As Crônicas de Gelo e Ferro escrita por Miss Greyjoy


Capítulo 14
Capítulo 14


Notas iniciais do capítulo

Gente, desculpa pela demora...ai, sério. Desculpinhas, ♥



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/643078/chapter/14

Mereena deitou-se novamente na cama com dificuldade, mas sorrindo. Estava noiva! Não conseguia acreditar naquilo. Theon, o seu Theon, havia lhe pedido em casamento ali mesmo, deitado por cima de si, e provocando-lhe sensações que ela nunca experimentara. Era o dia mais feliz de sua vida! Pôs-se a imaginar como seria seu belo vestido matrimonial. Provavelmente, Septã Mordane bordaria-o, e cobriria-o com belas pedrarias. Desejava usar por cima a capa que ganhara do pai, que outrora pertencera à tia Lyanna. Para prendê-la, usaria um broche de lula ao invés do usual lobo, em homenagem ao marido. Marido...pensar no Greyjoy fez um arrepio subir por sua espinha. Como será que ele se vestiria? Com certeza, estaria muito bem arrumado, com o gibão negro com o símbolo de sua casa desenhado. A capa seria presa com um brasão dos Stark, ela lhe pediria para fazer isso. Ela iria lhe sorrir quando entrasse de braços dados com o pai, e o faria novamente quando o meistre abençoasse aquela união. E a noite da consumação do casamento...ah, seria maravilhosa. Ainda que isso deixasse Mereena um pouco corada, ela gostava de imaginar como seria. Perdida em pensamentos, adormeceu novamente com os lábios curvados num sorriso muito belo de se ver.

Do outro lado do castelo, Jon brincava com Arya na floresta. Apostavam corridas, subiam em árvores e treinavam lutas – o bastardo deixava a menor ganhar em todas, só para ver em seu rosto aquele sorriso de conquista que ele tanto gostava – como se nem o inverno fosse capaz de fazê-los crescer. Naquele momento, cansados e sem fôlego, se sentaram no tronco de um chorão para reporem as energias. Os cabelos da Cara de Cavalo grudavam em sua testa, molhados de suor. Seu rosto infantil demonstrava felicidade. Estar com Jon a fazia feliz. A menina mantinha a cabeça em seu colo e recebia do meio-irmão afagos e pequenos beijos por toda a sua face.

— Gostaria de poder congelar esse momento – A loba disse, brincando com a mão livre de Snow – Me sinto muito bem com você, Jon.

— Eu também, milady – A menor torceu o nariz. Detestava ser chamada de lady – Ary...eu tenho que te contar uma coisa – A garotinha levantou-se das pernas do irmão, os olhinhos cinzas vidrados em seu rosto – Eu vou embora. Vou para a Patrulha da Noite com tio Ben. Pelo menos lá, eu estarei fazendo algo realmente importante.

— Mas Jon...você não pode ir! – Arya começou a chorar desesperadamente e o bastardo a abraçou contra o peito – Por favor, não vá! Fique aqui, comigo!

— Irmãzinha...eu tenho que ir. Não sou filho legítimo de lorde Stark, não tenho sequer um lugar para cair morto. Como disse, lá eu terei alguma importância. Quem sabe até me torne Senhor Comandante um dia – A menininha não desgrudou do rapaz, que ainda a mantinha junto de si – E quando isso acontecer, eu vou voltar à Winterfell para ver seu matrimônio, ouviu? Não é possível que até lá você ainda não tenha casado. E quero conhecer os filhos de Meri também, já vão ser rapazes e moças fortes, mas tomara deuses que puxem a mãe. Se nascerem com o gênio de Theon...

— Eu não quero esperar até lá! Eu quero você aqui, quero que me veja crescer e que me ajude a treinar com espadas, como sempre fez! – As lágrimas rolavam com violência por seu rosto corado. Jon também queria chorar, mas se segurava ao máximo pela irmãzinha.

— Ary...você é uma guerreira, e guerreiras não choram – Disse, segurando o queixo fino da garotinha – eu não estarei aqui de corpo, mas meus pensamentos e meu coração estarão voltados à você, milady. Eu nunca a esquecerei, e espero que você faça o mesmo. Agora pare de chorar e vamos até a cozinha, quero ver se encontramos algumas tortas de nozes, o que acha? – Arya sorriu, secando as lágrimas com a palma da mão e se levantando para que o irmão pudesse fazer o mesmo. Seguiram de volta para o castelo em profundo silêncio, até que a loba agarrou o futuro patrulheiro e novamente enterrou-se em seu peito.

— Eu amo você, Jon. Lembre-se sempre disso – Surpreso, o rapaz retribuiu o gesto novamente e beijou-lhe a ponta do nariz.

— Eu também te amo, lobinha. Você não faz ideia do quanto – Ambos deram as mãos e continuaram sua caminhada até as despensas de Winterfell.

Enquanto isso, Theon descia as escadas da torre do quarto da moça apressadamente, em direção à cidade além dos portões de Winterfell. Estava feliz; ainda que seu casamento significasse o final definitivo de sua vida boêmia, não se importava mais tanto assim com isso. Iria se casar em breve com Mereena, a mesma garotinha de olhos verdes a qual servira e ensinara arquearia desde que chegara ao Norte. A mesma menininha que um dia adormecera em seus braços durante as violentas tempestades e que vira se transformar em mulher. O Greyjoy não estava se reconhecendo; desde quando ficava animado com um casamento? Nas poucas vezes que Ned o questionou sobre a vontade de ter uma mulher verdadeira para quem pudesse voltar para o colo todas as noites, sua resposta sempre foi um simples e decidido não. Tinha todas que quisesse quando quisesse, para que ter alguém para dar satisfações? Agora porém, imaginava quais seriam as feições de Lorde Stark ao saber que em breve, o tomaria novamente como um filho, mas um filho com vontade de se casar com sua primogênita, a futura Rainha do Norte – e agora também das Ilhas de Ferro – Mereena Stark, cuja beleza era conhecida por todos os Sete Reinos. Aqueles que outrora conheceram a Jovem Loba, Lyanna, juravam que a menina era a encarnação viva da tia, com as mesmas feições delicadas e o mesmo gênio, embora essa última característica não fosse comentada na frente da família protetora do Norte. Era uma das duas filhas que puxara todos os traços do lado do lobo da família, e como o rei costumava falar, “ela é Ned de saias, com um sorriso mais exposto no rosto. Diferente do pai, essa menina sabe o que é encantar a todos apenas curvando os lábios”. “E que lábios!”, pensara Theon, enquanto descia o último lance de escadas e se lembrava dos beijos que haviam trocado lá em cima, nos aposentos da jovem.

De repente, lhe veio à cabeça uma imagem da noiva vestida com um longo vestido branco, feito de peles lhe cobrindo além dos pés. Os cabelos castanhos que o rapaz tanto gostava de cheirar estavam presos em um elegante coque, deixando o pescoço alvo e alongado da loba à mostra, e ostentavam uma elegante carreira de pedras preciosas, que ressaltavam ainda mais a cor dos olhos da moça. O Greyjoy sorriu com essa visão; ela estava linda, mas aquilo não era novidade. Será que Mereena também estava imaginando-o vestido para o casamento? Ele esperava que sim.

Passou sonhador pelos portões e vagava pelas ruas procurando o melhor ferreiro do local para que mandasse forjar um anel para a donzela Stark, com um lobo e um kraken, mostrando assim o enlace das duas grandes casas.

— Mas olhe só se não é o Greyjoy!

Theon virou a cabeça na direção de quem havia pronunciado seu nome. Ficou sem reação ao descobrir. Uma mulher com fartos e volumosos seios, olhos castanhos bem marcados e porte de cigana sorria maliciosamente para ele. Em outras épocas, ele teria retribuído-a, mas não agora. Virou-se e estava prestes a voltar a andar quando uma mão tocou em seu ombro. Era ela. Como era mesmo seu nome? Kyra.

— Pensei que tinha se esquecido de mim.

— Não me esqueci – O rapaz tirou rápida e brutamente o membro da mulher de seu braço – Mas tenho que ir. Você é assunto do passado para mim. Tenho um compromisso agora.

— Já fiquei sabendo. É com aquela virgenzinha da filha do Stark, não é? Pensei que você fosse esperto, meu senhor. Tão sonsa...deve ser uma idiota na cama. Até um porco deve fazer mais que ela quando está fodendo – Ao ouvir aquilo, a raiva subiu à cabeça do protegido. Kyra havia sido sua amante por muito tempo, desde o tempo em que sua então noiva tinha seus onze dias de seu nome.

— Mereena. O nome dela é Mereena – Disse, com o rosto vermelho, mas não sabia dizer se era de cólera ou de vergonha – O que você quer?

— Mereena. Nome estranho para quem mora no Norte, não? Me lembra Mereen, ou algo relacionado ao mar.

— Significa salva pelo mar. Mas isso não importa para você. Diga logo, o que você quer? – A cortesã sorriu, mostrando os dentes brancos que destacavam de sua pele morena. Theon não gostou daquilo.

— O que uma prostituta pode querer com homens? Eu quero uma noite com você – Apertou o membro do rapaz – e com o seu amiguinho. Estou com saudades. Dos dois – O Greyjoy se controlou para não gemer, pois confessava estar um pouco excitado. Não por ser exatamente aquela mulher, mas porque qualquer estímulo em suas genitais fosse o suficiente para se lembrar do assunto inacabado com Mereena naquele dia, mais cedo.

— Já lhe disse que estou comprometido. Então por favor suma daqui, e não volte mais a falar comigo, entendeu? – Afastou a mão da meretriz com certa força, parecendo duro. Kyra se encolheu por um momento, mas riu logo em seguida.

— Ah, Greyjoy...você ainda me quer, e eu posso te querer também. Se mudar de ideia, sabe onde me encontrar. Adoraria carregar um bastardo do futuro Rei do Norte – Theon se virou, sem responder, indo em direção ao estabelecimento de Mikken, o velho ferreiro e armeiro de Winterfell.

— Senhor Mikken? – Chamou o velho, entrando na forja. O outro homem estava sentado, polindo uma espada muito bela, com algo que ele não conseguia identificar no botão. O filho de Balon percebeu que ele rapidamente escondeu a arma assim que notou sua presença. Limpou as mãos num pedaço de tecido vagabundo e se virou para o cliente.

— Senhor Greyjoy! Veio encomendar uma adaga, hãn? Tenho umas muito boas aqui, venha ver. Terminei algumas ontem e...

— Mikken, eu vim por outro motivo. Quero que faça um anel – O velho o olhou assustado – não para mim, Sete Infernos! Para uma jovem. Preciso que forje duas figuras. Um kraken em ouro, cujos tentáculos sejam a base da sustentação do anel – O ferreiro correu para pegar alguns pedaços de carvão para desenhar o modelo da joia. Não era muito bom com desenhos, mas deveria prestar.

— E qual seria a outra, jovem Theon?

— Um lobo. Quero que este seja feito em prata, e que ele esteja abaixo do outro animal. Preciso que faça muito bem feito, e eu lhe pagarei um alto valor como recompensa – Mikken sorriu, mostrando os dentes – ou a falta deles.

— Esta seria uma aliança para a tal jovem, hun? – Greyjoy franziu o cenho. Ancião xereto – Ah, sim. Para a senhorita Mereena, aposto. Por sorte tenho a medida de seu dedo ainda recente, Ned veio não faz muito tempo encomendar um anel para a menina, muito bonito que ficou. Ela vai gostar, senhor Greyjoy, tenho certeza. Farei perfeitamente e tratamos do pagamento depois.

— Espero que faça mesmo. É ótimo no que faz. E terá sua recompensa, lhe prometo.

— Como quiser, meu futuro Lorde – Theon virou-se e saiu da forja com a capa farfalhando atrás de si. Iria voltar para as cozinhas de Winterfell em busca do melhor e mais doce vinho do Verão que encontrasse por lá para brindar com sua futura esposa o noivado dos dois. Ele particularmente preferia um bom odre de cerveja, mas sabia que Mereena não suportava tanto álcool assim. No fim, a vontade da prometida prevaleceu, e o kraken acabou encontrando uma garrafa no fundo das despensas, pegou dois cálices e subiu discretamente aos aposentos da donzela.

Mereena estava acordada novamente, dessa vez escovava seus cabelos distraidamente com Iron aos seus pés. Vez ou outra acariciava sua loba ou beijava-lhe o focinho. Assustou-se levemente quando ouviu a porta sendo aberta, mas sorriu ao ver quem entrava.

— Tardou em retornar – Theon entrou, trancando a porta e sentando-se aos pés da cama onde se encontrava a filha de Ned. Ele suspirou. A menina havia trocado as roupas por uma camisa de dormir translúcida, que exibia suas curvas nortenhas e expunha levemente o vale de seus seios, já não tão pequenos. Sua pele branca ainda tinha os curativos, mas cheirava à flor de maçã. Os cabelos outrora ajeitados caíam suavemente por seus ombros, lembrando-lhe sua infância, quando não os prendia por nada nesse mundo – Achei que houvesse arranjado outra diversão. Se é que me entende.

— Não poderia. Não terminamos nosso joguinho de hoje mais cedo. Não pude parar de pensar nisso – Aproximou-se da jovem enrubescida, roubando-lhe um beijo – Trouxe vinho. É de Verão, sei que você gosta. Vamos, pegue.

— E a quê vamos brindar? – Meri tomou uma das taças das mãos do protegido, que sorria voluptuoso.

— Ao nosso noivado – Juntaram as pratarias que fizeram um som tilintado. A futura rainha do Norte bebeu tudo num só gole, adorava aquela bebida adocicada – Como se sente?

— Feliz. Mas com um pouco de dor – A donzela sorriu levemente, pegando nas mãos do noivo ao seu lado – E você?

— Mais do que feliz, milady – Tornaram a se beijar, dessa vez de maneira mais voraz. Theon colou seus corpos com as mãos fortes e mordiscou delicadamente o pescoço da jovem que gemeu. Vê-la ali, em seus braços, tão extasiada, o fazia crer que fizera a escolha certa – Gosta disso? – Disse, provocativo, com um sorriso maroto em seus lábios.

— Oh, deuses, sim...mas não é hora – O rosto do rapaz murchou. Era um homem! Tinha seus desejos e queria saciá-los, porém entendia que sua noiva queria se guardar até suas núpcias e isso ele teria que respeitar. Virou o corpo para deitar-se ao lado da moça e a puxou para si, afagando-lhe os cabelos – Theon?

— Diga.

— Eu amo você – O kraken traçou uma trilha de beijos por toda a mandíbula de Mereena, chegando em seus lábios e capturando-os suavemente.

— Eu também te amo, Lady Greyjoy - Sorrindo, os dois adormeceram abraçados, vez ou outra acordando para admirar um ao outro e sonhar com seu futuro juntos.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "As Crônicas de Gelo e Ferro" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.