Crônicas de uma garota Uchiha escrita por LittleR


Capítulo 6
Acordada e viva


Notas iniciais do capítulo

Yo, minna. Demorei? Eu queria que esse capítulo ficasse bem dramático, então acabei reescrevendo ele umas sete vezes. Ainda não consegui o efeito desejado, mas prometo que no próximo haverá uma boa dose de drama. Sem mais delongas, vamos ver como a Sara-chan acordou.



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"Todos aqueles que não conhecem a si mesmos estão fadados a falhar."

— Uchiha Itachi.

 

 VI.

 

"Lembre-se de mim quando eu me for."

Lembre-se de mim. Lembre-se. Lembrar... Lembrar do quê? 

Havia uma única coisa na mente meio vazia da menina Uchiha. Sabia que tinha de lembrar-se, mas lembrar de quê? As palavras estavam lá, ecoando como o vento frio do outono na noite mais escura, mas elas não tinham significado algum. Vez ou outra, a garota podia visualizar uma imagem: lábios molhados, sangue, vermelho e negro. Isso era tudo. A visão ficava mais desconexa cada vez que ela atentava para os detalhes. Quanto mais buscava se lembrar, mais esquecia.

Se você passeasse pelo esconderijo leste do grande Sannin das Cobras, Orochimaru, veria este dar por encerrado o treino com seu discípulo favorito e dirigir-se, calma e ansiosamente, para um dos quartos da base.

Veja que, depois de algum tempo de caminhada, ele para diante de uma grande porta de madeira. Encara-a com expectativa. O sorriso dele é sinistro, meio arrogante e completamente assustador. Ah, não tenha medo, guarde seu medo para quando ele gargalhar.

Ele entrou no quarto. Siga-o. O enorme cômodo é uma espécie de laboratório. Há três containers cheios de um líquido esverdeado no centro-sul do recinto, posicionados em forma de triângulo. Na parede direita, estão conectados um número indefinido de máquinas e computadores. Há também um balcão na parede atrás dos containers, onde repousam, pacientes, vários potes, jarras e provetas, todos cheios com líquidos de diferentes cores, além de um microscópio lhes fazendo companhia. Quem ali entrasse, veria, na lugubridade do cômodo, que se tratava do lar de  um cientista. Um do tipo louco.

Mas, não se detenha na decoração e na natureza escura e fúnebre do lugar, o que realmente trouxe o Sannin e você, caro leitor, até aqui está posicionado no lado esquerdo do quarto.

Há uma cama, cuja cabeceira está encostada na parede. Ao lado do móvel existe uma tela que marca uma espécie de gráfico, com ondas subindo e descendo regularmente enquanto ouve-se um "pi, pi, pi". Há também uma trave vertical com braços curtos, onde uma bolsa de soro está pendurada, escoando o líquido dentro de si em gotas, por um fino tubo que termina em uma agulha. A agulha está inserida na veia da articulação braço-antebraço da garota inconsciente sobre a cama.

Ela, a menina é o motivo de nossa visita. É uma humana muito pálida e serena. Seus longos cabelos negros dispõem-se sobre seus ombros, até chegarem à sua cintura. Alguns fios escuros ainda lhe acariciam a face esquerda, mas não a ponto de ocultar o selo losangular roxo que ela tem na testa.

Ela respira com regularidade e veste roupas comuns para pacientes de hospitais. Os olhos cor de topázio de Orochimaru brilham ao vê-la e seu sorriso se alarga.

— Orochimaru-sama. — uma voz ecoa do fundo do quarto e, de trás dos cilindros de vidro, surge uma figura masculina de cabelos brancos amarrados em um rabo de cavalo baixo e óculos de lente circular.

— Kabuto. — Orochimaru se pronuncia. Perceba, caro leitor, que sua voz é ainda mais assustadora que seu sorriso. Um timbre meio rouco e muito sinistro. — Qual o estado dela?

Kabuto ajeitou seus ócolus e caminhou para perto da cama onde a paciente repousava.

— Ela vai sobreviver. — respondeu. — Consegui estabilizar. Não foi fácil, ela estava quase sem chakra. Mas agora está bem, logo ela vai acordar.

— Ótimo. — o Sannin aproximou-se da cama também. — Conseguiu descobrir mais alguma coisa sobre a origem dela?

— Bom, ela é uma Uchiha, mas isso você já sabe. Quando a encontrei o chakra dela estava em transição, o que me fez imaginar que se tratava de um jutsu de espaço-tempo. Mandei alguns homens para investigar a floresta na fronteira do País do Fogo com o País dos Rios, que foi onde a encontrei, mas eles não descobriram nada. Analisei também o selo que ela tem na testa, há uma quantidade imensa de chakra acumulado nele, sendo superior ao chakra adquirido na transformação do selo amaldiçoado. Parece ser a mesma técnica médica que Tsunade-sama usou quando lutou com você.

— Você acha que Tsunade ensinou esse jutsu a ela?

— Eu realmente não sei. Acredito que Konoha tenha escondido essa Uchiha o tempo todo. Talvez ela estivesse sob a tutela de Danzou, fazendo parte da Anbu Ne.

— Hmmmmmm... — Orochimaru pôs a mão no queixo, pensativo. — Isso é bem a cara dele. Me surpreende que ele não tenha arrancado os olhos dela.

— Talvez ele pudesse manipulá-la à vontade. Bom, agora ela está em nossas mãos. O que pretende fazer com ela? — Kabuto questionou

— O que acha mais sensato? Treiná-la. — o Sannin respondeu, de imediato. — E depois, tomar o corpo dela. Mas antes eu quero ver a extensão total dos seus poderes, por isso vou tomar o corpo de Sasuke-kun primeiro.

Nesse momento, ouve-se um gemido baixo. Se você voltasse seu olhar para a criança deitada na cama, veria que ela tem o cenho franzido, numa careta de irritação, mas ainda dorme. Seus dedos se curvaram, resultando em punhos levemente cerrados.

As ondas no gráfico da tela, que marcam as batidas do seu coração, apresentam intervalos mais curtos entre uma e outra onda, e o "pi, pi, pi" tornou-se mais eufórico. Com a respiração ofegante, ela se remexe na cama, e seus gemidos tornam se mais frequentes.

Veja que o Sannin e o discípulo se entreolham, confusos.

E, então, ela abre os olhos. No sugar desesperado de ar para seus pulmões, olhos de uma íris vermelha (rodeada de três pontinhos negros) observam, assustados, o local.

— Ah, o Sharingan! — a voz meio rouca e muito sinistra soa na atmosfera lúgubre do recinto.

A menina engoliu seco. Encolheu-se nos lençóis, sentindo os pelos de seu corpo se eriçarem, enquanto ela fitava os olhos âmbar de Orochimaru.

Aqueles olhos... tudo bem se você sentir medo diante deles. Esse é o efeito que eles geralmente têm sobre as pessoas. Foi assim com Kakashi do Sharingan, foi assim com Sasuke do clã Uchiha, e com tantos outros ninjas poderosos que tremeram diante desse olhar. Por que não seria assim com você ou com uma pobre menina que acabou de acordar?

— Q-Q-Que lugar é esse? — a voz tímida dela quase não foi ouvida por Kabuto, mas o Sannin tinha uma boa audição.

— Não precisa ficar assustada. — Orochimaru advertiu, e a jovem teve certeza de que se as cobras pudessem falar, elas teriam aquele timbre. — Ninguém vai lhe machucar. Apenas me diga: quem é você?

Medo foi substituído pela mais pura confusão. O que se responde quando alguém pergunta esse tipo de coisa? Tentou achar uma resposta que não a fizesse parecer boba, nenhuma lhe veio à mente.

— Eu não... não sei...

— Não se lembra de nada? — Kabuto perguntou. — Nem do seu nome?

A menina balançou, negativa e timidamente, a cabeça.

— Hmmm... — Orochimaru e Kabuto se entreolharam, cúmplices, como se tramassem alguma coisa. — Está tudo bem então, mais tarde pensamos em nome pra você. Meu nome é Orochimaru, sou seu tutor e mestre, e este é Kabuto, meu assistente. Você deve obediência a nós.

— Meu... tutor? — a menina raciocinou. — É como... meu... pai?

— Iie. — o Sannin negou, veemente. — É como a pessoa que controla tudo o que você faz e deixa de fazer. É basicamente como se sua vida pertencesse a mim.

A jovem garota encolheu-se, amedrontada. Ela não sabia muita coisa naquele momento, mas sabia que a ideia de que sua vida pertencia a alguém a deixava muito assustada.

— Já disse para não ter medo. — Orochimaru continuou. — Estamos trilhando um caminho para algo maior.

E ele sorriu. Aquele sorriso deveria transmitir confiança, mas teve o efeito contrário.

Algo maior... O que era isso? Como ela podia trilha um caminho que não conhecia?

O Sannin olhou para Kabuto e assentiu, ao que o discípulo assentiu de volta.

Então, a moça acompanhou com seus olhos, agora negros, Orochimaru deixar a sala, enquanto Kabuto pegava um seringa em cima do balcão atrás dos containers. O iryonin aproximou-se do tubo que pigava o soro, e enfiou a agulha da seringa ali, injetando a substância dentro dela.

— O que tem nessa seringa? — a menina perguntou.

— Adrenalina. — Kabuto respondeu, tão casualmente como alguém informa a hora. — E também algumas substâncias que reagem com as partes do seu cérebro responsáveis pela raiva e pela dor.

— M-Mas, por que está injetando isso em mim? — ela assustou-se.

Kabuto ajeitou os óculos e seu semblante tornou-se sinistro e misterioso. Como se já não fosse suficientemente ruim antes.

— Orochimaru-sama quer ver o quão poderoso seu Sharingan é.

Um Sharingan... O quê? Mas o quê? Por acaso isso era um doença ou qualquer coisa do gênero? Aquelas pessoas diziam coisas tão estranhas e sem sentido que a morena viu-se incapaz de sentir-se à vontade ali. Seja lá o que fosse "Sharingan", aquilo não parecia bom.

— Ele tem muitos planos pra você. — Kabuto completou, sorrindo de forma assutadora.

***

País do Cavalo

Dias atuais

O grande e poderoso gênio do clã Uchiha, Uchiha Sasuke estava tão entediado quanto possível. Ele odiava aquele tipo de missão diplomática. Naruto o encarregara de representá-lo numa reunião com o Daimyou do País do Urso e o Daimyou do País do Cavalo, que promoveria uma aliança entre os dois países. Mas aqueles dois velhos eram mais cabeças-duras que o próprio Sasuke em sua adolescência e o Sasuke atual não era tão paciente assim. O Uchiha resistiu ao ímpeto de mostrar seu Rinnegan àqueles homens e fazê-los aceitar logo a droga da aliança que acabaria com uma guerra que já durava gerações.

Mas a reunião foi interrompida por três caçadores ANBU que invadiram a sala.

— O que significa isso? — Sasuke levantou-se da mesa e fitou o grupo de shinobis.

— Uchiha Sasuke. — aquele que parecia o líder se pronunciou. — O Nanadaime Hokage convoca sua presença em Konoha imediatamente.

Sasuke arqueou uma sobrancelha, intrigado.

— Como assim? — ele indagou, calmamente. — Aconteceu alguma coisa? Konoha está sob ataque?

— Iie, Uchiha-sama. É sobre Uchiha Sarada, sua filha. Ela foi dada como desaparecida. É possível que tenha sido morta em missão.

Paralisou. O grande e poderoso gênio do clã Uchiha viu-se paralisado depois de tanto tempo. Algumas vezes, ele próprio achava que não havia mais nada que o pusesse medo, mas ali estava, seu maior pesadelo materializado em algumas palavras. Voltou a ser criança nesse instante, uma criança frágil e impotente, um inútil.

Não, não podia acreditar que, novamente, tudo o que tinha lhe fosse arrancado. Não podia acreditar que Sarada, sua filha unigênita, estava morta. Não iria acreditar nisso até ver com os próprios olhos.

Foi tão rápido que os ANBU ali presentes sequer puderam ver. Em um piscar de olhos, Uchiha Sasuke já não estava ali.

Continua...

***

No próximo capítulo:

Adivinhe quem vem para o jantar.

"Com dificuldade, ela pôs-se de pé. Forçando as pernas bambas a manterem-se firmes, mesmo quase incapazes de sustentar o peso do corpo. A menina Uchiha levantou o olhar. Deparou-se, nesse instante, com olhos negros como o fruto da jabuticabeira, tais como os seus próprios. Em seu peito, o coração disparou com uma nova lembrança:

'Eu te vejo da próxima vez'

— Papa...? — ela gaguejou, a voz saindo bem do fundo da garganta.
Sasuke inclinou a cabeça para o lado, intrigado. Do quê ela o chamara?"


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Notas finais do capítulo

Fiz algumas mudanças na história, espero que gostem. Saraba da!



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