Garota Valente 2: Era de Ultron escrita por Menthal Vellasco


Capítulo 16
Quer um conselho?


Notas iniciais do capítulo

Não sei muito bem o que dizer. Só que quero muito a terceira temporada! Então... divirtam-se!



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Não precisei explicar muita coisa aos professores ou ao reitor. 

E que bom que não. Entrei na sala de aula e já fui aplaudida. Não precisava disso e nem de muito mais. Meus colegas me saudavam e me chamavam de heroína. Não que seja ruim, já que eu nunca liguei para ser ou não o centro das atenções (sempre achei indiferente), mas eu só contaria para os meus amigos se eu tivesse uma identidade secreta. Mas como meus pais não tinham, isso acabou me impossibilitando de ter. 

— Ficou um bom tempo fora, hein Srta. Barton! - comentou a professora que estava na sala

— Lamento, Sra. Waters. Só não posso dizer que não vai se repetir. - sentei em uma das carteiras, ao lado de uma colega. 

— Não precisa se explicar. Todos já sabemos. 

Três palavras para deixar qualquer um completamente desconfortável: "Todos-Já-Sabemos". Me senti um tanto invadida. Como se derrubar uma cidade do céu fosse algo pessoal. Assenti e voltei minha atenção à professora que começava a aula daquele dia. Lindsay, a garota ao meu lado, era filha da professora Tâmega Waters. Andávamos juntas de vez em quando, mas nunca fui do tipo que andava com um único grupo. Acho que puxei do meu pai o costume de ser tão... sociável. Meu pai sempre gostou mais das pessoas do que minha mãe. 

— Já vi os Vingadores fazendo coisas incríveis, mas aquilo na Alemanha foi espetacular! - ela falou - Aliás, nunca te vi de preto e branco na minha vida. O que houve? Pegou do guarda-roupa da sua mãe? 

— Claro que não! É que... eu não estou afim de chamar a atenção. Mais neutro que preto e branco? Impossível. 

— Possível sim! Você nem está tão discreta nessa roupa. Ela é maneira! Mas eu entendo, Merida. Ser filha da professora tem muitas desvantagens e as vezes, você quer passar despercebida para não passar vergonha. 

— Meu problema nem é esse, Lindy. 

— Claro. Nem todos os alunos da faculdade salvaram o mundo. 

"Algumas vezes", pensei em acrescentar. Mas salvar o mundo mesmo, de algo que pudesse ameaçar toda a humanidade, acho que só aquela vez. Não foi a minha primeira de heroína, mas foi a maior. As horas passavam, as matérias mudavam, e eu queria muito ir para casa. Me perguntava onde estava toda a euforia que me encheu durante a luta, ao ver aquela nave enorme sair dentre as nuvens ou de ter reencontrado minha amiga. 

Ainda não tinha tido tempo para tirar carteira de motorista, mas o problema já estava sendo resolvido. Porém, não estava mais jurada de morte pela Hidra, ou seja, não havia necessidade de Happy me levar e trazer. Então, como sempre, volto para casa de taxi. Dês de 2024, os taxis nos EUA são obrigados à dar gratuidade aos alunos de escolas, colégios e universidades. Parece que isso chegou em alguns países, mas não no Brasil e outros que não estão entre as maiores potências. Quando cheguei à Torre, reparei o quanto eu estava esgotada daquele dia. Larguei minha mochila no sofá, mas quando eu ia na direção do meu quarto... 

— Filha! - chamou meu pai. 

— O que foi? - perguntei. 

Me sentei e tirei meu cabelo das costas, passando-os para o ombro direito, expondo minha tatuagem. Meu pai se sentou ao meu lado. Não estava muito sério, na verdade, até feliz. Abriu um sorrisinho e disse. 

— Se lembra de que eu ou sua mãe mencionamos morar em uma casa aqui perto, antes de... você sabe. O cinema. 

— Vagamente. Lembro um pouco da descrição do meu vestido de 16 anos. Mas a casa não. 

— Vamos voltar para lá. - o encarei surpresa - É que... o Stark disse que está montando uma Base para a gente, aqui na cidade, mas em um lugar mais discreto, e sugeriu que morássemos separados. Não fui eu quem decidiu, mas eu precisava te contar. 

— Por que vieram para cá depois que eu voltei para DunBroch? 

— Era difícil. Quando você foi mandada para lá, com quatro meses, eu e sua mãe nos mudamos para aquela casa. Conseguimos, por quinze anos, conviver com o vazio que causava um único casal em uma casa de dois andares com três quartos. E nós nem usávamos para hóspedes, já que somos órfãos sem ninguém além o outro. 

— Soou romântico. - comentei. 

— De propósito. E o mesmo aconteceu. A levamos pra lá, mas não aguentamos mais quando você se foi pela segunda vez. Eu e sua mãe estávamos buscando um apartamento quando Stark sugeriu que todos morássemos juntos na Torre dele. Foi uma proposta quase irrecusável para nós. E agora, você estava sobre a proteção de nós, então preparamos aquele quarto. 

— Stark é um cara bem controlador. 

— É... mas muitos de nós não tínhamos para onde ir. Steve morava em Washington e era difícil para ele. Bruce não tinha um lugar para ficar, já que estava sempre fugindo. Thor também não tinha e o Tony já morava aqui com a Pepper. Já viu. Mas agora, Steve vai morar no apartamento da filha dele, nós três, ou quatro contando com o bebê, temos para onde ir, os outros estão vendo isso... a Torre não tem espaço o suficiente para nós todos e os novos Vingadores. 

— Eu entendo. Acho que pode até ser bom mudar. Precisávamos de um quarto para o bebê mesmo. - sorri de lado. 

— Que alívio. Achei que você ia surtar! - meu pai riu e suspirou aliviado. 

— Eu mudei muito, tá?! - afirmei – Mantenho minha opinião sobre o casamento arranjado, mas também não vou me opor à tudo. 

— Mas quer um conselho? Não podemos aceitar tudo o que nos é proposto o tempo todo. - ele afirmou - É sempre bom pensar por si próprio. 

— Deve ser por isso que tenho tendências rebeldes. - comentei. 

— Na verdade não. Eu não me consideraria rebelde. - ele afirmou – Seria se fosse preciso. Se por alguma razão, eu achasse certo. Mas é difícil. 

Quando eu ia dizer alguma coisa, Steve o chamou. Então me levantei e segui com minha mochila até o meu quarto. Precisava refletir um pouco na ideia de me mudar... de novo. Eu já morei em tantos lugares diferentes que achava algo irrelevante. De qualquer forma eu precisava deitar na minha cama e dormir um pouco, para refletir sobre a ideia. Mas é impressionante a forma como ninguém, quer que eu chegue lá. 

— Não sabia que tinha uma tatuagem. 

Me virei e encarei Wanda. 

— Está com a roupa de ontem? - questionei. 

— Eu tentei devolver a jaqueta para sua mãe, mas ela negou. Não tenho muita opção. Queria trocar, mas pelo que? 

— Talvez eu tenha algo. 

— Não. Não vou pedir emprestado. Pietro é inconveniente à esse ponto, mas eu não. Sinto muito. 

— Estou oferecendo. Não pode negar. - apontei o dedo pra ela na última frase, mas falando as duas em dom sério. 

Ela suspirou, como se não tivesse muita escolha. Abri a porta do quarto e arremessei minha mochila na cama. Caminhei até o clooset e mergulhei de cabeça, enquanto ela se sentava na minha cama. E olha que eu nem sabia que a jaqueta era da minha mãe! 

— Qual a história da sua tatuagem? - ela perguntou. 

— Nem toda tatuagem tem que ter uma história! - afirmei - Você só usa preto e vermelho ou tem preferência por outras cores? 

— Tanto faz. - ela respondeu – E uma coisa que marca permanentemente sua pele deve ter sim uma história por trás. 

— Bom... não exatamente. - peguei uma calça e a estendi - Vê se cabe em você. 

— Claro. - falou, se levantando - Está sendo gentil demais com alguém que não merece. 

— Você nos ajudou a salvar o mundo. É o mínimo que eu posso fazer. - falei, encontrando uma blusa que eu não gostava muito, lembrando que Pepper arrumou o meu guarda-roupa – Algo contra o cinza? 

— Não! Eu gosto. 

— Ótimo. - falei, pegando a buda de roupas – E sobre a tatuagem, - falei, me sentando ao seu lado - É meu antigo arco mirado para o arco do meu pai, que por sua fez, está mirado na direção do meu. É algo no sentido de "Tal pai, tal filha". Tipo... nós dois somos arqueiros e tal. 

— Você é mais apegada ao seu pai, não é? 

— Não, eu sou igualmente apegada aos dois. Ao mesmo tempo que eu acho minha mãe uma heroína a pesar de todos os fatos envolvendo a história dela, eu tenho meu pai como meu grande mentor e ainda sinto que sou só uma aprendiz perto dele e, bom, você viu minha tatuagem. 

— E se você tivesse que escolher entre apenas um? 

— Quer um conselho? Não pense nisso. Apenas aproveite e ame quem merece ser amado. Você merece ser feliz depois de tudo o que a Hidra te fez passar e eu te ajudo com isso. 

— E... eu nem sei como agradecer. - ela comentou, com a voz embaralhada e um sorriso sem graça. 

Eu a abracei porque sabia que ela precisava de um abraço. E ela retribuiu com tamanha força que não me arrependi. Eu sabia que ela precisava daquilo. E eu sou do tipo que gosta de ajudar. Nem sempre foi assim, mas eu mudei muito de uns tempos para cá. 

— Agora é melhor você ir tomar um banho. - falei, a encarando - Eu procuro um vestido se a calça não der. Acho que pode ficar larga. 

— Obrigada. 

— Pode usar o meu banheiro, se quiser. 

Então ela seguiu para lá sem dizer mais nada. Acho que estou sendo altruísta demais para o meu gosto. Faz um pouco de sentido. Nunca vi uma pessoa que precisasse tanto. Espero que eu não fique permanentemente assim. Vai que as pessoas decidem abusar disso ou sei lá. De qualquer forma, essa coisa toda de ajudar os outros está sendo nova para mim. Nunca fui desse jeito. 

Bom, isso pode não ser ruim... 


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado! Os próximos capítulos não vão ser muito animados, infelizmente, mas eu estou esperando que continuem lendo até o fim, mesmo que fique um pouco chato. Estamos na reta final!
Obrigada a todos!