Nova fase' escrita por HungerGames


Capítulo 54
Longe de casa




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Apenas o fato de entrar no aerodeslizador já começa a me acalmar, eu poderia perfeitamente ir de trem como eu fui nas últimas vezes, mas acontece que eu não podia esperar nem uma hora a mais pra ver ela, fim de semana passado nós tivemos um imprevisto no Hangar, recebemos uma equipe que veio do 13 pra estabelecermos algumas novas diretrizes dos novos protocolos e eu tive que direcionar as direções que aconteceram justamente no fim de semana e eu tive que adiar minha ida à Capital, eu odiei a situação, mas não podia adiar as reuniões e quando falei pra Lu, ela também jamais me deixaria adiar, além do mais seria um final de semana agitado pra ela também por que teriam alguma eventos pra cumprir, por isso acabei não indo e agora estou a 15 dias sem vê-la e eu sinto que se ficasse uma única hora a mais poderia simplesmente morrer do coração, então o trem nem mesmo foi uma opção pra mim, ela está pensando que eu só vou chegar no meio da madrugada, por que eu quis fazer uma surpresa, esse será o último fim de semana dela na Capital, quando eu voltar pra casa, ela estará indo para o Distrito 7, por isso hoje ela estará em um super evento com a mais alta classe da Capital, em um evento que vai acontecer na mansão presidencial e é pra lá que eu vou assim que descer do aerodeslizador, mas enquanto isso, aproveito para mandar uns últimos emails sobre os relatórios que recebi hoje e passo praticamente a viagem inteira enviando, recebendo e respondendo emails, mas quando o piloto avisa que iremos pousar em 15 minutos, eu aproveito pra me arrumar, eu passei em casa depois do trabalho, tomei um banho e peguei minhas coisas, mas apenas vesti a calça social preta e a camisa social branca, agora aproveito para vestir o colete preto, visto o blazer preto que fica perfeitamente ajustado no meu corpo, não que seja uma surpresa, afinal a Pérola nunca erra e esse é um dos modelos dela, o smoking perfeito segundo ela, coloco à gravata borboleta, por mais que me incomode, mas se é pra fazer, vamos fazer direito, penteio meu cabelo todo pra trás, segurando o instinto de bagunçar os fios e calço os sapatos perfeitamente engraxados, já estava terminando de espirrar o perfume quando sou avisado do pouso, sem muita emoção pousamos no Hangar principal e quando desço com minha mala de mão já tem um carro me esperando e vou direto para a mansão, a festa já começou a um pouco mais de uma hora, por isso os fotógrafos da entrada já estão sossegados conversando entre eles, Sylv que é a agente da Lu, é a única que sabia que eu viria direto pra cá por isso mandei uma mensagem pra ela quando saí do Hangar e ela está prontamente me esperando quando desço do carro.

 

— Ela vai me matar quando souber que eu te ajudei - ela fala, mas está sorrindo animada.

 

— Onde ela tá?

 

— Em algum lugar tirando foto com alguém - ela dá de ombros, já fazendo sinal para levarem minha mala - Anda, vamos, não posso deixar ela tão solta por aí, ela tem um marido irritantemente ciumento - ela sorri.

 

— Ele é um cara esperto

 

— Que está incrivelmente gato nesse smoking - sorrio orgulhoso.

 

— E olha que eu me arrumei a vários mil pés de altura - ela ri e me manda entrar, o tapete vermelho está bem a frente e eu começo a atravessa-lo, o murmurinho começa antes que eu alcance a metade dele e então os fotógrafos da entrada que já estavam entediados começam a disparar suas câmeras, me cumprimentar, pedir poses e agradecer, eu também agradeço, faço algumas poses, mas não me prendo muito, tudo o que eu quero é ver a Lu, então logo entro e essa tarefa parece mais difícil a cada metro que eu ando, as pessoas me reconhecem, agora não só por ser um Mellark, não só por ser quem eu sou, mas por ser o marido dela e estranhamente esse é o título que eu mais gosto, o de marido da Luíza, tento ser simpático com todos, mas não paro muito em nenhum grupinho, apenas sigo com a Sylv do meu lado.

 

— Ah achei! Ela ta ali - ela aponta para alguns metros a frente, no canto do salão principal perto de um grande arranjo de flores tropicais, ela está conversando com algumas pessoas e solta uma risada, mesmo sem ouvir o som do seu riso, é como se ele estivesse ecoando nos meus ouvidos, mesmo que a risada não seja pra mim eu sinto meu coração acelerar como se fosse a primeira vez que ela ri pra mim e eu me sinto como um adolescente bobo apaixonado, ela está incrível, mais do que eu já sabia que ela era, o vestido é de um branco meio amarelado, ele é longo, mas de um tecido extremamente delicado, e transparente, quase transparente demais com pequenas flores absolutamente brancas espalhadas nele, um decote profundo entre os seios, deixando boa parte deles a mostra, quase partes demais, uma fenda na lateral deixa sua coxa a mostra cada vez que ela se mexe e novamente é quase demais, mas ao mesmo tempo é como se tudo fosse na medida certa, o cabelo dela está em um penteado elegante, todo solto, mas penteado para trás com uma tiara que brilha quase tanto quanto ela, e claro, uma bolsa impecável cravejada de pedras brilhantes coloridas que cabe na mão dela e complementa todo visual - Você vai até lá ou não? - Sylv pergunta impaciente.

 

— Me deixa aproveitar a vista mais um pouco - ela resmunga alguma coisa, mas sai rindo pra ir falar com alguém que eu não sei quem é por que não consigo desgrudar os olhos da Lu, a maneira como os lábios dela se movem enquanto ela fala, o modo como as sobrancelhas dela se movem demonstrando surpresa quando uma mulher fala alguma coisa, o jeito que ela fica levemente vermelha depois que provavelmente recebe um elogio, mas a melhor de todas as reações é quando ela desvia os olhos do grupo a sua volta e esbarra nos meus, é como se por um segundo ela levasse um choque e no segundo seguinte ela abre o maior sorriso possível, e é nesse momento que eu sei que meu coração não me pertence mais de nenhum jeito, ele é inteiramente e completamente dela, ela fala alguma coisa para as pessoas, mas sem desviar os olhos dos meus e quando ela avança pra se aproximar de mim, eu avanço até ela também.

 

— Você mentiu pra mim - a voz dela não carrega nenhum pouco de descontentamento, mesmo assim eu implico com ela.

 

— Eu posso ir e te esperar no hotel...

 

— Cala a boca e me beija - não apenas por que ela mandou, mas por que eu quis fazer isso desde o segundo que a vi, eu quebro nosso espaço, a puxo pra mim e sem me importar com mais ninguém eu a beijo pelo tempo que é minimamente necessário após ficar duas semanas sem ver a mulher da sua vida.

 

— Meu Deus, como eu senti sua falta - falo com a testa encostada na dela, seus dedos se entrelaçam na minha nuca.

 

— Eu quase larguei tudo e fui pra casa, eu não sei o que faria se isso durasse mais um dia - ela está reclamando, eu sei, mas não para de sorrir e rir nem por um segundo e isso também me faz sorrir.

 

— Eu não aguentaria nem por mais uma hora - ela ri e me beija, dessa vez um beijo rápido.

 

— Desculpa atrapalhar esse reencontro cheio de desejo e tensão sexual, mas... Eu preciso dela um pouquinho - Sylv fala forçando um sorriso.

 

— Qual é, você teve ela por duas semanas inteiras - ela ri.

 

— Sua esposa é a celebridade do momento, não me culpe, culpe o talento exagerado dela - Sylv fala e eu sorrio orgulhoso, ela também, embora levemente envergonhada.

 

— Você tem 10 minutos e depois ela é minha por pelo menos o dobro do tempo - eu aviso e ela estica a mão pra apertar a minha.

 

— Fechado! 

 

— 10 minutos! - ela concorda e eu solto sua mão e a minha mão que ainda prendia a cintura da Lu.

 

— Desculpa - ela murmura quase sem som enquanto Sylv a leva.

 

— Eu te amo - o sorriso mostra que ela entendeu o que eu disse e mesmo que ela rapidamente desapareça de vista, ainda estou sorrindo como um idiota, mas decido dar uma volta e acabo do lado de fora da mansão, onde várias pessoas estão dançando ou apenas paradas observando o belo jardim que fica na parte de trás da mansão.

 

— Pietro? - a voz parece surpresa e quando me viro é a minha vez de ficar surpreso.

 

— Sally? - minha voz deve carregar o mesmo tom surpreso que o dela ou ainda mais, nós nos conhecemos quando fui fazer o curso no Distrito 13, na verdade, ela foi a última garota que eu fiquei antes de perceber que eu já estava apaixonado pela Luíza, nós enchemos a cara, fomos para o quarto dela e eu acordei sendo expulso antes que o namorado dela chegasse, nós não nos falamos nunca mais desde o fim do curso, mas ela continua tão bonita quanto antes, a pele levemente marrom os cabelos cacheados e os olhos levemente puxados e amarronzados.

 

— Uau, quanto tempo - ela me abraça e eu fico meio sem jeito, mas a abraço de volta.  

 

— E aí, como você tá?

 

— To bem, não tão bem quanto você né, ouvi dizer que você é o manda chuva do Hangar 12 - ela sorri impressionada.

 

— Não é pra tanto, mas também não posso reclamar - ela ri.

 

— Não que todo mundo da turma não esperasse por isso né, você era o nerd da turma...

 

— Alguém tinha que ser né - acabo rindo e ela também, então ela se aproxima um pouco mais, a distância de um passo.

 

— Só tem uma coisa que eu nunca entendi... Como você conseguia ser o nerd da turma e o cara mais gato que tinha naquele Distrito inteiro, geralmente são pessoas diferentes - ela sorri e se até então eu achei que estava reencontrando uma colega de turma, agora eu sei que não é só isso, já vi esse sorriso vezes demais para não o reconhecer, ele vem carregado de intenções e elas se confirmam quando ela discretamente prende o lábio inferior entre os dentes, inclina o corpo e apóia a mão no meio do meu peito - E você tá mais gato ainda - seguro a mão dela e a afasto do meu peito.

 

— Minha esposa sempre me diz isso - forço um sorriso e ela fica visivelmente sem graça - Falando nisso, licença, eu tenho que encontrar ela - dessa vez nem forço um sorriso, apenas me viro e saio, contorno o jardim, depois retorno para dentro da mansão, e então vejo a Sylv.

 

— Cadê ela? - pergunto quando me aproximo e não vejo a Luiza.

 

— Ela estava aqui agora mesmo - ela olha ao redor meio confusa.

 

— Eu te empresto ela por 10 minutos e você a perde...

 

— Eu não perdi e ela não é uma bolsa pra você sair perdendo por aí - ela revira os olhos e eu também - Ela não deve ter ido muito longe, deve estar logo ali - viro as costas e saio eu mesmo a procura da minha esposa, contorno o salão, vou até o salão principal, vou em duas outras salas, passo por um corredor onde todos insistem em me cumprimentar e então alcanço uma sala que parece uma espécie de biblioteca, com um grande piano preto no meio, um homem está tocando uma música doce e bem melódica, um casal está sorrindo olhando por uma das janelas, uma mulher está olhando um quadro com uma pintura linda do alvorecer e então eu a vejo, ela está sorrindo, mas não de um jeito divertido, apenas como se fosse obrigação, ela segura uma taça de champanhe e se eu já sabia que tinha algo errado se confirma quando o cara toca seu rosto, perto demais do seu queixo, eu não espero pra ver a reação dela, na verdade meu cérebro nem se permite pensar por um único segundo que seja, eu apenas ajo e quando vejo já estou ao lado deles.

 

— Algum problema? - pergunto sério, ela parece surpresa e nervosa ao me ver, mas pela primeira vez hoje, eu decido ignorar ela e apenas encaro o cara a minha frente, ele é alto, um pouco mais do que eu, cabelos loiros perfeitamente penteados, olhos escuros, uma barba bem feita e tem um sorriso debochado na cara.

 

— Por que teria um problema? - sua voz é carregada de ironia.

 

— Não sei, mas deve ter um problema bem grave pra você tocar na minha mulher - ele sorri, meio que um riso divertido.

 

— Não é exatamente um problema que faz alguém querer tocar nela...

 

— Como é que é? - dou um passo pra mais perto dele, já me preparando pra de precisar acertar ele.

 

— Pietro! - a voz dela é a mesma que ela usa quando acha que eu já passei do limite com alguma coisa e isso só me deixa ainda mais irritado, eu desvio os olhos dele apenas para encarar ela sem acreditar que ela possa ter me chamado atenção, seus olhos não carregam mais o brilho de quando nos encontramos antes, agora embora ainda azuis eles parecem estar pegando fogo.

 

— Seja lá o que você estava fazendo aqui, acho que já terminou - ele da de ombros.

 

— Na verdade eu não tinha começado - e então é a gota d'agua, eu o empurro com força, o copo de uísque que ele estava segurando cai no chão, ele não parece abalado, apenas ri e olha pra Luíza.

 

— A gente se vê no Sete! - ele simplesmente vira as costas e sai.

 

— Qual seu problema? - ela está furiosa, realmente furiosa, poucas vezes eu já a vi assim, mas dessa vez ela não motivos nenhum pra isso, eu sim, por isso ignoro a fúria dela e me concentro no motivo da minha.

 

— O que ele quis dizer com "a gente se vê no Sete"? - ela revira os olhos enquanto um funcionário aparece pra limpar a bagunça, então ela olha em volta e eu também, as poucas pessoas que tinham na sala estão olhando pra nós dois, ela sorri um sorriso forçado, segura meu braço e me arrasta pra fora da sala pra um corredor que provavelmente da na cozinha por que é possível ouvir o barulho de panelas e pratos vindo da porta larga ao lado - Como assim vocês se veem no Sete?

 

— Ele faz parte da equipe, é o fotógrafo...

 

— O QUÊ? - falo mais alto do que pretendia, mas não estou nem aí - Desde quando? E o Lionel? Cadê ele? Por que eu nunca vi esse cara antes?

 

— Ele vai ser o fotógrafo dos eventos no Sete e não daqui, o Lionel não vai poder ir com a gente...

 

— Então esse cara vai ficar colado em você por dois meses? - ela me encara e cruza os braços.

 

— Ele não vai ficar colado em mim, ele é só o fotógrafo...

 

— Ele é um tarado - dessa vez ela alivia um pouco a fúria.

 

— Por que ele encostou na minha bochecha? 

 

— Ele praticamente segurou seu queixo e o jeito que ele olhava pra você...

 

— Aí Pietro, por favor - ela revira os olhos - Primeiro que eu sei me cuidar, segundo que você acha mesmo que ele foi o primeiro cara que se aproximou de mim - quando meus olhos se espreitam, ela respira fundo e toca meu rosto - Presta atenção, esquece isso... Não foi nada demais - eu afasto o toque dela do meu rosto.

 

— Ele tocou você - a raiva ainda borbulha em mim.

 

— E aquela garota quase arrancou sua camisa lá no jardim, e daí? - agora meus olhos se alargam com a surpresa - É eu vi... O sorrisinho idiota, a mãozinha escorregando no seu peito...

 

— Me viu tirando a mão dela de mim também?

 

— Se você tivesse esperado 10 segundos também teria visto eu fazendo isso - ela volta a se irritar, e embora eu esteja irritado, fico quieto - Você acha mesmo que eu estava aceitando aquilo? 

 

— Não - respondo rapidamente e ela sorri um pouco - Eu só não suporto a ideia desse cara ter dado em cima de você e agora saber que ele vai estar do seu lado enquanto eu vou estar a quilômetros de distância...

 

— Do meu lado? Pietro, ele no máximo vai estar na equipe que está trabalhando pra mim, agora do meu lado? Não, isso nunca! Só tem uma pessoa do meu lado e que eu quero que continue do meu lado - ela aproxima o rosto do meu, mas ainda não consigo sorrir.

 

— Ele vai continuar lá, perto de você, te cercando...

 

— E daí? - ela volta a se estressar e se afasta.

 

— E daí? E daí que eu odeio saber que tem um cara secando a minha mulher...

 

— Bom, então eu tô ferrada - ela fala e cruza os braços - Ou você acha que é muito maneira ver todas as mulheres babando em você igual seu ex casinho e colega de turma...

 

— Ela não é um cas... - eu paro a frase - Como assim colega de turma? - ela parece meio sem jeito - Eu nunca te falei dela - ela dá de ombros - Como você sabe disso? - ela troca o peso dos pés.

 

— Talvez eu tenha ido atrás dela pra me apresentar como sua esposa - ela tenta parecer envergonhada em dizer isso, mas a um certo tom de orgulho na sua voz e então pela primeira vez consigo sorrir de verdade.

 

— Você encurralou a garota? - ela dá de ombros.

 

— Eu sou uma dama, Pietro, não saio encurralando pessoas... Nem empurrando - ela me lança um olhar reprovador - Eu só... Expliquei como seria ruim se ela, sei lá, olhasse, falasse ou chegasse perto de você de novo - meu sorriso aumenta.

 

— Você tava com ciúmes - ela volta a cruzar os braços e me encara.

 

— Ciúmes? Claro que eu tava com ciúmes, que eu ESTOU morrendo de ciúmes, que eu preciso me lembrar mil vezes que você é meu marido e eu confio em você, mesmo sabendo que todas solteiras do Doze devem estar enlouquecidas sabendo que você está por lá sozinho, mesmo sabendo que a Bruna anda te cercando pela praça...

 

— Pyter - reviro os olhos sabendo que ele contou, ele foi o único pra quem eu contei que a Bruna me viu na praça e veio puxar assunto.

 

— Ele não precisava me dizer, Pietro, eu sei que elas estão loucas só esperando uma chance...

 

— Uma chance que elas nunca irão ter - eu seguro seus braços e a puxo pra mim - Por que só existe uma única mulher que eu quero pro resto da minha vida, você sabe disso, né?

 

— E você sabe que é o único homem que eu quero pro resto da vida, né? - como resposta eu a beijo, a princípio seria apenas um beijo de fim de briga, lento e não muito demorado, mas quando nossas línguas começam a dança perfeitamente sincronizada, meu corpo inteiro se acende pra ela, já foi difícil me segurar assim que eu a vi, agora parece impossível, e a maneira como ela me beija desesperadamente e morde meu lábio me mostra que ela sente o mesmo que eu, minha mão desce da sua cintura e sobe pela fenda do seu vestido, o calor da sua pele me faz soltar um som meio estrangulado e ela morde um pouco mais forte meu lábio e é nesse momento que eu sei que não vou parar só nesse beijo, mas sou obrigado a pausar, ela me olha decepcionada, mas logo eu seguro sua mão, atravesso as portas ao lado que realmente davam na cozinha e mal somos percebidos pelos funcionários que estão correndo com coisas pra fazer, vejo a porta do outro lado, levo-a comigo e como eu desconfiava é uma espécie de quartinho de almoxarifado, coloco à Luiza pra dentro e fecho a porta atrás de mim, ela me olha com um sorriso ansioso e totalmente sexy, então sem nem pensar duas vezes, eu apenas avanço em cima dela, minhas mãos encaixam perfeitamente em suas coxas, eu a levanto do chão e encosto na parede, suas pernas passam em volta do meu quadril e eu a beijo como se necessitasse dela e de fato necessito, o beijo é forte, desesperado e ofegante, minha mão escorrega da sua coxa, pra sua bunda e eu aperto com força, ela sorri aprovando e sua mão procura o botao da minha calça, eu entendo o pedido, mas meu plano é outro, coloco-a no chão de novo, afasto nossos corpos apenas pra olhar pra ela mais uma vez, ela está inacreditavelmente perfeita, o rosto rosado, a boca marcada pelo meu beijo, ofegante e com o olhar mais quente que eu já vi, eu sorrio antes de beijar a pele a mostra do seu pescoço e descer para entre os seus seios, minha língua sobe o caminho lentamente até alcançar sua boca novamente, então minhas mãos sobem pela sua coxa até achar sua calcinha, um delicado tecido, eu sorrio e ela entende o que vou fazer.

 

— Nã... - ela mal termina a frase e eu arranco a calcinha em um único puxão, mesmo que estivesse prestes a me repreender, ela sorri aprovando, então eu sorrio antes de me ajoelhar na frente dela, seu sorriso é desconcertante, eu afasto o vestido com uma mão e beijo sua coxa, ela agarra meu cabelo enquanto eu coloco à outra perna dela sobre um dos meus ombros, ela se contrai quando minha boca a alcança, um gemido suprimido me incentiva ainda mais, ela agarra meu cabelo com força enquanto eu faço minha melhor performance, quando percebo que ela está quase entregue, eu diminui o ritmo - Merda, Pietro - ela reclama com a voz ofegante e suplicante, sorrio ao olhar pra cima e ver ela, então volto ao ritmo rápido e quando seu corpo estremece e meu nome é sussurrado de seus lábios, eu sorrio um pouco mais, seu aperto perde a força e seu corpo desliza um pouco no azulejo, eu me levanto e a seguro contra meu corpo.

 

— Eu senti falta disso - eu falo e ela sorri.

 

— Não mais do que eu - ela procura minha boca e me dá um beijo lento.

 

— Eu fui um idiota - admito e ela me olha nos olhos - Quando eu vi aquele cara te olhando e te encostando, eu não sei... Perdi a cabeça, me desculpa... Eu confio totalmente em você e em como você sabe se defender...

 

— Não que eu tenha aprovado o que você fez, mas... É legal saber que você ainda sente ciúmes de mim - ela sorri.

 

— É legal saber que você encurrala garotas pelos corredores - ela ri e me dá um beijo que eu acabam esticando por mais tempo, então seus dedos alcançam minha calça de novo - Acho que não temos mais tanto tempo assim, já devem estar te procurando, além do mais... Eu quero aproveitar bastante meu tempo - ela ri.

 

— Eu aproveitei bastante o meu - eu também acabo rindo, mas me afasto dela, então abaixo e pego a calcinha rasgada que estava no chão, ela me olha com reprovação, eu sorrio e enfio a mão dentro do meu smoking e puxo outra calcinha perfeita, seu sorrio aumenta - Isso foi de caso pensado?

 

— Algumas alterações, mas... Algo me disse que você ia estar incrivelmente sexy hoje e eu não conseguiria resistir - ela ri e então pega e veste a calcinha, quando ela está pronta, abro a porta e saímos, recebemos alguns olhares confusos, mas voltamos ao salão principal.

 

— Onde vocês estavam? Procurei vocês por todo lugar - Sylv nós encontra meio desesperada, nós dois sorrimos - Quer saber? Não precisem falar nada - ela tenta fingir reprovar, mas ri.

 

Então continuamos mais uma hora na festa, Luíza tira várias fotos, sozinhas, comigo, com a Sylv, com pessoas que eu nunca vi, mas que a elogiam como se a conhecessem há anos e então ela dá entrevistas, sorri para muitos, finge interesse em vários assuntos e bebe algumas taças de champanhe, aproveito uma dessas vezes e acho Sylv, a puxo pra um canto e lhe dou o Ultimato.

 

— Você precisa achar outro fotógrafo...

 

— Quê? Por que?

 

— Ele quase come ela com os olhos...

 

— Bom, então vou ter que contratar uma mulher... 

 

— Não é uma má ideia...

 

— Eu não tenho como mudar assim, já foi difícil achar ele...

 

— Ele não vai fotografar ela - ela revira os olhos - Olha, eu não ligo, pode ser qualquer outro cara, mas ele não, não confio nele...

 

— Nem eu - ela dá de ombros - Ok, eu dou um jeito - ela me garante e eu agradeço.

 

Quando Luíza recebe a autorização pra irmos embora, ela quase me arrasta pra dentro do carro, vamos direto para o hotel e seguimos para o último andar, a suíte é gigante, mas quando Luíza me olha sorrindo e agarra minha gravata me puxando pra ela, o lugar parece até pequeno demais pra nós dois e mesmo que pareça impossível eu começo a matar um pouco da saudade que eu estava dela.

 

Nós geralmente saímos ou fazemos algo quando eu venho ver ela, mas dessa vez decidimos não fazer nada e como é o último dia dela aqui, Sylv a libera de qualquer coisa, então ficamos apenas no quarto, pedimos as refeições, rimos, falamos besteira, conto sobre todas as novidades do Distrito, inclusive que a Dona Beth da farmácia está oficialmente namorando Seu Francisco da mercearia, ela ri das minhas piadas idiotas e não ligamos por abrirmos uma garrafa de vinho as duas da tarde, e cada segundo do dia foi perfeito, mas a noite quando ela se enrosca em mim pra dormir é ainda a minha parte preferida do dia.

 

Acordamos cedo no domingo e arrumamos nossas coisas, dessa vez ela vai pra Estação comigo, iremos no mesmo trem, mas ela vai ficar no Sete e eu sigo pro Doze.

 

Depois de fechar a conta, encontramos Sylv já nos esperando com um carro e vamos direto pra Estação, entramos no trem sem muita demora e somos encaminhados a nossa cabine, a viagem é tranquila e passamos a maior parte do tempo rindo, conversando e claro, nos beijando, mas quando já está perto da descida dela, Luíza se aconchega em mim e fica calada de um jeito estranho.

 

— Lu? - preciso chamar ela pra receber sua atenção, ela levanta a cabeça pra me olhar - Tá tudo bem? - ela se encolhe toda no meu colo, eu a aperto em mim e afundo meu rosto em seu cabelo - O que houve? - ela da de ombros.

 

— Uma sensação estranha...

 

— Estranha, tipo...

 

— Ruim - ela se encolhe mais um pouco.

 

— Hey! - eu a faço se levantar um pouco e me olhar - Tá tudo bem, vai ficar tudo bem - mas quando seus olhos encontram os meus ela realmente parece assustada - Lu, eu tô aqui - ela concorda.

 

— Vai ficar tudo bem entre a gente, não vai?

 

— Já está tudo bem...

 

— Mas vai continuar, não vai?

 

— Lu, Relaxa...

 

— Só me diz que sim, Pietro, só isso, eu preciso ouvir você dizer que vai ficar tudo bem entre a gente, por favor - vejo seu desespero, então aproximo meu rosto do seu.

 

— Eu te prometo, vai ficar tudo bem entre a gente - antes que eu perceba algum alivio nela, batem na porta, eu mando entrar, e Sylv nós dá um sorriso de desculpas.

 

— Próxima parada somos nós...

 

— Dois minutos - Luiza pede e Sylv se vai, ela volta a me olhar - Se você disser agora que quer que eu não vá, que me quer de volta em casa, então eu volto...

 

— É claro que eu te quero de volta em casa, óbvio que quero que você siga comigo, mas... Você chegou até aqui... São só mais uns dias, você tem se saído muito bem, então não, eu não vou te pedir pra ir comigo, mas eu te levaria sorrindo se essa for sua decisão - ela me olha meio angustiada - Lu, nós estamos e vamos ficar bem, eu prometo que nunca mais eu cancelo nenhum fim de semana - ela me dá um sorriso fraco e então se inclina e me beija, logo em seguida fica em pé, eu forço um sorriso é a acompanho até a Sylv, quando o trem para, ela me abraça forte e eu a beijo, seus olhos estão mais confiantes, por isso me obrigo a sorrir, mas quando ela desce do trem a angústia que estava nela me invade de uma maneira assustadora, tento me convencer que fiquei impressionado em vê-la daquele jeito, mas quando a porta se fecha e ela acena um adeus, minha vontade é gritar até as portas se abrirem e eu a ter em meus braços de novo, é uma sensação apavorante, como se essa fosse a última vez que eu a vejo, afasto esse pensamento perturbador e volto pra minha cabine.

 

 

 

A semana parece nunca passar, os dias estranhamente se tornaram lentos e o relógio parece quebrado, o sentimento que me inundou na Estação parece menor agora, mas ainda existe, porém não comentei nada com a Luíza e ela não falou mais sobre o sentimento que ela teve, apenas sobre como as pessoas estão animadas com tudo e em como ela tem certeza que tem dedo meu na fotógrafa que foi no lugar do fotógrafo tarado, não nego, apenas mudo de assunto. 

Ainda é quarta feira e eu sinto que posso morrer a qualquer minuto, por isso a primeira coisa que faço quando chego em casa é ligar pra ela, mas ela está terminando de se arrumar pra ir a um coquetel e promete me ligar assim que acabar, fico frustrado, mas ela parece animada, então finjo não me importar, desligo e então aproveitando que ela não está aqui pego o notebook e os relatórios do dia e vou pra cama com eles, ela odeia que traga trabalho pro quarto, mas aqui me sinto mais perto dela e do seu cheiro, então tenho desobedecido essa ordem, decido trabalhar até ela me ligar e pelo menos assim, mal vejo a hora passar, até que começa a me dar muito sono e quando eu vejo já são 3h da manhã, pego meu telefone é não vejo chamadas perdidas, então decido ligar pra ela, mas apenas chama até cair, ligo mais uma vez e depois mais uma, uma outra vez e tento até a sétima vez, então qualquer sono é substituído por uma irritação totalmente nova, não acredito que ela esqueceu de me ligar, ligo pra Sylv e dá direto na caixa postal, penso em ligar pro hotel, mas já são quase 4h da manhã, acabo desistindo e pela primeira vez quebro minha promessa e durmo irritado com ela.

 

Acordo antes do despertador, verifico meu celular e nenhuma ligação, minha raiva aumenta, mas tomo banho, me arrumo e desço, papai faz alguma graça, mas estou sem humor pra isso, então apenas digo um bom dia frio, pego minhas chaves e saio de casa, mesmo enquanto dirijo verifico o celular, nada, já são 07h da manhã e nada, entro no Hangar querendo matar alguém e quando entro na minha sala sei que não vou conseguir trabalhar assim, então engulo qualquer orgulho e ligo mais uma vez, a voz que atende não é a dela, é de um homem.

 

— Quem tá falando? - não sei o que pensar, mas o lápis que eu segurava vira dois.

 

— Olha, eu acabei de achar esse celular, aqui é o Antônio, eu sou zelador aqui do clube do Hardware - uma espécie de alívio me atinge.

 

— O senhor achou o celular? 

 

— Isso, meu filho, tava aqui no jardim, o senhor deve ter deixado cair...

 

— Ah sim, foi minha esposa, tudo bem

 

— Eu vou deixar lá na recepção e vocês podem pegar lá, tá bom?

 

— Tá bom, obrigado - desligo e embora um alívio tenha aparecido, ainda assim mesmo com o celular perdido ela podia ter dado um jeito de me falar, então percebo que ela realmente daria um jeito de me avisar e já não é mais raiva que eu sinto e sim preocupação, procuro o número do quarto do Hotel dela e dessa vez atendem no primeiro toque.

 

— Pietro!

 

— Sylv, cadê a Lu? Ela ta com você? - a um silêncio que gela minha espinha e então ela fala.

 

— Ela sumiu, Pietro - nesse momento é como se o mundo parasse, não escuto mais nada, apenas a frase "ela sumiu" e um desespero começa aumentar em mim.

 

— Como assim, sumiu?

 

— Ela estava no coquetel e sumiu, eu achei que pudesse ter ido pro hotel, mas quando cheguei lá, eles disseram que ela não tinha voltado, eu voltei pro clube, mas ela não estava lá, eu pensei que ela pudesse ter ido pra casa, eu não acho meu celular, não consegui te ligar, eu... Eu chamei a polícia, eles disseram que ela não pegou nenhum trem, nem aerodelozador, eles estão aqui - meu coração está disparado, minhas mãos tremem e eu sinto que não consigo respirar, ainda assim reúno força pra uma última frase.

 

— Eu tô indo pra aí - desligo e ligo pro Pyter, ele atende iniciando um xingamento.

 

— A Lu sumiu!

 

— O quê?

 

— Eu vou pra lá agora, a polícia tá la, vou pegar um aerodeslizador, você precisa ir comigo...

 

— Eu tô indo pra aí agora - desligo e me levanto.

 

— Cancela minha agenda toda - falo assim que saio da minha sala.

 

—Mas Pietro, a reunião...

 

— CANCELA! - eu tenho noção que meu grito ecoou por todo lugar e que provavelmente ela não merecia isso, mas não me dou tempo pra remorsos, apenas sigo o corredor até a sala do Ian, entro sei bater, ele já ia abrindo a boca quando interrompo.

 

— Eu preciso de um aerodeslizador e de um dos pilotos...

 

— E eu preciso de um mês de férias - ele nem ao menos considera.

 

— A Luiza sumiu - agora ele me olha - Desde ontem de uma festa, ninguém sabe dela, a polícia tá lá e se você não liberar a porta do aerodeslizador, eu roubo um e eu mesmo piloto aquela merda - seus olhos estão arregalados, não sei se pela notícia ou pelo jeito que falo, só sei que ele assente.

 

— Eu libero tudo pra você - ele se levanta e vem até a mim.

 

— Só to esperando o Pyter...

 

— Mais alguém da família sabe? - eu nego.

 

— Acabei de saber - ele concorda, tentando não parecer em choque.

 

— Pega o que você precisa que eu vou deixar tudo pronto, vai pra ala G - concordo e volto pra minha sala, junto apenas minha carteira e celular, quando saio Pyter está a poucos passos da minha sala.

 

— Que porra é essa?

 

— Não sei, ela sumiu, desde ontem à noite, a polícia tá lá, disseram que ela não pegou nenhum trem, nem aerodeslizador... Eu tenho que ir pra lá...

 

— Nós vamos! - ele concorda e seguimos pra ala G, Ian realmente cumpriu a palavra e tudo já esta pronto, a viagem é rápida, mas são os 35 minutos mais longos da minha vida, eu não consigo pensar em nada, apenas que ela precisa aparecer, entramos no carro e Pyter aperta meu ombro - Ela vai aparecer - não digo nada, ele também não, chegamos ao hotel, vejo a viatura e vamos direto até o quarto dela, eles estão lá, 3 policiais, Sylv e mais três pessoas.

 

— Pietro! - Sylv vem até a mim.

 

— Alguma notícia? - ela olha pro policial.

 

— Pyter... Pietro... Cunhado, marido - Pyter nos apresenta e apertamos as mãos - Alguma novidade?

 

— Nós verificamos as câmeras do clube e conseguimos alguma coisa - o policial mexe no celular e vira pra nós dois, um corredor vazio e então Luiza aparece, meu coração se aperta, logo atrás dela, segurando seu braço um homem, é possível ver a arma na cintura dele, ele está todo de preto e quando vira o rosto pra ver se alguém está vendo eles, meu coração parece parar, a sensação da Estação que eu senti volta com ainda mais força, uma angústia me toma junto de raiva, medo e desespero, eu jamais esqueceria esse rosto, mesmo que visto por 10 segundos, é ele.

 

— Mark - minha voz estremece por que agora eu entendo sentimento ruim da Lu, a angústia quando a vi descer daquele trem, agora eu realmente entendo que eu deveria ter dito pra ela seguir comigo, deveria ter trago ela comigo.


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