A outra dimensão; escrita por Val-sensei
Lin sentou-se na cadeira e o encarou de uma forma curiosa sem saber se tudo aquilo é um sonho ou realidade.
— Lin aqui é o mundo dos sonhos, onde todos os sonhos das pessoas estão em uma parte do cristal, protegida por dez guardiões, porém o décimo guardião se tornou mal e caiu na escuridão e Ayane é a menina que veio nos salvar.
— Está dizendo que a Ayane será a heroína daqui? - ele disse meio apavorado.
— Sim é o que está escrito na profecia.
— Profecia? - ele perguntou erguendo a sobrancelha
— Vai ser difícil explicar, mas eu vou por partes, ok.
— Certo.
— No seu mundo existem várias pessoas e elas têm sonhos de construir casas, ir morar em outros pais e por aí vai. Então esses sonhos vêm para cá e forma um cristal no meio da floresta onde o mesmo se dividindo em dez partes e cada parte é protegida por um guardião que é escolhido na aparência do reflexo do coração visto pelos espelhos; ou seja, eu sou o seu reflexo nesse mundo por que você tem um coração puro e carregado de esperança.
Lin ficava cada vez mais assustado e sem entender nada.
— Mas Deci ficou malvado, não sabemos por que e então ele começou a nos dar problemas e foi aí a Ayane apareceu aqui.
— Mas como isso é possível? - Lin não entendia nada. - Ayane está em coma no hospital.
— Enquanto eu sou o seu reflexo, o salvador é a alma que está entre a vida e a morte por um motivo, ou seja, Ayane sofreu um acidente e agora sua alma está presa aqui nesse mundo para nos ajudar, se ela morrer aqui, ela morre no seu mundo e se ela morrer no seu mundo ela morre aqui.
— Isso é confuso e meio maluco - ele fala e o encara.
— É sim, te chamei aqui, por que não posso deixar minha parte no cristal ficar negro, o que está sendo difícil para caramba.
Lin então pode ver a parte do cristal em sua frente e mais da metade já estava negra.
Lin ficou pensativo e disse:
— Mas se você é meu reflexo, quem é o reflexo desse tal de Deci e como eu posso ajudar?
— Deci é o reflexo do irmão da Ayane, mas não sei por que ele perdeu o seu foco e ficou dessa forma que está e Ayane precisará de muita ajuda para salvar o nosso mundo e o seu, por que se o cristal se corrompe, todos no seu mundo vão perder tudo e qualquer tipo de esperança que existe.
Lin começou a piscar seu corpo e Royne percebeu.
— Preciso te mandar de volta, ou nossa existência se perderá - ele disse uma língua doida e Lin se viu no hospital de novo, mas ainda estava meio confuso. Foi até o banheiro masculino e logo parou em frente ao espelho e se viu normal.
— Será que foi sonho ou eu estive mesmo com ela? - ele se perguntou ainda olhando no espelho. Sentiu o calor em seu coração então ele deu um sorriso. - Eu realmente estive com ela no mundo dos sonhos - Lin saiu do banheiro mais esperançoso e foi saber notícias da garota.
Quando ia entrar no quarto viu o irmão dela chorando e pegando em sua mão.
— Décio está tudo bem?
— Não...
— A Ayane vai ficar bem, eu sei que vai.
— Ela não vai e por sua culpa... Eu nunca mais vou ver o rosto dela, o sorriso dela e... - ele passou a mão nos olhos.
Lin abaixou a cabeça, mas tomou coragem e se aproximou dele colocado a mão no ombro.
Décio tirou a mão do ombro dele com estupidez e o encarou o puxando para fora pelo colarinho o arrastando o pelos corredores do hospital assustando algumas pessoas e rapidamente ele chegou a porta que dava acesso a calçada, saiu por ela e deu um murro na cara de Lin e ele apenas virou o rosto cuspindo saliva.
Lin voltou a olhar para ele e disse:
— Se me bater vai te aliviar ou trazer a Ayane de volta, pode-me espancar a vontade, mas acho que a Ayane não ia gostar dessa sua atitude - ele o encara de um modo sério e determinado, esfregando o local do soco com uma das mãos.
— Mas a culpa é sua e foi você que tirou todos os sonhos dela e eu nem pude dar uma vida digna para ela - ele o encarou e passou a mão no rosto.
— Eu também estou triste Décio, foi um acidente que eu não esperava machucar uma pessoa, porém eu acredito que a sua irmã vai ficar bem e você vai poder vê-la sorrindo de novo.
Décio olhou para ele e o encarou sério e viu os olhos de Lin marejados e cintilando o azul da cor do céu.
— Se quiser podemos conversar - ele deu um sorriso singelo.
— Sim - ele voltou para dentro do hospital e caminhou até a capela novamente sem dizer uma palavra.
Lin e Décio sentaram no banco de frente a um altar e Lin virou para ele e disse:
— Já te disse isso e vou repetir mais uma vez... - ele fez uma pausa. - Não queria atropelar a Ayane, foi um acidente e estou assumindo todas as consequências desse acidente junto com meus amigos e fazendo quase o impossível para sua irmã acordar e dar um sorriso a vocês, mas se me bater e me culpar vai aliviar a sua dor, você pode fazer se quiser - Lin abaixou a cabeça e esperou resposta.
— Te dar esse soco já me ajudou um pouco, mas não posso ficar te culpando, pois eu também tive um pouco de culpa - ele olha com pesar.
— Como assim? - Lin queria entender.
— Quando Ayane nasceu eu tinha cinco anos e eu olhei para aquele bebê e senti muito ciúmes dela, pois minha mãe sempre dava mais atenção a ela do que para mim´0, então uns anos depois eu comecei a vê-la como uma irmã chata, brirrenta e marrenta e eu sonhei em dar uma vida melhor para ela e para minha família, foi então que a Ayane sofreu uma doença muito grave e tudo que tínhamos foi no tratamento dela logo ela ficou boa, mas por causa do dinheiro que gastamos, meus pais teve que mudar para uma casa menor e mais barata e eu tive que parar de estudar e começar a trabalhar para ajudar a minha família e dar uma vida de princesa para minha baixinha, mas nunca consegui, nunca voltei a estudar, nunca consegui dar uma vida mais digna a ela e nem me ofereci para buscar ela naquela festa... Eu sou um péssimo irmão - ele abaixou a cabeça sentido.
— E você queria estudar o que? - Lin queria saber.
— Eu queria muito estudar fora dos pais, estudar medicina e ajudar as pessoas como a minha irmã agora. Queria dar uma vida melhor a minha família... Mas nunca deu certo e só Ayane foi estudar e então com o dinheiro do meu trabalho comecei a dar livros para ela e ela começou a ler. Ela adora ler livros com magias e seu sorriso era tão grande ao ler aqueles livros, então eu comecei a gastar parte do meu dinheiro dando livros para ela e ajudando na minha casa com a vida financeira. ... Logo meu pai adoeceu e teve que parar de trabalhar e então Ayane que queria fazer faculdade de letras para lecionar, desistiu do sonho dela e começou a nos ajudar, mas nossa vida financeira nunca melhorou e nem o sonho dela eu pude realizar e agora ver ela assim eu sinto que eu poderia ter feito mais por ela, pela minha família... Meu sonho foi ficando esquecido e o dela também... Essa vida é tão injusta e desumana... - Décio abaixou a cabeça. - Antes do acidente eu ainda brinquei com ela e ela saiu para ir ver as amigas, e quando ela voltasse eu ia conversar com ela sobre isso, mas não deu e agora ela está ali em uma cama e eu nem posso conversar com ela.
Lin ouviu atentamente e viu que Décio estava triste por causa de tudo e do seu sonho que nunca foi concretizado, além do da sua irmã que ele não pode realizar, ou seja, suas expectativas de fazer tudo que queria morreram há um tempo e Lin sabia o motivo do reflexo do outro mundo ter ficado mal, pois refletia o seu coração desesperado e sem esperanças.
Ele sorriu a ele e disse:
— Eu vou falar com o meu pai e ele arruma emprego para sua mãe, Ayane e seu pai se ele já estiver bem... - ele colocou a mão no ombro dele e se você quiser consigo uma bolsa em um curso no exterior rapidinho para você, depois que a Ayane acordar é claro.
Décio o encarou meio incrédulo e tentando acreditar no que ele dizia.
— Pode acreditar, eu consigo rapidinho, mas claro que nesse momento você não vai querer ir vai?
— Não, claro que não - ele olhou com um leve sorriso para ele. - Mas como você vai conseguir isso tudo? - ele estava curioso.
— Meu pai tem ótimos contatos - ele sorriu, porém não entrou em detalhes.
Lin ainda ficou conversando mais um pouco com ele.
*****
Dil conseguiu deixar uma boa parte do seu cristal azul clarinho e viu Ayane o olhar e sorrir. Fen também olhava para ele e disse:
— Acho que eu consigo manter o seu cristal assim até você terminar o treinamento com a Ayane.
— O seu não foi afetado ainda - ele o encarou.
— E estou fazendo o máximo para ele não ser afetado - ele deu uma piscada para ele.
— Sinceramente eu queria saber como você consegue manter seu cristal sem estar perto dele.
— Simples Dil, eu mantenho o coração em chamas e acredito que podemos terminar com tudo isso e fazer com que todas as partes do cristal fiquem límpidas e carregadas de sonhos, como sempre foi - ele pisca para ele com um sorriso enorme.
— Eu queria ter essa esperança toda - ele sorriu e caminhou para perto de Ayane. - Venha mocinha, hora do meu treinamento - ele passou por ela e saiu pela porta que dava acesso a parte do seu cristal.
Acompanhei Dil e antes de sair da sala do cristal olhei Fen e dei um sorriso amistoso a ele e fechei a porta.
Dil entrou em uma sala onde tudo era em um tom azul cor do céu tinha pinturas de nuvens nas paredes na cor branca se misturando no azul, o chão parecia ser o próprio céu onde brilhava no mesmo tom de azul da sala.
Uma leve brisa entrava no ambiente trazendo o cheiro da aldeia em que Dil morava.
— Aqui tudo lembra a simplicidade do vento - vi ele olha a sala, volta o seu olhar quase todo branco para mim.
— Sim, dá para sentir uma leve brisa no ar - olhei para Dil e vi seus cabelos azuis bem claros balançarem com a brisa, seus olhos quase brancos sobre mim, sua roupa era muito parecia com as que o Royne usava, mas era uma camiseta branca e uma calça azul bem clarinho e que trazia um ar de paz.
— Ayane eu quero que você preste bem atenção em mim - ele me encara com um jeito sério e ao mesmo tempo terno e começa a fazer alguns movimentos com as mãos e de suas mãos as correntes de ar ali começam a ficar um pouco mais forte e ele fez um movimento com a mão e do meu lado foi dividida uma maçã que estava sobre a mesa mais no canto da sala.
— Você fez isso com a corrente de ar? - perguntei animada.
— Sim, mas o vento não é tão fácil de lhe dar como a água, a terra e o fogo, o vento você tem que sentir ele para poder controlá-lo ao seu favor.
— Eu quero que você tente primeiro sinta a brisa no ar - Dil se aproximou de mim.
— Senti a brisa passar por mim e balançar meus cabelos castanhos.
— Quero que concentre e pense em como controlar essa brisa - ele para do meu lado e sussurra palavras de magia daquele lugar, ou seja, a terra dos sonhos...
Senti o vento se mover em volta de mim, mas não consegui conduzi-lo.
— Bom quero que treine com essas palavras até você conseguir cortar aquela maçã, apontou para o fruto em cima da mesa e então eu comecei a treinar.
Dil ficou me observando enquanto eu tentava manipular o vento, mas estava sendo uma tarefa difícil, pois eu sempre errava e passava direto.
Tentei mais uma vez, mas o vento foi para o lado de Dil e se ele não abaixasse tinha cortado o rosto dele ao em vez do cabelo.
— Ayane cuidado - ele suspirou fundo e caminhou até mim. - Você não está se concentrando direito - ele me fez olhar meio triste. - Não é difícil assim controlar o vento.
— É sim - rebati emburrada.
— Vou te mostrar mais uma vez ok - ele me olhou meio com a maior paciência do mundo. - Preste bem atenção nas palavras e como o vento começa a se formar, depois mentalize acertando a maçã no caso, ela é a nossa mira - ele concentrou e disse com todas as letras o dialeto deles e o vento começou a mexer nos cabelos dele e logo a maça foi partida ao meio. - Sua vez - ele me deu um sorriso terno.
Respirei fundo mentalizei as palavras que Dil me ensinou a dizer e pouco a pouco senti o vento soprar em volta de mim e a sentir o mesmo como se ele fizesse parte de mim então eu olhei a maçã e lancei o vento em forma de bumerangue então a maçã foi partida ao meio.
— Muito bem Ayane – Dil me deu um sorriso meigo e bateu palmas. – O vento é o poder mais difícil de pegar, por que ele obedece ao seu coração.
Eu dei um sorriso amistoso então Dil virou-se para mim e disse:
— Agora quero que você tente misturar alguns poderes como o gelo e o vento, água e vento, terra e vento esses fogos não por que o fogo se esparrama muito e é mais difícil de controlar.
— Tenho que deixar vir do coração certo para manipular o vento e unir a esses que você me disse. – eu o olhei nos olhos.
— Não vai ser tarefa fácil, por que o os outros poderes você usa a concentração, mas o vento vem do coração, por que ele obedece de cima para baixo.
— Vou tentar – eu acenei com um sorriso e comecei a sentir o vento com o coração para depois me concentrar nos poderes que eu já tinha aprendido com os demais guardiões.
Os poderes se misturaram começando pelo vento e a água e eu fiz várias manobras com o poder em minhas mãos atacando bonecos de plástico que Dil colocou para eu treinar.
— Muito bom Ayane – ele me olhava com um olhar determinado.
Ele foi até o local onde estavam os bonecos todos danificador e os trocou com uma magia colocando novos.
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