Nós voltamos para casa depois que nos formamos. Akashi começou a residência e depois de poucos meses, eu voltei também e comecei a trabalhar. Mary e eu começamos a trabalhar juntas e montamos um ateliê. Voltei a morar com minha mãe e dividia o quarto com Kyouta. Porém como ele tinha apenas dois anos, não ocupava muito espaço e eu ajudava minha mãe com ele.

Todos voltaram, Kime e Chihiro já estavam morando na casa dele, Yue e Kotarou se casaram assim como Naoko e Reo, que devo dizer as duas estavam lindas vestidas de branco. Quando Akashi e eu nos encontrávamos com eles para sair, parecia que voltávamos ao tempo de escola, conversando e rindo em uma lanchonete. Eu amava! Porém agora... Eu estava num cômodo atrás da igreja, terminando de me arrumar. Me olhava no espelho e estava muito nervosa.

– Por que o nervosismo? – Naoko perguntou rindo.

– Hum...

Ela estava com um vestido cor de vinho que tinha uma flor ao lado do busto, na alça.

– Vocês já dormem juntos mesmo. – Ela riu.

– Cala a boca, Naoko. – Yue disse – Você também ficou nervosa e dorme com Reo desde que saíam juntos no colégio. Você quis até fugir!

Naoko fez cara de tédio e Kime riu.

– Acho que é pelo fato de ficarem finalmente juntos. – Kime disse – Também fiquei nervosa.

– Você é doida. – Naoko disse – Se casaram na faculdade e a igreja estava vazia. Nem pra avisar pra nós irmos.

Kime deixou uma risada leve escapar.

– Gomen, gomen.

– Mas vai ficar tudo bem, Mina. – Yue sorriu pra mim.

Sorri.

– É. – Naoko disse – Ele não vai fugir.

Fiz cara de tédio e as meninas riram. Suspirei e voltei a me olhar no espelho. Meu cabelo estava preso no alto e cheio de cachos com a franja penteada para o lado, eu estava maquiada da forma mais fofa possível, como Yue disse, e meu vestido de noiva era toma-que-caia, justo no troco e com a saia estilo princesa. Eu usava luvas que passavam dos cotovelos e acabara de pôr o véu no cabelo. Suspirei de novo, acalmando o olhar e me perguntando se Akashi me acharia bonita daquele jeito. Tudo estava certo, todos estavam na igreja à minha espera. Eu queria logo dizer sim, mas ficava nervosa de ficar frente a frente com Akashi desse jeito. Mas por que eu estava pensando nisso? Ficávamos nus para dormir juntos, então por que eu estava nervosa por me casar com ele?

– Pára de fazer essa cara! – Naoko exclamou.

– Eh? – A olhei em dúvida pelo espelho.

– Parece que quer fugir. – Ela disse.

– Não. – Disse suave e sorri levemente – Acho que eu estou feliz.

Ela me olhou surpresa. Yue e Kime sorriram. Foram tantas coisas, tantas coisas para tentar nos separar. Minha baixa autoestima, meninas do colégio, Kime, Masaru-kun, distância... Mas... Estávamos ali prestes a nos casar. Eu sentia uma ponta de medo, mas estava realmente feliz por finalmente me tornar a esposa dele. Estava calma por fora, mas eufórica por dentro, como no dia que recebi o e-mail de admissão da faculdade. De repente minha mãe entrou no cômodo com Kyouta sorrindo. Eu o olhei e sorri, ele estava de terninho e levaria as alianças para nós no final da cerimônia. Olhei para minha mãe, ela estava com os olhos marejados. Fui até ela e a abracei, não era mais incomum eu demonstrar afeição. Havia conseguido evoluir.

– Não me faça chorar. – Pedi com a voz embargada – Onegai...

– Hai. – Ela disse, querendo chorar – Você está tão linda.

Sorri. Minha mãe agora tinha o cabelo preto em corte Chanel e nesse dia estava cacheado. Kyouta estava com o cabelo preto penteado para o lado, ficava cada vez mais parecido com Masaki, meu padrasto.

– Nee, já estão esperando. – Ela disse.

– Hum. – Sorri.

Yue levantou quase em um salto e correu para me dar meu buquê de rosas. Seu vestido era amarelo e seu cabelo estava penteado em um coque. Kime estava com um vestido azul e seu cabelo estava meio preso. Ela veio me abraçar, saindo junto com Yue. Naoko veio me abraçar também e disse cochichou no meu ouvido.

– Coloquei algo legal na sua mala. – Ela disse, sorrindo maliciosamente – Depois você vai ver.

Arregalei os olhos e ela saiu apressada do cômodo. Fiz cara de tédio, o que seria? Minha mãe veio me abraçar e logo saiu com Kyouta. Minutos depois meu pai veio me buscar e fomos para a porta da igreja. Ele estava com o cabelo marrom penteado para trás e sorria, me olhando.

– Nani? – Perguntei, achando graça.

– Você está linda como sua mãe. – Ele sorriu.

Eu sorri feliz. Abriram as portas e a música começou a tocar. Respirei fundo e começamos a andar pelo tapete vermelho. Um ano depois que Akashi me pediu em casamento e finalmente iriamos ficar juntos. Era uma sensação que parecia que eu explodiria de tanta felicidade e só havia meu sorriso como válvula de escape. Eu o vi no altar, ele estava lindo! Usava terno, o cabelo estava um pouco curto e ele sorria pra mim com um sorriso gentil e admirado. Meus olhos marejaram e quis chorar, mas me mantive firme e continuei a sorrir.

A cerimônia foi rápida e eu o sentia me olhar, sorrindo às vezes. Dissemos “sim” e Kyouta andou pelo tapete para nos entregar as alianças. Como voltei a morar com minha mãe quando voltei da faculdade, Akashi voltou a ir muito lá em casa e Kyouta começou a se acostumar em vê-lo sempre lá, o que o fez começar a gostar de Akashi, assim como Kou. Ele chegou e deu as alianças a Akashi com um sorriso no rosto. Akashi se endireitou e pegou gentilmente minha mão, pondo a aliança em meu anelar. Eu sorri e fiz o mesmo com ele, que sorriu.

...

Todos nós fomos para o salão e a festa foi incrível. Naoko dançava sem parar com Reo e Yue conversava com Kotarou, sorrindo e o beijando às vezes. Kime dançava colada com Chihiro e sorria sem parar. Minha mãe, Masaki e Kyouta dançavam juntos com Kyouta do colo de Masaki. Mary dançava com meu pai e Kou estava escondido, beijando Jun, sua namorada. Eu dançava com os braços em volta do pescoço de Akashi e sorria para ele enquanto ele sorria pra mim.

Depois da festa eu descobri o que Naoko pôs na minha mala. Akashi e eu fomos para o hotel e antes de passarmos pela porta, ele me pegou no colo de repente, o que me fez exclamar e rir pelo susto. Quando entramos no quarto e nos aproximamos da cama, deixei o ar escapar. Estava tudo a luz de velas, era romântico demais. Akashi me pôs no chão e eu comecei a ficar nervosa, não sei por que. Ele tirou o casaco do terno e afrouxou a gravata.

– A-Anou... – Disse – Vou ao... Banheiro um instante.

– Hum. – Ele sorriu.

Peguei uma mala pequena minha e fui para o banheiro. A coloquei em cima da pia e me olhei no espelho. Mesmo nós já fazendo há muito tempo, era uma noite especial. Eu tinha separado uma camisola bonita para usar e abri a mala para me trocar. Arregalei os olhos quando vi e comecei a vasculhar aquilo. Não eram as roupas que eu separei! Fiz cara de tédio, era isso que Naoko quis dizer. Ela mexeu na minha mala! Havia um monte de lingeries transparentes e camisolas que davam pra ver tudo! Fora os fios dentais e sutiãs minúsculos! Suspirei. O que faria agora? Akashi pensaria que eu era uma safada. O “menos pior” que tinha ali era um conjunto de calcinha e espartilho rosa com ligas para prender nas meias-calças. Corei absurdamente, mas tirei meu vestido de noiva e o vesti, soltando o cabelo em seguida Me olhei no espelho e me achei ridícula. Saí do banheiro, esperando que Akashi não risse de mim. Quando saí, ele não estava. Ouvi a porta da varanda correr, se abrindo e um vento entrar. Quando me virei o vi me olhando, surpreso.

– A-Anou! – Disse corada, tentando me cobrir – Naoko mexeu na minha mala e... Essa era a mais comportada. – Abaixei o olhar, envergonhada.

– H-Hum. – Ele ainda me olhava.

– S-Seijuro, não me olhe as...

Ele se aproximou e me beijou de repente, me abraçando. Corei e fechei os olhos. Ele me pegou no colo e me levou pra cama, me deitando nela, desabotoando sua camisa e a tirando. Se deitou comigo e aconteceu. Fizemos amor da forma mais ofegante e romântica possível. Depois daquela noite, nossa lua de mel foi em uma casa na praia que ele alugou para nós. Akashi adquiriu a mania de mexer na mala que Naoko arrumou pra mim e me fazer vestir todas as noites cada uma daquelas lingeries. Foram as experiências diárias mais intrigantes e constrangedoras que já tive.

Quando voltamos para casa, para nossa casa agora, visitei Naoko dias depois e ela sorriu maliciosamente pra mim, perguntando se eu gostei do presente. Corei, sorrindo levemente e tive que agradecer. Ela riu e disse que tinha outra surpresa. Perguntei o que era e ela corou, dizendo e quase gaguejando... Que estava grávida. Abri um sorriso e a abracei. Ela sorriu feliz.

...

~ Três anos depois... ~

Quase três anos depois e eu voltava do médico. Senti enjoos estranhos durante aquela semana e quis saber o que era já que não podia ficar doente na semana da minha exposição de quadros e esculturas com Mary. Quando soube o resultado, voltei para casa e esperei Akashi voltar do plantão. Preparei um jantar para nós dois e pus a mesa, esperando-o.

Quando ele chegou, o chamei para tomarmos banho juntos e ele se animou, sorrindo. Depois que nos vestimos, jantávamos e eu perguntei a ele como foi seu dia.

– Hum... – Ele pensava – Fiz três partos hoje, demoraram horas... – Ele suspirou – Depois uma cirurgia de coração. Deu tudo certo.

– Que bom. – Sorri levemente – Deve ter sido cansativo.

– Hai. – Ele sorriu, achando graça – Vou ter folga e dormir um dia inteiro.

Sorri, querendo rir.

– Eu fui ao médico hoje. – Comentei, continuando a comer.

– Nande? – Ele perguntou preocupado – Por que não falou nada comigo?

– Não quis incomodar. – Disse suave – Você estava de plantão desde ontem.

– E o que ele disse?

– Que... – Abri um sorriso feliz – Estou grávida de três semanas.

Akashi paralisou, abrindo um sorriso.

– N-Nani?

– Hai. – Sorri.

Ele levantou e veio me abraçar, me beijando em seguida. Akashi ficou realmente feliz, assim como eu. Ele pôs a mão na minha barriga e eu sorri feliz. Agora nós começaríamos uma família. Nosso próximo passo em nossa vida juntos.