Contraposição escrita por Blue Butterfly


Capítulo 22
Capítulo XXII




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'Lar doce lar.' Jane murmurou cansada ao entrar na casa de Maura. Dirigir por duas horas, enfrentar toda a situação na delegacia e o fato de se preocupar com o estado emocional da loira tinham consumido quase toda sua energia. Ela suspirou e jogou sem muito cuidado a mala que trazia de volta da pequena fuga que tinham feito dias antes.

'Você não está pensando em deixar isso aí, está?' Maura levantou uma sobrancelha para a detetive, criticando sem sensura alguma a negligência da mulher.

'Eu... não?' Jane disse ao ponderar se era arriscado demais dizer que era apenas por enquanto. É claro que a atitude de Maura - sobrancelha ainda erguida, mão na cintura indicando um agravante caso a resposta se inclinasse à uma positiva - a fez repensar a escolha de palavras. 'Vou levar para a lavanderia.' Ela se rendeu e acompanhou Maura até o ambiente.

Jane não era tão organizada como ela, mas se havia algo que a morena queria evitar agora era adicionar estresse extra ao seu estado emocional.

Elas estavam de volta. E embora o lugar fosse o mesmo, elas já não eram iguais.

A mudança na relação que tinham era o que mais pesava agora em seus pensamentos. Como Jane iria anunciar isso para sua mãe? Como seus colegas de trabalho reagiriam ao saber que, caramba, todas as apostas com ela e Maura acabaram por ser certas?

Ela sentou no sofá e respirou lentamente. Uma coisa de cada vez, Rizzoli. Ela abandonou todas as questões quando Maura sentou ao seu lado e encostou a cabeça em seu ombro. Um braço na cintura da médica e lá estavam elas, entregue à um mundo que lhes era particular.

'Você tá bem?' A morena sussurrou a pergunta e plantou um beijo na cabeça dela.

'Uhum.' Ela disse baixinho. 'É um pouco estranho, entretanto, estar aqui.' Por razões óbvias que ela não precisava esclarecer. Ela confiava em Jane, no trabalho meticuloso de Nina ao revirar a casa para encontrar qualquer câmera lá. Nada. Sua privacidade estava completamente segura, mas era saber que alguém tinha estado lá, talvez revirado suas coisas pessoais, era o que a incomodava.

'Logo tudo volta ao lugar.' Jane disse com um sorriso carinhoso.

'Exceto eu e você.' Maura devolveu com um sorriso ainda maior e quando Jane se inclinou para beijá-la, ela levou uma mão no rosto da morena e acaricou-lhe a bochecha.

O beijo foi lento, como se testassem pela primeira vez a mistura da reminiscência do passado com o presente tão palpável. Definitivamente elas nunca mais voltariam à ser o que eram antes. Apenas amigas já não serveria. Os toques e os beijos, os abraços e as noites em que dormiam enroscadas uma na outra não poderiam simplesmente ser colocadas de lado.

'Eu preciso de um banho.' Maura murmurou com os lábios colados aos da morena quando as mãos de Jane apertaram seu quadril.

'Eu posso me juntar à você?' Jane riu baixinho quando Maura jogou a cabeça para o lado, fingindo ponderar a resposta.

'Desde quando você gosta de longos banhos de banheira?' Maura segurou o riso.

'Você tá insinuando que eu não sei relaxar?' Jane se fingiu de ofendida e se afastou ligeiramente da loira.

Ela encolheu os ombros.

'Saiba você que pescaria é uma atividade muito relaxante, uma cuja qual você me censurou diversas vezes!' Ela se levantou e virou-se de costas para Maura, dobrando a manga da camiseta no punho.

Antes que pudesse perder a oportunidade a médica se levantou no sofá, apoiou as mãos nos ombros da morena e pulou em suas costas, laçando sua cintura com as pernas.

'Você pode me acompanhar aonde quer que eu vá.' Beijo na nuca.

As mãos de Jane foram parar em suas coxas, servindo como apoio extra para seu corpo.

'Você só tá dizendo isso porque quer que eu te carregue até lá.'

'Isso também.' Maura retrucou rindo, e soltou um pequeno gritinho ao sentir o tapa da morena em seu quadril.

'Você vai pagar caro por isso.' A detetive disse enquanto a carregava para o banheiro, completamente entregue à sensação do corpo da loira pressionado contra o seu. Ela sentou Maura em cima da pia do banheiro e abriu a torneira para que a água começasse a encher a banheira. Os pés de

Maura balançavam lentamente para frente e para trás, e quando Jane se aproximou dela de novo ela laçou sua cintura mais uma vez. Num gesto nada inocente, ela tirou sem ensaios a blusa e jogou para o lado.

Jane ergueu uma sobrancelha. Sorriso maroto. 'O que você pensa que tá fazendo?' Ela perguntou embora não precisasse de resposta.

'Ora, ninguém pode tomar banho vestindo roupas, Jane.' A resposta lógica carregava um tanto de malícia.

A morena riu consigo mesma e deslizou às mãos nas costas da médica. Pernas apertando sua cintura.

'É melhor eu te ajudar com isso, então.' Ela devolveu maliciosamente enquanto seus dedos abriam e descartavam o sutiã. Mãos correndo por pele nua, morna e macia. Seios firmes. O suspiro de Maura se perdeu em seus lábios quando ela segurou com firmeza sua nuca. Aquela era a exata distração que elas precisavam. Sua mão correu para entre as pernas da loira, e num gemido que rodopiou no ar e desapareceu em algum lugar, Maura jogou a cabeça para trás. Tão pouco para deixá-la no limite.

'Jane.' Ela murmurou, pressionando-se ainda mais contra a mão da morena.

'Oh, eu sei, querida.' Jane respondeu num sussurro, adorando o efeito que tinha sobre a outra.

E entao a campainha tocou.

Surpreendida por não estarem esperando ninguém, os olhos da loira se arregalaram e ela segurou a cintura da morena com firmeza.

'Jane?' E agora o nome carregava apenas incerteza e confusão.

'Eu vou checar. Não deve ser nada importante.' A morena acariciou-lhe os braços. 'Eu tenho uma arma, Maura.' Ela acrescentoue lançou um olhar carregado de seriedade para a médica.

Um menear de cabeça.

'Apenas seja prudente.'

'Eu serei.' Sorriso para se reafirmar. Um passo hesitante para trás numa tentativa de se livrar - apenas por enquanto - da sensação que borbulhava dentro de si.

'E Jane!' Maura exclamou quando a morena estava prestes a deixar de vez o banheiro. 'Não demore ou vou terminar isso por mim mesma.' Voz carregada de desejo.

Jane respirou fundo e estava quase mudando de ideia e esquecer sobra a porta quando a campainha tocou de novo.

Respirando fundo, mais uma vez, tentando se recompor, ela caminhou até a sala e com um revirar de olhos abriu a porta.

'Janie!' Angela exclamou ao jogar os braços em volta da morena, envolvendo-a numa mistura de consternação e irritação por causa da inconveniência.


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