O dia da detenção chegou, e eu estava tranquila, porque tinha me resolvido com o Rony, o que tornava as coisas um pouco melhores. As aulas da semana já haviam acabado, e todos já estavam aliviados, exceto eu e Rony que ainda tínhamos detenção.

                -Nem acredito que teremos paz! – Harry falou suspirando.

                -Fale por você. – Rony falou olhando pra baixo.

                -Não fique desanimado. Amanhã é um grande dia, e mesmo que não dê certo, vai ser divertido. Você vai estar jogando uma partida com seus amigos afinal. – Eu falei abraçando-o. Cruzamos com Gina em um dos corredores, e ela nos acompanhou.

                -É... Mas o provável é que não dê certo, mesmo.

                -O que não vai dar certo? – Gina perguntou 

                -Ronald está preocupado com a seleção de amanhã. – Harry afirmou.

                -Ainda? Você deveria descansar. – Gina falou. – Acalmar os nervos. – Ele deu de ombros.

                -Eu acabei de lembrar! – Falei e parei. Os três olharam. – Eu tenho uma pilha de livros para arrumar e acho que não vou dar conta de arrumar tudo antes da detenção! – Olhei para eles com uma expressão de “me ajudem, por favor!”.

                -Desculpa Mione, mas eu tenho que seguir o conselho da Gina. Vou descansar.

                -Eu também Mione, eu tenho que estar com energia para marcar uns gols nesse cabeção aqui! – Gina riu.

                -Que engraçada! – Ele olhou irônico para a irmã. Os dois começaram a discutir, mas de forma pacífica, como duas crianças.

                -Eu ajudo. – Harry falou e os outros dois pararam, e olharam para nós dois. Estava claro que estavam com ciúmes, novamente sem necessidade.

                -Sério? Muito obrigada Harry!

                -Vamos Rony, tenho que fazer meus deveres. – Gina acelerou os passos, sem nem olhar para mim ou Harry.

                -Estou logo atrás de você. – Rony seguiu a irmã, batendo um pouco os pés a cada passo.

                -Você acha que eles estão com ciúmes? – Harry perguntou.

                -Olha, podem estar. Se estiverem, é porque são idiotas. Te encontro em dez minutos?

                -Pode ser.

                -Sala Precisa, ok?

                -Ok.

                Segui em silêncio até o Salão Comunal. Harry se separou de mim para ir até a Sala Precisa. Subi para buscar os livros no quarto. Nem dei atenção para as meninas, mas notei que a Gina parecia meio brava.

—Vai levar isso tudo para onde? – Ela finalmente se manifestou.

—Vou arrumar em algum lugar, está tudo bagunçado.

—Que lugar?

—Um lugar qualquer.

—Porque não arruma aqui?

—Porque aqui tem muita gente.

—Mas não tem o Harry, não é?

—O que quer dizer com isso?

—Nada.

—Você está com ciúmes da gente?

—Não. – Ela revirou os olhos

—Não. Imagina se estivesse.

—Não estou com ciúmes! – Senti um pouco de raiva no tom de voz dela...

—Nem deveria mesmo, pois não tem nada rolando entre a gente, e que eu saiba você já "namora"! - Fiz aspas com os dedos.

—Tudo bem, mas que alguma coisa está acontecendo entre vocês está.

—Se estiver, você não tem nada a ver com isso, tem?

—Só não quero ver meu irmão triste, iludido por você!

—Como é? – Eu perguntei indignada. – Eu não estou iludindo ninguém! E por outro lado, não é exatamente isso que você está fazendo com o Harry? – Ela olhou boquiaberta.

—EU?!

—Sim, você! Dá esperanças para meu amigo, que é tanto um irmão para mim, quanto Rony é para você, e em seguida volta para o Dino, que só falta cuspir em você.

—Mas o assunto não sou eu agora! – Ela gaguejou – Foi você quem brigou com Rony por causa do Quadribol!

—Eu? Ele te contou o que realmente aconteceu? – Ela ficou com uma expressão de dúvida e depois respondeu baixo:

—Disse que você mandou ele escolher entre você e “defender aros”. – Ela suspirou. – Ele mentiu, não é?

—Você ainda tem alguma dúvida? Deveria me perguntar antes, e ver os dois lados antes de sair falando que eu fiz isso com ele. – Suspirei. – Ele começou a reclamar da detenção, que iria prejudicar seu desempenho na seleção do time. Disse que foi culpa sua.

—Minha?! – Ela arregalou os olhos.

—Disse que se você não tivesse voltado para o Dino, poderia ter evitado tudo isso. – Ela me olhou incrédula. – E aí brigamos, porque eu tentei te defender.

—Você me defendeu?

—Sim, mas em vão aparentemente. Você vem e retribui com acusações e grosserias.

—Me desculpa, por favor. – ela falou triste.

—Tudo bem. Não tenho tempo para isso, tenho que encontrar meu “namorado”. – Falei enquanto colocava meus livros numa bolsinha com feitiço indetectável de extensão. Depois saí.

—Mione! – Ela chamou e veio atrás de mim. Saí do Salão Comunal e dei de cara com o Rony.

—Oi. – Ele falou. Minha vontade foi chutá-lo e derrubá-lo da escada.

—Sai da frente! – Falei e o empurrei com o ombro. Pude perceber que Gina estava saindo do retrato da Mulher Gorda.

—Você viu como ela está nos tratando? – Que canalha!

—Você é um idiota, Ronald Weasley! – Pelo menos ela acreditou em mim. Não acredito que Rony mentiu dessa forma. Mas eu já estava atrasada. Esvaí meus pensamentos, e segui até a Sala Precisa.

Não ouvi o resto da discussão, que só não duraria o resto da noite porque o Rony também tinha detenção. Quando estava quase chegando ao corredor onde a porta para a Sala Precisa iria aparecer, avistei alguém que não era o Harry saindo de lá: era Malfoy. Me escondi atrás de uma pilastra e esperei tempo suficiente até ele sair, e depois avistei Harry vindo da mesma direção:

—Achei que já tivesse entrado. – Falei.

—Não, estava resolvendo umas coisas. E você? Estava se escondendo de alguém?

—O que? Não. – Respondi.

—Então vamos – Nós viramos para a parede, fechamos os olhos, e depois de alguns segundos, avistamos a porta e entramos. O Draco está tramando alguma coisa.

POV Draco

Saí da Sala Precisa, depois de tentar consertar aquela praga de armário. Chegando no Salão Comunal da Sonserina, fui logo para o quarto e me troquei, peguei a roupa que aparentava ser a mais velha e saí do quarto, Blásio já esperava no sofá.

—Está pronto?

—Infelizmente. – respondi

—Draquinho! Quanto tempo. – era Pansy. Não fazia muito tempo que havíamos nos falado. Ela ficou brava comigo quando não fiz nada para defende-la da Hermione. Me admirei ela falar comigo agora, mas eu não tinha tempo.

—Olha Pansy, hoje não é um bom dia. Você está com raiva de mim, então não temos motivos pra conversar.

—Tudo bem. – O quê?! Pansy Parkinson não insistiu em falar? – Boa limpeza!

—Boa limpeza?

—Sim. Talvez aumente a sua boa vontade e faça você limpar melhor, afinal, um filhinho de papai, que nunca limpou nem o próprio quarto sempre deixa alguma poeirinha.

 -Assim como você, não é mesmo? Nem se defender consegue. Eu estava pronto para gargalhar da surra que você ia levar da Sabe-Tudo, mas infelizmente ela não é estourada como os outros dois patetas que andam com ela.

—Eu fui muito idiota quando achei que você gostava de mim. Ainda bem que estou namorando alguém muito melhor que você!

—Deve ser um idiota.

—Por que? Por me dar valor?

                -Por achar que você gosta dele, quando na verdade você tem uma queda por mim...

                -Mentira! Eu gosto dele!

                -Então por que veio correndo me contar, como se eu fosse “uma amiguinha” sua?

                -Você não foi o primeiro a saber...

                -É claro que fui! Você sentiu a necessidade de causar ciúmes com o fato de estar namorando um qualquer, que garanto não estar no mesmo nível que eu.

                -Pelo menos ele sabe dar valor ao que tem, e as pessoas também. Diferente de você, que nem ao menos sabe o que é amar, trata as pessoas como objetos. Os tolos que andam com você são interesseiros, porque se você fosse um pobre coitado, nem olhariam para a sua cara!

—Você não sabe nada sobre mim! – Berrei – Há muitas outras como você aqui, e confesso que já fiquei com muitas sem demonstrar afeto algum, mas eu já amei alguém, que é bem diferente de você!

—Vamos Draco. – Tinha até me esquecido que Blásio estava ali – Chega de rolo.

—Tudo bem. – respirei fundo – Espero que dure! Boa sorte...

—Vá para o inferno Malfoy!

Saímos e eu a ignorei. Seguimos para a sala da McGonagall. Weasley já estava lá, mas só faltava a Hermione.

—Desculpem o atraso! – Ela chegou ofegante.

—Sente-se senhorita. Posso saber o motivo do atraso?

—O namorado novo. – Weasley sussurrou e tive uma sensação estranha: a primeira vez depois de tanto tempo, sentindo ciúmes. Droga.

—Estava arrumando algumas bagunças, e se eu estava com um namorado ou não, isso é problema meu – Ela respondeu com raiva. Weasley ficou vermelho. O que está acontecendo entre eles?

—Alguma pergunta de última hora?

—Poderemos usar feitiços de limpeza? – Hermione perguntou

—Se você conseguir lançar feitiços sem a varinha, sim.

—Sem a varinha? – Blásio perguntou surpreso

—Quem garante que vocês não vão se matar, com as varinhas em mãos? Agora vão.

Depois de deixarmos as varinhas com a professora, Granger veio rápido em minha direção, ignorando os olhares raivosos de Weasley.

Fomos até o local designado, e ficamos boa parte do tempo sem falar ou trocar olhares. O silêncio já não estava mais me agradando, e eu queria saber sobre esse “namorado”.

—Malfoy? – Ela, para minha surpresa, foi quem quebrou o silêncio. – Você me desculpa por ter surtado, e feito aquilo com você? – Eu fiquei meio surpreso com a pergunta. – Não valeu a pena. Perdi uma pessoa que gostava de mim, por causa de outra que me trata mal.

—O que o Weasley fez desta vez?

—Foi idiota.

—Me diz um dia que ele não é idiota?

—Mas foi diferente. Te azarei, estapeei você, para nada.

—Eu também tive meus momentos ruins hoje – Ela me olhou curiosa – Mas não devemos ligar pra pessoas que não merecem. Você é forte, melhor que muitos aqui – Ela sorriu. Depois de muito tempo, consegui arrancar um sorriso de Hermione Granger, assim como nos velhos tempos. – Mas a quem ele se referia?

—O que?

—“Namorado”?

—Ah... – Acho que ela não esperava essa pergunta, pois ficou vermelha – Harry...

—Potter!?

—Sim. Mas é claro que não está rolando nada, somos só melhores amigos.

—Isso já é alguma coisa... – sussurrei

—O que?

—Nada.

—Mas por que o interesse?

—Nada é só que... – Eu comecei a andar em sua direção coçando a nuca e não vi uma droga de balde: tropecei e caí em direção a Hermione que caiu em cima de mim na tentativa de me segurar. Ficamos ali estáticos, com os olhos fixos um no outro...