Escuridão. escrita por Elizabeth Watson


Capítulo 3
Capítulo 3.


Notas iniciais do capítulo

Desculpa ter demorado tanto, mas é que não sei se tem alguém realmente lendo e quero fazer um bom trabalho.
Bem, aqui está.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/644073/chapter/3

– Não! – Michael encontrava-se em negação. – Não! Pai, isso não pode ser verdade! Juro que a vi!

– Filho... – o Sr. Laurent parecia atordoado e um pouco decepcionado. – Não havia ninguém lá. Eles querem que você faça um exame de dopem.

– O quê?! Eu não estava chapado! Pode perguntar pra Sra. Khan!

– Michael Laurent, vá fazer o exame. Eu estou mandando.

Mike cerrou a mandíbula e acatou a ordem do pai. Seguiu um policial até o banheiro e foi largado com um potinho. Aquilo era deplorável. A situação toda.

Saiu e entregou o pote para o policial, que o encarava feio. Os 1,88m de Michael não intimidariam aquele cara nem se o homem fosse um anão.

Os quatro amigos de Michael haviam ido embora. O Sr. Laurent achara melhor assim. Eles se encontrariam no dia seguinte, no colégio, e Michael teria de responder há milhões de perguntas.

Com certeza, de algum jeito aquela garota da floresta havia ferrado com a sua vida.

Pai e filho foram dispensados. Quando o resultado do dopem saísse eles seriam avisados. Michael evitava olhar para o pai. Era vergonhoso ele ter ido à delegacia fazer uma queixa e agora suspeitavam que ele apenas estava chapado. Aquilo o deixava a ponto de explodir e nem era verão para que ele pudesse sair descontando nos adversários de rugby.

– Liguei para Lílian. – Sr. Laurent disse, fazendo a atenção de Michael desviar-se para ele.

– E? – o garoto parecia nervoso.

– Ela disse que você chegou suando frio, pálido e arfando. Isso se encaixa na descrição de alguém drogado, filho.

Michael bufou.

– Que droga! Eu não usei nada! Estou dizendo!

– Não estou falando que você usou porque quis Mike. Podem ter colocado algo na sua comida, na sua água. Mas você tem que me dizer se souber de alguma coisa.

– Já disse que não estava chapado! – Michael excedeu a voz e seu pai o olhou torto. – Desculpa. Mas eu vi aquela garota. Eu juro que a vi. E ela ainda está lá.

– Chega desse assunto por hoje, Michael. Nós veremos quando o resultado do dopem sair.

Michael virou-se para o lado e cobriu os cachos com o capuz. A chuva incessante de Londres escorria pela janela e ele só queria poder esmurrar alguma coisa. Ser acusado de algo que não fez quando um problema maior estava solto pelo bosque o deixava louco.

E se ele estivesse mesmo louco?

Com certeza, ter sido dopado é melhor que esquizofrenia.

...

Michael fechou-se no quarto sem falar com a sua mãe. Não estava se sentindo bem para continuar o assunto.

Ligou o aquecedor e tirou o casaco e a camiseta. Desde a noite interior a prata daquele colar estava esfriando demais seu peito, fazendo-o ter calafrios constantes.

Largou o colar na escrivaninha e colocou o cd Collide do Skillet pra tocar. Olhou-se no espelho do armário e seu reflexo parecia-lhe cansado. Leves olheiras abaixo dos olhos azuis, os lábios rachados por causa do frio e a pele branca inteiramente arrepiada.

Então ele olhou melhor e percebeu algo que não estava lá antes: um pequeno hematoma no peito, bem em cima do coração.

– Mas que merda...?

Percebeu que seu telefone tocava e o atendeu. Bela estava do outro lado da linha.

– Oi Mike. – ouviu a voz doce da ruiva. Aquilo chegou até a acalmá-lo. – Como você está?

– Eu não sei. – confessou. – Estou meio atordoado, pra falar a verdade.

Ouve meio segundo de silêncio, o que já foi desconfortável o suficiente.

– Mike?

– Diga, vulcão ativo.

– Eu acredito em você. – Bela disse. – Você não estava chapado e com certeza não está louco. Eu sei disso.

Michael sorriu. Bela sempre conseguia deixá-lo melhor. Até que ele deu-se de frente com o espelho de novo.

– Bela, me responde uma coisa? – disse cauteloso.

– O que quiser Mike.

Coçou a cabeça, tentando achar um jeito para falar sem parecer maluco, porém nenhum jeito era bom o suficiente.

– É, sei que isso vai parecer muito cafajeste, e, por favor, não quero que pense errado de mim, mas acho que estou ficando louco e você talvez me ajude.

– Fale logo, Michael! Está me deixando nervosa.

Suspirou.

– Ok. Você se lembra se eu, sei lá, bati o peito em algum lugar ou talvez tenha ficado com alguma garota e não me lembre?

– Não, não lembro. A última garota que eu me lembro de você ter ficado foi eu... – a garota interrompeu-se um pouco tarde demais. O assunto proibido dos dois havia surgido. O segredinho sujo.

– É, verdade. Valeu.

– Espera! Por que está me perguntando isso?

Michael olhou uma última vez para o espelho. O hematoma continuava no mesmo lugar. As cores eram tão vivas que ele tinha certeza que teria percebido se tivesse machucado em qualquer lugar.

– Tem alguma coisa errada comigo, Bela. Definitivamente.

– Do que você está falando? –a garota parecia completamente perdida.

Os olhos de Michael continuavam no espelho, até que ele reparou em algo atrás dele, refletido no espelho. Estava escondido na sombra que a cortina fazia entre um móvel e a parede.

Ele se virou no mesmo instante e foi até aquele canto. Nada. Nem ao menos um inseto.

– Não é nada, Bela. Tenho de ir agora, tudo bem? Até amanhã. – e desligou.

Jogou o celular na cama e olhou em volta. A luz do abajur estava piscando de modo frenético e de algum modo a temperatura havia caído drasticamente.

Michael foi checar o aquecedor. Continuava funcionando, mas o a temperatura continuava fria. Decidiu pegar um moletom no armário e vesti-lo.

O garoto abriu a porta e foi descendo as escadas. Seus pais estavam conversando na cozinha e ele pode ouvir um pouco:

– Não, Samantha, nós paramos! – seu pai dizia para sua mãe.

– Você prefere acreditar que seu filho está usando drogas ou esquizofrênico do que acreditar que há algo que nós dois sabemos que existe!

– Ele nos disse para não interferir! Você se lembra do que ele nos disse Samantha! É o destino, o que quer que fosse acontecer ele nos disse pra não interferir.

– Pai! – Michael chegou à cozinha e seus pais não disseram mais nada.

– O que foi? – seu pai disse.

– O aquecedor quebrou.

Sr. Laurent franziu o cenho.

– Como assim? Mandei concertar no outono.

O rapaz deu de ombros.

– Deixe-me ver.

Os dois subiram até o quarto. O clima no cômodo continuava absurdamente frio.

– Deus, que frio! Você deixou a janela aberta, Michael?!

Ele negou com a cabeça. Seu pai foi verificar, e não havia nem ao menos uma fresta na janela.

Ambos fizeram cara de confusos. Aquilo estava muito estranho.

Seu pai finalmente foi checar o aquecedor. Estava desligado.

Ele revirou os olhos.

– Filho, como você quer o quarto quente com o aquecedor desligado?

Michael chegou perto do aquecedor e viu que estava desligado.

– Mas eu liguei essa merda!

– Não precisa xingar! Talvez a bateria do controle esteja fraca, só isso. Se acalme.

Michael parecia estar entrando num ataque de pânico.

– Não pai! Eu liguei! Me lembro perfeitamente de ter ligado e até tinha tirado a camisa por estar com um pouco de calor aqui dentro.

Hector Laurent olhou no fundo dos olhos azuis do filho e colocou a mão em seu ombro.

– Durma um pouco, Mike. Você claramente teve uma noite muito agitada. Tome um banho e descanse.

Michael desviou o olhar para o canto do quarto onde aquela massa escura estava antes e voltou a atenção ao pai.

– Tudo bem. Acho que preciso dormir mesmo.

Seu pai sorriu, dando tapinhas no ombro do filho e saiu fechando a porta atrás de si.

O garoto suspirou exausto. Algumas horas de sono não lhe faria mal. Despiu-se e foi até o chuveiro. Deixou a água quente o relaxar um pouco e logo saiu enrolado numa toalha.

Vestiu uma calça de moletom, fechou as janelas, as cortinas, apagou as luzes, cobriu-se e logo que deitou dormiu.

...

Acordou e tudo estava mais escuro do que antes. Verificou as horas em seu celular e percebeu que era 05h40min am. Seus pais haviam deixado-o dormir pela tarde toda. E a noite também. Michael não sabia como ele havia feito aquilo, mas já era hora dele se arrumar para a escola.

Acendeu a luz do quarto e foi tomar outro banho.

Quando saiu, já arrumado, percebeu que estava faminto. E que também não havia ido ajudar Bela com Física. Ela deveria estar furiosa.

Colocou de volta a Cruz de Ankh no pescoço, pegou um cachecol e desceu para tomar café.

Seu pai já havia ido trabalhar com o carro e sua mãe havia ido junto. Ele se encontrava completamente sozinho em casa, no escuro.

A luz da sala piscou duas vezes. Michael olhou aquilo incrédulo, pois tinha certeza que havia deixado a luz apagada.

Seu ônibus passaria em dez minutos. Decidiu esperar do lado de fora, porém um mau pressentimento dizia para não passar pela sala.

– Besteira. – disse para si mesmo, indo escovar os dentes para poder sair.

Ao passar pela sala sentiu um arrepio percorrer-lhe a espinha e seu coração parecia estar sendo apertado por mãos de ferro.

Terminou de escovar os dentes e desceu as escadas correndo, querendo sair de casa logo. Quando chegou ao patamar quase despencou escada a baixo, porém de algum modo conseguiu se segurar no corrimão.

– Deus! Que diabo é isso?!

Terminou de descer cuidadosamente, pegou a mochila e saiu correndo esquecendo-se do cachecol em cima do sofá.

Trancou a porta e para sua sorte o ônibus escolar havia chegado em ponto naquela manhã. Ele entrou apressado e achou Gabriel no último banco junto com Raphael.

– Oi. – sentou-se com os dois.

– Que isso cara? – Gabriel disse. – Até parece que viu um fantasma de novo. – riu junto com o outro garoto.

– Vá rindo Gabriel. – Michael disse ao moreno de maxilar torto. – Estou enlouquecendo por causa dessa merda.

– É perceptível, cara. – Raphael comentou.

– Ei Hooker! – um dos jogadores do time de rugby chamou Michael pela sua posição no time.

– O que foi Ryan? – Mike respondeu com o maior desânimo.

– Fiquei sabendo que ficou louco e acabou se perdendo no bosque com uma garota.

O garoto sentiu algo o esquentando por dentro com certa fúria.

– O quê?

Ryan deu um sorriso e levantou as mãos ao alto em sinal de rendição.

– Só estou comentando. Quem foi? Foi aquela Khan?

A raiva em Michael parecia queimar.

Michael se levantou e foi caminhando até o colega de time. Disse peitando-o:

– Escute aqui, deixe Bela fora disso. Não toque nela, não chegue perto dela e nem ao menos pense nela. Caso o contrário te dou um chute e você vai parar do outro lado do Reino Unido, me entendeu?!

O jogador loiro sorriu torto, provocando Michael.

– Não tenho medo de você, Laurent.

Michael pareceu sorrir perverso. Chegava até a assustar.

– Pois deveria Ryan. Deveria. Porque um dia eu vou ser seu pior pesadelo. – dito isso empurrou os ombros do garoto, que caiu no chão do ônibus em movimento e foi se sentar.

– Mas que porra foi essa, Michael? – Raphael disse olhando-o perplexo.

– Eu não sei. – Michael estava tremendo. – Eu não sei o que está acontecendo.

...

Depois do incidente no ônibus com Ryan Thompson o primeiro período de aulas de Michael foi bem normal. Nada demais havia acontecido e o mau pressentimento havia passado.

Saiu para o intervalo e encontrou com os amigos no pátio. Bela como sempre parecia totalmente desconfortável com aquele uniforme, embora suas sardas e seus olhos verdes ficassem mais destacados com o preto e o cinza da roupa.

– Ei ruiva. – Michael disse e ela o olhou. – Estamos todos ridículos com esse uniforme, ok? Não fique chateada.

Bela deu um sorriso tímido e olhou para baixo. Michael sorriu satisfeito.

– Ei casal. – Meg disse. Vestia o mesmo uniforme e os grandes cabelos encaracolados estavam soltos. – Nós vamos comprar algo pra comer, vocês vem?

Michael suspirou. Não se sentia bem.

– Acho que não. Não estou com fome. – disse.

Bela o olhou meio preocupada.

– Não estou com fome também, Meg. Pode ir.

Os três foram e Michael e Bela ficaram sozinhos.

– O que você tem Mike?

Michael olhou-a meio desesperado.

– O que você quer dizer?

A ruiva olhou-o como se aquilo fosse óbvio.

– Por favor, Mike. Te conheço desde sempre. Sei que você não está bem.

O garoto suspirou e decidiu contar.

– Ok... Acho que... – interrompeu-se. O duto estava estralando, como se houvesse algo andando por lá. – Mas que raios... ?

O forro despencou e de lá uma garota caiu enforcada. Ela balançava bem ao lado de Michael e Bela.

Era Linda, a namorada de Ryan.

Então Michael viu uma sombra no buraco do forro que tremulou e se foi na mesma velocidade que veio.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado.
E aí, o que acham que está acontecendo com o Mike? Deixem suas opiniões, sugestões e críticas nos comentários e beijão.



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Escuridão." morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.