A Incrível História do Garoto que Ofegava escrita por PepitaPocket


Capítulo 10
A Decisão de Yamamoto




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Yamamoto poderia terminar aquilo com uma facilidade assustadora.

Eles iriam torrar até morrer, só não tinha acontecido ainda, porque ele comprimia a maior parte do calor dentro dele.

Aquilo não o afetava, diretamente.

Mas, era exaustivo.

Ukitake, revirara os olhos, e Unohana o amparou com uma mão, enquanto mantinha o punho firme segurando uma espada, de punho branco, e a lâmina levemente curva.

Seus olhos azuis o miravam.

— Ei, velhote quer me matar... Vá em frente. – Ela disse sem nenhuma emoção na voz. – Não vou lhe dar de bandeja, mas você tem a vantagem. – Ela disse hesitando um pouco, talvez por orgulho... Era difícil para um guerreiro encontrar alguém melhor do que ele.

Embora, parte de sua vida de lutas, seja justamente para encontrar alguém mais forte.

Um sentimento contraditório, mas que novamente  criava um tipo de conexão que o velho não estava acostumado.

Ukitake sentiu sua vista embaçar, enquanto seus joelhos sediam ao peso de seu corpo, e ele puxava cada vez mais desesperadamente o ar.

Quente, que fazia suas vias respiratórias arderem. Seu coração batia descompassado, e ele só queria que todo aquele desconforto terminasse, para o bem ou para o mal.

Felizmente, mãos frias tocaram suas costas.

Unohana havia desistido de uma abordagem direta.

O velho decrépito não lhe respondera, e ela não ficaria ali parada vendo o garoto de adoráveis olhos castanhos, e cabelos estranhos brancos, se debater sem conseguir respirar até a morte.

Ela já tinha sido sufocada, várias vezes. E, a sensação era terrível.

Pelos três minutos que o individuo normalmente leva até a inconsciência, cada uma dos trilhões de células de seu corpo, suplicam por oxigênio. E, muitas morrem grotescamente, segundo a segundo.

— Não sou muito boa usando kidou medicinal, mas isso vai ajudar a sentir-se melhor. - Disse calmamente, embora ela mesma estivesse ofegante.

Seus olhos vagaram pelo terreno, encoberto pela fumaça tóxica e mal cheirosa.

O amiguinho do garoto, havia sido encoberto pela mesma.

Unohana, não conseguia sentir sua força vital. Ela não era boa rastreadora, mas tinha seus truques.

Afinal, como caçadora ela tinha de saber encontrar suas presas, por melhores que elas fossem na arte de se esconder.

Yamamoto observara atentamente o que ela estava fazendo.

E, notou que ela estava usando sua reiatsu para obstruir as vias respiratórias, e aliviando o desconforto do mesmo.

Naquele mundo, o uso de habilidades de cura eram muito raras.

Em parte, porque muitas pessoas que tinham poder não se disponibilizavam a aprender esse tipo de técnica.

Aquilo foi o que faltava para ele tomar sua decisão.

Arrefecera sua reiatsu e desativara sua shikai, diminuindo ainda mais a emanação de calor, embora a fumaça no ar, mantivesse a atmosfera desagradável.

Shunsui que estava concentrado, em tentar respirar o irrespirável, percebeu isto, e mesmo cambaleante tentou levantar-se.

Em meio ao acesso de tosse, que revelou sua posição, para seu descontentamento.

Estava difícil manter-se respirando aquele ar. Seus olhos lacrimejavam. E, isso só o fazia pensar em Ukitake.

Era sua culpa eles estarem naquela situação.

Ele que insistiu para eles saírem naquela jornada sem sentido. Foi ele que torrou toda a grana antes do tempo, por não ter ouvido os bons conselhos de seu amigo. E, para piorar ele ainda tinha escolhido aquela porcaria de missão.

E, agora eles estavam naquela situação, cretina. Para não dizer outra coisa.

— UKITAKE! – Tentou falar alto, mas suas cordas vocais estavam danificadas por causa da inalação da fumaça.

“E, pensar que tem gente que diz que aqui é o mundo dos mortos. Mas, até no mundo dos mortos, existe morte. Então, onde será que fica a vida eterna?”

Essa era uma pergunta que ele quis saber, e quem sabe fosse hora de descobrir.

Cambaleante, ele correu na direção de Yamamoto, que já havia pressentido muito antes de ele fazer qualquer movimento, sua movimentação e também sua intenção.

Um sorriso sem humor brotou nos lábios do velho.

Que sentiu as passadas rápidas, mas trôpegas de Shunsui a sua volta.

Unohana percebeu o que ele ia fazer, porque todo aquele ruído feito por ele, não o deixaria fazer um ataque furtivo, nem que quisesse.

O velho iria lhe dar uma lição mais severa, para que ele escolhesse muito bem suas batalhas, no entanto Unohana foi mais rápida, e a uma velocidade razoável ela correu na sua direção, seu corpo chocou-se com o dele, e os dois corpos se repeliram um pouco e ambos caíram aos seus pés.

A diferença que Shunsui deu de cara no chão, e a moça caiu sentada, mas não ficou muito tempo ali caída, fez questão de se levantar quase que de imediato.

Já ele continuou comicamente no chão, com a bunda para sempre.

Aquele traseiro empinado na sua direção, não parecia algo muito digno, aos olhos de Yamamoto que não resistiu.

POFT!

Um doloroso chute acertou em cheio as duas nádegas de Shunsui que gemeu com a batida, pouco antes de rolar no chão.

Com sua dignidade despedaçada, ainda mais.

— Ukitake! – Mas mesmo no chão ele continuava preocupado com Ukitake que também se rastejava a procura de Shunsui.

Esquecendo-se de suas dificuldades, de sua nudez, de sua falta de ar.

— Deixe-os ir, e depois faça o que quiser comigo. – Unohana dissera em tom neutro.

Para alguém jovem, e cheio de vitalidade, parecia surpreendente ela não temer a morte.

Talvez, assim como ele, ela também carregasse o mesmo tipo de cansaço.

— Você não é tão ameaçadora quanto imaginei. – Ele disse fincando seus olhos castanhos nos dela.

E, ele pode notar um levíssimo arquear de sua sobrancelha, sinal que ela lutara e muito para manter-se inabalável diante do que ele dizia.

Mas, sua pulsação era outra coisa.

Batia descompassada em seu peito, e não era pela árdua experiência recente e sim... Porque era a primeira vez que alguém a olhava como algo que não fosse um animal para perseguir e tentar matar.

— Só mato quem me persegue. Quem tenta me matar, primeiro. – Ela disse calmamente. – Se não erguer a espada contra mim, não tenho porque erguer contra quem for.

Ela disse ainda calmamente.

Não precisava provar sua inocência, pois suas mãos continuava manchadas de sangue de qualquer maneira.

Mas, era o sangue de quem também não hesitava em derramar sangue.

Por alguma razão, ela precisou dizer aquelas palavras, para aliviar a pressão que carregava dentro de si.

Pressão que ela não sabia a fonte.

Mas, estivera ali arraigado nela desde o princípio. A pressão pela sobrevivência. A pressão pela resiliência. A pressão em continuar indo em frente, luta após luta, tropeço após tropeço, em direção a algo que não tinha nome.

Talvez fosse vida.

Embora dissessem que é morte.

“O espírito cresce mais rápido e mais forte, quando está em perigo de extinção. Tempos de paz, não geram bons guerreiros. Por isso, talvez não fosse a segurança da paz, que fizesse bons soldados. E, sim as aspereza dos distritos abandonados de Rokungai”.

Ukitake e Shunsui por sua vez, continuaram se procurando ás cegas.

Até que com alívio suas mãos se encontraram.

O toque da ponta de seus dedos, fez seus corações palpitarem de alívio. Estavam vivos.

Continuavam duros e lisos, mas vivos.

No fim, Ukitake desmaiou.

E, quando acordou, estava em um quarto limpo, com cheiro de lavanda, uma brisa refrescante soprando em seu rosto.

Havia um ruído e um tilintar de algo, que ele não reconheceu. Mas, logo saberia perfeitamente bem do que se tratava.

Espadas.

Shunsui estava em um combate feroz com Yamamoto, que tentava em vão fazê-lo manejar melhor a própria arma.

Mas, sem sucesso.

O garoto sobrevivera, por causa de sua reiatsu forte, mas não refinada. Ele inexplicavelmente, condensou a energia em seus pulmões.

E, isso foi a diferença entre a vida e a morte para ele.

Yamamoto ficou admirado com aqueles três.

Mas, agora que via aquele cabeludo, de olhos lânguidos balançando a espada, percebia que talvez seu entusiasmo fosse infundado.

Ukitake, por sua vez quis se levantar, mas não teve energia. Em parte, porque estava cansado. Mas, também porque a cabeça estava repousada no colo da garota, que acariciava seus cabelos com delicadeza.

Seus olhos azuis penetraram os seus, e ele pode perceber pela primeira vez o quanto era bela.

Pele branca, macia e de aparência suave.

Olhos azuis e misteriosos.

Cabelos negros, presos em uma trança, um hábito que ela cultivaria para o resto da vida.

Usava um quimono branco simples, com um obi fino e amarelo.

Ele sorriu e ela também sorriu, sentindo uma sensação gostosa em seu peito.

— Onde estou? – Ukitake perguntou um pouco tímido, não querendo interromper aquele momento.

— Estamos na casa dele. – Unohana disse com suavidade.

— Ele quem? – Ukitake perguntou, olhando para o lado meio a contragosto, pois observar Unohana era mais prazeroso.

E, um sentimento misto tomou conta de seu peito quando ele vira a figura de Yamamoto ali, ele nem o olhou, mas não precisava, sua presença o envolvia de um jeito que não haveria palavras no mundo capaz de explicar.

Ele e Shunsui, talvez tenham encontrado o que procuravam. E, quem sabe até um pouco mais... Ele disse voltando a fechar os olhos aproveitando a calmaria.


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