Paulicia Songfic escrita por Marshmallow


Capítulo 2
I Say A Little Prayer


Notas iniciais do capítulo

Me desculpem pela demora.

Musica: I Say A Little Prayer
Cantora: Aretha Franklyn

Boa leitura!



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Ela esta divina, o vestido branco acetinado com renda incrustada de pequenas perolas caem em seu corpo com tamanha perfeição que chego a sentir uma louca vontade de pular sobre ela e rasgá-lo aqui na frente de todos.
Este é o dia mais feliz da vida dela, e por que não seria?
Valéria me olha nervosa e estende-me o buque de jasmins com torênias rosa. Controlo outra vontade de enforcá-la e sorrio de volta. Olho para o noivo ao seu lado, ele me abre um sorriso enorme de nervosismo. Retribuo automaticamente.
– Irmãos e Irmãs – começa o padre – Estamos reunidos aqui hoje para unirmos em matrimonio este jovem casal...
Paro de ouvir, me desligo de vez desta realidade e me prendo ao passado. Quero poder estar em qualquer lugar, menos no casamento do meu melhor amigo.

No momento em que eu acordo
Antes de eu me maquiar
Eu faço uma pequena oração pra você
Enquanto eu penteio meu cabelo, agora
E penso no vestido que usar, agora
Eu faço uma pequena oração pra você

Conheci Paulo á quatro anos, quando cheguei á esta cidade. Eu estava no começo de minha carreira de modelo e ele já era o mais jovem campeão de muay thai do país..
Era um dia de chuva quando cheguei ao prédio residencial que havia acabado de alugar, a porta do elevador estava fechando quando ele entrou correndo com uma mochila de viagens totalmente molhado e aparentemente exausto. Ele apertou o numero do seu andar e se encostou na parede do elevador mexendo no celular. Eu não queria ficar olhando, mas era impossível. Ele usava uma blusa branca que estava quase invisível devida á chuva que ele havia tomado e era missão impossível tirar os olhos daquele físico perfeito. Quando o elevador parou eu dei um suspiro de decepção bem audível e sai levando minha mala pesada. Chego ao apartamento numero 98B e pego minha chave para abrir, então alguém atrás de mim pigarreia alto. Me viro e para meu encanto é o gato-de-branco-molhado.
– Esse apartamento é meu – disse ele me mostrando um molho de chave
– Não é não – retruquei mostrando minha chave – 98B, aluguei á uma semana, já até trouxe minhas coisas para cá.
Ele deu um riso irônico e me afastou da porta que abriu com sua chave.
– Moro aqui á anos morena! – disse ele alargando o risinho irônico e entrando no apartamento
Eu coloquei meu pé para dentro antes que ele batesse a porta na minha cara.
– Este apartamento é meu, cara – disse apontando para as coisas – Aquela TV é minha, a almofada verde no sofá é meu, a geladeira esta abastecida com minha comida e o quarto tem...
– Entrou no meu quarto? – gritou ele indo para o quarto na qual eu não tinha mexido ainda.
Enquanto ele mexia no meu apartamento eu liguei para o porteiro, dez minutos depois o homem alto chamado Firmino chegou. Ele me explicou que o Paulo morava no apartamento á mais de um ano e que eu devia ter sofrido um golpe imobiliário. Liguei para a corretora e o numero havia sido desativado.
Aquilo não podia estar acontecendo comigo. Eu Alicía Gusman havia caído em um golpe, tinha alugado uma casa onde já morava uma pessoa. Cai no choro e peguei minha mala. Estava esperando o elevador chegar quando ele veio falar comigo.
– Ei garota – ele parecia tão sem jeito que seria engraçado se eu não estivesse chorando – Vai para onde na chuva? Digo tem algum lugar para ficar?
– Tenho... vou para... para... um hotel.
Eu não tinha para onde ir, lugar algum. Ele pegou minha mala e estendeu a mão.
– Sou Paulo Guerra. – disse – Venha para dentro.
Eu o segui e fiquei sentada olhando ele ligando e falando com mais de três pessoas. Depois veio até mim.
– Tenho um quarto livre que nunca é ocupado, quer dividir o apê?
– Com você?
– Sim comigo – respondeu ele – Quase nunca estou em casa, mas tem umas regras de convivência...
Eu podia ligar para meu pai e dizer que voltaria viver com ele ou podia ligar para a Maria Joaquina e pedir para ir morar com ela e com as amigas do teatro, mas...
– Quais as regras?
Ele sorriu. Um mês depois já éramos amigos o bastante para a regra do “não trazer peguete para casa” ser ignorada de vez.

E corro pro ônibus, querido
Enquanto ando, penso em nós, querido
Eu faço uma pequena oração pra você
No trabalho, eu apenas faço hora
E durante a minha parada pro café
Eu faço uma pequena oração pra você

– Paulo! – gritei saindo do quarto – A Majo está voltando.
Eu já morava com Paulo á quase dois anos. Ele já conhecia minha família toda – aos domingos ele me arrastava para casa de meu pai apenas para que eles pudessem ficar falando de artes marciais e lutas – Paulo se dava muito bem com a minha mãe também
– Voltando de onde desta vez?
– Temporada na Broadway. Ela fará uma festa de retorno ao Brasil para comemorar o sucesso da peça e me convidou.
– Legal – Paulo sempre se entediava quando o assunto era Maria Joaquina ou teatro.
Eu me sentei na frente dele e fiquei o encarando fixamente até ele se dar conta do por que eu tinha comentado sobre a festa de Maria Joaquina.
– Ah não. Desculpe Aly, mas a ultima festinha que a sua amiga deu eu briguei com aquele namorado idiota dela, o Daniel.
Foi a melhor discussão terminada em socos que eu já tinha visto em minha vida.
– Desta vez vai ser diferente Paulo, a Majo nem namora mais o Daniel e faz seis meses que não vejo minha amiga.
Paulo me olhou de modo preguiçoso e suspirou, alisando meus cabelos com a mão.
– Se ficar chato eu venho embora.
A festa foi incrível, na verdade uma festinha comum, mas pelo menos eu estava me divertindo. Estava até eu ir ao banheiro e ver Paulo com uma das amigas da Maria Joaquina em um canto se beijando. Senti uma onda de raiva e desprezo tão grande que sai sem nem mesmo dizer tchau pra ninguém.

Pra sempre e sempre, você ficará no meu coração
E eu te amarei
Para sempre e sempre, nós nunca nos separaremos
Oh, como eu te amo
Juntos, pra sempre, é como tem que ser
Viver sem você
Só partiria meu coração

– Acho que estou completamente apaixonado – Paulo me disse de repente na metade de um filme em uma segunda feira.
Eu o olhei. Por um segundo achei que tinha ouvido errado, mas então ele disse de novo:
– Estou realmente apaixonado.
– Não exagere, o filme nem é tão bom assim e as atrizes nem são um espetáculo grego – respondi ao comentário achando que ele falava do filme
– Não Aly, não é sobre o filme que, aliás, eu nem sei o nome. Estou falando da Valeria.
Meu coração parou de bater por um compasso, engoli em seco e aguardei ele continuar a falar, mas ele não fez e depois de muito silêncio tive que perguntar:
– Tem certeza? Achei que vocês só estivessem se aproveitando.
“ Não é nada sério, só estamos nos aproveitando” – disse ele quando começou a sair com a Valeria... um ano antes.
– Ninguém mantém um relacionamento baseado em sexo por tanto tempo sem se envolver emocionalmente Aly. Eu me apaixonei pela Valeria.
– E ela? – perguntei com voz trêmula
– Ela sente o mesmo, na verdade ela disse que me amava uma noite dessas. Eu não disse nada, mas agora tenho certeza...
Comecei a chorar, ele estava mesmo me dizendo que amava outra. Ele e Valeria estavam juntos á um ano, eu tinha começado a sair com Mario, um cantor que morava em nosso prédio, para causar ciúmes. Mas Paulo não reagira como eu esperava, ele foi procurar Mario um dia para dizer que se me magoasse ele o mataria. Mas era apenas proteção fraternal.
– Está chorando Aly?
– Claro que estou – respondi, mas engoli minhas respostas verdadeiras e improvisei – Você não esta mesmo prestando atenção ao filme, né Paulo?
Ele se calou e olhou para o filme, por favor, quem iria chorar com aquele filme? Estávamos assistindo “Outro conto da nova cinderela”. Me levantei desligando a TV antes que ele notasse que o filme era bobo demais para me fazer chorar. Naquela noite cobri meu rosto com o travesseiro e chorei tanto que achei que nunca mais iria derramar uma lagrima. Como eu estava enganada.
Quatro meses depois Paulo me pediu para ser sua madrinha de casamento.

Meu querido, acredite em mim
Pra mim, não há mais ninguém além de você
Por favor, me ame também
E estou apaixonada por você
Responda minha oração, amor
Diga que me ama também
Responda minha oração, amor

– Eu os declaro marido e mulher. O noivo pode beijar a noiva.
Saio do meu devaneio á tempo de meu coração ser partido de vez pelo beijo do casal. Devolvo o buque de Valeria e a abraço desejando que ela seja muito feliz, depois abraço Paulo sentindo seu perfume me envolver.
– Seja muito feliz meu amigo – desejei.
Ele não respondeu. Meia hora depois quando se livraram dos abraços e felicitações entraram no carro que os levariam para um hotel... um menino me chamou quando o carro se afastava e me entregou um papel dobrado. Era um bilhete escrito á mão, dizia:
Se me amasse por um minuto! – Paulo.


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Notas finais do capítulo

Espero quem tenham gostado, e desculpem os erros!
Capitulo totalmente inspirado em "O Casamento de Meu Melhor Amigo"



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