Paws - Um Amor de Cão escrita por FireboltVioleta


Capítulo 1
Prólogo


Notas iniciais do capítulo


Eae, pessoas! ♥
Finalmente, aqui está minha nova fic!
Boa leitura, e espero que gostem! :3



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A chuva caía em jorros do lado de fora, batendo na janela de meu quarto.

Encolhi-me ainda mais em minha cama, fungando.

Há menos de vinte e três horas atrás, o ursinho de pelúcia em meus braços estava dando lugar a uma bola de pelo laranja, que ainda ressoava suavemente contra meu corpo.

E agora.... agora...

Não quis me lembrar. Havia sido doloroso demais.

Mas a recordação me veio ainda assim.

No café da manhã, havíamos nos servido das panquecas que mamãe gostava tanto de fazer.

Eu havia deixado um pratinho delas no chão, para que Bichento também comesse.

Ele já não tinha a agilidade de tempos atrás, quando vinha correndo petiscar alguma guloseima de manhã. Estava com um dos olhos quase cego, dormia a maior parte do dia e quase não saía mais do meu quarto.

Não lembrava mais em nada o bichano esperto e ágil que me acompanhara em meus tempos de Hogwarts, e aquilo me cortava o coração.

Mas parecia saber quando mamãe fazia panquecas, e não dispensava um lanche tão gostoso, mesmo tão fraco e preguiçoso, e vinha o mais rápido que suas patinhas permitiam para comer conosco.

Por isso estranhei, quando terminei de comer e ele ainda não havia descido.

- Mãe, vou levar a panqueca do Bichento – murmurei, olhando-a significativamente.

Ela suspirou, assentindo.

Havíamos tido uma conversa desagradável na noite anterior, sobre o que fazer com Bichento.

Ela teve razão em me lembrar do quanto meu gato já estava doente e velho. Mas a sugestão que ela e papai haviam dado estava fora de questão.

Eu nunca teria coragem de me livrar de Bichento por causa daquilo. Não era o destino que eu mesma iria querer para mim, se estivesse em lugar dele. Depois de Harry e Rony, ele sempre fora meu melhor amigo. Em algumas vezes, o único que estava ao meu lado.

Depois que eles haviam entendido aquilo, não tocaram mais no assunto.

Subi, levando o prato, em direção ao meu quarto.

- Bichento... – chamei-o, empurrando a porta.

Porém, quase me desequilibrei quando um vulto laranja saiu apressadamente pela porta, descendo num átimo pela escada.

Larguei o prato em minha escrivaninha, correndo atrás dele.

- Bichento! Espere!

Ele pareceu não me ouvir – talvez fosse a infecção no ouvido que estávamos tratando – mas devia ter parado quando mamãe se interpôs entre a escada e a cozinha, parecendo espantada.

- Calma, Bichento!

Bichento simplesmente se desviou dela, disparando para a porta de entrada.

- Pai, fecha a porta!

Papai correu em direção á entrada, mas não conseguiu chegar á tempo de fechar a porta.

Bichento saiu, ainda correndo.

- Bichento! – saí de casa, procurando-o.

Só consegui ver o gato alaranjado atravessando a rua, sem se dar conta do caminhão de lixo que estava se aproximando velozmente.

- Pare! Pare! – acenei para o veículo, indo na direção de Bichento.

Foi rápido demais.

Tudo que eu assimilei foi o som dos freios, o caminhão reduzindo a velocidade.

Mas não o suficiente.

E eu só podendo recuar, gritando, quando foi tarde demais.

Um soluço baixinho escapou por minha garganta.

Depois do que vira... a sugestão de meus pais parecia um modo mil vezes mais agradável...

Nunca mais ouviria os miados dele á noite. Nunca mais sentiria seu peso quente ao meu lado, nem seu ronronar em minhas pernas.

Fiquei letárgica o resto da tarde, após voltar do veterinário.

Ainda atordoada, liguei para a única pessoa que poderia me entender agora.

Contei-lhe tudo, segurando para não voltar a chorar.

- O que ele disse?

- Ansiedade... – murmurei – altera o comportamento dos gatos... por isso ele... – engasguei, sem conseguir continuar – ele não sofreu...foi na hora...

- Ah, Hermione – Rony suspirou, aflito – sinto muito.

Só o fato de ouvir sua voz, depois de quase dois meses enlouquecedores de separação, pareceu me confortar um pouco.

- Tudo bem... – continuei, enxugando os olhos – ele estava muito mal... pelo menos está em paz agora... – como eu sentia falta de Rony ali. Estava precisando tanto de um abraço ou sei lá - estou com saudades.

- Fico feliz que tenha ligado... – Rony respondeu – também estou sentindo sua falta... quer que eu vá ficar aí com você?

- Não, não – não precisava deixa-lo ainda mais preocupado. Ele já tinha cosias demais na cabeça... desde a guerra. Não queria que nosso reencontro fosse marcado por algo tão doloroso – vou ficar na Toca daqui a duas semanas, lembra? Só vou... – arfei – me organizar... agora.

- Tem certeza?

- Tenho... obrigada – tentei dar uma risada tremida – vou ficar bem.

Rony ficou em silencio por um tempo.

- Está bem... – ele parecia pensativo – me ligue de novo quando quiser, se precisar... – Rony acrescentou, penalizado – vai ficar tudo bem. Você vai ver.

- Eu sei. Obrigada mesmo, Rony... precisava... desabafar.

- Até breve, então.

- Até.

- Te amo, sabe-tudo.

Ri, sorrindo pela primeira vez naquele dia.

- Também te amo.

- Não chore mais, tá?

- Tá bom. Tchau.

- Tchau.

Desliguei o telefone, com o coração um pouco menos pesado.

Sabia que, no fim das contas, Bichento estava num lugar melhor agora.

Mas a dor de sua perda ainda me deixava angustiada.

Sentia que nunca mais conseguiria sequer ter outro animal. Como uma criança boba, havia me afeiçoado tanto ao meu gatinho de cara amassada, que nunca imaginei que um dia ele poderia partir.

E ainda mais de um jeito tão cruel.

Aquilo doía mais do que eu pensava.

Ouvi alguém bater na porta.

- Hermione, querida...

- Sim? – funguei outra vez.

- Deixei seu jantar na mesa – mamãe parecia tensa – quando quiser comer... e pode botar o lixo para fora depois, por favor?

- Pode deixar – guinchei, me levantando.

Desci sem pressa, e jantei a comida fria coma mesma lentidão.

O tempo parecia refletir como eu me sentia agora. Frio, chuvoso e triste.

Saí da mesa, recolhendo o lixo para colocá-lo para fora e saindo para a varanda. Cabisbaixa, larguei os sacos na lixeira e voltei, tentando escapar da chuva torrencial que castigava a rua.

Já se passaram quase dois dias, Hermione. Vai ter que seguir em frente, censurou minha mente.

Eu sabia disso.

Mas não era tão fácil quanto parecia. Eu praticamente perdera alguém da minha família. Aquilo não ia sarar tão rápido.

Deprimida, subi as escadas da varanda.

Porém, um guinchinho baixo chamou minha atenção.

Franzi o cenho, enrijecendo quando o som se repetiu, vindo de uma caixa de papelão encharcada, ao lado da lixeira.

Tirei minha jaqueta, colocando-a como um guarda-chuva em cima da cabeça, e retornei aonde os sacos de lixo estavam.

Quase pulei para trás quando a caixa de papelão se mexeu.

- Mas o que... – ofeguei.

O ganido que eu ouvira aumentou.

Intrigada, retirei a caixa fechada da chuva, levando-a para a varanda. Era pesada, e não parou de se agitar em meu colo.

Ajoelhei-me diante do banco de madeira da varanda, retirando a jaqueta de meus ombros e finalmente abrindo o papelão.

Aproximei o rosto, tentando enxergar o que havia dentro.

E só faltei ter um derrame de susto, quando algo úmido lambeu meu nariz e pulou para fora, completamente enlameado e trêmulo, me encarando com dois grandes olhos curiosos, molhados e adoráveis.

O destino e suas ironias...

Era um cachorro.


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Notas finais do capítulo


Então? Teorias? O que acharam?
Beijos e até o próximo capítulo! *u*



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