvi uma voz masculina chamar cautelosamente:

- Oi?

Me virei e não pude conter um grito. Parado ali na porta, estava ninguém menos que o garoto misterioso do cais. Eu não havia reparado antes, mas ele tinha cabelos loiros e olhos azuis hipnotizantes. Seu porte sugeria que ele era uma pessoa bem confiante.

- Desculpe se te assustei – disse ele, fazendo uma mesura – Mas achei estranho você estar na minha cabine.

- Talvez seja porque eu sou uma camareira – respondi, apontando para o meu uniforme.

Ele ergueu as sobrancelhas, surpreso.

- Que estranho. Você tem um sangue nobre, não devia estar trabalhando para os outros.

Senti a minha cabeça rodar à menção da palavra “sangue”. Será que ele era um daqueles malucos que estavam atrás de mim?

- Quem é você? – perguntei, levando as mãos instintivamente ao meu colar.

- Meu nome é Mike Stanley, filho de John Stanley. E você é...?

Eu estreitei os olhos, desconfiada. Aquele nome me era bem familiar...então eu me lembrei: John Stanley era um dos maiores mafiosos da Costa Leste e seu nome sempre aparecia nos jornais, por se safar com frequência dos tribunais. Mas porque ele havia dito aquilo para mim?

- Katie White – respondi, por fim. – O que você quer?

- Ei, calma. Eu não sou o seu inimigo, sou o seu servo.

Dessa eu tive que rir.

- Como é que é? O filho de mafioso quer servir a uma camareira de um transatlântico?

- Eu sei o que você é – disse ele, com um sorriso sedutor – É uma das herdeiras do mestre de meu pai, que também é meu mestre.

Então a fixa caiu.

Ele sabia que eu era uma meio-sangue.

- Certo – comecei, lentamente -, mas Hermes é deus dos ladrões. Imagino que seu pai faça coisas piores do que roubar.

- Ah, bem. Isso não diminui em nada a nossa devoção a ele. – disse Mike, dando de ombros, enquanto eu apenas o encarava – Mas de toda forma, eu estou à sua disposição. Se precisar de mim, me ligue.

Ele caminhou até mim, confiante, e me estendeu um pequeno cartão. Eu não o peguei.

- Por que eu precisaria da sua ajuda?

Mike sorriu e ao invés de responder à minha pergunta, disse:

- Gostaria que você se sentasse comigo amanhã à noite, lá no salão. Pode chamar os seus amigos, se quiser.

Ele pôs o cartão num dos bolsos do meu uniforme e começou a caminhar em direção à porta, em passos lentos. Eu o chamei antes que saísse, pois havia uma coisa não explicada nessa história.

- Como você ficou sabendo? – perguntei, desconfiada.

Mike parou de caminhar e se virou para mim, sorrindo triunfante:

- Meu pai. Ele conhece Hermes, e notou a semelhança entre vocês. – e deu as costas para mim, saindo da cabine.

Atordoada, tirei o cartão que ele me dera do meu bolso e tentei ler, mas tudo o que eu consegui foi: MIEK TASNYE, MROPOTOR DA OAB-ÇAÃO. ELC: (001)777-5555

Guardei-o e voltei à minha tarefa, com a estranha conversa ainda ecoando em minha mente.

***

O grande salão do navio, onde eram realizadas as refeições e os shows, foi aberto às 7 da noite do dia seguinte e uma multidão de adolescentes preencheu as mesas redondas, dispostas ao redor do enorme palco. Percy, Nico e eu estávamos sentados em uma mesa distante do palco, enquanto os outros ficaram nas suas cabines.

- Parece que uma banda de rock famosa vai se apresentar aqui amanhã. – comentou Nico, enquanto se esforçava para ler um folheto.

- Qual? – perguntei

- Eu não sei...acho que é a Boys With... – ele aproximou o papel do rosto, e então suspirou – Ah, desisto.

- Boys Like Girls – deduzi – Mas isso não é rock!!

- Tanto faz. Não estaremos aqui para ver – disse Percy, distraído

- Credo. Você fala como se... 

- Não, não é nada disso. – Percy me cortou, antes que eu concluísse a frase - É só que estamos próximos do Mar de Monstros. Teremos que sair do navio amanhã de manhã ou talvez hoje mais tarde.

- E como nós vamos fazer isso? – perguntou Nico.

- Podemos...

Percy parou de repente, olhando para algum ponto atrás de mim. Senti uma mão quente sobre o meu ombro, me virei e dei de cara com Mike Stanley.

- O que eu disse sobre você se sentar comigo hoje? – disse ele, suavemente.

- Ah... – foi tudo em que eu consegui pensar.

- Venha – chamou, me puxando pelo cotovelo e acrescentou, voltando-se para os meninos: – Vocês também.

Seguimos pelo salão até a sua mesa, que já estava ocupada por um garoto de cabelos castanho-claros. Ele brincava distraidamente com as cartas de um baralho.

- Tim? – chamou Mike, e o garoto olhou para ele por alguns segundos, voltando seu olhar para nós em seguida.

– Esta é Katie White – disse ele, apontando para mim – E estes são...

- Percy Jackson – apresentou-se Percy

- Nico di Ângelo – o fez também Nico

- Então, esses são os meus convidados para a partida – continuou Mike – Você não chamou ninguém?

- Não. Você sabe, Mike, que eu não sou do tipo sociável – respondeu o garoto

- Tudo bem. Pessoal, este é Timothy Racier, um velho amigo meu. Podem se sentar.

Enquanto Percy, Nico e eu nos sentávamos ao redor da mesa, fiquei observando o tal de Racier. Sues movimentos eram cautelosos e o seu olhar, desconfiado. Ele parecia ser o tipo de pessoa que se mantém calma na maior parte do tempo, mas quando se irrita...

- O que vamos jogar? – perguntou Percy

- Uno – respondeu Timothy, enquanto embaralhava as cartas.

Eu ergui as sobrancelhas e cheguei a abrir a boca para fazer um comentário, mas Percy foi mais rápido:

- Uno? Não imaginei que esse fosse o jogo favorito dos mafiosos.

Eu lancei um olhar de advertência, enquanto Nico passava o seu olhar dos garotos à sua frente para nós, assustado, mas Percy não pareceu se importar. E nem os mafiosos mirins.

- Ah, você é esperto. Achamos melhor lidarmos com algo mais simples, porque imaginamos que vocês não teriam capital suficiente para um bom jogo de pôquer. – respondeu Mike, calmamente.

- Que bom! Vamos começar então – disse eu, antes que Percy tivesse tempo para organizar os pensamentos.

Timothy distribuiu as cartas e eu dei uma olhada na expressão de cada um antes de ver a minha mão. Percy, Mike e Timothy tiveram o cuidado de se manter impassíveis, mas Nico deu um leve sorrisinho. Defini que ele seria o alvo de pelo menos uma das três cartas +4 que eu havia recebido.

Já mencionei que eu sou extremamente sortuda em qualquer tipo de jogo? Pois é.

Depois de quatro rodadas, apenas eu, Mike e milagrosamente Percy tínhamos chance de vencer a partida. Nico tinha mais de 10 cartas na mão e Timothy Racier havia simplesmente abandonado o jogo, dizendo que precisava ir dormir cedo. Imaginei que ele apenas estivesse fugindo da vergonha, já que estava com 15 cartas na mão.

Percebi que Mike me observou durante todo o jogo. Era como se ele estivesse me avaliando, calculando se eu realmente honrava a fama dos filhos de Hermes. Pelo sorriso que ele deu após uma jogada minha, que eliminou totalmente as chances de vitória dele e de Percy, eu fui aprovada.

Dez minutos depois, Nico, Percy e eu estávamos saindo do salão. Nico ainda se lamentava por ter terminado o jogo com tantas cartas, enquanto Percy tirava suas conclusões sobre a noite de hoje.

- Esse tal de Mike parecia estar te medindo com os olhos – comentou ele, pensativo – De onde você o conhece?

- Ah, bem. Eu estava limpando a cabine dele quando ele apareceu, aí começamos a conversar – respondi, distraída.

- Eles são mafiosos mesmo? – perguntou Nico, em voz baixa.

- O Mike é filho de um. Já o outro, eu não tenho certeza, mas é provável que sim.

- Onde você vai? – perguntou Percy, ao me ver desviando do caminho para as cabines.

- Vou arrumar um canto por aí e ler um pouco. Sabe como é, estou dividindo minha cabine com a Clarisse – disse eu, sugestivamente.

- Ah sim. Ok, então.

- Nos vemos depois, Katie – disse Nico, e os dois desapareceram em meio à multidão.

Caminhei um pouco pela área externa, até achar um corredor vazio. Me encostei na balaustrada, fechei os olhos e respirei fundo, sentindo o vento acariciar o meu rosto. Eu estava acostumada a ficar sozinha, e agora eu que eu tinha amigos e sempre estava na companhia de alguém, me sentia um pouco desconfortável às vezes. Não que eu estivesse reclamando, é claro.

Tirei do bolso do meu casaco a minha cópia de Orgulho e Preconceito versão pocket e tentei ler um pouco. Aparentemente, toda essa coisa de estou-a-caminho-de-várias-missões-malucas-e-sinto-falta-do-meu-namorado havia acabado com todo o meu progresso na leitura, porque o texto me parecia totalmente ilegível.

- White? – chamou uma voz conhecida e detestada à minha esquerda.

Adam estava se aproximando de mim com uma expressão neutra, mas seu esforço para não fazer uma careta era evidente.

- Adam. O que você quer? – perguntei, com um suspiro.

- Eu vim em paz – disse ele, levantando as mãos espalmadas em sinal de rendição – Só quero esclarecer umas coisas.

- Sou toda ouvidos.

- Eu vim declarar uma trégua aos nossos...desentendimentos.

Eu ergui uma sobrancelha e eu pude ver a sombra de um sorriso em seu rosto.

- Sei que é mais do que isso, mas enfim. Tomei essa decisão em nome da missão, apenas por ela. Quero que ela seja um sucesso e isso não vai acontecer se os membros do grupo tentarem se matar a cada distração.

- Sábias palavras – disse eu

- Isso foi irônico? – perguntou ele, o rosto se anuviando.

- Disse em tom de ironia, mas eu concordo plenamente. Então, – estendi minha mão para ele – estamos em paz?

Ele apertou minha mão, com um pouco de força, me encarando longamente. Percebi que ele até que não era de se jogar fora, quando não estava dizendo coisas horríveis ou dando seus sorrisos maníacos.

- Estamos em paz. Por enquanto. - disse ele, por fim – Quando voltarmos ao acampamento, tudo voltará a ser como antes.

- Eu não poderia imaginar algo diferente – disse eu, não podendo conter um sorriso. Até parece que ele iria parar com as provocações só porque fomos da mesma equipe. É só olhar para Percy e Clarisse.

- Está tudo bem aí? – perguntou uma garoto surgido atrás de Adam. Era Jack.

Adam soltou minha mão rapidamente e se voltou para trás.

- Cl-claro que sim. S-só estava selando um acordo de paz momentânea – respondeu ele, tropeçando nas palavras.

- Você quer alguma coisa, Jack? – perguntei

- Ahh...sim. Queria falar com você – disse ele, sem me olhar.

Adam pigarreou.

- Vou voltar para minha cabine então. E vocês, não demorem. Temos que acordar cedo amanhã para sairmos daqui sem sermos vistos.

- Ok – respondemos eu e Jack.

Observamos o filho de Nêmesis se afastar de nós em passos rápidos, como se quisesse estar o mais longe possível dali logo. Eu continuava a sorrir. Adam estava muito longe de ser uma pessoa tímida, então a reação que teve quando Jack chegou era no mínimo estranha. E a teoria que surgiu na minha mente era ridícula demais para ser verdade.

- Bom, Katie, eu queria te pedir desculpas. – começou Jack, depois de se certificar que estávamos à sós.

Homens.

- Eu fui muito...

- Sacana?- sugeri

- É. Eu não devia ter te tratado daquela maneira, quer dizer , a gente tinha acabado de se conhecer e eu...ah, não sou muito bom com palavras – lamentou ele.

- Está tudo bem – disse eu, dando um sorriso encorajador – O importante é que você conseguiu. Estava querendo falar comigo há muito tempo, não é?

- Sim – admitiu ele – Desde que você saiu do meu chalé chateada, na verdade. Então, estou desculpado?

- Claro que sim, Jack! – respondi, com sinceridade. – Eu não sou de guardar rancor.

- Que bom. Então...podemos ser amigos?

- Claro, Zé Trovão.

- Pelos deuses, não me chame assim! – protestou ele, e eu comecei a rir.

- Garoto, você acabou de me entregar o ouro. Agora é que eu....

Parei de repente ao ouvir um som metálico vagamente familiar. Parecia estar bem perto de mim. Olhei ao redor, mas não vi nada.

- O que foi? – sussurrou ele, ao perceber a mudança súbita na minha expressão.

Eu fiz um sinal para que ele esperasse, enquanto tentava ouvir mais alguma coisa. Tinha certeza de que não havia imaginado aquilo. Foi então que eu reparei no chão alguns metros atrás de Jack. Havia ali poças de água que formavam...pegadas.

Antes que eu pudesse me aproximar para olhar melhor, ele arfou e senti um par de mãos segurando minha boca e prendendo os meus braços nas minhas costas, ao mesmo tempo em que uma pessoa se materializava atrás de Jack e fazia o mesmo.

Essa pessoa era o jovem de cabelos compridos.

Exatamente aquele que me atacou na Estátua da Liberdade.


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Notas finais do capítulo

Mereço reviews? *--*



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