Hunter - A caçada começou escrita por Julia Prado


Capítulo 22
A casa temporária


Notas iniciais do capítulo

Nos falamos lá embaixo ;*



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O mistério da minha mente foi o único motivo pelo qual não me mataram. Houve muitos gritos raivosos de Dakota, muitas acusações, muitas perguntas, mas nenhuma resposta. Eu, por via das dúvidas, não sabia o que tinha acontecido. Era como se uma amnésia tivesse me abatido. Se eu consegui ou não enganar Farad, era um mistério também. Sua face, como sempre, estava ilegível e completamente impenetrável. Muito pior do que Jacob.

Minha mente doía como se alguém tivesse atropelado minha cabeça repetidas vezes. Eu sabia que isso era um dos efeitos colaterais do poder de Dakota, Farad havia me alertado sobre isso assim que a tempestade em meu quarto passara. Tudo estava tão complexo para mim, que eu mal tive tempo de registrar que mais um dia havia se passado. A única coisa que me manteve consciente era: eu precisava sair de lá.

Não recebi mais visitas de Dakota, acho que ela ainda tentava entende o que tinha acontecido. Mas mais tarde ou mais cedo ela viria tentar de novo. E se dessa vez desse certo? Eu não podia correr esse risco. Mas então o que faria? Eu não poderia escapar daqui sozinha, sem ninguém. E eu também não sabia como conseguiria chamar por “ajuda”. Nunca tinha pensado sobre essa parte sobrenatural em mim e não conseguiria resolver meu bloqueio sobre isso do dia para a noite. Eu precisava de tempo, mas aqui eu não tinha esse privilégio.

Eu precisava sair.

As vozes fora do comodo seguinte estavam mais altas, como se uma segunda discussão se seguisse. Tentei prestar atenção, para distrair a mente da dor e tentar focar em outra coisa. Era Farad quem gritava.

— Precisamos dela! Você não nos deixou nenhuma outra opção! Matou todos os que tinham alguma informação! – ele gritava.

— Eu?! Ah sim, por que o garoto Newton foi um trabalho meu, não foi? A guia turística também! – ela gritou de volta, só que em uma rapidez que fez com que eu concentrasse toda a minha mente para entender a frase. – Você perde o controle e eu sou a culpada!

Suspirei e desviei minha atenção da briga. Saber o que eles fizeram não me faria nenhum bem. Alimentar uma curiosidade perigosa e fatal só me deixaria em mais problemas, eu estava aqui por causa dessa maldita curiosidade.

Quando anoiteceu – percebi isso pela última refeição que eles me deram na qual tinha arroz, bife e batatas – eu tentei relaxar a minha mente, fazer com que meu corpo não ficasse tão dolorido naquela cama desconfortável. Tentei desligar a minha mente e esquecer as dores de cabeça, eu só precisava descansar um pouco (não tinha tido um sono decente desde ontem). Abri os olhos e mirei o teto escuro, tentando separar as taboas e conta-la como forma de distração. Talvez eu ficaria muito entediada, o suficiente para dormir.

Fechei meus olhos e suspirei.

Um barulho suave e rasteiro sussurrou atrás de mim. Abri os olhos imediatamente, esperando encontrar uma cobra, ou qualquer coisa que me fizesse gritar e chamar por ajuda. Tentei, da melhor forma que pude pois ainda estava amarrada, erguer meu pescoço e olhar para trás. Não precisei me esforçar muito. Um galho fino e com algumas folhas ainda presas se enroscava na cabeceira da cama, descendo suavemente por sua lateral e envolvendo a algema que mantinha um dos meus braços presos na cama.

Choque não poderia ser mais perfeito para a minha reação.

A ponta do galho se afinou e então entrou dentro das algemas. O clique da trava sendo destrancada não pareceu real. Eu só acordei de meu choque quando meu braço caiu dolorido e mole na cama. Continuei a encarar o galho, que agora estava imóvel, como se tivesse sido feito na cabeceira da cama e estado o tempo todo ali. Demorou um tempo para que eu notasse o que estava realmente acontecendo. Essa manifestação sobrenatural tão jogada na minha cara.

Engoli em seco e tentei colocar o torpor de lado, sair desse estado e lidar com ele depois. Estavam me dando uma chance e eu não podia dar para trás agora. Sahale havia me alertado, se eu não cooperasse eles não me ajudariam – quem quer que ‘eles’ fossem. Levantei da cama com cuidado, procurando fazer o mínimo de barulho possível. Desejei que meus passos fossem camuflados, pois a super audição de Farad e Dakota poderiam estragar tudo. Ou pelo menos de Farad, não acho que Dakota ficava o dia inteiro na casa... Além do mais, pela precisava caçar.

Andei na ponta dos pés e puxei as redes e os lençóis das paredes com cuidado, até encontrar a janela. Ela era de vidro e seu fecho estava trancada. Minha cabeça começou a doer novamente, como após o relâmpago. Era difícil me concentrar no que estava fazendo, com a dor tampando minha visão em ondas. Respirei entre os dentes e tentei focar minha visão na trinca simples. Não ia ser isso que me manteria aqui, eu não ia deixar uma estúpida dor de cabeça me manter refém por mais não sei quanto tempo.

O clique suave da trinca encheu meu peito de esperança renovada. Eu estaria livre se tudo desse certo, voltaria para meu pai e para Jacob... Provavelmente ficaria de castigo por um bom tempo também, mas eu aceitaria isso sem problema nenhum. Sorrindo, até.

Empurrei a janela com um pouco de dificuldade, eu estava fraca pelo tempo ocioso na cama e as dores na cabeça não estavam ajudando, mas em parte era por que a janela parecia não ser aberta há muito tempo. Com esforço, icei meu corpo para frente, passando primeiro uma perna e em seguida a outra. A janela dava direto para a floresta e a cabana era rodeada por ela, eu não entendia o motivo de ainda não terem me encontrado, já que eu estava em uma floresta. Não parei para refletir muito sobre isso.

Tentei descer o mais silenciosamente possível, mas sei que não fiz um bom trabalho. Se estavam me ajudando nisso também eu não sabia, mas ninguém tentou me parar. A noite estava gelada e chovia, eu não estava preparada para esse tempo, meu corpo tremia e tentava se aquecer com essa vibração, mas não estava progredindo muito. Abracei meu corpo, como se isso fosse ajudar mais. Comecei a caminhar, tentando ignorar a dormência em meus pés descalços ou a forma como a chuva parecia grudar em meu corpo.

Olhei por cima do ombro. A cabana estava sombria e tenebrosa em uma noite de chuva. Na sua lateral se estendia o mar e o céu. Demorei um pouco para me localizar, e quando o fiz arfei em surpresa e choque. Eu estava no penhasco de La Push. Totalmente perto de casa, ao alcance de todos. Também era a cabana dos meus sonhos, que tinha feito com que eu acordasse suando e com a sensação de realidade na pele. Até onde o meu sonho havia sido real? Eu nunca estive aqui, mas não acho que havia uma cabana antes. O pessoal de La Push teria comentado.

Virei meu rosto para longe, não querendo que minha mente divagasse e acabasse por estragar as minhas chances de fuga. Já sabendo onde eu me encontrava, eu só precisava andar o mais rápido que eu pudesse e torcer para não topar com Dakota no caminho. Pela primeira vez em dias eu desejei que a caça dela fosse bem longe da floresta, em Seattle talvez.

Não sei por quanto tempo eu andei, mas não tinha coragem para parar, mesmo sabendo que a cabana estava a quilômetros de distancia. O que eram alguns quilômetros para alguém como Farad e Dakota? Eu precisava colocar o máximo de distância possível. Mas meus pés estavam quase congelando, meu corpo estava no auge de sua vibração e eu sentia meus pulmões ardendo pelo vento gelado. Eu tentava mover meus braços, aquecê-los ao mesmo tempo para que o calor do movimento aquecesse não somente os braços, mas todo o meu tórax. Era difícil fazer isso em meio a tantas dores.

Dores do frio, dores na cabeça, dores nos pés.

A nuvem de fumaça da minha respiração estava cada vez mais aparente e mais constante conforme minha respiração se acelerava. Eu não conseguia correr, só conseguia mover os pés e até nisso estava começando a falhar.

Não... Eu não podia falhar agora. Não podia ir tão longe e desistir. Eu tinha que terminar a fuga, eu precisava ir para casa.

Uma das raízes de alguma das centenas árvores se enroscou em meu pé e eu caí. Parecia toda a situação da minha mente, só que dessa vez no mundo físico. Eu não conseguia me mover, não conseguia encontrar forças para erguer o meu corpo. Havia uma pequena voz dentro da minha cabeça que me dizia para levantar e seguir em frente, que eu conseguia. Mas meu corpo físico tinha chegado ao seu limite.

Senti o chão vibrar de leve e virei meu rosto para onde a vibração parecia vir. Depois a vibração se tornou em sons e eu reparei que eram passos. No pânico de ser Farad ou Dakota eu consegui erguer a parte superior do meu corpo. Olhei apavorada ao redor, mas a escuridão na floresta era tão opressora quanto a ilusão na minha mente no dia anterior. Eu não conseguia ver muita coisa.

Um alívio tomou o meu peito. Um alívio que não era meu. Não tinha como eu sentir alívio em um momento como esse, onde eu esperava literalmente sentada para saber qual seria o meu destino – voltar para a cabana ou voltar para casa?

Minha mente estava oscilando e eu senti que não ia durar muito mais tempo. Eu ia apagar, mas não podia fazer isso sem saber qual decisão havia sido tomada. Foi com surpresa que notei que o alívio só crescia em meu peito e, com mais surpresa ainda, que aquele sentimento não era meu.

— Eu a encontrei! – a voz quente, rouca e aliviada de Jacob preencheu meus ouvidos como música.

Eu havia me esquecido de quão bonita sua voz era e no poder que ela tinha sobre mim. Eu quase ri quando o alívio dele se tornou o meu. Fiquei consciente tempo o suficiente para sentir sua presença quente como fogo ao meu lado, se ajoelhando; tempo o suficiente para escutar o seu sussurro em meu ouvido de que tudo ficaria bem agora.

***

De alguma forma eu sabia que estava segura antes de acordar. Tinha duas opções para isso: a primeira era a minha consciência me lembrando de algumas horas, da minha fuga e do meu resgate; a segunda poderia ser uma explicação mais sobrenatural, como onisciência ou qualquer outra explicação que a mente humana não consegue explicar. Bom, mesmo meio apagada eu ainda conseguia pensar sarcasticamente, eu devia estar bem e viva, então.

Abri os olhos devagar, pensando onde acordaria se em casa ou em um hospital. O mais sensato seria um hospital, eu me lembro da dor do frio. Embora, é claro, a dor agora parecia uma mera imaginação minha. Eu estava tão quente que chegava a suar um pouco... Não que eu fosse reclamar, é claro. Estava mais do que agradecida.

O teto cor de creme era desconhecido para mim. Hospitais não tinham essa cor de teto, eles tinham uma cor de doente e esterilizada, como branco ou azul sem graça. A cama também era muito confortável para ser a minha ou a de um hospital perto, como o de Forks. As colchas eram finas e agradáveis, do mesmo tom terroso do teto.

Eu estava na casa de Jacob.

Olhei ao redor e encontrei olhos negros e profundos. Eles eram mistos, havia raiva, preocupação, alívio, amor e mais uma forte dose de raiva. E eu nunca fiquei tão feliz por receber um olhar tão zangado.

— Jake! – tentei falar alto, mas saiu uma rouquidão fraca.

Ergui meus braços e, de uma forma muito desconfortável, eu o abracei. Senti seus braços ao meu redor ao mesmo tempo em que ele se movia, me poupando de todo o esforço e ficando com metade de seu corpo em cima do meu, facilitando meu trabalho. Eu fechei os olhos e enfiei meu rosto na curva de seu pescoço, sentindo o seu cheiro amadeirado e terroso. Não tinha nada igual aquele cheiro no mundo, nenhum cheiro me provocaria tanto alívio e felicidade como o dele.

Fiquei um bom tempo abraçada a ele, sentindo a temperatura de seu corpo, a forma rígida e suave parcialmente em cima do meu. Se fosse julgar pelos meus sentimentos de agora, nunca poderia dizer que havia sido raptada. Seus braços protetores anulavam qualquer memória ruim.

Não percebi de imediato que estava chorando, só quando ele beijava minha testa e minhas lágrimas – em seu próprio modo de consolo – que notei o rosto molhado. Não havia escândalo em meu choro. E Jacob não era o tipo de homem que consolava, pelo menos não a mim. Lembrei-me de situações em que chorei na sua frente e ele nunca me consolou como a maioria o fazia. Jacob sempre achou que eu podia lidar com os problemas.

Talvez fosse a preocupação ou a saudade que o faziam me beijar tão suavemente, mas eu não estava reclamando.

— O quão encrencada estou? – perguntei baixinho após o choro ter cessado.

Jacob suspirou e tive minha resposta ali.

— Muito. – respondeu, sua voz me trazendo tanto alívio e felicidade que não parecia caber em meu peito. – Mas isso vai ficar para depois.

Nos afastamos um pouco e encarei seu rosto severo e glorioso de perto. Parecia que tanta coisa tinha mudado em tão pouco tempo. Eu queria me sentar, ficar deitada parecia errado agora. Jacob me ajudou e notei que estava em seu quarto reserva, mobiliado apenas com o essencial e de forma muito rústica e simples. Era bonito. A iluminação que vinha da janela aberta era cinzenta e o barulho de chuva era alto. Mas era bem-vindo.

— Quanto tempo fiquei fora? – perguntei olhando atentamente para o seu rosto, eu não queria perder nada dele. Parecia que havia sido privada durante anos.

— Dois dias. – ele disse de forma lenta e tortuosa.

Franzi o cenho. Não podia ser apenas dois dias, tinham se passado muito mais.

— Tem certeza? – perguntei.

— Absoluta.

Foi então que a ficha caiu. Farad e Dakota tinham me mantido presa em cativeiro com a intenção de fazer com que eu perdesse a noção de tempo. Eles me alimentaram de forma irregular para parecer que eu tinha ficado dias lá e não apenas 48 horas. Eu não entendi o intuito daquilo, mas tinha funcionado. Eles tinham bagunçado com a minha cabeça.

— Meu pai?

— Está dormindo na sala.

Cocei os olhos com as mãos, minha visão doendo conforme a dor na cabeça voltava.

— Que horas são?

— 17h. Você dormiu por um dia inteiro.

Suspirei e ergui os braços, os movendo em círculos para tirar a rigidez. Tentei ignorar a pontada de dor em meu ombro direito, o braço que havia ficado preso na cama. Aqui, ao lado de Jacob, parecia que meu rapto tinha sido há muito tempo, quase surreal.

— Procuramos você por toda parte – Jacob disse lentamente, como se estivesse tentando refrear sua ansiedade. – Não tínhamos nenhuma pista, nenhum cheiro, nenhum rastro. E então seu cheiro apareceu na ronda. Onde estava?

— Tem uma cabana no penhasco. – falei cansada. – Eu estava lá.

Jacob franziu o cenho.

— Não sabia que tinham uma cabana lá.

— Não acho que está há muito tempo. De qualquer forma, acredito que eles já tenham dado pela minha falta, não devem estar mais lá.

— É... Uma pena – Jacob disse de forma sombria, fazendo com que eu me encolhesse.

Haveria um momento para explicações, para conversa. Mas não era esse. Eu precisava de um banho, de roupas limpas, de comida decente, do meu pai, de Austin e Jane, de um pente e de uma escova de dentes. Mas, principalmente, de uma aspirina.

Enquanto Jacob foi pegar o remédio, eu me levantei e andei até uma das portas no quarto. O banheiro era pequeno e apertado, mas era melhor do que nada. Fui até a pia e suspirei com a minha imagem. Eu estava abatida, pálida, com olheiras, meu cabelo parecia sem recuperação. Lavei o rosto diversas vezes e enxaguei a boca também.

Jacob entrou no banheiro com um copo de água e com o remédio. No seu braço havia uma toalha preta felpuda e muito convidativa. Eu tive que sorrir com isso, o primeiro sorriso em dois dias – doeu minhas bochechas.

Ele tocou meu rosto, uma dor tão profunda em seus olhos que quase rasgou meu coração. Era uma expressão torturada e sofrida. Eu só conseguia imaginar o desespero que ele sofreu nesses dois dias. Deitei minha cabeça em sua mão e deixei que ele me tocasse, querendo sentir a sua pele, seu toque. Eu queria muito mais do que um toque, mas tinha coisas mais importantes agora: como minha higiene.

Foi o melhor banho que tomei em toda a minha vida. A água quente fez um trabalho miraculoso em meu corpo, tirando todos os nós de tensão. Lavei meus cabelos com capricho, tentando adiar a minha saída. No fim, não teve jeito. A toalha era mais macia do que eu havia imaginado, poderia passar horas esfregando ela no meu corpo. Voltei a me encarar no espelho levemente embaçado. No meu ombro havia um pouco de sangue pisado, meu pulso estava roxo e também com sangue pisado das algemas que me mantiveram presas por dois dias. Havia cor em minhas bochechas – derivadas do banho – e meus olhos tinham uma expressão de febril felicidade.

Penteei os cabelos, com certa dificuldade devo admitir, e depois sai do chuveiro. Austin e Jane me esperavam sentadas na cama. Eu sabia como Austin iria se comportar – recatada, mas aliviada por me ver bem. No entanto, a reação de Jane me surpreendeu. Ela pulou da cama e me abraçou com força, chorando desesperadamente. Eu sentia empatia por seu alívio ao me abraçar, um pouco maternal demais para uma pessoa como eu, mas fiquei feliz. A abracei de volta e a consolei, dizendo que estava bem agora e que tudo tinha terminado – eu não sabia o quanto Austin estava informada sobre o meu rapto.

Austin me abraçou suavemente, talvez com medo que eu estivesse machucada. Seu abraço foi, de certa forma, mais reconfortante do que o de Jane. Mais simples e que parecia se encaixar melhor ao meu estado de espírito.

Quando me soltou, Jane trazia roupas limpas em seus braços. Eu sorri novamente. Não havia nada melhor naquela roupa. Calça de moletom cinza escura, blusa branca larga de mangas e a blusa de moletom. Meias quentes e pantufas.

Foi bom trocar de roupas, tirar o jeans que machucou minha pele. Eu sai do quarto esperando uma comitiva para me dar bronca, ou para me abraçar – as pessoas estavam me abraçando muito hoje. Encontrei apenas John sentado no sofá, mas em um pulo estava de pé. Jacob estava no balcão da cozinha e parecia estar servindo uma espécie de café da manha no meio da tarde.

Eu senti seus olhos em mim durante todo o meu caminho até John. Soube naquele exato momento que Jacob teria uma supervisão muito maior agora.

— Gaele. – ele suspirou ao meu abraçar. Seu abraço de urso me lembrou de quando eu era menor e esses abraços costumavam tirar meu folego e me fazer rir. Eles não tiravam mais meu folego, mas me fez sorrir um pouco. – Assim que as coisas normalizarem, você estará de castigo pelo resto da sua vida.

Rolei os olhos, sabendo que isso era exatamente o que John faria.

O cheiro de bacon e ovos mexidos na manteiga fizeram meu estômago se retorcer. Eu estava adiando o inevitável por tempo demais, sabia disso. Porém, nada poderia ser dito com Austin aqui. Então eu aproveitaria disso para não pensar nos problemas, não ligar para o futuro iminente que já estava batendo na minha porta.

Fiquei tentando imaginar como explicaria as coisas para Jacob e minhas bochechas coraram de vergonha. Era tão ridículo pensar sobre isso, imagina falar em voz alta!

Ia ser constrangedor.

Sentei-me na bancada e comecei a atacar a comida. Tentei não ligar para os olhares preocupados que eles trocavam entre si, mas teve uma hora que não consegui evitar.

— Eles tentavam me alimentar com regularidade, eu é que não comia. – falei com a boca cheia de bacon. Tomei um gole de suco de laranja para ajudar a descer.

Austin encarou suas mãos e novamente imaginei até onde ela sabia. Eu deveria me manter quieta até que ela saísse e me contassem a mentira que eu deveria sustentar durante a minha vida e relação com Austin.

Ao mesmo tempo eu empurrava as memorias cada vez mais persistentes do meu cativeiro. Não sobre Dakota e Farad, mas sobre as descobertas que fiz e, principalmente, a forma como escapei. Elas lutavam para vir à superfície, mas até o momento eu estava fazendo um bom trabalho.

Um pensamento mais urgente tomou a minha mente e eu não entendi como não pensei sobre isso antes.

— Brady?! – perguntei de repente, pegando Austin e Jane de surpresa.

— Está bem. – Jacob me deu um olhar significativo, do tipo que diz não-vamos-falar-sobre-isso-na-frente-da-sua-irmã.

Voltei a comer e só parei por que Jacob não queria que eu passasse mal. Talvez fosse algo muito inteligente da parte dele, mas eu ainda estava com um pouco de fome... Ou talvez fosse a gula, era difícil saber.

— Vamos para casa? – perguntei assim que terminei de tomar o suco.

— Hm, na verdade, você ficará um tempo com Jacob. – John disse e a forma como falou parecia ser totalmente contra. Franzi o cenho, completamente confusa. – Vai ser mais, hm, seguro para você.

Então entendi. Quando pensei que Jacob manteria sua supervisão mais severa, não esperava nada disso. Olhei para Austin e ela me encarava curiosa também – provavelmente imaginando o motivo da casa de Jacob ser mais segura que a nossa. Abaixei meu olhar, não querendo mentir para ela tão cedo e nem querendo que ela visse algo por trás de meus olhos.

Ela já parecia desconfiada demais para o meu gosto.

— Preciso pegar minhas coisas – falei.

— Já estão aqui. – Jacob disse enquanto lavava a louça. – Seu pai as trouxe enquanto você dormia.

Hm, isso ia ser, no mínimo, interessante. Basicamente vinte e quatro horas com Jacob?

— Eu preciso voltar para a reserva. Alguém precisa confirmar a notícia de que você está viva. – John disse e então estremeceu.

Jane me deu mais um abraço maternal demais e Austin me beijou no rosto, avisando que faria visitas regulares e que Graham e Lali estavam bem preocupados, provavelmente também me visitariam.

Ótimo, mais pessoas para as quais eu teria que mentir. Era quase doloroso.

Assim que eles saíram e eu senti os braços quentes de Jacob ao meu redor. Eu via que ele me tratava com o máximo de cuidado possível e agradeci por isso, parecia que todo o meu corpo estava dolorido como se eu tivesse feito exercícios físicos demais, mas era só o estresse.

Ele me arrastou de volta para o quarto. Eu não queria ficar deitada, mas meu corpo parecia prestes a cair se eu ficasse em pé por mais um tempo.

— Dr. Cullen disse que é normal você se sentir assim nos primeiros dias. – ele falou lendo, corretamente como sempre, meu rosto. – Falou que o estresse dos dois dias a deixaria muito cansada e sua mente precisa se reestruturar. Por isso, estou terminantemente proibido de fazer qualquer pergunta.

Eu sorri um pouco com isso. Então eu ainda teria mais um tempo evitando os problemas que estavam na beira da minha mente. Isso era bom, eu precisaria de coragem para falar tudo o que aconteceu e não estava me sentindo muito corajosa no momento.

Jacob se deitou ao meu lado e me puxou para o seu peito.

— Eu sinto muito. – falei suspirando. – Sinto muito por Brady também, espero que ele não esteja muito bravo comigo.

— Bravo? Por que ele estaria bravo?

Franzi o cenho, confusa.

— Eu arrisquei a vida dele. Ele deve estar uma fera comigo.

Jacob soltou uma risada que não era muito feliz.

— Ele não está bravo com você, Gaele. Está completamente arrasado, para ser mais sincero.

— Arrasado?

— Ele sente culpa pelo o que aconteceu... O que não é uma mentira. – a ultima parte saiu como um rosnado. – Ele foi muito... Idiota em ter deixado você convencê-lo de ir até as cavernas sozinhos.

Olhei para Jacob, mirando seu glorioso rosto retorcido em raiva e ressentimento.

— Você não pegou muito pesado com ele, não é? – perguntei um pouco brava.

Jacob ergueu as sobrancelhas, incrédulo com a minha pergunta.

— Está brincando? Ele colocou a vida de ambos em risco, Gaele! O que esperava que eu fizesse? Passasse a mão na cabeça dele?

— Ele estava ferido, Jacob!

Jacob bufou e revirou os olhos.

— Ele se curou sem problemas.

Balancei a cabeça, não querendo discutir, mas também não querendo desistir do meu argumento. Eu coloquei Brady naquela situação, ele não deveria ser punido pelas minhas ações.

— Você também não está em melhores lençóis do que ele. – Jacob disse, observando bem meu rosto.

— Bom, tenho que discordar disso. – falei suspirando e puxando os cobertores para mais perto, a maciez incrível. – O que é isso? Seda?

— Tenho cara de quem tem seda? – ele perguntou sorrindo.

Estreitei meus olhos para ele.

— Você tem uma Harley e um carro turbinado. Bem que poderia ter lençóis de seda – apontei.

Jacob riu, baixo e gutural. Fez com que eu risse um pouco também, embora toda a situação em que nos encontrássemos nos proibisse disso. Parecia tão errado rir!

— Bom, não são de seda, são de algodão. – falou e apertou as cobertas ao meu redor, como se para prevenir do frio.

O que era totalmente desnecessário. Como alguém se preveniria do frio com cobertores ao lado de Jacob Black? Era impossível. Por mim, eu teria jogado longe os cobertores e ficado nos braços dele, sem nenhum problema... Se não fosse, é claro, a maciez idiota desses cobertores.

Em um pensamento que perdi a origem, Jacob se movimentou na cama e ficou de novo parcialmente em cima de mim, seu cotovelo apoiando seu peso. Passei a mão em seu rosto belo e moreno, completamente feliz por estar ali.

Ele me beijou com uma urgência que eu também sentia, que via em cada movimento seu desde que tinha acordado. Não foi como o primeiro beijo, nem remotamente perto daquela potencia, mas foi muito parecido. Havia tanto desejo, tanta dor, saudade e alívio que enchia meu peito e me deixava sem ar. Não sem ar o suficiente para que eu parasse de beijá-lo, nada naquele mundo me faria parar de beijar Jacob Black.

Eu me apertei contra ele, abraçando-o pelo pescoço e colando a outra parte de meu corpo no dele. Não liguei para a pontada de dor que senti em meu braço direito pela força com que ele me abraçou de volta, nem na dor em meu pescoço, que estava em uma posição desconfortável. Eu só queria tê-lo cada vez mais perto e cada vez mais profundo. Nenhum beijo, nenhum ato seriam o suficiente para aplacar esse sentimento.

— Nunca mais faça isso – ele disse, sua respiração forte e acelerada, batendo em meu rosto e me inebriando completamente. – Prometa.

— Eu prometo – falei bobamente, em completo torpor.

Seus lábios foram até minha testa e se demoraram ali. Então ele voltou a se deitar e me puxou novamente para seus braços. A gente ainda precisava conversar e ainda tinha muita coisa para resolver, mas eu empurrei novamente isso para o fundo de minha mente. Lidaria amanhã.

No entanto, inesperadamente meus pensamentos seguiram outro rumo: o que é que Mike Newton e Abigail sabiam que poderia ser útil para Farad e Dakota?

***

Algo quente e suave tocava o meu ombro, puxando-me levemente de meu sono sem sonhos. Era agradável o suficiente para que eu pensasse em voltar a dormir. Aconcheguei-me mais onde o calor vinha, tentando manter ele ali ao mesmo tempo em que procurava por meu sono. Eu não queria acordar, isso significaria encarar a realidade e as descobertas que ela trazia. Sim, eu estava fugindo da raia, isso não era mistério. O quanto mais eu adiasse a conversa melhor seria para mim... Mais ou menos, minha mente parecia estar rejeitando qualquer indício do que havia acontecido e eu precisava compartilhar com alguém de confiança e credibilidade, alguém que me diria se eu estava maluca ou se aquilo tudo poderia ser verdade.

Resmunguei quando o ponto quente ficou ainda mais quente, sendo quase desconfortável. Pareciam estar pressionando alguma compressa de água quente em meu ombro.

Talvez realmente fosse uma compressa de água quente, por que eu senti minha blusa grudando em minha pele.

Abri os olhos lentamente, tentando focalizar ao meu redor. O efeito da aspirina tinha passado e com isso havia um incômodo em minha cabeça, nada como antes, mas ainda estava lá. Será que uma outra aspirina seria muito ruim?

— Bom dia – a voz rouca e baixa de Jacob me saudou.

Eu poderia me acostumar com isso.

— Bom dia.

Olhei para o lado e dei de cara com ele. Em sua mão havia uma bolsa de água quente pressionada em meu braço direito, talvez para amenizar as dores. Tinha funcionado, mas sua pele parecia servir de combustível para manter a água ainda mais quente.

— Você sabia que com a sua temperatura quente, mais a temperatura quente da água o resultado é ela aquecer ainda mais? – perguntei.

— Ops. – falou tirando a compressa de meu ombro e me dando um olhar de desculpa. – Foi mal, nunca cuidei de nenhum enfermo.

Abri um pequeno sorriso.

— Você chega lá. – movimentei meu corpo, deitando de barriga para cima.

Não havia nada melhor do que aquela cama e aqueles lençóis, era um pecado levantar dali. Nem tinha como, as colchas pareciam me prender eternamente. Ergui os braços ao me espreguiçar, escutando alguns ossos se estralando no processo. Ignorei novamente a pontada de dor.

— Como está se sentindo? – ele perguntou.

— Bem melhor. – bocejei – Você?

— Muito bem, também.

Era uma situação um pouco inusitada para mim. Não esperava me encontrar nela tão cedo, acordando ao lado de alguém. Mesmo que fosse temporário, a sensação ainda era a mesma. Estranhamente agradável. Eu não sabia como ele estava se sentindo com isso, mas parecia bem.

— Então, supervisão vinte e quatro horas por dia? – perguntei sentando lentamente, para não abusar demais do corpo.

— Com certeza. Você vai se encher de mim. – falou sorrindo um pouco.

— Hm. – foi só o que pensei.

Não havia como me encher dele, mesmo que eu nunca fosse admitir isso em voz alta. Na verdade, eu estava muito sentimental. É claro que ele não tinha noção disso, pois eu ainda mantinha esses sentimentos para mim, mas antes não era assim. Eu costumava me controlar melhor.

Tentei avaliar o que tinha mudado, se fora o cativeiro tão extremo e rápido ou algo que teria acontecido de qualquer forma... Não cheguei a uma conclusão... Ainda.

Joguei uma água no rosto e escovei meus dentes com a escova e pasta que Jacob colocou ao lado na pia. Demorei mais tempo por que tentava controlar minha respiração. Eu não ia conseguir adiar a conversa por muito mais tempo e não queria fazer isso na frente do meu pai ou de qualquer outra pessoa do conselho.

Já era difícil assimilar tudo isso, falar mais de uma vez e para mais de uma pessoa não iria me fazer bem.

Encontrei com Jacob na cozinha, novamente cozinhando. Eu não sabia que ele tinha talentos culinários – pelo menos não diário, ele tinha feito aquele jantar no nosso primeiro encontro. Para mim, ele comia na Emily como todo outro homem do bando. Aquele parecia ser o point deles.

Ajudei a arrumar as coisas no balcão, nós dois em um silêncio um tanto desconfortável. Ele estava se segurando muito para não fazer perguntas e eu estava me segurando muito para não despejar respostas. Comemos em silêncio. Eu tentava encontrar uma forma de começar o assunto com ele, mas não havia nada sutil o bastante para iniciar.

“Então, Jacob, enquanto eu estava presa a vampira louca invadiu a minha mente e eu me encontrei com a anciã Sahale Umi, que me explicou um monte de coisas e ainda por cima disse que sou imortal e tenho o papel, junto de você, de salvar a tribo”.

É, isso com certeza quebraria o gelo.

Eu precisava encontrar outra forma, alguma que me deixasse confortável o bastante para falar de uma vez. Senti meu rosto corando quando imaginei o que uma pessoa faria se ouvisse tudo isso... Provavelmente uma clínica seria a melhor resposta.

Mas é com Jacob que você estará falando, ele vai te entender, uma voz mais nobre e positiva falou em minha cabeça.

Sim, ele iria entender. Mas até que ponto iam as crenças de Jacob? O mais importante, até que ponto as minhas crenças iam agora?

Ajudei ele com a louça, mas não consegui adiar por mais tempo. Ele precisava de algumas informações cruciais para a proteção do bando (como o poder de Dakota, a motivação de Farad e o que ele queria de mim). Será que eu conseguiria omitir toda a parte da Sahale? Eu só descobriria isso conversando.

— Acho que precisamos conversar. – falei baixinho, encarnando algum ponto acima dos olhos de Jacob com firmeza.

— Não precisamos falar agora, você precisa descansar.

Rolei os olhos.

— Descansei demais, fora que se não conversarmos agora é capaz de você explodir.

Ele abriu um sorriso curto.

— Está tão na cara assim?

— Muito. – abri meu melhor sorriso.

Nós nos sentamos no sofá e eu respirei fundo. O mais difícil não era falar, era reviver tudo aquilo. Conforme fui iniciando a história, fui me lembrando de cada parte com dor. Não era o meu melhor momento e eu preferia não me lembrar disso nunca mais. Ficar com Farad e Dakota, com o constante medo e preocupação – mesmo que por dois dias – pareciam ter drenado todas as minhas energias.

Comecei com as cavernas, mesmo sabendo que Brady provavelmente já teria comentado. Falei todas as especulações que encontramos antes de sermos atacados. Falei do ataque e da minha barganha, a forma como a Fria chegou por trás e me nocauteou em sua própria maneira. Tive que lembrar como foi acordar em cativeiro, sabendo que tinha feito a maior burrada de toda a minha vida. Então contei sobre as conversas com Farad, sobre o que ele queria – que era o poder de controlar o bando – e como ele pretendia chegar nisso. Falei sobre a adaga e o que o mito dizia que ela poderia fazer.

O mais complicado foi falar sobre Dakota. Sobre o poder que me causou mais dor do que a decisão de estar lá, com eles, presa e sem poder fazer absolutamente nada a não ser esperar quando decidiriam me matar. Contei sobre o poder dela e o que ela fez comigo. E então chegamos na parte que me era mais dolorosa.

Eu estava soltando tudo aquilo de uma vez e esperava que ele entendesse, pois repetir tudo seria mais desgastante e doloroso. Eu não queria ter que falar tudo de novo, pelo menos não até ter lidado com as memórias do meu próprio modo.

Falei sobre a tentativa de manipulação e o que aconteceu quando ela tentou. Não pude deixar toda a ilusão da minha mente de fora da história, Jacob era uma pessoa que eu poderia confiar. Então falei sobre Sahale, o que me foi revelado. Talvez minha voz tenha ficado um pouco menos desesperada e um pouco mais sarcástica. Não pude evitar, eu estava com problemas para admitir tudo isso para mim mesma, não fiz muito esforço para fazer Jacob acreditar que não tinha sido uma alucinação.

Quando terminei, notei que meu rosto estava molhado e que eu tinha chorado no meio da história, as dores da ilusão mental sendo traumáticas. Não era o tipo de dor que se esquecia com facilidade.

Fiquei olhando o tempo todo para as minhas mãos, era mais fácil assim. Jacob ficou em silêncio por um bom tempo, talvez assimilando tudo aquilo que eu tinha dito. Quando subi meu olhar, ele me encarava com raiva. Pelo menos notei que aquela raiva não era direcionada para mim. Era uma raiva homicida.

— O que eles fizeram com você... Não vai ficar assim. – ele disse por fim.

Eu estremeci com o tom frio e cortante de sua voz, com a fúria quente borbulhando por trás da frase.

— Estou bem agora. – murmurei, voltando a encarar minhas mãos. – Achei que vocês precisavam saber disso o quanto antes.

Jacob suspirou e então me puxou para seus braços. Deitei minha cabeça em seu ombro e concentrei minha mente na respiração calma dele para evitar as lágrimas.

— Nós tínhamos algumas dúvidas sobre você. – ele falou lentamente. – Mas não arrisquei falar nada, você estava sempre tão hesitante com as informações, tão preocupada. Não queria colocar mais peso em seus ombros.

Fechei os olhos com força e tentei obrigar a minha mente a aceitar tudo aquilo. A racionalidade lutava contra o sobrenatural. Nenhum dos dois estavam vecendo ainda.

— O que vamos fazer agora? – perguntei.

Jacob ficou um momento em silêncio, talvez tentando encontrar uma saída. Geralmente eu não me importava em pensar em uma saída, em liderar o caminho. Mas era um assunto tão complicado e fora da minha alçada, que eu estava literalmente me colocando nas mãos dele.

— Acho que você precisa conversar com Emily e Sue. Elas são as pessoas mais indicadas para te ajudar a entender tudo isso. Para Emily foi difícil também, embora ela não seja quileute faz parte da história por sua ligação com Sam e foi difícil aceitar tudo isso. – ele beijou meus cabelos – Mas você vai conseguir se acostumar, é esperta. Só precisa superar seus problemas de racionalidade.

Bufei.

— De onde eu venho, a racionalidade não é um problema. – murmurei.

Jacob riu um pouco e me apertou mais contra seu peito. Eu suspirei. Em partes estava aliviada por conversar com ele, por ter uma direção para seguir agora, mas por outro lado a angústia ainda dominava meus pensamentos quando pensava objetivamente sobre o que estávamos falando.

O corpo de Jacob ficou atento e depois relaxou. Olhei para ele, curiosa. Ele abriu um sorriso travesso.

— Você tem visitas.

Franzi o cenho.

— Essas visitas vão querer me abraçar? – perguntei.

Ele riu.

— Com certeza.

Respirei fundo e coloquei a minha melhor expressão de boas-vindas. Jacob riu e beijou a minha testa.

— Vou ficar na cozinha, observando você apreciar os abraços, choros e apertos.

— Muito obrigada – murmurei levantando e caminhando até a porta, quando três batidinhas tímidas soaram.

Não foi surpresa encontrar Austin ali de novo, mas ela estava acompanhada de Graham, Lali e Brady. Todos muito preocupados, com exceção de Brady, que parecia extremamente culpado. Ele mal me olhava.

Soquei-me mentalmente por não perguntas a Jacob qual era a mentira que estávamos contando. Colocando isso de lado, abri mais a porta e deixei que eles entrassem. Foi difícil, já que Lali estava pendurada em meu pescoço e Graham na minha cintura, ambos extremamente preocupados.

Eu teria uma longa semana... Isso que Naomi ainda não tinha chego. Suspirei. Isso ia ser uma dor de cabeça.


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Notas finais do capítulo

Desculpe pela demora!!! So sorry, fiquei toda enrolada nesse final de semana.
Espero que tenham gostado do capítulo! O que vocês acham que Emily e Sue vão ensinar a nossa nova curandeira?? Palpites??
E como é que será o desenrolar da história com Farad?
AGORA A AÇÃO COMEÇA, PEOPLE!! Hahahaha
Gostara de agradecer aos reviews de Sandrinha (obrigada pelo comentários fiéis em todos os capítulos, amore, espero que esteja gostando!); Livinhacsa (seja super bem-vinda, fico mega feliz de que esteja acompanhando e gostando! Espero que continue conosco até o final!) e Lilian Blackwell (obrigada amoreee pelo comentário, mega feliz que esteja gostando!!).
Estou sentindo falta de algumas meninas - já comentei isso antes? so sorry, haha. Vamos la gente, vamos comentar!
Para os leitores anônimos e fantasmas também agradeço, mesmo que só os veja nas visualizações dos capítulos!
Até a proxima, gente!
Beijoooos e bom final de feriado (para quem é de SP)
;*



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