Crônicas de uma garota Uchiha escrita por LittleR


Capítulo 10
Dois lados da mesma moeda


Notas iniciais do capítulo

Oi, galera!
Não é que eu estou de volta, hehehe
Então, esse é o capítulo onde eu mudo drasticamente a história que eu havia imaginado originalmente. É um extra detalha melhor a luta entre Boruto e seu lado maligno. Melhorei algumas coisas. Quantos aos capítulos que vinham depois desse, eu postarei de novo, juro, só que agora revisados e com algumas diferenças.
Espero que gostem.



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"Quando você tem alguém a quem proteger, aí sim pode se tornar verdadeiramente forte."

— Haku

 

X.

 

JARDIM DA INTIMIDADE

Dentro do Monstro...

 

Boruto abriu os olhos e não estava em um estômago ou algum lugar nojento demais para pensar. Era um lugar escuro, imenso. Sem começo nem fim, apenas uma imensidão sombria, com uma luz branca que vinha de cima, mas que não dava pra ver exatamente onde começava. O chão estava encharcado com água, que chegava até os calcanhares.

Nojento. Foi o que Boruto pensou, enquanto levantava a barra das pernas de sua calça até as canelas. Andou por ali meio contrariado, procurando alguma coisa. Qualquer coisa, sei lá. A forma como andava exalava confiança. Tudo em Uzumaki Boruto era pura audácia, e ele sabia disso. Era totalmente consciente de seus dons. Desde o momento em que acordava até o instante em que fechasse os olhos para dormir, ele sabia.

Mesmo agora, ele também sabia. Por isso, não tinha medo. Por isso havia tanta confiança até na forma como ele movia os ombros para andar. Depois de algum tempo de caminhada, soltou um suspiro de frustração. Até ouvir uma voz muitíssimo familiar ecoar na escuridão.

— Então, você era o cara que conseguia todas as garotas que quisesse, não é mesmo?

Ele virou-se. Seus olhos recaíram sobre uma figura loira e confiante, esbanjando sorriso cínico. Já admirara aquela imagem um milhão de vezes pelo espelho. Com exceção dos olhos. Esses eram diferentes no outro garoto. Possuíam uma cor de lavanda esbranquecida, com veias saltando-se na face ao seu redor. Não tinham pupila. Ah, o Doujutsu do clã de sua mãe. Um Byakugan.

O outro Boruto riu, arrogantemente.

— Quanta hipocrisia! — ele continuou. — A única garota que você realmente queria, você nunca conseguiu. Ela sempre pareceu preferir seu melhor amigo. Sabe, Mitsuki faz mais o estilo dela, não é? Afinal, ele tem caráter. — gargalhou ao final do discurso.

Boruto fraziu o cenho para sua versão Yin. A versão com seus piores defeitos materializada bem diante dele.

— Cale a boca!— ordenou, terrivelmente incomodado.

— O discípulo do grande Uchiha Sasuke e filho do Nanadaime Hokage. — o outro o ignorou, caminhando lentamente para ele. — Sua fama não passa de uma mentira, e você é só um trapaceiro. Você é fraco. É um covarde. E você não é bom o suficiente para Sarada. Você sabe disso, foi por isso que nunca disse nada a ela.

Boruto Yang comprimiu o maxilar, sentindo-se finalmente exposto. Era tão ruim ter seus segredos assim, ditos em voz alta. Tentou manter a calma.

— Isso... é mentira... — murmurou, os olhos cerrados de descontentamento.

— Não, não é! — Yin ergueu a voz. — Você é uma decepção. Por causa disso seu pai nunca estava em casa, porque você o envergonhava.

Boruto sentiu as lágrimas inundarem seus olhos. Em algum momento da vida, achou que tinha deixado essas fragilidades tolas de criança para trás. Mas, esconder não é o mesmo que superar. Ele mal se deu conta que seus punhos estavam tensamente fechados, prontos para socar alguém. Quem sabe a si mesmo.

— Você sabe, não é? — continuou o outro. O garoto malvado. — Que nem morrendo você foi útil. Você não a salvou, porque depois que você se foi, eles permaneceram lá. Eles provavelmente a mataram depois de você. Ela está morta, Boruto. Porque você não foi forte o suficiente para sobreviver.

— Não... — Boruto negou, num murmúrio incrédulo. — Ela... Ela é forte. Ela pode tê-los vencido.

Boruto Yin estava diante dele. Ele tinha raiva em sua expressão. Nojo e desprezo por sua versão Yang. Tudo de ruim, aquele rosto tinha. Ele acusou o outro Boruto mais uma vez:

— Ah, não minta para si mesmo! Você nunca confiou nas habilidades dela. Por isso é que você está sempre pulando na frente da Sarada, para salvá-la. Porque você não acredita que ela possa fazer isso sozinha. Você não consegue admitir a força dela.

Ah, este foi o estopim. Boruto Yang ergueu o olhar e encarou a si mesmo como se pudesse matá-lo. Ou matar-se. É por causa da verdade. Dizem que ela dói, não é mesmo?

O menino ergueu de assalto seu punho cerrado. Acertou o rosto de sua versão Yin com uma brutalidade que o fez cair sentado no chão.

— Por que você não cala essa merda dessa sua boca?! — perguntou, a voz algumas oitavas acima, logo depois de atacar seu outro eu.

Boruto Yin levou a mão ao canto da boca, limpando o filete de sangue que escorria. Ergueu o olhar e riu com deboche.

— Eu sou você, esqueceu? — inclinou a cabeça para o lado, olhando-o com cinismo. — Vai fazer o quê? Me bater? Você bem que merece.

Boruto Yang já estava cheio de todo aquele cinismo. Era tão difícil assim conviver com ele normalmente? Antes mesmo que pudesse se dar conta, já estava reunindo chakra Raiton em torno do próprio punho. Sua mão brilhou em fúria, os raios e chiados do Chidori. Avançou na direção de seu eu maligno, pronto para atravessar seu peito.

No entanto, nada ocorreu como esperado. Mal tinha avançado, seu punho enfrentou o vácuo. O menino Uzumaki piscou algumas vezes, defrontando-se com o mais límpido vazio diante dele. Seu oponente sumira em questão de segundos.

— Você é tão previsível, Boruto-chan. — riu, a voz debochada e atrevida. — Acho que esse deve ser o seu carma.

A voz vinha de sua retaguarda. Boruto Yang virou-se para ele, contrariado. Arregalou os olhos ao encarar seu oponente. Yin mudara completamente. Quer dizer, ainda possuía os mesmo 1,75m de altura e os mesmo ombros largos, mas agora, seu corpo fora envolto numa energia que liberava chamas azul-ciano ao redor dele. Os cabelos levitavam, o peito coberto por tatuagens com formato de magatama em torno de seu pescoço. Por último, os olhos liberavam um brilho branco incandescente.

Incitado pela ameaça repentina, o Jogan de Boruto Yang fez-se presente, brilhando, claríssimo, em seu olho direito. O menino Uzumaki aproveitou a deixa para tentar invocar as marcas do Karma pelo lado direito de seu corpo, mas a tentativa não surtiu efeito.

— Esses seus truquezinhos não vão funcionar aqui. — alertou Yin, com divertimento. — Você está sempre usando esses poderes que não são seus, mas isso não vai acontecer nessa dimensão. Aqui, somos só você e eu.

Bom, isso é verdade. No fim, Boruto — todos os Borutos — nunca achou que o Karma pertencesse realmente a ele. Só esperava que não tivesse ficado dependente demais de um poder emprestado. Suspirando, ele pôs-se na posição do taijutsu que aprendera com sua tia Hanabi. O famoso taijutsu Hyuga.

— Eu não vou morrer. — ele disse. Não era para seu outro eu. Era pra si mesmo. — É uma promessa, você está me ouvindo? Eu não vou morrer enquanto ela não for minha. TAJUU KAGE BUNSHIN NO JUTSU!

Com as palavras gritadas e o selo de suas mãos, havia dezenas de Borutos Yang, aparecendo ao redor com bombas de fumaça. Seus movimentos eram belissimamente sincronizados.

— Rasengan! — eles gritaram em um coro, materializando, cada um em sua mão, uma massa de chakra comprimido rotativo. Apontaram-nos para sua versão Yin. — Fuuton: Repuushou!

Ele criou a Palma de Vendaval na mesma mão, logo abaixo do Rasengan. Esta agiu como a pólvora dentro do cano de um revolver. As dezena de Yang lançaram seus Rasengans como projéteis na direção de Yin. As esferas de energia cortaram o ar com um velocidade incomensurável. Um mar azul correndo na direção da versão maligna de Bolt. Mas o mar, de repente, sumiu. Desapareceu no ar como mágica.

Não era mágica, Yin sabia. Era a habilidade especial do Rasengan de Boruto: a capacidade de desaparecer, desnorteando o inimigo. Não era uma novidade para ele. Por isso, sorriu. Longamente. E então, mesmo sem ver, pôde sentir o ar mover-se em sua direção. Era agora. Inclinou o tronco, os braços um pouco afastados do corpo.

Hakke Shou: — exclamou, a versão Yin. — Kaiten.

E girou seu corpo com rapidez. Energia azul ciano incidiu ao redor dele, girando também, varrendo tudo, formando uma semiesfera rotativa. Os Rasengans invisíveis, ao acertá-lo, foram repelidos com brutalidade. Nada passou ali. Cada uma das esferas de energia lançadas pelos clones de Boruto Yang foi-lhes devolvida sem pudor. E eles foram destruídos por seu próprio ataque, um a um, até restar somente o verdadeiro.

Boruto origial soltou um "tsc" frustrado. Não deu-se por vencido. Antes mesmo que Yin tivesse terminado de girar, Yang saltou sobre sua cabeça. A versão maligna parou, encarando enquanto seu eu bonzinho caía em sua direção. Sorriu novamente. Erguendo a mão acima de sua cabeça, na direção de onde seu oponente vinha, Boruto Yin preparou-se para invocar as Esferas da Busca da Verdade, mas algo abaixo dele o fez desviar a atenção para os próprios pés.

Yin fitou o chão, encontrando, ali, duas mãos agarradas aos seus calcanhares. Antes que pudesse pensar num jeito de libertar-se, ele foi sugado para baixo e arrastado até o pescoço para o interior da terra.

— Estilo Terra: — exclamou Boruto Yang. — Jutsu do Caçador de Cabeças.

Totalmente imobilizado, seu corpo enterrado no chão, enquanto a versão Yang, acima dele, ainda vinha em sua direção, Boruto Yin não se rendeu. Fechou os olhos claros e sorriu. Malignamente. Liberando a energia de seu manto de chakra, ele explodiu a terra ao seu redor. As técnicas de atração e repulsão advindas do Modo de Chakra do Tenseigan podiam sem bem úteis. A dimensão foi explodida num linda luz branca. Boruto e Boruto foram engolidos por ela.

Foi quando Yin achou que tinha vencido. A luz apagou-se e tudo voltou à dimensão escura. Ele estava sozinho, a versão malvada. Vencera? Soltou um suspiro. Não podia sentir o chakra de seu oponente. Mas fora fácil demais. Girou sobre os calcanhares e quase foi acertado por um chute em sua face. Desviou por pouco.

Boruto Yang ainda estava lá. Vivo. Teimoso como sempre. O Jogan ativado, aquele poderzinho incompreensível, com habilidades incompreensíveis, que se ativavam aqui e ali quando bem entendiam, sem qualquer tipo de padrão. Grande merda. Yang avançou com um soco, mas Yin desviou novamente. E de novo. E de novo. E todas as repetidas vezes que o outro tentou acertá-lo.

Cansado, a versão maligna invocou suas Esferas da Verdade, flutuando atrás de suas costas. Envolvendo-as em seu manto de chakra, ele as lançou contra o outro Boruto. Uma saraiva de balas azuis correndo na direção de um garoto quase morto. Um garoto quase morto e meio teimoso. Boruto Yang afiou seu Jogan. Não, não era a mesma coisa que um Byakugan, mas ele conseguia ver o chakra movendo-se na direção dele. E Boruto era um gênio, então... Ergueu as mãos, envolvendo as pontas de seus dedos em finas linhas de chakra. Moveu seus braços com rapidez ao redor do corpo, ainda no ar.

Shugo Hakke: — ele exclamou. — Rokujoyonshou.

Era um jutsu de sua mãe. Uma defesa perfeita, dissera ela. E era mesmo. Yang conseguiu repelir todas as esferas jogadas nele, com os movimentos de seus braços.

Mas, enquanto tentava sobreviver, distraiu-se. Quando, finalmente, parou seus movimentos, lá estava Yin, um palmo de distancia dele. Arregalou os olhos pela repentina proximidade, mas já era tarde.
Uma bolha de energia azul surgiu na mão de seu eu maligno. Ela deslizou delicadamente pelo ar e fundiu-se ao peito do menino Boruto. Houve uma queimação em seu corpo. A bola de energia capaz de manipular a mente da vítima, a Esfera da Maldição da Marionete. O corpo de Boruto adormeceu. Ele gemeu ao cair sobre seus joelhos. Sua consciência escorregava para fora de seu corpo a cada instante. Estava perdendo. Sendo derrotado. Diante dele, Yin soltou um sorriso vitorioso.

— Eu venci, Boruto. — ele disse. Arrogantemente. Como era típico dele.

Sim. Você venceu. Ele estava prestes a desistir. Não estava e nem nunca estivera a fim de lutar batalhas perdidas. Era desgastante demais. E Boruto nunca foi do tipo de fazer esforços desnecessários.

Enquanto Yin ludibriava-se com a vitória quase certa, ele não pôde ver. Não, ele não pôde. A figura oculta que se erguia na escuridão, atrás dele. Ele não pode ver, apenas sentir. Foi quando um poderoso punho acertou seu rosto, quase rachou seu crânio, lançou-o longe, na escuridão distante.

Shannaro. — disse suavemente, uma voz nova.

Boruto Yang, meio desfalecido, ergueu o olhar. Ele viu cabelos escuros bem curtos, óculos vermelhos e uma camisa tradicional da mesma cor. O corpo magro, ele já conhecia de longa data, aqueles grandes olhos negros e até a forma como ela ficava de pé.

— Sarada? — murmurou ele, desnorteado.

Não a Sarada de agora. A de antes. Muito mais séria, muito menos aberta, talvez. A garota por quem ele se apaixonara.

— Como pode estar aqui? — ele perguntou, confusão estampando sua face.

Ela o olhou, a mão na cintura e a postura relaxada.

— Uma pessoa é composta pelos próprios sentimentos, os bons e os ruins. — respondeu, de maneira intelectual. — Mas ela também é composta pelos sentimentos de outras pessoas. Você, Boruto, não é feito só de Boruto. É feito também de Sarada.

— E Mitsuki. — concordou uma voz rouca ao seu lado.

Ao olhar, Boruto o viu. O menino misterioso. O garoto que não tinha pai... nem mãe. Ou que tinha pai e mãe. Ou que tinha um pai ou uma mãe. Um garoto com cabelos brancos e olhos de cobra... e um jeito de falar todo arrastado. E uma essência tão magnífica quanto o universo. Mitsuki. Não o de agora. O de antes, quando ele ainda não era tão alto, ou tão sentimental.

— E todos os outros que você ama e que amam você. — Sarada parafraseou. — Cada um deles vive aqui no seu Jardim. É o que você precisa entender, Boruto, sua vida não pertence somente a você.

Mitsuki concordou com um aceno.

— É por isso que você não pode simplesmente escolher morrer. — ele disse.

— É, e você tinha dito que ia me proteger até que eu me tornasse Hokage. Eu ainda não sou Hokage, baka-Boruto. Por isso, nem pense em se dar por vencido.

— Mas eu não... — hesitou. Boruto... não sabia que podia ser tão covarde. — Eu não consigo vencê-lo sozinho...

Yang encarou o chão. A água cobrindo seus joelhos. Ele sentiu as lágrimas deslizarem por seus cílios e fundirem-se ao líquido da terra. Por que estava tão triste? Aliás, estivera triste o tempo todo. Como não se dera conta? Suas fraquezas sempre estiveram ali, como ele tinha simplesmente ignorado isso e fingido ser um gênio?

Mitsuki e Sarada entreolharam-se, preocupados. No fim, ela aproximou-se do amigo loiro e pousou ambas as mãos sobre suas bochechas, erguendo-lhe o rosto para que ele a encarasse.

— Você não está e nem nunca esteve sozinho. — ela disse, com um sorriso. — Juntos, nós vamos vencer qualquer coisa que vier.

— Tudo bem. — Mitsuki acenou. — Nós estamos aqui também.

Estas foram as palavras. Palavras simples, nada demais. Mas calorosas o suficiente para fazer Boruto Yang recobrar o ânimo. Ele sorriu. Ele sorriu porque não estava sozinho. Ele sorriu porque ter amigos é como uma um gole de água fria em meio ao deserto escaldante. Enquanto ele ainda sorria, Sarada simplesmente enfiou punho dentro de seu peito. o rapaz vergou o tronco com o golpe, gemendo. A menina retirou sua mão, trazendo consigo a Esfera da Maldição da Marionete, quebrando-a entre seus dedos sem esperar muito.

— Desculpe. — ela disse, e virou-se para frente.

Caminhando calmamente e até descontentemente, estava Boruto Yin. Seu corpo brilhava através da escuridão, as chamas ao seu redor, azul-ciano.

— Sara-chan... — disse a versão maligna ao parar e encará-la. — Isso foi rude.

Mal as palavras tinham saído de sua boca, Mitsuki ergueu a mão. Surgiu uma gigantesca cobra branca da terra, abaixo dos pés de Yin. A víbora enrolou-se ao redor dele até cobri-lo por completo e esmagá-lo. Mas nem isso era o suficiente. Numa explosão de poder, Boruto Yin dilacerou a serpente pelo ar. Os três colegas de equipe, à distância, ficaram pasmados.

Não tinham muito tempo para engolir em seco. Sarada e Mitsuki dividiram-se, correndo cada qual para um lado. Cercaram Yin em um triângulo.

Sarada acumulou chakra em seu punho e golpeou a terra com fúria. A água subiu, o solo foi todo quebrado, desestabilizando o equilíbrio de Boruto Yin. Sem perda de tempo, Mitsuki estendeu seus braços e agarrou-o, para o espanto dele. Boruto Yang correu para ele, a mão o envolta em chakra Raiton. A mão tocou seu peito e o atravessou, enfiou o Chidori bem fundo. Yin arregalou os olhos, o corpo transpassado pela energia elétrica. Convulsionou e cuspiu sangue.

Ofegante, Yang afastou-se um pouco. Mal podia acreditar. Espera, acabou? Não. Foi quando Yin explodiu em fúria. Jogou longe Mitsuki e Boruto. De suas costas, as correntes Uzumaki Adamantinas saltaram, estenderam-se como cobras ao seu redor. Ele rugiu como uma fera ferida, seu manto expandindo-se ainda mais.

Boruto Yang levantou-se sem demora, sacou suas shurikens. Conjurou 12 clones ao num círculo perfeito ao redor do oponente. E então lançou suas lâminas, a técnica de lançamento que aprendera com o líder do clã Uchiha. As correntes Uzumaki, no entanto, ergueram-se e chocaram-se contra as shurikens. Como esperado. As shurikens planaram no ar, antes de girarem novamente e enrolarem-se às correntes. A linhas ligadas às shurikens chiaram com o brilho e foram puxadas pelas mãos de dos clones, esticando e prendendo as correntes, como ele aprendera com Sasuke. Em seguida, Mistuki espalmou as mãos na terra e exclamou:

Fuinjutsu: Cadeia de Luzes Sucessivas.

Um círculo brilhou no chão ao redor de Yin. Correntes de prata surgiram de seu perímetro e enrolaram-se ao redor da versão maligna de Boruto, prendendo-lhe todo o corpo. Com suas Correntes Adamantinas presas às linhas de Boruto Yang, Yin invocou mãos de energia de seu manto de chakra, usando-as para, em vão, tentar quebrar as Correntes da Luz de Mitsuki.

Mas o outro Boruto foi mais rápido. Conjurou uma gigantesca Shuriken de Vento Demoníaco e lançou-a contra ele. A lâmina cortou o ar com seu rugido feroz. Mas um dos braços de Yin ergueu-se e a agarrou centímetros antes de ela alcançar seu rosto.

— Era só isso que você... — Yin começou, mas foi surpreendido. A Shuriken desapareceu em uma bomba de fumaça. Em seu lugar, agora estava uma menina de 12 anos com lindos cabelos negros.

Com cintura agarrada pela mão de chakra, Sarada é que estava erguida no ar. Ela pousou suas mãos sobre a bochecha de Yin, com delicadeza. Ela era tão doce e seu olhar era suave. Como se ela o amasse. Ele não podia resistir a ela. Não quando ela o olhava daquela forma. Sua guarda caiu. Sarada Uchiha sorriu gentilmente para ele e sussurrou:

— Olhe em meu olhos.

E ele o fez. Os olhos negros que ele amava transformaram-se em um par de iris vermelhas, com um Sharingan totalmente amadurecido. De repente, Boruto Yin sentiu-se leve, como uma pluma. Sua mente foi clareada de qualquer pensamento desnecessário. O corpo cedeu de vez, mas ele sentia-se tão bem. Não importava. O corpo de Yin desfez a resistência, e ele caiu lentamente até sentar-se sobre os joelhos. Os olhos vidrados em nada, o rosto tranquilo. Todos observaram.

Boruto e Mitsuki. Não surpreendidos, mas ainda encantados. Sarada era boa em muitas coisas, mas em genjutsu, ela era a melhor. A menina Uchiha levou a mão ao ombro de Yin e ajudou-o a deitar-se sobre o chão, com todo o cuidado do mundo. Por fim, virou-se na direção de seus amigos.

— Você precisa ser rápido. — disse à Yang. — O efeito não vai durar muito.

Dito isso, Boruto aproximou-se de sua versão maligna. Encarou-o.

— Bom, essa é uma dimensão que pertence a você e a mim. — disse, mais para si mesmo que para qualquer um. — Se você pode fazer as coisas acontecerem, então eu também posso.

E com um selo de mão, ele exclamou:

— Arte Sábia: Portão do Céu.

Do céu, caíram cinco portões Torii vermelhos sobre o corpo imóvel de Yin. Um para a cintura, dois para as pernas e dois para os braços. Isso garantiria que ele não explodia em poder novamente.

— Qual é o jutsu mais poderoso que você tem agora? — perguntou Mitsuki.

Boruto pensou. Bom, ele não podia recorrer ao Karma, então só restava uma coisa...

— Rasendori. — respondeu.

O Rasendori era um técnica que ele criaram ao fundir o Chidori de seu sensei, o Rasengan de seu pai e os Oito Trigramas de sua mãe. Não era uma técnica muito fácil. Precisava ter um bom controle para acumular chakra nos dedos e desenhas as linhas de chakra no ar, no formato de uma esfera, exatamente como no Shugo Hakke. Depois, tinha que fazer a esfera rotacionar e então inserir o elemento raio. O resultado era um Rasengan feito de finas linhas e que liberava raios de sua espiral. Ah, era uma técnica fatal. Embora muito poderosa, ela consumia muito chakra e demorava demais para ser realizada, por isso Bolt nunca a usava em batalha.

Mas, ele realizou todo o processo naquela noite. Em alguns minutos, havia uma esfera elétrica em sua mão. Ele aproximou-se de sua versão maligna. Caída. Derrotada. Os olhos vidrados e o rosto tranquilo. Aproximou-se vagamente para golpeá-lo. Mas antes de fazê-lo, ouviu sua voz.

— Você vai protegê-la?

Yang ergueu a sobrancelha.

— O quê?

— Você vai protegê-los? — repetiu Yin, com dificuldade. — A ela e a todos eles. Todas essas pessoas que vivem no seu jardim. Você vai protegê-los?

— É claro que sim. — respondeu o outro, sem hesitar. — Eu morreria por cada um deles.

Yin moveu seus olhos. Encarou seu outro eu.

— Morrer não. Morrer é muito fácil. Você não pode proteger ninguém se estiver morto. Viva. Viva por cada um deles. Se fizer isso, eu darei meu poder a você. Mas se por um instante, eu achar que você desviou-se do caminho, então você perderá tudo.

Com essas palavras Boruto, de pé sobre seu outro eu, acenou. Um sim perfeito.

— Otimo. — sorriu o outro. Ele parecia satisfeito. — O lado direito do meu peito. É onde fica meu coração. Acerte-o e conseguirá o que quer.

Boruto aproximou-se mais.

— Eu irei vê-lo novamente? — perguntou.

O outro fechou os olhos e sorriu:

— Mais vezes do que gostaria.

Boruto sorriu mesmo. Os dois. E então, um deles foi acertado no coração por uma esfera eletrizante. Houve uma explosão. O lugar foi todo envolvido por uma luz branca estridente.. De onde estavam, um Sasuke muito ferido e uma Ino aflita foram cegados pela luz. O jardim foi todo envolvido e destruido.

.

.

 

HOSPITAL DE KONOHA

Dias atuais

 

Ino acordou de súbito, caindo do lugar onde estava, devido ao susto. O mesmo quase aconteceu com Sasuke. De repente, no recinto branco e silencioso, ouviu-se um grito. Vinha da cama, onde descansava o paciente mais importante de todos.

Todos o encararam. Boruto acordara.

Ele estava vestido num manto de chakra. Os cabelos loiros flutuando acima de sua cabeça, erguidos pela energia azul-ciano que o envolvia. Havia um colar de magatamas ao redor de seu pescoço.

Abrindo os olhos, o menino Uzumaki viu os semblantes de Sasuke e Ino. Mais atrás, Uchiha Sakura, Shizune e mais duas pessoas que ele não conhecia.
Todos o encararam. Com espanto. Os olhos que ele tinha, e agora mudaram.

Uma pupila azul e uma íris que mesclava tons azuis e brancos, como pétalas ao seu redor. Assustado com a própria condição, Boruto encarou suas mãos. O que era aquilo?

— Aquilo é... — Naruto, do outro lado da janela do quarto, balbuciou, incrédulo.

— O Tenseigan - completou Hinata e virou o rosto para o marido. — Ele deve ter despertado ao absorver o Chakra de Bijuu.

— Eu reconheceria aquilo em qualquer lugar — disse Naruto — É o Modo de Chakra do Tenseigan.

Continua...

 

No próximo capítulo:

Treinamento: um confronto entre Uchihas.

"— Orochimaru-sama não virá para treinarmos hoje?

Kabuto ajeitou seus óculos antes de responder.

— Na verdade, seu treino hoje será lá fora. Treinará com uma pessoa diferente.

Os olhos de Sadara brilharam, o coração acelerando de repente. Ela nunca havia ido lá fora.

— Com quem vou treinar, Kabuto-san? — a menina inquiriu.

Mas o rapaz bufou com desprezo, dando-lhe as costas.

— Vista as roupas. — ordenou. — Estarei esperando lá fora."


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Notas finais do capítulo

E aí?
Bom, só pra explicar um pouco, o jutsu de selamento usado por Mitsuki, Cadeia de Luzes Sucessivas, foi criado por mim unicamente para esse capítulo. Seu nome original é Kekkai Kusari Tojin. Foi inspirado no jutsu de selamento usado por Iruka-sensei chamado Isshi Tojin. O Rasendori também é uma criação minha, a tradução seria algo como Mil Pássaros em Espiral.
Espero que tenham gostado. Logo mais volto com os capítulos restantes.



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