A filha da Morte escrita por Becca Chan


Capítulo 2
Capitulo 1 - Basta!


Notas iniciais do capítulo

Olá! Bem, se alguém estiver acompanhando a história, boa leitura!



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Esse dia prometia... Prometia ser um outro dia tedioso, como sempre. O máximo que eu iria fazer era meditar e, no auge do dia, ficar rindo dos aprendizes errando suas práticas.

O submundo é um lugar bom, é um lugar perfeito na verdade. Mas não quando se é uma princesa, onde não se pode botar o pé para fora do castelo, quanto mais conhecer o mundo dos humanos.

Revirei os olhos sabendo que nunca me permitiriam e sai do quarto. Assim que o fiz dei de cara com a minha mãe aflita.

–Filha! - disse ela. - Nós precisamos conversar...

–Fala mãe. - minha mãe era uma pessoa linda, puxei aos seus cabelos longos e ondulados, ela ajudava a comandar aquele reino como ninguém.

–Venha aqui... - ela pegou minha mão e me levou em direção a cama de seu quarto. - Filha, você sabe que é muito difícil para eu poder te criar...

–Você pode ir direto ao ponto?

– O Jin esteve aqui...- disse ela com a expressão triste

– O Jin? O que ele queria?

– Sim, com o senhor David. Eles e seu pai conversaram muito... - baixou a cabeça enquanto falava. - E acabaram decidindo que casar vocês dois vai ser o melhor a ser feito.

–An? Quem disse que eu quero casar? - levantei esbaforida. - Eu nem mesmo conheço o nosso reino, não tenho liberdade pra nada e agora vocês acreditam que simplesmente me casando vai ser melhor?

– Você terá mais liberdade agora filha. - ela segurou minha mão para que eu pudesse me acalmar - Seu pai contratou um guardião para você...

–Um guardião? - dei uma alta gargalhada. - Você acha mesmo que eu preciso de um guardião?

– Me desculpa... - disse deixando uma lágrima cair. - Eu só quero o seu bem Helena. Eu te amo.

Ela levantou e deu um beijo em minha testa.

–Não façam isso... -falei vendo-a se afastar. Acho que sequer ouviu o meu pedido.

Eu não queria um guardião, não queria sequer me casar com o nojento do Jin.

Eu sabia que não adiantaria conversar com meus pais, se minha mãe veio falar comigo, de fato, meu pai já tinha batido o martelo.

Basta!

Basta ter que viver como prisioneira no meu próprio reino. Aliás, eu seria a próxima a comandar tudo aquilo.

E então, eu havia decidido: eu iria fugir...

Caminhei até meu quarto, peguei uma pequena bolsa e botei o essencial dentro.

Peguei o meu bloquinho e escrevi uma breve despedida.


"Mãe, pai,
Quero lhes dizer adeus... Eu sei que fazem as coisas pensando que será para o meu bem, mas entre viver com alguém que não gosto e viver sozinha, eu viverei sozinha...
Por favor, me permitam uma vez a minha liberdade de escolha.
Me deixem errar, para que eu saiba o que é acertar.
Me desculpem, amo vocês.
De sua filha, Helena."

Olhei para minha bolsa e senti um calafrio ao pensar no que estava esperando por mim lá fora, mas eu iria até o fim agora.

Até que foi fácil sair do castelo, apenas tive que observar o horário da troca de plantão e pronto.

Sair do submundo foi um pouco mais complicado, já que tinha um guardião no único portão que existia, mas, com um pouco de distração, saiu tudo bem.
Mas agora estou aqui e não sei o que fazer, eu estou vagando pelas ruas de um lugar que nem mesmo conheço. Apenas eu e minha armadura, que não poderia nem mesmo tirar.

Eu havia saído do meu refugio, do castelo de meus pais no submundo, onde sempre estive.

Eu nunca havia sequer passado por esse mundo, era tudo muito estanho, as pessoas me olhavam como se eu fosse estranha.

E eu daria tudo por algo para comer, e um bom lugar para descansar...

Mas não é hora de voltar atrás. Avistei um lugar um pouco iluminado, parecia um tipo de venda 24 horas.

Sentei no meio fio, e peguei um casaco dentro da bolsa, estava esfriando. Botei meu bloquinho apoiado em minha perna e fiquei fazendo pequenas anotações nele, até que a sombra de uma pessoa bloqueou a iluminação.

Olhei na sua direção, querendo entender o motivo de estar ali.

– Oi... - disse ele tímido.

Era um bonito garoto com um cabelo castanho bagunçado.

"Oi." - escrevi no bloco e o amostrei.

–Ei, eu estou falando com você... - espera, será que ele não leu o bloquinho? - Me responda!

Ele parecia um pouco irritado, bati a caneta no bloquinho e só então ele olhou na direção.

–Ah... - disse.

"Você é sempre lerdo assim?" - escrevi e o mostrei.

–Ei, eu não sou lerdo! - disse. - Como eu poderia saber?

Revirei os olhos e voltei a escrever.

"Sim, você é lerdo, desatento e ainda por cima um mal educado!"

–Você que... - ele foi interrompido pelo barulho que meu estomago fez. - Você está com fome?

Fiz que sim com a cabeça.

–Me espere um instante? - perguntou enquanto ia em direção a vendinha e apenas dei de ombro.

Minutos depois, voltou trazendo comida e água. Eu queria sorrir para ele, sorrir para esse garoto parecia o certo a se fazer.

Se sentou junto a mim naquela calçada e comemos sem dizer nada.

"Obrigada... Qual é o seu nome?" Mostrei o meu bloquinho.

–Noah, e o seu?

"Helena..." – mostrei e logo voltei a escrever, - “As pessoas daqui são sempre tão boas?”

–Nem todas, você não deve confiar em todas elas. – sua expressão era de... preocupação? - Você tem onde ficar?

“Sim, vou voltar para casa. – menti.

–Ta bom, adeus Helena.

E então era isso, talvez nunca mais visse esse garoto. E eu ficaria completamente arrependida por sequer poder sorrir para esse bondoso garoto.


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Notas finais do capítulo

Então, o que acharam? Comentem criticas ou elogios, preciso saber se estão gostando a leitura!