Paws - Um Amor de Cão escrita por FireboltVioleta


Capítulo 13
O quanto uma coisa pode piorar


Notas iniciais do capítulo

Olá, pessoinhas!
Novo capítulo para vocês!
Boa leitura (espero... kk)



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Afastei minha mão do vidro, simplesmente sem conseguir acreditar no que via.

– Gina? – guinchei, chocada - o que está fazendo aqui?

Gina pousou as mãos uma na outra de encontro á cintura, como se temesse dizer o que diria.

– Doutor, posso ter um minutinho em particular com a Hermione?

O veterinário assentiu, parecendo tão surpreso quanto eu.

Sem dizer nada, retirou-se com a auxiliar para o lado de fora, encostando a porta em seguida, ainda olhando de esguelha para minha recém-chegada amiga.

Não estava entendendo mais nada.

– O que aconteceu, Gina? Como sabia que eu estava aqui? Como descobriu..?

– Ei, ei – ela ergueu as mãos, suspirando – se acalme.

Fechei a cara, sentindo o nó na minha garganta voltar.

– Tudo o que me disseram nas últimas cinco horas foi isso. Dizer para me acalmar – funguei – meu cachorro pode morrer e tudo que vocês querem é que eu me acalme.

Gina baixou o olhar, e, para minha surpresa, pareceu ficar tão aflita quanto eu.

– Se você já teme pela vida dele, acho que não trouxe exatamente boas notícias, então – ela envergou a cabeça – foi o que o veterinário disse? Que ele pode... morrer?

Encarei Gina, e simplesmente fiquei abismada com sua expressão.

Seus olhos brilhavam, e ela mordia o lábio visivelmente. E era impossível não ver que engolia em seco, de um jeito angustiado. Sinceramente, aparentava estar tão atormentada por meu cãozinho quanto eu me sentia.

Foi quando uma ideia louca me ocorreu.

Algo que talvez explicasse por que diabos Gina Weasley viera correndo ver Teddy, sendo que mal o conhecia.

Algo que explicava por que não havia me contatado todo aquele tempo.

Algo que explicava um milhão de coisas que haviam ocorrido naquela semana.

Meu coração, já caquético, parou por um momento.

– Olha... – Gina escondeu a testa nas mãos, tensa – ele não me deu notícias... achou uma loucura... queria que você soubesse... mas você estava tão triste com a morte de Bichento, e todo mundo pensou numa forma de te alegrar...

A vertigem de terror aumentou, fazendo-me pousar a mão no rosto.

– Sei que foi loucura! – ela continuou, atônita - mas o garoto queria fazer isso por você. Queria voltar a ser um amigo para você... de uma forma diferente. Quem o culpa?

Uma ânsia se revolveu em meu estômago.

Balancei a cabeça, horrorizada demais para processar outra coisa além da angústia.

– Por favor... – minhas mãos tremeram – Gina... por favor... me diz que isso é uma brincadeira.

Gina negou com a cabeça, desanimada, mas voltou a me encarar.

– Você percebeu desde o começo que não era apenas um cachorro qualquer, Hermione. Não foi? Você já sabia.

Em meio ao meu desespero, absorvi a verdade das palavras dela.

Não.

Teddy nunca fora um cão comum.

Agora eu finalmente via o porquê.

Uma série de coisas finalmente se despejaram em minha mente, em tudo que ocorrera entre mim e Teddy.

A comida que escolhera... a inteligência absurda, a comunicação com outros animais. O carinho desmedido, o companheirismo amável e todas as estripulias que aprontara.

Havia percebido a falta de caráter de Stuart, demonstrando um ferrenho ciúme – agora ridiculamente familiar -, e finalmente eu sabia por que motivo.

Percebia finalmente de que raça meu cachorrinho era... e o quanto aquilo deveria ter sido uma enorme pista para mim.

E havia me defendido do ataque do pit bull... por um motivo que agora era obvio demais.

Queria eu ter descoberto aquilo em uma ocasião mais oportuna e alegre.

Por que teria chorado de tanta emoção e felicidade, ao perceber o significado daquilo.

Porém, as únicas lágrimas que caíam de meu rosto eram de medo e tristeza,

Abracei meu próprio corpo, olhando, num átimo, de volta para a pequena gaiola de internação.

O que destruía meu coração agora era saber que, se o pequeno Jack Russel ali dentro não sobrevivesse, agora eu não estaria perdendo apenas um amigo.

Na verdade, estaria perdendo minha vida.

Deitei minha cabeça nos joelhos, voltando a soluçar, sem tirar os olhos de Gina.

– Rony... - sussurrei, contraindo o rosto de pesar.

Gina afagou meu ombro.

– Ele quis vir te visitar desde o começo... mas você pediu que ele esperasse, lembra?

Concordei, sem soltar minhas pernas.

– Pois é... Rony não conseguiu. Falou que tinha que ficar ao seu lado de qualquer jeito. Teve uma conversa amigável com Kingsley, conseguiu uma poção para duas semanas e uma licença temporária, e botou o plano em ação.

– E você esteve observando-o – deduzi.

– Sim. Ele esteve me contatando de noite, depois que você dormia – Gina arfou, parecendo sem graça – estive na cola de vocês quase o tempo todo... – acrescentou, aflita - tirando... hoje. Haviam sumido de manhã... e eu não sabia onde encontra-los. Não sabia... – Gina soluçou – o que havia acontecido.

Ela se levantou, indo em direção á gaiola, e encostando-se ao vidro.

Voltei à gaiola também, ficando ao lado dela.

Gina arquejou quando o viu, encolhido contra a pequenina cama do leito.

Meneou a cabeça.

– Rony vai sair dessa, Mione. Vai ficar bem – disse, mas percebi que era mais uma autoafirmação desesperada.

Eu podia muito bem me iludir com isso, nem que fosse para esconder, por alguns minutos, as partes que desmoronavam dentro de mim.

– Sei que vai – ofeguei – ele vai... – ciciei - ele tem que ficar bem.

Torturada, abracei minha amiga, sem conseguir desprender o olhar do cãozinho ferido e adormecido ali dentro.

Mas o que mais me doía não era apenas saber que meu namorado, o garoto que eu amava, estava preso àquele corpinho enfraquecido, com a sombra da morte em sua espreita.

O pior de tudo era saber que também estaria perdendo o amigo querido que ele também já fora um dia.

Estaria finalmente sentindo na pele o que era perder tudo que me era mais precioso.

E, se isso acontecesse, eu não ia suportar.

O veterinário retornou á sala de internação, aparentando estar desconfortável com nosso desolamento.

– Seus pais pediram para que voltasse á sala de espera, Srta. Granger – ele suspirou – vou mantê-la informada sobre qualquer ocorrência.

– Sim – murmurei, segurando a mão de Gina – obrigada, doutor.

Quando saí pela porta da sala, a sensação foi de ter deixado uma parte ensanguentada e pulsante de meu coração para trás, aninhada suavemente na mesma almofada em que Rony agora repousava.

Atravessei o corredor com Gina, com o corpo em frangalhos e a mente dilacerada, de uma forma que nem mesmo o pobre pit bull sacrificado teria conseguido provocar.


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Notas finais do capítulo

Comentários? Gente gritando "eu sabia"? kkk
Beijinhos e até o próximo capítulo!



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