Faltava um dia para a festa da concha, os meninos não estavam aguentando ficar naquela cela só comendo pão com manteiga e café com leite. Se encontravam deitados cada um na sua respectiva beliche em meio a devaneios, as vezes fazendo alguns comentários vagos. Os devaneios foram interrompidos pelo delegado Klaus que acabara de chegar com o monitor responsável pelos trabalhos voluntários. Assim que escutaram o barulho dos passos dos dois, os meninos deram um pulo da beliche.

— Este é o monitor Franz. Ele vai lhes explicar o que terão que fazer.

Depois das devidas apresentações, os meninos foram para a praia junto com o monitor. Chegando lá, tinha mais alguns voluntaristas. Havia vários utensílios para ser montados  e organizados. O monitor Franz informou os deveres de cada um detalhadamente. Além de ajudar na decoração da festa, os meninos teriam que trabalhar de garçons. Bill ficara encarregado de servir os salgados, Tom encarregado de servir as bebidas, Georg de servir os petiscos e Gustav de servir os docinhos.

Passou algumas horas até tudo estar lindamente decorado. O sol já estava se recolhendo.

— Queria tanto curtir a festa. —  Bill colocou uma florzinha azul no bolsinho da camisa do uniforme.

— E quem disse que não vamos? — Tom ajeitou sua gravata borboleta.

— Olha lá hein, Tom. O que você está querendo aprontar? — Gustav penteou o cabelo para trás com um pente.

— É verdade, estamos aqui para trabalhar. — Georg arrumou a gola da camisa.

— Vocês acham mesmo que eu vou ficar só cumprindo meu papel de garçom? Fala sério! — continuou Tom.

— Você tem razão. — respondeu Gustav.

— Quem estamos enganando? Vamos dar um jeito de se divertir! — exclamou Bill.

— Pois é, merecemos. E muito. — concluiu Georg.

A festa acabara de começar, algumas pessoas dançavam ao som de um violão enquanto outras estavam sentadas nas almofas conversando.

Tom ia servir algumas bebidas quando tombou com Gustav.

— Ei, cuidado! —Tom arrumou os copos na bandeja.

— Desculpa... Ei, me passa um refrigeramnte aí que eu te passo esses quindins — cochichou Gustav.

— Demorou! 

Gustav passou um quindim para a bandeja de Tom. Tom ia passar um copo de refigerante para Gustav quando avistou o monitor se aproximando. 

— Deixa esse copo aí, coloca esse quindim na boca, rápido! — alertou Gustav.

Tom escutou o amigo e levou o quindim até a boca. 

— Como estão indo? Deixe-me ver as bandejas. Certo. — Franz anotava em sua prancheta.

Com o quindim na boca, Tom esboçou um leve sorriso e saiu de fininho. Gustav o acompanhou.

— Essa foi por pouco! — Gustav passou a mão na testa.

— Toma o seu refrigerante. — Tom colocou um copo na bandeja do mesmo.  — Agora vou encontrar o Bill para pegar uns salgados. 

Enquanto serviam, ficaram neste troca-troca. E sempre disfarçando para o monitor não perceber. Bill e Georg também entraram no embalo. 

Os meninos entraram no quiosque para pegar mais alimentos para servir, o monitor foi até lá também para ver como estava indo o serviço. 

— Vou dar uma pausa para vocês comerem e descansar um pouco. Mas enquanto dois ficam na pausa, os outros dois vão ficar servindo — disse Franz.

Gustav e Georg foram os primeiros a fazer a pausa.

— Inventem alguma coisa para dar um perdido! — cochichou Georg para os irmãos Kaulitz.

— Mas é claro! — respondeu Tom.

— Eu e o Gustav vamos comer rapidinho e depois vamos alí no cais dar um passeio de barco. Se vocês conseguirem encontar a gente lá!

— Mas acho que não vai dar certo. Ele vai achar estranho eu e o mano também ter sumido — informou Bill.

— Conseguindo encontrar a gente no cais ou não, se divirtam! Nem que seja servindo. Eu e o Georg vamos fazer o mesmo quando for a pausa de vocês. — Gustav piscou para eles e foi comer alguma coisa com Georg.

Bill e Tom voltaram a servir estando sempre de olho na mesa em que Gustav estava com Georg.

— Eles levantaram! — disse Bill tão empolgado que esbarrou na bandeja de Tom fazendo cair todos os copos de refrigerante. Ambos se sujaram.

— Oh! Você é um gênio Bill! — Tom abraçou o irmão de felicidade.

Largaram as bandejas na areia e foram correndo em direção ao mar. 

— Ok, vamos só molhar um pouco da camisa na parte que caiu o refrigerante... — Não deu tempo de Bill terminar a frase quando Tom o pegou pelo braço e o levou um pouco mais para o fundo do mar.

— Você está... louco? E... se o Franz... nos encontra... assim? — disse Bill pausadamente de tanto dar risada.

— Estamos na chuva, agora é para se molhar! — Tom deu um mergulho.

— Olha só Tom, o Georg e o Gustav alí no cais, vamos pegar o barco com eles! — Bill apontou para o cais.

— Você me dizendo isso Bill? Não estava aí todo certinho? 

— O que os olhos não veem, o coração não sente! Bora! — Puxou Tom para fora do mar.

Estavam indo para o cais, no meio do caminho o monitor os para.

— Por que as bandejas estão jogadas na areia? E por que vocês estão encharcados? — perguntou calmamente.

— Ah, aconteceu um acidente. — disse Bill esfregando a mão no cabelo para tirar um pouco de água. — Eu esbarrei no Tom e derrubamos todos os refrigerantes. 

— Aí fomos tentar limpar essa sujeira no mar, mas aí veio uma onda enorme e nos molhou — Tom fingiu estar chateado.

— Nossa rapazes, entendo perfeitamente. E o mar está um pouco agitado, realmente. E agora vocês terão que servir molhados, porque não tem outro uniforme. Vou chamar o Georg e o Gustav, acho que eles já descansaram o bastante. Sentem um pouco para secar a roupa.

— Nãooo precisa! Serviremos assim mesmo. — Bill respondeu rapidamente quando Tom fez um sinal de que vira os dois entrando no barco neste exato momento. 

— Mas eu vou chamá-los. Está na hora deles voltarem mesmo.

— O Gustav n-não está... m-muito bem da barriga e o G-Georg está e-enjoado! — Bill disse gaguejando um pouco. 

— Mas onde eles estão? Não os vi na mesa — Franz afirmou confuso.

— É, esquecemos de te avisar que eles foram na farmácia comprar um remédio — informou Tom.

— Entendo. Eu quando venho a praia fico quase sempre assim. Mas da próxima vez, peçam para me avisarem.

— Ah, tudo bem — ambos responderam.

— Então continuem a servir enquanto eles não chegam. — Franz foi para outro canto.

— Essa foi por pouco! — Bill suspirou aliviado.

— Ele caiu direitinho! Nós somos demais mano! — Tom ria bastante junto com Bill.

Enquanto isso no barco, Georg e Gustav estavam se divertindo bastante.

— Nossa Georg, você está muito pálido! — Gustav olhou espatando para a cara do mesmo.

Georg não dizia nada, apenas ficava fazendo careta com as mãos segurando a barriga.

— Seu marinheiro, já estamos chegando? — perguntou Gustav. 

— Sim, chegaremos daqui cinco minutos.

— Gustav, acho que comemos rápido demais para vir pra cá. Eu acho que vou vomitar! — Georg não aguentou mais nem um segundo sequer e botou tudo o que estava lhe incomodando para fora. Gustav batia bem de leve nas costas de Georg enquanto o mesmo vomitava.

Passaram uns vinte minutos e Bill os avistou chegando. Georg já estava super bem depois de ter vomitado.

— E aí, como foi? Achei que tinham se perdido — disse Bill sobre a demora deles.

— Foi muito divertido. — respondeu Georg. — Tirando a parte que eu vomitei.

— Georg, finja que ainda está um pouco enjoado. Não me pergunte o porquê, só finja. — Bill avistou Franz se aproximando.

— E aí rapazes! Achei que estavam perdidos ou algo assim, já estava ficando preocupado. Como estão? Já tomaram o remédio?

— Sim. Só um pouco nauseado, mas está passando — Georg respondeu.

— E você Gustav? Já parou o piriri?

— Ah sim, claro. O remédio que eu tomei é muito bom! — Gustav lançou um olhar para Bill que o mesmo deu uma risada sem graça.

— Então já podem voltar a servir, não é? Podem ir fazer a pausa de vocês, Bill e Tom.

Georg e Gustav voltaram a servir sem entender nada daquela conversa.