Depois da discussão com a Bells, ficou claro que ela não tem mais nenhuma intenção de me ver outra vez. Na hora eu tentei me explicar mas toda vez que eu falava ela me interrompia furiosa. E aqueles ferimentos? Eu não entendo, eu só me atrasei, mas que inferno!

Quando cheguei na oficina, Seth veio em meu encontro segurando um papel entre as mãos, ele estava pálido e praticamente sem fôlego.

 - Jake, Foi mal cara eu esqueci de te entregar uma parada!

 - Que parada cara? - falei descendo da moto.

 - Ontem o oficial de justiça veio e deixou  isso. - disse enquanto me entregava a carta. - Eu tentei falar com você mas o seu telefone só dava ocupado.

 - Ele falou do que se trata? - perguntei enquanto abria o envelope.

 - Não, só falou que era importante.

 - O que será agora? - falei antes de começar a ler.

 Senhor Jacob Black,  

O Senhor foi intimado a comparecer o quanto antes ao Departamento de Polícia local, para prestar depoimento referente ao caso 20.225.312.

- Que ótimo! -bufei enquanto subia na moto.

Ao chegar na delegacia fui encaminhado ao delegado, que me recebeu em uma sala pequena e cheia de papeis por todos os lados.

- Então você é o Senhor Black. - falou apertando minha mão.

- Sim, senhor! - enquanto ele olhava os papeis eu percebi que havia outra pessoa na sala anotando tudo o que falávamos. O que não me impediu de perguntar. - Er... Senhor, eu recebi uma intimação a respeito de um caso, o Senhor pode me falar do que se trata?

- Posso sim, só um estante. - disse enquanto tirava uma pasta da gaveta. - Aqui está, caso Swan.

Quando ele falou eu senti um frio na espinha. Na hora eu soube que devia ter relação com os ferimentos da Bells.

- Bom, como já deve saber, Senhor Black, a Senhorita Swan, foi encontrada na manhã de segunda-feira por volta das 07:00h próximo ao km 101 em Port Angeles inconsciente após ter sido violentada.

- Violentada? – perguntei incrédulo.

- Sim, ela foi violentada na noite de domingo, segundo o legista ela sofreu algumas agressões antes de ficar inconsciente. O Senhor não está ciente do ocorrido senhor Black?

- Não eu, nem imaginava. -  falei colocando a mão na têmpora.

- Compreendo. Bom, segundo o depoimento da Senhorita Swan a mesma tinha um encontro com o senhor no domingo a noite correto?

- Sim, eu marquei com ela, mas eu fui resolver uns problemas e infelizmente acabei me atrasando.

- Humm, e tem alguém que confirme a sua presença senhor Black?

- Sim, a minha ex- namorada Nessie.

- Ok Senhor Black, por hoje é só, e antes que eu me esqueça, meu nome é Charlie. qualquer coisa o senhor pode entrar em contato.

Saí da delegacia, completamente atordoado, subi na moto e fui direto pra Forks. Isso não está acontecendo! Eu precisava falar com ela, eu sei que não adianta mas ela precisa me ouvir. Quando cheguei vi o Dr. Richard saindo, então fui falar com ele.

- Dr. a Isabella está?

- Está, mas é melhor você voltar uma outra hora!

- Eu preciso falar com ela! – insisti.

- Eu compreendo mas ela teve um dia difícil e agora ela está dormindo. Então, eu sugiro que você volte amanhã!

- Ok. – falei dando as costas, ciente que não conseguiria vê-la hoje.

Peguei a moto e fiquei esperando na esquina até que todas as luzes da casa estivessem apagadas. Então subi na árvore que fica de frente pra sua janela e entrei em seu quarto.

Bells estava dormindo. Havia um vidro de remédio em sua cabeceira. Sentei ao lado de sua cama e fiquei assistindo o seu sono. O que eu mais queria era acorda-la e dizer que naquele dia eu fui até a Nessie esclarecer de que eu havia escolhido a Bells e não o contrário. Mas ela dormia tão bem que eu achei melhor não incomodar. Bells estava completamente irreconhecível. Seu rosto estava todo machucado, passei a mão em seus cabelos mas ela se mexeu e eu me afastei. Sentei no chão, e sem poder conter o nó em minha garganta comecei a chorar.

O que fizeram com a minha Bells? O que eu fiz com a minha Bells? Meu Deus como eu pude ser capaz de abandonar a mulher que eu amei durante toda a minha adolescência? Como pude permitir que isso acontecesse?  Como eu pude quebrar a minha promessa? Eu jamais me perdoaria por isso!

De repente ela começou a se mexer. Ficou agitada, se debatia, em seguida começou a gritar. Eu não sabia o que fazer, os gritos eram agonizantes, então deitei ao seu lado e a abracei com firmeza tentando conte-la. Não demorou ela parou de gritar e voltou a dormir. Eu levantei e me dei conta de que já tinha causado muitos danos a ela. Talvez fosse melhor esperar. Até que as coisas acalmassem. Quem sabe, talvez daqui a alguns dias ela aceite me ouvir.