Um mês e meio se passou desde a briga. Hugo foi transferido para a Durmstrang.

Era sábado a tarde Rose e Scorpius estavam deitados na grama olhando o céu e achando figuras nas nuvens. Uma brisa leve balançava meus cabelos. Natanael estava encostado na árvore e eu apoiada em seu peito. Ele traçava círculos com o dedão sobre a minha pele, o que causava arrepios em mim. Eu olhava o lago, vendo os sereianos volta e meia por a cabeça para fora d’água e observar a margem.

–Lily. –Ele sussurrou.

Eu o olhei. Ele tinha a cabeça encostada na árvore, ele dormia. Seu polegar ainda acariciava meu braço, mesmo dormindo. Ele tinha um sorriso de canto nos lábios. De repente suas feições mudaram, o sorriso sumiu, as sobrancelhas se uniram e os lábios se contraíram. Ele estava tendo um pesadelo.

–Lil’s. - Ele falou assustado e abriu os olhos.

–Tudo bem Nat?

Ele pareceu confuso.

–Sim. Só um sonho ruim.

Ele me beijou gentilmente e me abraçou forte.

**

Rose e eu estávamos andando pelos corredores, ela devorava um saquinho de doces da Dedosdemel, eu olhei espantada para a voracidade dela ao comer aqueles doces.

–O que foi? –Ela perguntou com a boca cheia.

–Você é nojenta quando come. –Torci o beiço.

–Eu sou filha de Ronald Weasley. Esperava que eu fosse que nem a tia Fleuma?

Ri do apelido dado para tia Fleur pela mamãe e tia Mione.

–Não fala muito alto para nossos primos não escutarem. Elas odeiam que chamem a mãe assim.

–Foda-se. FLEUMAAAA!!!!

Caímos na risada.

–Podemos saber do que as ruivas tão rindo?

James vinha com Nicolas Thomas Patil.

–Jay. –Rose gritou e se jogou nos braços do meus irmão. Eles eram melhores amigos desde pequenos, quase nunca a gente os via separados.

–Hey, cenourinha. Porque essa animação? –Ele sorriu da cara que ela fez por causa do apelido.

–Saudades ué. Não pode? –Ela ergueu uma sobrancelha.

–Você me viu a algumas horas.

–E?

Eu e Nicolas rimos.

–Onde está o Natanael, mano?

–Preocupada Lil’s? –Ele sorriu irônico.

–Não só curiosa, ele disse que tinha uma coisa pra resolver e saiu correndo.

–Se serve de consolo não o vi desde manhã.

“Não, não serve.” Pensei.

–Ok. Ta legal eu vou nessa, vou dar uma corrida por aí.

Rose levou dois dedos até a sobrancelha e os abaixou, querendo dizer “tchau bitch”.

Subi até meu quarto troquei de roupa e fui correndo até o campo de Quadribol. Dei duas voltas pelo campo, corri pelo lago. Quase todos os alunos estavam em Hogsmeade, eram poucos que tinham ficado, entre eles um ser particularmente desprezível chamado Nancy Parkinson. E ela estava vindo na minha direção.

–Oi pequena Potter. Sabe, correr não vai adiantar com essa bunda caída.

Suspirei.

–Pois é pena que ninguém te perguntou nada Nancy.

–Você deveria fazer que nem eu...

–O que? Transar com mais da metade da escola e pagar de santa para a mamãe. Quantos desses garotos você cavalgou hein “pequena puta”?

Ela ficou vermelha. Virou as costas e saiu andando.

Voltei para o Salão e meus primos estavam todos lá já. E Natanael ainda estava sumido.

–E aí Lil’s? Vem se juntar a trupe Weasley/Potter.

Apontei para mim.

–Primeiro um banho.

Subi e entrei no quarto. Peguei minha toalha e entrei no chuveiro. A água quase fria escorria pelos meus braços levando o sabão junto. Me sequei, coloquei minhas peças intimas e sai. A toalha na cabeça secava meu cabelo. Coloquei um macacão florido e soltinho. Tirei a toalha da cabeça e penteei meu cabelo ruivo liso. E Desci.

Aquele grupo quase todo ruivo, com apenas dois loiros e três morenos. Procurei rapidamente Natanael e nada dele ainda.

Me sentei com eles nos sofás, conversamos, jogamos xadrez bruxo, depois de Hugo, Louis era o melhor jogador de xadrez bruxo. Deu a hora da janta, e descemos todos juntos. Scorpius nos esperava em frente ao Salão. Sentamos na mesa e de novo olhei em volta. Ele ainda estava sumido. A janta foi servida após breves palavras de Minerva. Algo sobre corredores bombardeados com Bombas de Bosta e que se o responsável fosse pego ganharia detenção de dois meses, polindo troféus e limpando os corredores. Olhei para Fred II e Roxanne ambos riram e trocaram socos por debaixo da mesa.

Estava na metade da janta quando as portas se abriram bruscamente. Nicolas e Jay, sim só naquele momento eu percebi que Jay não estava na mesa, entraram voando em suas vassouras e soltando foguetes luminosos para cima. Isso ia dar uma bela detenção, mas Minerva sorria, ela piscou para mim e aplaudiu o show. Em seguida Jay me puxou e me pôs em pé lá na frente, de costas para a mesa dos professores. Eu o olhei confusa. Ele se aproximou e sussurrou em meu ouvido.

–Aproveite o show, Pimentinha. – E saiu voando com um sorriso maroto.

Todos se revezavam olhando para os fogos e para mim. Pelo calor em meu rosto eu tinha certeza que estava da cor de uma pimenta mesmo.

Outra pessoa entrou voando, soltando fogos. Esse eu reconheceria até fantasiado. Natanael.

Ele estava com uma camiseta branca, calça jeans preta e uma jaqueta de couro por cima. Aqueles olhos azuis brilhavam olhando para mim. Ele foi descendo apoiado em apenas um pezinho da vassoura. Saltou no chão e caminhou até mim.

–Lílian Luna Potter, minha Lil’s. Passei muito tempo, pensando em como eu iria fazer isso, acredite pedi ajuda até para o meu pai. Lílian, eu juro que vou te fazer a garota mais feliz desse mundo, ainda mais se eu não fizer seus irmãos me matam.

–Isso aí. –Jay e Al gritaram.

–Não serão só eles. –Dominique falou. –Lembre-se mexeu com um Weasley mexeu com todos.

Ela teve um coro de apoio.

– Lílian, eu quero te dizer isso há muito tempo, eu te amo pimentinha. –Ele se ajoelhou e tirou uma aliança de prata do bolso. –Quer namorar comigo Lily?

Eu me joguei sobre ele.

–Sim, é claro que sim. Eu também te amo.

Ele colocou a aliança em meu dedo e me beijou. Aquilo era tão diferente do que Hugo me fazia sentir. Com Hugo era como se eu só tivesse meio amor, já Natanael me dava mais amor do que pensei que fosse possível existir. Ele subiu na vassoura e me chamou.

–Aonde vamos?

–É surpresa.

E sem falar mais nada saímos voando do castelo. Em direção à noite. Em direção a nossa noite perfeita.

Ele me levou a um vilarejo muggle depois de Hogsmeade onde jantamos. Depois ele me levou a um penhasco de onde se via perfeitamente a lua cheia. Ficamos vendo a lua até tarde.

Ele levantou me estendeu a mão, me abraçou passei meus braços por seu pescoço. Ele me olhou e eu senti que ele olhava não para mim, mas para minha alma. Uma música trouxa me veio à mente.

"Amar pode doer

Amar pode doer às vezes

Mas é a única coisa que eu sei

Quando fica difícil

Você sabe que pode ficar difícil às vezes

É a única coisa que nos mantém vivos"

"Nós mantemos este amor numa fotografia

Nós fizemos estas memórias para nós mesmos

Onde nossos olhos nunca fecham

Nossos corações nunca estiveram partidos

E o tempo está congelado para sempre"

Ele me puxou mais perto e me beijou. Dessa vez todo o desejo escorreu do seu corpo para mim. Eu sabia, eu jamais iria encontrar alguém que me completasse como ele.

"Então você pode me guardar no bolso

Do seu jeans rasgado

Me abraçando perto até nossos olhos se encontrarem

Você nunca estará sozinha

Espere por minha volta para casa"

"Amar pode curar

Amar pode remendar sua alma

E é a única coisa que eu sei

Eu juro que fica mais fácil

Lembre-se disso em cada pedaço seu

E é a única coisa que levamos conosco quando morremos."