You're an asshole but I love you escrita por dude


Capítulo 5
A felicidade é uma janela aberta.


Notas iniciais do capítulo

A espera de alguém que esteja afim. (8)

Boa noite, pessoal bonito.
Demorei um pouco, mas espero que compense. Perdoem os erros e não desistam de mim... Pode avisar, ok?! :)
Esse capitulo é , especialmente, dedicado a mills Sodré e Cath que estão sempre me alegrando com seus comentários. E micha, obrigado por me incentivar, amo você.
Vi gente nova comentando, isso me deixou extremamente feliz. :) :) Vocês me motivam demais, obrigadaaa

Boa leitura.



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Emma estava sentada no sofá em frente à teve plana, enquanto Regina, em diagonal à teve. Inconscientemente, elas evitavam se tocar. Os créditos do filme subiam lentamente e junto dele um silêncio, um tanto constrangedor, instalou-se no cômodo.

“É muito bom esse filme, né?” Perguntou Emma.

“Uhum” Respondeu Regina.

A morena achava o filme bom, foi um dos primeiros que ela havia assistido, havia um vilão que não nasceu mal, o que de certa forma a atraia, já que ela, fielmente, acreditava nisso e apesar dela achar meio entediante a parte que era uma sucessão de tiros, ela gostou. Mas, ela diferente de Emma não havia prestado atenção no filme. Sua mente se perdia em pensamentos em torno de Emma. O que Emma fazia? E o mais importante, o que almejava fazer? Emma já havia saído do sistema de adoção, sem chances em ter uma família. Talvez, tivesse amigos, mas o quão esses amigos seriam capazes de ajuda-la? Emma era, provavelmente, alguém sozinha na vida. E isso causava um incomodo em Regina. Afinal, Emma era como ela. E ela tinha sentido na pele, que a pior maldição de todas era estar sozinha. Sem ninguém que te ame, ninguém que cuide ou se preocupe com você. Pensar em solidão, sempre a trazia em mente quando ela não estava sozinha, trazia memorias com seu primeiro amor e de seu pai, muitas vezes de Cora, ela foi uma péssima mãe, mas, ainda assim, ela sentiu-se, momentaneamente, mal, por Emma. Ela nunca teve a chance de ter nem mesmo uma péssima mãe... Depois de ponderar a esse respeito, talvez, fosse melhor não ter mesmo. Mas, um pai –imperfeito- com o dela, ela pegou-se desejando para Emma.

“Você prefere Star Wars ou Star Trek?” Emma perguntou novamente.

“Faz diferença?” Rebateu Regina

“Toda” Disse enfática. Mas, Regina não se deu ao trabalho de respondeu o questionamento tão –inutilmente- importante de Emma.

Silêncio.

“Um o vilão é, essencialmente mal... Ele foi modificado, portanto, sem chance para ele... No outro, o vilão, torna-se mal. O que é muito mais real. Ele foi seduzido para o lado negro da força, você sabe...” Concluiu.

“Você é inteligente” Disse Regina, e o tom usado, fez soar mais como um insulto.

“Obrigada” Disse Emma, não deixando claro se era uma afirmação ou uma pergunta.

Silêncio.

“Você não acha?” Insistiu Emma.

“Acho. Você tem toda razão”

Silêncio.

Dessa vez, Regina se opôs ao silêncio, e falou afim de pôr fim nele. “Então... Você pretende fazer o que depois da gravidez?” Essa era uma questão que tinha se tornado importante, Emma não tinha ninguém na vida, era órfã, e até onde ela sabia e imaginava, sem dinheiro ou expectativas. A princípio ela apenas queria que a menina sumisse assim que desce luz ao bebê, mas, Emma era um mar de possibilidades. Diferente dos dias análogos que tinha vivido até então, tinha um alguém que desafiava as probabilidades. E Regina se sentia desafiada. Viva. Os sentimentos incias a abandonavam gradualmente, dando força a outros, que ela mal compreendia, e por hora os matinha velados.

“Ir para Nova Iorque, talvez estudar, trabalhar...Não sei” Disse mirando a mais velha “Bem... Sobre o resto, eu não resolvi ainda” Continuou.

Regina assentiu, imaginou que seria inapropriado perguntar como ela imaginava conquistar tais coisas, mas pegou se dizendo. “Imagino, que vá precisar de algum dinheiro para começar...” Seu tom de voz não relevava nada “Posso ajuda-la nisso” Tinha os olhos fixos em um ponto qualquer à sua frente. Sim, qualquer um a ouvir Regina oferecer ajuda para outro, procuraria um motivo. Emma se questionou também, poucos momentos na vida ela teve alguém oferecendo ajuda, ela não tinha ideia de quem era aquela mulher, aparentemente, solitária e com uma áurea tão misteriosa. Apesar do já analisara sobre ela, pelo pouco de informações que tinha, a mulher tinha muitas nuances, como é de se esperar, mas ainda assim dificultando forjar o seu caráter.

Emma estava um tanto surpresa “Por que você faria algo assim?”

“Quero que seja feliz” Respondeu sem titubear, dando de ombros.

Os lábios de Emma se curvaram em um sorriso grandioso. Regina não pensou no que responder, as palavras apenas fluíram, mas ao se auto questionar, concluiu que era a mais pura verdade. Assim como ela, Emma merecia ser feliz. 

E você, pretende fazer o que depois da gravidez?” Indagou, ela não sabia o que comentar da última resposta da morena.

“Conciliar filho e carreira será uma turbulência imagino...” Finalmente, seus olhos pairaram no de Emma “Uma turbulência daquelas que te deixam com friozinho na barriga” Disse. Regina não era o tipo de pessoa que fala coisas como ‘friozinho’ em lugar algum, mas, era exatamente como se sentia. Emma viu os cantos dos lábios de Regina se curvarem. Ali estava uma Regina diferente de todas que ela ouvira, e até a que ela tanto tenta - e falha miseravelmente - desvendar. Regina tinha um lado maternal bonito de ver, ainda na ultra, Emma a viu emocionada, seus olhos brilhavam, no almoço mais cedo ela viu a mulher abrindo o envelope e retirando a foto de dentro, admirando uns instantes e enfiando de novo dentro dele.

“Você é diferente do que eu imaginei...” Sua voz não passava de um sussurro.

“Como?”

“Hum... Disse que já vou dormir” Disse, já se levantando.

Maldita boca em, Emma? E continuou “Boa noite, Senhora Mills”

“Durma bem, Swan”

Emma já havia saído a algum tempo da sala, provavelmente já dormia. Regina trazia em sua mente as palavras que não foi capaz de debater ou exigir uma explicação. Como se sentia em seu âmago que deveria.

“Você é diferente do que eu imaginei”

Não sabia se isso era bom ou ruim, tomando em consideração que Gold a trouxera até ali, provavelmente, suprira as expectativas de Emma. Questionar a Emma seria inadequado, já que omitira que ouviu suas palavras. E se, Emma achava melhor do que ouvira até então, o que ela tinha feito para que ela mudasse de opinião? Pelo que se lembrava tinha sido até meio arrogante e debochada. Mesmo que tivesse tentado demonstrar ser alguém confiável e uma boa escolha para que a mulher confiasse nela o bebê que carregava. E então... Seria possível Emma conseguir ler Regina? Elas se conheciam a pouquíssimo tempo. Não tinha a menor razão para acreditar nisso... E pior – ou não – nenhuma para duvidar. É tão raro esse tipo de conexão. Pensou ela. Correu os olhos pela sala, temendo que alguém a espreitasse e lesse seus pensamentos. Logo em seguida suspirou frustrada. Não seja boba. A mente de Regina flutuava, como uma borboleta, pousando, mas não se fixando em nada. Se Emma fosse mesmo capaz de ver ela tão profundamente, seria capaz dela, se olhasse de perto, visse todos demônios que ela escondia por anos? Isso seria de longe a pior coisa que ela viria.

Se ela visse o mostro que ela é, certamente, fugiria para longe, levando consigo a única chance dela ser feliz. Não podia assustar a garota. O mais correto seria afastar-se, com cuidado. Ela tinha medo, medo de deixa-la se aproximar... Por que se ela deixasse e fosse rejeitada novamente, isso iria doer mais que a morte.

*SQ*

Regina mandara o carro de Emma para o mecânico, para assegurar que, como Emma afirmou “Apenas o estado de fora é terrível’’. E, infelizmente para Regina, ele estava em perfeito estado. Entretanto, ele permaneceu intocado, como se não existisse pra Emma.

A vida continua na sua normalidade frágil. Todo dia parecia igualmente tedioso. Executavam suas tarefas habituais de manhã, Emma levantava-se na hora de desejar um “bom dia” a Regina, perdendo a primeira refeição com a morena, fazendo-a sozinha e retirando-se para a biblioteca, às vezes, passeava pela cidade. Que era incrivelmente tranquila e linda, o lugar era o mais pacato que Swan já esteve, mas ela gostava do lugar. Tinha algo que a atraia no lugar.

Ela sempre levava consigo um livro para distrai-se quando estivesse cansada de caminhar, e sentava-se em um banco qualquer na praça. Algumas vezes ia no Granny’s, Ruby estava sempre lá, querendo saber da vida de Emma antes de Stroybrooke, Emma, por vezes, contava dos dias na mansão, não havia muito o que dizer. A não ser na hora das refeições e quando Emma ia até Regina de manhã, elas nunca se viam. Regina cumpria sua promessa e Emma parecia não se incomodar. Regina tomava tanto cuidado para manter as aparências que, embora ninguém pudesse ouvir seus pensamentos, policiava sua mente como se ela fosse um livro aberto sob os olhos vorazes de Emma.

***

Era sábado, havia passado quatro dias sem que muitas palavras fossem trocadas, além dos politicamente corretos cumprimentos. Emma imaginou que aquele silêncio não duraria muito, porque ela havia decidido não queria mais ouvir o silêncio vindo de Regina. E nem o seu.

Quando Regina desceu as escadas aquela manha, ela trajava blusa de manga longa branca, um saia cintura alta preta e um scarpin também preto, os fios negros bem alinhados não chegava ao ombro, tinha uma maquiagem leve, menos o batom vermelho chamativo nos lábios. Ela sentiu um aroma vindo da cozinha. Panquecas. Ao passar pela sala de estar deparou se com um café da manhã delicioso, seu estomago roncou em aprovação. A mesa estava incrivelmente arrumada, apesar dos notórios erros de etiqueta, pensou.

Seguiu até a cozinha encontrando Emma com um prato fumegante de panquecas na mão. Sorrindo. E ela sorriu também, sem se dar conta.

“Bom dia, Regina” Cumprimentou.

“Bom dia, Swan... Você preparou tudo isso?” Ela tinha um sorriso debochado no rosto.

“Sim.” Respondeu, seus olhos pareciam desafiar a outra.

“Espero que o gosto esteja tão bom como o cheiro” Disse dando-se por vencida, logo em seguida, girou nos calcanhares e foi até a mesa. Emma a seguiu, pousou o prato com as panquecas no centro da mesa e sentou-se em frente a Regina.

“É... Eu não sabia muito bem como começar... Eu não sei”

Regina a cortou “Pelo começo é sempre uma boa pedida, querida”

Emma assentiu “Eu queria agradecer agradecer por ter me ajudado a sair daquele lugar me receber na sua casa ser gentil comigo e por ter...” Disse tudo rapidamente, sem pausas.

“Respire.” Interrompeu “Eu não vou a lugar algum” Aquilo de algum modo, não só tranquilizou Emma, com a deixou contente em ouvir aquela doce mentira.

“Eu sou grata a você. É horrível não ter liberdade. Eu não aguentaria mais um dia naquele lugar. É isso, eu queria dizer: Obrigada!”

“Eu entendo” Disse concordando com a cabeça, e Emma se sentiu como se de repente elas se entendessem mesmo. 

“Esse cheiroso e ...” Com auxilio do garfo, pegou um pouco dos ovos e levou a boca, mastigando-o, com uma careta obrigou-se a engolir, fez o mesmo com a panqueca, com uma expressão amena dessa vez, e depois disse “Enfim, e quase totalmente, gostoso... É minha forma de agradecer a você... Talvez, seja melhor evitar os ovos”

Regina sorriu, levou a mão a boca e gargalhou. Sua risada preencheu a sala. Ela se pegou amando o som. Aquela melodia, que era sua risada, podia ser a única música para Emma até o fim dos tempos. Ela balançou a cabeça, no desejo de apagar o pensamento inoportuno. O riso parecia estar guardado durante anos, em algum lugar esquecido em Regina e Emma havia encontrado-o. A morena tentou-se conter e falhou, fazendo a rir mais, e de si inclusive. Quando conseguiu se conter estava levemente corada e com os olhos brilhando.

Logo, ela comia suas panquecas, enquanto cantarolava alguma música, parecia alguma cantiga de ninar que Emma não identificou. Quando se deu conta que era observava, se conteve. Emma aproveitou o momento pra falar. 

“Eu senti sua falta... Esses dias passaram filmes muito bacanas” Disse Emma, tentando amenizar o tom melancólico em sua voz. E fez muito bem, mas seus olhos a entregaram. E Regina notou e sentiu-se desconfortável, até culpada, o sentimento a invadiu sem autorização.

“Eu estive tão cansada” Tentou controlar a situação “Hoje iremos assistir o meu programa favorito”

Emma a olhou, com excitação em seus olhos.

“Só saberá a noite, Senhorita Swan, nem adianta me olhar assim” E completou “Geralmente no sábado eu chego até as duas, mas hoje tenho uma reunião, então só nos veremos a noite.”

***

Já era rotina, Emma ir até o Granny’s Diner e pedir um chocolate quente, contar do último livro que leu ou filme que assistiu. Mas, no fim, ouvia mais que falava. Ruby sempre tinha alguma reclamação a fazer da vó, do trabalho; contava dos inúmeros paqueras, das noitadas no Rabbit Hole - o bar mais conhecido da cidade- e era onde acontecia uma vez na semana O Dia das Garotas, com Mary e Ashley. Emma já havia sido convidada, mas recusara, não conhecia as outras meninas, e sentia-se pouco à vontade com desconhecidos. Bem, quase sempre. 

“A ideia do café da manhã deu certo, ela até disse que veríamos seu programa favorito hoje” Disse Emma, empolgada.

Ruby sorriu “Sempre dá certo” Disse orgulhosa.

Obrigada. Traz um chocolate quente pra mim?”

“Com canela” Disseram juntas, rindo logo em seguida.

“Você é a segunda pessoa do mundo, que eu conheço que toma chocolate com canela.” Emma definiu a voz atrás de si, como vinda dos céus. Emma virou-se e encarou a mulher atrás de si, ela era tinha cabelos lisos escuros cortados em estilo joãozinho, olhos verdes parecidos com os seus, era quase da mesma estatura, magra e usava uma saia floral e uma blusa branca. E era incrivelmente, bonita.

“E quem é a outra pessoa?” Disse Emma com um sorriso.

“Eu.” Disse a mulher, também sorrindo.

“Alguém de bom gosto”

Cada pessoa tem suas peculiaridades, é verdade. Jeitos, cores e sabores preferidos. Algumas vezes essas preferências eram... especiais, você sente-se como se apenas você gostasse daquilo no mundo, ao mesmo tempo que você se sente diferente por não ver isso nos outros... E uma delícia quando encontra alguém que te entenda. “Ruby, traga duas, uma para a ...” Disse.

“Mary Margaret” Disse, ela ainda tinha o sorriso nos lábios.

“Eu sou a Emma” Disse retribuindo o sorriso.

Ruby deposita as canecas na bancada em frente as moças. E diz, fingindo estar com ciúmes “Vocês não vão virar melhores amigas só porque gostam de canela na bebida... E me esquecer, não é?” Perguntou.

Emma e Mary trocaram um olhar cúmplice e gargalharam “Só se você nunca mais escolher o meu pedido em prol dos desejos de Regina” Respondeu Emma.

O sorriso de Mary vacilou por uns instantes, descendo os olhos até a barriga de Emma, olhou de soslaio para Ruby que apenas assentiu “Oh, você é a Emma? A Emma da Regina”

“Ruby” Disse Emma.

“É ela. Ela é incrível”

“Ruby” Repetiu

Agora que vocês já se conhecem, a noite das garotas será repaginada”

“Ruby”

“Quê?”

“Você anda falando de mim?” Disse em tom de brincadeira.

“Oh, Emma, não... Bom, só com a Mary. Mas, ela é um túmulo... E vocês são, esquisitamente, parecidas” Disse sorrindo.

Mary interviu, tocou levemente o ombro de Emma, fazendo-a olhar para si “Ela não disse nada, ela apenas comentou que você morava aqui... E bem, que já esteve em Boston. Ela ama Boston”

Emma sorri e diz “Boston é incrível, ela adoraria conhecer. Mas, como eu já disse” E olhou para Ruby “Você e sua avó são uma família, e nunca se deve abandonar a família”

Ruby também sorriu “E mesmo que você negue, você nunca seria capaz de fazer isso” Disse imitando quase perfeitamente Emma.

“Emma, você tem toda razão” Disse Mary para Ruby e sorrindo gostosamente.

“Sério, vocês duas, são inutilmente iguais.” Afirmou Ruby brincando. “É pedir demais vocês esquecerem que já se conhecem? E ignorarem todos convites que fiz a vocês para esse encontro?”

A conversa delas só acabou tarde, quando Emma decidiu ir embora. Emma, Mary e Ruby almoçaram juntas. Mary contou da sua profissão, e era nítido o amor que ela tinha pelas crianças. Contou que gostava de pinturas e era irrevogavelmente apaixonada por animais, e tentava transferir todo amor e cuidado aos seus alunos. O que conseguia com êxito. Emma contou um pouco sobre si, tentando ao máximo esconder suas cicatrizes, não falou de Neal e de nada muito concreto. Sim, ela mantinha um pé atrás, mesmo as meninas se mostrando incríveis e gentis. Mas, como adentrar em um assunto tão tumultuoso e triste, em uma manhã tão tranquila e alegre como aquela? Ruby contou que estava de rolo com o Mark, mas que não era nada sério, pois uma mulher de cabelos castanhos e incrivelmente sexy, andava dando muita moral para ela. É como ela disse “Ela é o tipo de pessoa por quem eu me apaixonaria”. O que levou Mary a rir e dizer que aquilo era quase impossível, Ruby n-u-n-c-a se apaixona.

***

À noite, enquanto Regina e Emma faziam sua última refeição do dia, a loira percebeu que Regina olhava, mas, não via, sorria, mas não brilhava... Foi assim que Emma a viu horas atrás quando ela riu, não havia elogios suficientes que a satisfizessem. Ela fazia comentários, mas não usou seu tom debochado, nem foi rude e irônica, pior, ela estava neutra, respondendo a quase tudo com “hums” e “ahs”. Regina estava sentada a sua frente, mas parecia a quilômetros de distância. Emma se viu ali, era o que ela fazia quando tinha medo de aproximar-se de alguém, não ser caloroso ou frio de mais. Ser casual nunca foi tão irritante para Emma. Regina não tinha ouvido 1/3 do que ela dissera.

“A comida está salgada” Emma disse para provocar.

“Verdade”

Merda, pensou Emma.

“Não está não” Disse Regina, parecendo voltar do transe.

“Você não ouviu nada do que eu disse”

“Ouvi sim”

“Do que eu falava?”

“Do filme que viu ontem” Disse.

“Eu falei isso quando sentamos” Falou calmamente

“Sobre Mary Margaret e Ruby, de como são incríveis” Disse  rolando os olhos ao proferir a última palavra, depois, mirou Emma nos olhos em desafio.

Emma ficou um pouco espantada, ela tinha certeza que Regina não havia prestado atenção, provavelmente, apenas se pegou aos nomes que lhe eram conhecidos.

“Eu não disse incríveis disse que apenas conversei com elas”

Regina revirou os olhos.

“Tudo bem, se não quer que eu fale, só dizer”

“Senhorita Swan, ouvir você em todo jantar, vai me causar uma indigestão” Disse, com a sobrancelha arqueada e um sorriso debochado nos lábios.

“Ei!” Exclamou rindo

“Se quer falar, tudo bem, mas, fale algo que me interesse. Essas criaturas são a última coisa das quais eu desejo conversar” Seu tom era firme. Mas, ao concluir ela deu um sorriso gentil, o motivo não foi apaziguar sua fala, e sim, por estar feliz, feliz como não lembrava de estar a muito tempo... O dia tinha sido bom, e isso era suficiente para estar. Não?

“Direta” Seu tom era de admiração. Emma geralmente, via as pessoas camuflando o que achava sobre as coisas e pessoas, usando meias palavras. Regina era objetiva, não fazia rodeios. Isso era bom, bom para o que Emma acabou de planejar. “Vou te contar uma história...” Disse, a expressão de Regina mostrava todo seu entusiasmo, que nesse caso era nula.

“Veja, eu contarei a minha história, demostre o mínimo de animação” Disse implorando. “Quando eu tinha treze eu conheci uma pessoa, ela foi a única amiga que tive.” Ela contou que havia conhecido ela no mercado, enquanto tentava furtar algo para comer, ela entraria em uma fria se Lily não houvesse ajudado. Elas se aproximaram bastante e, por fim, prometeram ser melhores amigas para sempre. Mas, Lily acabou mentindo para ela, mentiu que também estava sozinha no mundo, mas, na verdade, tinha pais adotivos desde que tinha alguns meses, e eles nunca a abandonaram.

“Eu nunca tive pais adotivos por mais que um ano e a que tive bem, foi meio decepcionante, então... Então, eu fiquei com raiva por ela ter mentido, principalmente, porque ela tinha pessoas que se importavam e ela não dava a mínima... Foi o que eu pensei na época.” Regina tinha os olhos fixos em Emma.

“Então vocês se separam por isso?” Ela perguntou, descrente.

Emma riu e pediu calma. “Nos encontramos alguns meses depois, eu havia voltado para o orfanato, e conseguido uma família... Eu acreditei que podia dá certo”

“Mas, então Lily apareceu? ” Perguntou ela.

“Sim, viu?! Não é tão difícil conversar comigo”

Regina apenas deu de ombros.

Emma contou que Lily havia cometido um erro dessa vez, tinha se envolvido com um rapaz e, em conjunto eles roubaram, a mão armada. E estavam sendo procurados pela polícia. Lily pediu um favor, pediu que pegasse a última lembrança dos pais biológicos na casa em que o ex dela estava, e Emma ajudou. E no dia da entrega Lily armou para ela. Roubou dinheiro dos pais adotivos de Emma. Quando ela descobriu tentou conversar com eles, ela não era a culpada... Mas, ele dissera ‘Você colocou nossos filhos em perigo’, isso foi a gota d’agua. A ‘mãe’ tentou ajudar, mas havia jeito dela recolher as palavras do seu marido? Não, portanto, Emma não ficaria mais ali.

“Certo, ela foi uma vadia”

“Né?! Ela me encontrou, pediu que fugíssemos para algum lugar com o dinheiro dos meus quase-pais-adotivos...”

“Mas, você não foi...”

“Eu estava furiosa, a culpei por muito tempo, mas, sabe? Eles teriam desistido uma hora ou outra...”

“Você perdoou? ” Ela estava visivelmente surpresa. Para Regina nunca foi fácil perdoar.

“Agora eu entendo ela...” Emma disse, pensativa. Ela inclinou a cabeça levemente e tinha os olhos fixos em Regina “Você tem esse direito. A chegada de alguém novo na sua vida parece que... Também é uma nova chance da vida. Você pode se transformar em quem quer que seja a partir daquele momento.”

Regina refletiu um instante e continuou “Você faz isso?” Sua voz mostrava seu desgosto. Ela não desejava que Emma fingisse ser algo que não era, ali, naquela cidade, todos já faziam isso e já a irritava por anos essa situação.

“Na verdade, não... E você é assim tão... reservada?” Rebateu

Era? Regina, de fato, pensou não saber responder, ela já fora tantas, de inocente a perversa, de alguém bom para outra capaz das piores atrocidades, de plenitude – que era como sentia-se nos braços de Daniel – a solidão total. Nunca havia pensado se era reservada, as pessoas a muito tempo pouco a notavam. E o que de fato Emma queria com aquela pergunta? Pegou-se pensando.

"O que seria isso pra você?” Indagou

“Hum... ora, a palavra já diz. Você é toda calada... Além de misteriosa’’

"Pois eu a vejo da mesma forma...’’ Disse, com o nariz levemente empinado.

“Está vendo errado’’ Respondeu “Sou um livro aberto’’

Regina sentiu um sabor amargo na boca, piscando estupidamente como para se livrar da vontade de seguir o conselho disfarçado de Emma, nunca podia ser um livro aberto com Emma, ela tinha segredos sim, mas a escuridão era algo que prevalecia na sua alma acima de tudo.

“Você está bem?” Emma interrompeu os pensamentos da morena.

“Sim, não vê?” Sua voz saiu um pouco esganiçada.

O fato de o mar estar calmo na superfície, não significa que algo não esteja acontecendo nas profundezas”

Regina estreitou os olhos, inclinou levemente o corpo e arqueou uma sobrancelha.

“Eu vi isso em um livro... O que eu quero dizer é, sei que pode parecer piegas, mas enquanto eu estiver aqui, você não estará sozinha. Pode contar comigo...” Seu rosto se abriu em um sorriso, Emma raramente, usava seu filtro, então prosseguiu com a ideia que acabou de ter “Posso ser seu diário.”

Regina, estranhamente, mantinha se neutra.

“Logo estarei longe mesmo...” Argumentou Emma.

“Essa é a pior ideia que já ouvi na vida, Swan... “ Ela hesitou “Podemos tentar” Que mal havia? A muito tempo ela não tinha uma amiga... “Mas, faremos do meu jeito... Uma memória por outra”

“Então, acho melhor você começar a contar a sua” Disse Emma, sorrindo.


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Notas finais do capítulo

COMENTEM MUUUITO! SÉRIO!!

Parece que as bebês estão se abrindo. *-*
Eu espero que vocês estejam gostando. Respondo os comentários lindos de vocês em breve.

Beijo e preparem o coração pois o canon, na série, está vindo *-*