Crônicas de uma garota Uchiha escrita por LittleR


Capítulo 4
O brilho escarlate: a fúria de seus olhos!


Notas iniciais do capítulo

Capítulo dedicado a Trix Iriart que sempre comenta e me incentiva a continuar. Agora, vamos à história.



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"Quando alguém conhece o amor, assume o risco de conhecer também o ódio."
— Uchiha Sasuke.

 

IV.

 

(Olhos verdes. Cabelo rosa. Angústia materializada em seu rosto meio infantil. Eu podia compreendê-la. Diante de seu amado, a garota uivou, despejando a insuportável dor de perder alguém importante.
Naquela noite, suas palavras, as quais não eram para mim, me marcaram:
"Eu te amo tanto que nem consigo suportar... por favor, fique aqui... comigo.")

 

***

 

Escarlate era a cor que definia aquela noite.

Ah, não, caro leitor, não se iluda. O céu não estava vermelho, não chovia sangue e também não havia pilhas de corpos pelo campo de batalha.
Essa era apenas a cor que definia a garota cujo poder está nos olhos. Era a cor do líquido viscoso em suas mãos. Era a cor do seu ódio. Não importava para onde olhasse, tudo o que via era escarlate.

Ao contrário do que dizem, o ódio é quente. Ele queima pelas suas entranhas. Ele te rasga por dentro. O ódio tem cor de sangue.

Da retina, em seus olhos, brotavam cinco figuras em forma de losango que chegavam até a borda da íris. Uma figura muito semelhante a uma flor.

Agora, diga-me qual seria a cor...

Exatamente. Escarlate.

— Vocês... — sua voz contida era um mal sinal; havia fúria entre seus dentes. — Eu vou matar todos vocês!

Seu semelhante tornou-se ainda mais sombrio. E quando sangue escorreu de sua cavidade ocular direita, Sarada despertou uma habilidade rara.

Ela descobriu que podia lançar um poderoso genjutsu capaz de alterar a percepção de tempo da vítima, fazendo três segundos parecerem três dias. Era um genjutsu inescapável. A Uchiha descobriu também que, diferente de todos que usaram essa técnica antes dela, ela podia levar mais de uma pessoa para seu "mundo".

Um mundo onde, sim, o céu era vermelho, chovia sangue e havia pilhas de corpos espalhados pelo campo de batalha.

Era o despertar do Tsukuyomi. Um Tsukuyomi diferente dos outros, uma técnica exclusiva de Uchiha Sarada, capaz de derrubar os cinco ninjas mais próximos, de uma única vez.

Mas o Tsukuyomi requer contato visual, você pondera.

E você está certo. Porque é exatamente isso.

O erro dos ninjas foi a curiosidade. Curiosos com aquele estranho formato dos olhos dela, acabaram caindo na armadilha.
No entanto, o uso de tal técnica possui seus efeitos colaterais. Sarada soube disso quando uma dor aguda, como uma facada, lhe sobreveio sobre o olho direito. Com um gemido, ela levou a mão ao globo ocular enquanto vergava o tronco.

Ignorou a dor e concentrou-se em seus inimigos, agora amedrontados. Sarada puxou sua bandana e a jogou no chão, revelando a marca lilás, em forma de losango, em sua testa. O uso excessivo de chakra com o Tsukuyomi, acabou fazendo a menina Uchiha despertar o Byakugou no In, mostrando que sua força não está somente nos olhos, mas também na testa. A força de uma centena.

Ela correu para os inimigos, abatendo um punhado deles somente com taijutsu. Seus olhos nunca foram tão eficazes e nunca trabalharam em conjunto com o corpo com tamanha maestria como naquele dia.

Os inimigos resistiram, mas de que adiantava? Ninjutsu, genjutsu ou taijutsu, nada funcionava contra ela. Nem mesmo quando uma kunai passou-lhe por cima da cabeça, rompendo a amarra que prendia seu longo cabelo num rabo de cavalo alto, ela se abalou.

Metade do exército foi derrotada quando Sarada realizou seu primeiro Okashou desde de que despertara seu Byakugou no In (coisa que, diga-se de passagem, não faz muito tempo). O impacto foi colossal, de forma que, num raio de um quilômetro, o solo foi totalmente pulverizado em pedaços minuciosos.

Ah, mas a garota ainda não estava satisfeita. Não era suficiente ouvir o gemido de dor dos homens caídos ao seu redor. Não, mais, muito mais. Ainda havia homens de pé, isso era inaceitável. Ela queria destruí-los. Esmigalhá-los sob seus pés, torcer seus ossos, ferver seu sangue. Tal como uma criança mimada cujo brinquedo foi quebrado, ah, como queria apagar até o rastro deixado por eles.

E assim agiu, vingativa, como todos os outros. Como todos os outros humanos que sobram, os sobreviventes, guiados pela vingança, pelo desespero e pela dor. Incapaz de perceber que nada daquilo valia à pena, que nada daquilo traria Boruto de volta, que nada aplacaria sua dor. Ah, criança mimada fazendo coisas inúteis.

Se soubesse na época o quão enganada estava! Não há outra coisa senão o amor para aliviar a dor. Ela devia saber, foi isso que Pai e Mãe sempre lhe ensinaram. Mas, ela se importava?

E novamente, sangue escorreu de sua cavidade ocular, dessa vez a esquerda.

Chamas negras. Calor. Amaterasu. Quando as labaredas do Amaterasu de Sarada começaram a consumir o que restara da floresta, Mitsuki soube que era hora de, ao menos, tentar pará-la.

— Sarada, o que está fazendo?! — ele exclamou, aflito. — Pare com isso!
Por instinto, ela virou o rosto para ele. Vê-lo a despertou de sua raiva, como se ela se desse conta de que não devia fazer aquilo.

Voltou-se novamente para os homens, que agora corriam, desesperados, para fugir das chamas inextinguíveis, mas a cada tentativa, um deles queimava até a morte.

Sarada tirou o medalhão e o pergaminho de sua bolsa e os jogou no chão. Esmagou-os com seus pés ferozes e irados. Havia tanta raiva em cada uma de suas células. As lágrimas voltaram as seus olhos e, entre soluços, ela cuspiu tudo o que estava preso em sua garganta.

— Seus... Seus desgraçados! — berrou, pisoteando as relíquias, como uma criança birrenta. — Eu odeio vocês!

Com o choro, uma aura cor de rosa começou a emergir de seu próprio corpo. Uma estrutura semelhante à costelas formou-se em torno da menina Uchiha e logo tornou-se uma entidade humanoide esquelética.

A garota não viu, mas o medalhão sob seus pés adquiriu uma coloração mais brilhante, enquanto no pergaminho (que se abrira quando ela o jogou no chão) surgiram diversas inscrições.

— "Vou protegê-la!" — ela zombou das palavras, irritada. — Seu imbecil! Pode me proteger disso?! — riu. Olhou para os homens. — Querem essa coisa? — apontou para as relíquias sob seus pés. — O que acham de eu destruir sua única esperança?!

O punho do recém-adquirido Susano'o foi em direção ao medalhão e ao pergaminho, mas não os atingiu. Parou no meio do ataque, como se uma força o repelisse. Era como tentar aproximar dois imãs com polos iguais. Simplesmente se repulsavam. Sarada surpreendeu-se, pois o medalhão estava irradiando uma energia azul.

Não! Aquilo era chakra. Como uma pessoa viva, tinha chakra no medalhão. Bem que o Nanadaime dissera...

E aí, caro leitor, a situação inverteu-se completamente. De repelidos, Sarada e seu Susano'o, passaram a ser sugados. Mitsuki arregalou os olhos ao ver o chakra no medalhão envolvê-la, completamente. Ele viu chakra rosa e chakra azul se misturarem e começarem a girar rápido demais para que se pudesse se dar conta do que estar acontecendo.

A enorme ventania causada pela rotação do chakra fez Mitsuki perder a visão do que aconteceu depois, tal como fez as chamas do Amaterasu se alastrarem ainda mais, queimando vivo o exército Shiaolin.

Quando a ventania parou, Mitsuki sentiu seu coração vacilar.

Ah, de novo... essas emoções humanas tão estranhas.

Ele procurou pela companheira, mas ela sumira. Ele gritou por ela, mas não houve resposta. Sentiu a visão borrar.

O que era aquilo?

Uma lágrima?

Quase.

O filho de Orochimaru não sabia de que se tratava, mas sabia que não podia perder mais um de seus companheiros.

Eles eram sua única...

Eh, como era mesmo a palavra?...

Ah, família.

Oyaji nunca estava lá. Se bem que... não era como se esse fosse o melhor exemplo de pai. Para ele, só havia a luz, a líder e o sensei. Perder dois destes de uma única vez seria arrancar tudo de bom que Mitsuki um dia tivera. Era como não ter motivo para estar vivo. O rapaz não queria abandonar seus companheiros, nem na vida, nem na morte. Ele podia morrer ali mesmo, destruído pelas chamas negras.

No entanto, havia outra coisa. Um outro "algo" que Mitsuki não sabia nomear, apertando seu recém descoberto coração.

Uma intuição, talvez?

Dizia que Boruto merecia ser enterrado dignamente. Um recanto digno e final para a luz. Dizia também que o medalhão precisava ser investigado, para que assim pudesse descobrir onde estava a líder. Fosse o que fosse, intuição, presságio, instinto ou raciocínio subconsciente, Mitsuki não estava disposto a deixar passar.

Pensando nisso, ele tirou sangue do polegar e espalmou a mão sobre o solo.

— Kuchiyose no jutsu!

Com um "buuuuuum" e alguma fumaça, eis que se ergue, titânica, uma víbora cuja pele roxa resplandecia como ametista ao sol do meio dia. Muito maior do que qualquer árvore daquele lugar, a serpente podia ser vista a quilômetros de distância. Mas isso não impressionava o jovem albino, seu invocador. Apressado para sair do meio daquelas chamas, Mitsuki pegou as relíquias, o corpo de seu amigo morto e o monge Shiaolin usuário de Hyuuton, que encontrava-se inconsciente. Ao pular sobre o réptil, o rapaz ordenou:

— Para Konoha, Nara!

Para o qual, a víbora obedeceu prontamente.
Para trás, deixaram uma floresta negra, que logo desapareceria do mapa, consumida pelas chamas de Amaterasu.

 

Continua...

 

No próximo episódio:
Pai e Mãe


"— Sakura... Obrigado por tudo.

Dito isto, ele golpeou a rosada no pescoço e ela caiu inconsciente em seus braços. Sasuke a colocou no banco ao lado. Enquanto ele fazia isso, Sarada aproximou-se dele e sussurrou em seu ouvido:

— Seu covarde!

E levada pela brisa, ela sumiu em zilhões de partículas brilhantes.
Mas, no fundo de sua consciência, Sasuke a ouviu."


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Notas finais do capítulo

Bom, era para ser maior, mas ficou grande demais então dividi em dois. Vamos ao próximo.



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