La Transformación escrita por Juli06


Capítulo 5
Capítulo 5




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Capítulo Cinco

Era pouco mais das 10 da manhã quando Fernando saiu do hospital, Eduardo estava lá como o prometido. Fernando andava com um pouco de dificuldade, o acidente tinha machucado um pouco sua perna, mas nada que uns analgésicos não resolvessem.

– Então, Fernando. Para onde vamos? – Perguntou Eduardo entrando no carro.

– Vai ser meu chofer hoje, Du?

Sorrindo Eduardo apenas afirmou e esperou a resposta do amigo.

– Vamos para casa da Lety. Esqueceu que temos uma missão?

– Você tem certeza? Se o pai da Lety quiser te bater?

– E você acha que eu estou levando você por quê? – Perguntou Fernando e sorriu divertido.

Olhando assustado para ele, Eduardo deu partida no carro e seguiu para casa de Lety e já foi se preparando para levar um soco no lugar do amigo. O caminho foi feito em silêncio e ambos perdidos em pensamento. Assim que estacionaram na porta de Lety os dois tomaram fôlego de coragem e saíram do carro. Fernando foi até a porta e apertou a campainha.

– Oh, seu Fernando. – Falou Julieta surpresa. – A Lety não está.

– Eu sei, eu vim falar com a senhora e seu Erasmo. – Disse apreensivo. – Posso entrar?

– Claro, meu filho. – Disse ela e deu um risinho, bem parecido com o da Lety. – Desculpe meus modos.

– Quer isso, dona Julieta. – Fernando falou e entrou na casa, Eduardo adentrou em seguida. – Esse é o Eduardo, meu amigo e da Lety.

– Olá, vejo que tem o mesmo coração radiante que a Lety. – Eduardo disse charmoso e beijou a mão dela em um cumprimento.

– Oh, Gracias. Você é muito encantador. – Julieta comentou com uma risadinha.

– Quem está ai, Julieta? – Perguntou Erasmo enquanto descia as escadas. Assim que viu quem era ficou intrigado.

– O que faz aqui seu Fernando?

Fernando se virou para seu Erasmo assustado, sabia pelo tom de voz do homem a sua frente que não era tão bem vindo em sua casa. Mas ele sabia que tinha que ser corajoso, precisava contar tudo para eles e começar a provar que tinha crescido como homem. Faria isso por ele e principalmente por Lety.

– Olá seu Erasmo. Eu preciso falar com vocês. – Começou ele temeroso.

– Tudo bem, pode se sentar. – Disse Erasmo e esperou todos se acomodarem. – Eu já sei sobre o que aconteceu na empresa, então o assunto já está bem adiantado.

– Não é com a empresa que eu me preocupo agora, seu Erasmo. É com a Lety.

– O que você quer dizer com isso? O que a Lety tem a ver com isso?

– Bem... a história é longa.

– Estou aposentado, meu filho. Tenho o resto do dia livre. – Seu Erasmo comentou com graça.

– Pois bem, a história é o seguinte. Quando eu contratei a Lety eu vi que ela era uma ótima profissional. – Começou ele e respirou fundo. – E ela logo percebeu que o projeto que eu tinha proposto para ficar na presidência não ia dar muito certo. Lety então sugeriu que eu mudasse os números, mas como sou um idiota não fiz isso, então...

~.~

Lety acordou um pouco melhor, mesmo tendo dormido mal por causa do pesadelo, mas deixando isso de lado ela saiu do quarto a procura de Carolina, estava faminta e não sabia onde seria servido o café da manhã.

Distraída ela tropeçou no carpete de um dos salões do hotel, mas antes que fosse ao chão um par de braços a pegou:

– Cuidado, Letícia. – Falou Aldo sorrindo.

– Aldo, desculpe. Eu sou desastrada mesmo, não vi você.

– Sem problemas, mas você estava bem distraída. Estava procurando alguém?

– Sim, minha amiga. - Falou ela e olhou adiante dele. Aonde Carolina vinha em sua direção. – Dona Carolina, que bom que lhe encontrei.

– Bom dia, Lety. E já te disse que pode me chamar de Carolina. – Disse ela e sorriu. – Aldo, como vai você?

– Vou bem. E não sabia que era amiga da Letícia. – Disse ele sorrindo também.

– Eu que estou surpresa em ver que já são amigos. – Falou ela. – Mas onde está minha educação, vamos comer.

E assim os três foram até o centro do salão onde havia uma grande mesa com vários pratos e frutas. Entre conversas e risos Lety se permitiu esquecer por um momento Fernando, estava desfrutando da companhia de Aldo e Carolina. Mas assim que terminaram o café da manhã Aldo se despediu e foi embora, não antes de Carolina dizer que tinha sido ele o cozinheiro das delícias culinárias.

Assim que todas as modelos estavam preparadas no ônibus Carolina apresentou Lety e todas partiram para o início do trabalho.

~.~

Dizer que Erasmo estava possesso de raiva era um eufemismo, ele andava de um lado a outro com os punhos cerrados, se olhassem bem para ele poderia até ver uma fumacinha saindo de suas orelhas.

– Como você pode fazer isso com a minha filha? – Erasmo falou e deu um passo na direção de Fernando.

Eduardo tentou ser rápido e evitar que acontecesse alguma tragédia, mas ele não foi rápido o suficiente, Fernando sentiu o soco antes mesmo de ser atingindo.

– ERASMO. – Gritou Julieta e se levantou indo de encontro a Fernando. – Você está louco? Não está vendo que o menino já está todo machucado?

Eduardo afastou Erasmo e deu passagem para que Julieta olhasse Fernando, para saber se ele estava bem. Porém, por mais que Erasmo tivesse sido agressivo Eduardo estava se divertido com toda a cena, pensou que o amigo estava exagerando sobre o pai de Lety, mas viu que estava enganado.

O senhor sentou na cadeira ao lado do sofá e respirou fundo, tinha perdido a cabeça, mas não era de se espantar. Fernando tinha machucado sua menina e ainda teve a cara de pau de aparecer na casa deles e dizer que depois de tudo que fez tinha se apaixonado por sua filha. Julieta falava com Fernando perguntando se ele estava bem, foi só nesse momento que ele realmente percebeu o que tinha acontecido com o rapaz.

– O que houve com você, meu rapaz? – Perguntou ainda emburrado.

– Sofri um acidente ontem, mas vou ficar bem, não se preocupe. – Disse Fernando e tentou sorrir. – E não precisa pedir desculpas pelo soco, seu Erasmo. Se eu pudesse, eu mesmo faria isso.

Erasmo não disse nada, apenas o encarou e viu que ele era um homem corajoso e percebeu que ele podia está dizendo a verdade sobre o que sentia por Lety.

– O que você vai fazer quando ela voltar? – Perguntou ele.

– Tentar provar a ela que eu mudei. Que pretendo fazer tudo certo agora.

– E se ela não lhe ouvir? Não quiser saber de você?

– Seu Erasmo, eu a amo. E vou provar a ela que eu mudei, por ela. Nem que isso dure a vida toda. – Disse ele convicto.

Percebendo que ele estava decidido Erasmo deu de ombros, ele não podia se opor a isso, se Lety escolhesse ficar com Fernando teria sua benção, a única coisa que queria era que ela fosse feliz.

– Fernando, eu não posso negar que não gostei do que fez com minha filha, imaginar o quanto ela deve estar sofrendo por sua causa me deixa com muita raiva e triste ao mesmo tempo. – Começou ele. – Mas eu vejo que você está sendo sincero. Então tem a minha benção para ficar com minha filha, mas só se ela quiser. E acredite em mim, se você a fizer sofrer novamente você vai levar mais de um soco.

Sorrindo Fernando se levantou com um pouco de dificuldade e foi até Erasmo o abraçando, pegando o senhor desprevenido. Eduardo sorriu para Julieta e a viu com um sorriso igual ao seu.

– Meu filho. – Falou Julieta chamando a atenção para si. – Você tem minha benção também, mas eu peço que não faça nossa menina sofrer novamente. Ela não merece isso, Lety não me disse nada sobre estarem juntos, mas eu sei o quanto ela é apaixonada por você. Então por favor, a respeite e a ame como está dizendo a nós.

– Dona Julieta, eu sei que não mereço uma segunda chance, mas a Lety me mudou e vou fazê-la feliz. Eu prometo!

Sorrindo eles se abraçaram também, a primeira parte da missão estava resolvida. O mais difícil era convencer Lety de que realmente a amava.

Fernando agora esperava ansiosamente que aquelas duas semanas passassem para que tivesse sua amada de volta em casa.

~.~

Uma semana e quatro dias depois...

O tempo passou rápido naqueles dias, em meio a ensaios de desfiles, perguntas de assuntos gerais, maquiagem e bronzeamentos Lety esqueceu por um momento sua confusa vida. Entretanto toda noite seu coração se apertava e ela não conseguia esquecer Fernando.

Era começo de tarde e o planejado para o dia seria a prova de roupas das modelos e algumas fotos, Aldo tinha passado por lá e Lety o convidou para se juntar a elas no desfile que seria na noite seguinte. Carolina observou a interação dos dois e ficou feliz em ver que a Lety estava bem melhor, agora ela estava mais solta e segura de si. O comportamento dela havia mudado e Carolina tinha certeza que isso vinha de Aldo, mas falaria com o amigo e o alertaria que mesmo que tentasse o coração de Lety tinha dono.

Carolina foi arrancada de seus pensamentos quando viu Lety se despedir de Aldo e as meninas se agitarem com a passagem dele, sorrindo ela lembrou que precisava pedir a Lety que falasse com uma das candidatas. Chamando a moça ela se virou para amiga:

– Lety, Renata está muito desanimada porque de última hora seus pais informaram que não poderiam vir.

– Renata, eu sinto muito. – Falou Lety e se compadeceu dela.

– Se meus pais não vão vir, eu não quero mais participar da competição. – Disse Renata e saiu em disparada.

Carolina ficou sem saber o que fazer, tentou conversar com a mulher antes e ela não ouviu. A última cartada seria Lety.

– Lety, você já resolveu um problema parecido, sei que pode resolver isso. Por favor ajude ela.

– Sim, Carolina, eu vou. – Falou Lety e saiu atrás de Renata.

Já estava quase desistindo de procurar ela quando a encontrou num pequeno salão de frente para o mar, Renata chorava encolhida num canto.

– Renata, aonde vai?

– Para nenhum lugar, Lety.

– Eu sei que está triste por seus pais, mas eles não vão poder vir. Você terá que seguir em frente.

– Lety, eu pensei em falar que eu sou a coisa mais importante para meus pais, mas seria uma grande mentira. Eu nunca fui importante, as outras meninas e Carolina acham que eles não virão por estarem resolvendo algum problema na empresa.

– Mas não é isso, não é? Você pode me dizer, eu prometo ouvir e ajudar você no que precisar.

– A verdade é que eles preferiram ir a uma viagem no Alasca do que me verem aqui. Agora como eu posso me sentir bonita se meus pais não ligam para mim? – E como se ainda fosse possível Renata chorou ainda mais forte. Comovida Lety a abraçou.

Pareceu horas o tempo que ficaram ali, sem dizer nada. Mas Lety precisava ajudar Renata a se reerguer, assim como Carolina fez com ela.

– Eu entendo como deve estar se sentindo, Renata. Mas você tem que entender que seus pais não vão vim.

– Eu sei, Lety. Mas sabe por que eu me inscrevi no concurso? Para deixá-los orgulhos, mas veja o que aconteceu. Eles não ligam.

– Eu vejo, mas você tem que entender que às vezes as pessoas amam mesmo que longe. Você tem que continuar no concurso, não por eles, mas por você.

– Não, Lety. Eu só quero ir para casa e esquecer tudo isso. – Disse Renata com raiva.

– Está bem, se é isso que você quer não tem problema. Mas antes, um último favor. Se despeça de suas amigas. Depois você pode ir embora.

Afirmando Renata e Lety voltaram para o grande salão onde as demais concorrentes estavam se preparando. Enquanto Renata falava com as amigas, Lety pensava em como convencê-la. De repente uma ideia surgiu em sua mente e ela viu o vestido que a moça usaria no dia seguinte e com um sorriso no rosto a chamou:

– Renata, eu quero lhe mostrar uma coisa.

Passaram alguns minutos e Renata se perguntava o que Lety estava aprontando, ainda estava muito chateada com os pais e queria voltar para casa logo. Então ouviu quando Lety voltou a chamar seu nome, virando seu queixo caiu quando a viu em seu vestido.

– Quero perdi desculpas aos jurados e ao público. – Começou Lety teatralmente – Mas no último momento mudamos a representante de Puebla. A mulher bela saiu e no lugar ficou a feia, mas uma feia que está convencida de fazer as coisas por ela, para ela e para seu estado e não em função dos demais.

Sem esperar, aplausos chegaram até seus ouvidos o que assustou Lety e num segundo toda a sua face ficou vermelha. Envergonhada ela tentou sair dali, mas Carolina a impediu.

– Ai, perdão, Carolina. Mas você falou que era para eu fazer o impossível para convencê-la.

– E você fez muito bem. Está bonita, Lety. – Disse Carolina sorrindo.

E as outras modelos começaram a elogia também, a chamando de bela e dizendo que o vestido ficou muito bem nela. Sorrindo Lety achava graça daquilo tudo, como ela podia ter ficado bonita tão rápido? Seria um absurdo.

– Tive uma ideia. – Disse uma das modelos - E se nomearmos Lety como ganhadora do prêmio “Nossa Beleza”?

As outras concordaram e com um sorriso estampado em cada uma das faces elas se juntaram e começaram a pousar para as fotos. A diversão estava grande, deixando todos à vontade, Renata por outro lado via tudo num canto e pela primeira vez percebeu que era isso que queria, está ali no meio das amigas, não por seus pais, mas por ela.

– Lety, eu aceito ficar. Por mim, não por qualquer outra pessoa.

Dando um gritinho e alguns pulos de alegria Lety a abraçou. Carolina chegou perto delas e agradeceu a Lety:

– Obrigada mais uma vez por me ajudar, Lety. Você mostrou para elas que o importante não é ser bela por fora, mas sim aqui, no coração. – Falou ela e colocou a mão no coração de Lety.

Sorrindo, Lety falou que iria se trocar, mas antes recebeu uma faixa “Miss Lety”. Elas tinham preparado para entregar no fim do concurso, mas o momento era mais que apropriado. Conseguindo enfim se separar do grupo eufórico, Lety foi trocar de roupa. Renata olhava intrigada por onde Lety tinha ido, Carolina a encarou desconfiada:

– O que foi?

– Nada, é só que... a Lety. Ela é linda, mas não deixa os outros verem. – Falou Renata e sorriu. – Será que ela aceitaria que a transformássemos?

– Não sei Renata, quando chegamos aqui ela não aceitou bem a ideia.

– Mas eu reparei que durante esse tempo ela mudou, não sei o que aconteceu com ela. Principalmente depois do que me disse hoje. Mas eu sinto que talvez ela faça isso.

– Ok, não custa tentar. Mas só poderemos fazer alguma coisa amanhã. Começaremos cedo, assim teremos tempo para tudo. – Falou Carolina empolgada com a ideia.

Ao sair do banheiro Lety viu toda a atenção das meninas em si, e um arrepiou se formou em sua espinha. Sentia que não ia gostar muito do que viria.

Continua...


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