O ar gelado da noite acariciava incessantemente a ponta de seus dedos e seu nariz, mas a garota não se importava muito. Havia feito aquilo milhares de vezes em várias outras noites como aquela.

O metal de seu telescópio estava bem mais gelado que o normal, no entanto, ou talvez eram apenas os seus sentidos que estavam muito mais atentos.

Por que isso?

Ora, devia ser por causa do ruivo que tinha o queixo praticamente encostado no seu ombro.

-Minato-kun...?

-Hm? – Correção, ele estava com o queixo apoiado no ombro dela, levemente.

E aquilo a fazia se sentir um tanto estranha. Estranha porque ela não tinha muita ideia do que se passava com ela quando seu amigo estava por perto.

-Tá me... Atrapalhando um pouquinho...

-Ah, desculpa. – Ele se afastou, mas continuou a olhar para o aparelho. – Estava curioso para saber como ele é montado.

-Eh-! – Ela levantou de repente, corando um pouco. – É bem simples, é só apertar aqui e atarraxar aqui.

-Hm. – Minato assentiu, sorrindo. – É simples mesmo, queria ter um telescópio.

-P- Posso te emprestar o meu, não se preocupe.

O ruivo riu um pouco.

-Obrigado, Subaru.

Ela sorriu de volta, colocando as mãos sobre o peito inconscientemente ao sentir-se estranha de novo. Estranha porque, apesar do adjetivo, aquela sensação a deixava feliz.

-Ah, na verdade... Eu que agradeço por ter vindo aqui comigo.

Ele tombou a cabeça, ainda sorrindo.

-Por que?

-Eh? Ah, porque... Porque... Observar as estrelas é bom e fica melhor ainda com a companhia de... Um amigo?

Minato ajeitou a cabeça, ainda sorrindo.

-Entendi, se é assim, eu fico feliz. – E olhou em volta. – Mas não tem problema ser na escola?

-Ah, não! Quer dizer, perto da montanha é melhor, mas o campo é bem aberto aqui na escola então tudo bem!

-Que bom, então.

-Uhum. – Ela se virou e entrelaçou seus dedos, sentindo-se estranha. Estranha porque não conseguia parar de sorrir.

Alguns minutos se passaram depois até que o céu finalmente clareasse, Subaru o ensinou como olhar pelo telescópio e riu com as exclamações que ele soltava vez ou outra.

-É tão grande!

-Né?

Ela continuou o encarando, sorrindo gentilmente com a felicidade dele. Inclinou-se um pouco mais para frente para observar melhor seu perfil com seus olhos parecendo reluzir tanto quanto seus brincos vermelhos.

Porém, ele percebeu e se virou para devolver o olhar.

Seus olhos reluziram ao encarar os dela, fazendo com que a garota sentisse algo parecido com um pequeno choque fazer-lhe cócegas pelo comprimento de seu braço.

Imaginou as borboletas azuis que ele tanto gostava voando pelo seu estômago devido a sensação que estava tendo naquele momento.

Subaru queria desviar o olhar, mas seu corpo estava paralisado e não queria cooperar com ela.

Devia estar olhando as estrelas no céu, mas percebeu que já haviam duas pequenas e lindas em cor azul que eram só dela bem ali ao seu lado.

-Ah, Subaru. Seus olhos estão brilhando.

-Eh? – Ela sentiu o sangue correr para suas bochechas, soando em suas orelhas.

-Que lindo. – Ele se levantou e encarou o céu. – Parecem as estrelas lá em cima.

A garota colocou os dedos debaixo de seus cabelos rosas ao se sentir estranha. Estranha porque seu coração batia rápido demais e ela não entendia por quê.

-Deve ser bom, não é?

-Hm?

-Ser uma estrela... – Ele murmurou. – Queria poder ser uma.

Um pingo gelado desceu por sua espinha ao percebeu o leve tom de tristeza em sua voz, percebeu a expressão triste que ele assumiu e sentiu algo picar o centro do seu coração.

-Você! – Ela exclamou, mas logo depois pôs a mão sobre a boca quando ele virou rapidamente o rosto para encará-la, surpreso. – Quer dizer...

Silêncio. Subaru respirou fundo.

-Você já parece uma estrela pra mim... – Respondeu em um fio de voz, sentindo seus dedos tremerem. Quando ousou levantar seus olhos castanhos para encará-lo outra vez, ouviu algo estalar perto de seus ouvidos.

O olhar que Minato lhe dirigia expressava tamanha alegria e leveza que a garota quase se perdeu no infinito azul de seus olhos. Seu fôlego sumiu, porém, quando ele sorriu, fazendo toda sua expressão iluminar-se muito mais que todas as milhares de estrelas presentes naquele céu.

-É mesmo? Obrigado, Subaru.

Sentiu-se estranha. Estranha porque ela se convenceu naquele momento que o sorriso do ruivo era uma das suas coisas favoritas no mundo.

Sorriu de volta.

-De nada, Minato-kun.