Descobrindo o amor escrita por Lailla


Capítulo 2
Beijo inesperado


Notas iniciais do capítulo

Palavras a serem usadas:

*Chotto matte = espere aí, espere um pouco
*Heterocromia = Olhos com cores diferentes
*Iie = Não
*Wakatta = Entendi



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Fui para casa e me tranquei no quarto. Que vergonha!

Oe, Mina! Daijoubu?— Minha mãe me chamava do lado de fora.

Eu não respondia. Naoko me ligava assim como Yue, mas eu não atendia. Suspirava me lembrando do meu vexame. Ele me olhou nos olhos, eu vi os olhos dele! Tirando Naoko, Yue e minha mãe, eu nunca olho nos olhos das pessoas. E os dele... Eram intensos.

— Argh! – Bufei alto. Que vergonha!

Mina!— Minha mãe exclamou.

— Daijoubu! – Exclamei.

...

No dia seguinte, eu andava pelos corredores esperando a próxima aula. Yue veio correndo em minha direção com Naoko andando calmamente logo atrás dela, recuei uns passos.

— *Chotto matte! — Yue exclamou me segurando pelo braço.

— Hum...? – Gaguejei – Nani?

— O que houve ontem? – Naoko perguntou, cruzando os braços calmamente – Perdi você de vista.

— Hum. – Desviei o olhar – Fui pra casa.

— Baaaka. – Ela disse – Por que reagiu daquele jeito? – Ela riu – Você só caiu em cima do Akashi.

— Hum, eu sei. – Disse com ar deprimido.

Akashi Seijuro: ruivo, altura mediana – mas era mais alto que eu –, olhos com *heterocromia e bastante popular. Não acredito que tinha que cair justamente em cima dele! Um suspiro escapou.

— Nani? Nani? – Yue cantarolou – Você caiu de amores por ele também? – Ela riu – Nee? “Caiu”. – Ela gargalhou.

— Sem graça, palhaça. – Naoko disse com cara de tédio.

Minha frustação apenas piorou. Naoko se virou para mim.

— Ne, Mina. Vamos ao karaokê hoje.

— Hum... Não sei...

Ela suspirou, quase bufando e começou a andar, passando por mim.

— Hum, ja ne. – Ela disse séria.

Olhei para trás e me endireitei, abaixando a cabeça.

— Ela ficou com raiva? – Perguntei quase inaudível.

— Claro que não! – Yue sorriu, tentando me animar – Naoko é assim mesmo. Séria demais às vezes. – Ela deu um risinho. – Ne, ne. Ja ne.

— Ja.

...

Depois da aula, eu fui para os armários de sapatos. Bati levemente o pé no chão depois de calçar o sapato e quando me virei arregalei os olhos, me assustando. Yue me espionava.

— Etto...?

Ela deu uma risadinha.

— Vamos?

— Hum?

— Pro Karaokê.

— Hum, mas...

— Ora! – Naoko apareceu de repente, me assustando e me agarrando pelo braço – Vamos logo!

— Hai, hai! – Yue agarrou meu outro braço.

Não consegui fugir, elas praticamente me carregaram! Andamos quase um quilômetro... Com elas me carregando. Quando chegamos, Naoko ligou para o garoto e depois disse a nós que eles já estavam lá dentro. Visualizei a cena: eles cantando e eu num canto com uma aura escura de solidão a minha volta. Mas ao entrarmos na sala...

— Hum! – Corei extremamente.

— Oh, Akashi-kun? – Yue disse surpresa.

Hi, Reo-kun. – Naoko sorriu.

Hi. – Ele disse, abraçando-a.

Eu ainda estava paralisada, vendo-o.

— Mina! – Naoko me chamou.

— Eh?! – Me assustei, estava com a expressão de pânico.

— Vem se sentar. – Yue disse sorrindo e logo se voltando para Kotarou.

Fui até ela enquanto Reo-kun e Naoko começavam a cantar. Sentei na ponta do sofá.

— Kon’nichiwa. – Akashi disse.

Me assustei, ele não estava ao meu lado!

— Hum, kon’nichiwa... – Abaixei a cabeça, mexendo nos dedos.

— Vai querer cantar o que? – Ele perguntou amigavelmente – Que tal um dueto?

— Hum! Não! – Exclamei envergonhada, balançando a cabeça.

— Hum? Sério? Reo parece estar se divertindo com Naoko. – Ele comentou.

Os dois estavam cantando e a cada letra que Mibuchi errava Naoko o empurrava de leve, fazendo-o rir. Olhei os dois e abaixei a cabeça.

— Nee, não quer tentar? – Ele perguntou.

— Hum, não sou... Boa em cantar.

— Hum, entendo. – Ele cantarolou, pegou um dos petiscos e comeu – Nee... Se não quer cantar a gente pode ir para outro lugar.

— Hum! – O olhei apavorada. Que lugar?! – *Iie... Melhor não...

— *Wakatta. – Ele deixou uma risada escapar.

Olhei seu sorriso e acalmei o olhar, fiquei de certa forma admirada. Despertei e logo abaixei a cabeça de novo. Yue pegou o microfone e começou a cantar. Reo e Naoko se sentaram no sofá a nossa frente.

— Você não anda muito pelos corredores, ne? Nunca tinha te visto antes do episódio da escada. – Akashi disse.

Não respondi, apenas corei pela vergonha de lembrar daquilo.

— Mina fica muito de cabeça baixa. – Naoko comentou – De repente você já a viu, mas não o rosto dela.

— Ah...

Kotarou começou a cantar em dueto com Yue, ela parecia estar se divertindo. Mibuchi e Naoko voltaram a conversar. Akashi tentava conversar comigo, mas a cada três palavras eu corava e parava de falar. Yue pegou um microfone e veio em minha direção.

— Ne, Mina! Sua vez! – Ela disse sorridente.

— Hum... Acho que passo.

— Ahhhh, onegai.

Virei levemente o rosto, estava um pouco desconfortável. Naoko me fitava e parecia compreender meu desconforto. Ela suspirou quase bufando, seu jeito habitual de suspirar.

— Mina.

— Hum?

— Vem comigo um instante? – Ela disse levantando.

A olhei em dúvida, mas a segui. Fomos ao banheiro feminino, ela se escorou na pia e cruzou os braços, pensando.

— O que houve?

— Hum, eu... Só não quero cantar. – Abaixei o olhar.

— Isso eu sei, mas por que não conversa pelo menos com Akashi-kun?

— Hum... – Corei.

— Acho que ele se interessou por você.

A olhei surpresa, mas desviei o olhar, corando.

— Não vejo a razão. Ele é popular e eu... Não sou ninguém.

— E daí? Eu também não sou muita coisa, mas Reo-kun me chamou pra sair! Não é o título social que defini a pessoa.

— Hum... – Me encolhi.

Ela suspirou.

— Vamos.

Voltamos para a sala e Kotarou estava cantando. Me sentei no mesmo lugar e observei o local. Mesmo as duas sendo minhas amigas, eu não me encaixava ali. Eu era estranha, um pouco antissocial, não olho nos olhos enquanto converso e... Aquele não era meu lugar. Peguei minha mochila e levantei.

— Ne, preciso ir. – Disse, indo em direção à porta.

Todos me fitaram.

— Hum?! Nande? – Yue perguntou, triste – Está legal, fica aqui.

— Hum, arigatou. Mas preciso ir mesmo.

Fechei a porta, mas em vez de me sentir aliviada, meu coração apertou. Por que elas queriam tanto que eu ficasse? E por que Naoko disse que Akashi parecia ter se interessado por mim? Eu nunca falei com ele antes da queda na escada, na verdade eu não falo com ninguém no colégio sem ser Yue ou Naoko. Hum, enfim... Ele ficar interessado em mim é perda de tempo. Eu não sirvo pra ele.

Caminhava distraída pela calçada e um garoto começava a me observar de longe. Quando passei por ele, ele começou a andar.

— Yo. – Ele disse andando ao meu lado.

O olhei.

— Ne, eu sei que a gente não se conhece, mas quer sair comigo? Eu te achei fofa.

— Hum? – Fiquei surpresa, mas logo franzi a testa – Não, obrigada. Tenho que ir.

— Oe,... – Ele segurou meu pulso, rindo – Pare com isso, vamos sair.

— Eu disse não. – Me soltei e voltei a andar.

— Ahh, qual é! Vai ser legal. – Ele agarrou meu pulso de novo, me empurrando contra a parede.

Firmei o pé, mas ele era mais alto e forte.

— Matte! – Exclamei – Não quero! Me deixa em paz!

Ele riu.

— Fala sério! – Ele disse pegando no meu ombro.

Minha espinha gelou, fiquei com medo! Tentei me soltar, mas ele apertou meu pulso.

— Oe, o que acha que está fazendo? – Alguém disse.

Nos voltamos para a pessoa. “Akashi...kun?”, pensei em dúvida. O garoto franziu a testa.

— Não te interessa.

— Acho que me interessa sim. – Ele disse sério, se aproximando – Ela é minha namorada.

Arregalei os olhos. Akashi fez com que ele soltasse meu pulso e pôs o braço em volta de mim. Me encolhi por tudo aquilo. O garoto nos fitava com raiva, mas bufou e saiu andando. Akashi me fez andar enquanto vigiava para ver se o garoto não nos seguiria. Paramos em frente a um parque. Eu estava de cabeça baixa, ele não tinha tirado o braço em volta de mim até aquele momento.

— Daijoubu?

— Hum, arigatou. – Assenti sem olhá-lo, encolhida.

— Yume-san.

— Hai.

— Pode olhar pra mim?

— Uhm... – Gaguejei.

O fiz, hesitante. Ele me olhou e sorriu levemente, pegando em minha bochecha. Eu senti o calor da sua mão e fiquei surpresa.

— Hum... Akashi-kun...?

Ele aproximou o rosto do meu e me beijou. Arregalei os olhos, ainda mais surpresa. Corei, percebendo como os lábios dele eram aconchegantes e quentes. Ele cessou e me fitou, eu não havia nem fechado os olhos.

— Hum? Daijoubu?

Apenas o olhava, corada. Minha expressão era uma mistura de surpresa, admiração, confusão e vergonha. Eu nunca tinha beijado ninguém e nunca pensei que alguém me beijaria.

— Yume-san... – Ele gaguejou – Esse é o seu primeiro beijo? – Ele perguntou com espanto.

— Uhm... – Corei mais.

— G-Gomen! – Ele disse, corando – Eu não sabia...

— Hum. – Balancei a cabeça rápido, me fazendo despertar – Eu vou pra casa!

Saí correndo sem deixá-lo falar. Fui para casa e minhas bochechas ainda estavam coradas. Larguei a mochila no chão e deitei na cama, estava sem expressão. Abracei o travesseiro e me encolhi. Eu estava sentindo várias coisas naquele momento. Era tudo uma confusão dentro de mim. Apertei os lábios, querendo chorar. Não era completamente felicidade, mas eu também estava com um aperto no coração. Por que Akashi me beijou? Por que eu?


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