Necessitados da Tecnologia escrita por nywphadora, nywphadora


Capítulo 3
After Hogwarts


Notas iniciais do capítulo

E a garotinha da carta, Jules, retorna.



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Uma mulher loira embalava a sua filha enquanto, com a outra mão, agitava a varinha.

— Jenson! — ela chamou, ainda concentrada na tarefa.

Seu marido não respondeu.

— Jenson! — ela chamou, mais alto.

Suspirou, frustrada. Fechou a torneira da pia e pousou os pratos sobre ela, tudo com a varinha. Pegou a filha e colocou-a para se sentar em uma poltrona.

— Tampa os ouvidos, Ginger — murmurou.

A garotinha arregalou os olhos, mas fez o que a mãe pediu.

— Jenson!

Ouviu-se o barulho de uma cadeira caindo e os xingamentos. Isso fez Jules agradecer profundamente pela sua filha ainda estar com os ouvidos tampados.

— Precisava desse escândalo todo? — perguntou Jenson, entrando na cozinha irritado.

— Precisava sim — explodiu Jules — Estou te chamando há 10 minutos e você não me responde. Eu tenho que lavar a louça, limpar a casa, cuidar da Ginger, eu trabalho...

— Já disse para você que posso ganhar o suficiente por nós dois — disse Jenson, dando as costas para ela e pegando Ginger no colo, que interpretou isso como um sinal para tirar as mãos dos ouvidos.

— Quando? Você só passa o dia inteiro na frente desse computador.

— É o meu trabalho!

— Te pagam para ficar o dia inteiro em casa mexendo nesse troço?

Jenson olhou irritado para ela que lhe observava incrédula.

— Tem ideia de quantas libras formam um galeão? — continuou Jules — O ministério paga muito melhor...

— Não vamos voltar nesse assunto de novo — disse ele, andando com Ginger de volta para a sala.

Jules olhou para a louça, agitou a varinha e foi atrás dele.

— Eu quero trabalhar em algo que gosto — disse Jenson, sentando-se de novo em frente ao computador.

— Mas você se dava tão bem com DCAT — ela argumentou — Não precisa trabalhar no ministério, tem tantos lugares que empregam... Você teve 8 NEWT’s.

— Jules, eu não nasci nesse mundo de magia. Qual o problema de unir o mundo muggle com o mundo bruxo?

— Tecnologia e magia não se misturam. Ou se esqueceu do aviso contra aparelhos eletrônicos que você tentou burlar várias vezes em Hogwarts?

— Para mim, vocês, bruxos, tem má vontade de fazer isso acontecer.

Jules olhou para ele sem conseguir acreditar no que ouvia.

— “Vocês, bruxos”? — repetiu — Você também é um.

— Mas é diferente. Meus pais não são! — argumentou Jenson.

— Você está falando como aqueles bruxos sangues-puristas.

— Você é sangue-puro.

— Mas não penso desse jeito, nem a minha família. Jenson, você queira ou não é um de nós. Tente conviver na sociedade muggle! Talvez não tenha tanta dificuldade por ter nascido nesse meio, mas você não é um muggle. Não vai ser a mesma coisa de quando você era criança.

Jenson revirou os olhos e voltou a sua atenção para a tela do computador.

— Você não pode ficar dividido — disse Jules.

— Está falando o que eu penso que você está falando? — perguntou Jenson, incrédulo — Não vou escolher!

— Não precisa. Já tá na cara a sua escolha.

Ela pegou Ginger do colo dele e voltou para dentro da cozinha.

— Ah, não! Você não queria conversar? Agora vamos conversar! — gritou Jenson, indo atrás delas — Eu definitivamente não sou igual a vocês. Esse estatuto de segredo é uma piada.

— Uma piada? Os muggles nos queimavam em fogueiras! Nos afogavam! — retrucou Jules.

— Isso foi há milhares de anos! Estamos na atualidade!

— Já que você gosta tanto disso, que tal abrir uma loja de consertos? Assim você espalha o nosso segredo para todos e pelo menos assim ganha mais dinheiro do que ganha nessa porcaria.

— Você sabia que eu não era nenhum cara rico quando casou comigo!

— Não se trata de dinheiro! Que droga!

— Jura? Porque você só fala nisso! Você disse que nós muggles éramos os cruéis da história, mas e Voldemort? Grindelwald? O estatuto do segredo não salvou. Se eu morresse, meus pais gostariam de saber a verdade e não um bando de mentiras inventadas por um departamento.

— Pensam que tudo pode ser resolvido com um manejar da varinha. É isso o que eles pensam! Se não nos queimavam nas fogueiras, ficavam esperando que resolvessemos a fome do mundo.

— Vocês não querem ajudar. Isso sim! Não é para proteção, é egoísmo!

— Pelo menos não temos preconceito por causa de coisas banais como cor de pele.

— Desde que seja bruxo.

— Protegemos os nossos iguais.

— Coisa que muitos pensam que não sou.

Jules riu entredentes, dando meia volta para levar Ginger a seu quarto. Aquela discussão ia demorar e ela tinha medo do resultado daquilo.

— Para isso não tem argumentos, não é mesmo? — disse Jenson, como se a discussão estivesse ganha.

— Você é um idiota! — rosnou Jules.

— Ah, claro! Eu quem comecei com isso!

Ginger olhava para a mãe assustada, enquanto ela lhe cobria em sua cama.

— Durma, meu bem — sussurrou Jules, acariciando o cabelo dela e dando um beijo em sua testa. Devia ter deitado-a antes.

Colocou um feitiço silenciador na porta do quarto e voltou a descer as escadas.

— Eu não aguento mais! — ouviu Jenson resmungar.

— Já que você questiona tanto os meus métodos, responda-me: no que essa sua tecnologia ajudou? Ela pode salvar uma pessoa que tenha perdido um membro? Pode consertar ossos quebrados?

— Não fazemos mágicas. Mas essa tecnologia tem ajudado muitas pessoas sim.

— Ajudado, claro. A serem mais preguiçosas! Os alunos do sétimo queriam colocar computador na biblioteca, francamente.

— É mais prático! Como você já pontuou, os bruxos poderiam ajudar e muito os muggles. Medicamentos, principalmente.

Jules balançou a cabeça, sentindo a garganta cansada.

— Eu te amo e muito, Jenson. Mas não dá mais! Esse tipo de situação só se resolve de uma forma: ou passamos a viver como muggles ou você larga disso e age como você é.

— E já estou vendo que seria muita vergonha para uma Deadwyler viver assim.

— Em algum momento você pensou na Ginger, nossa filha? Ela vai ser bruxa como nós e vai viver como muggle? Vivermos em uma região muggle com ela sofrendo magia acidental?

— Assim como eu e vários outros nascidos muggles fizeram.

Jules suspirou. Pensou que pelo menos a sua filha o faria pensar claramente, mas estava claro que nem assim. Ele estava dependente, como quem se vicia em uma droga.


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Notas finais do capítulo

História curtinha, mas espero que tenham gostado de compartilhar essa loucura comigo ^^