Sempre fui sozinha, passei toda a minha infância e parte da minha adolescência no orfanato em Port Townsend mas isso nunca me incomodou. Quando completei meus 17 anos, as freiras me colocaram em um curso de enfermagem afim de concluir a minha educação e quem sabe futuramente obter uma estabilidade financeira. Ciente de que ao completar 18 anos eu teria que me despedir do orfanato, único lar que eu conheci desde então.

 - Irmã Agnes! Sei que não tivemos tempo mas eu gostaria de me despedir e de dizer que eu sou muito grata pela recomendação que a Sra. fez ao Dr. Richard.

 -“Não foi nada Bells, você sempre foi uma aluna aplicada. No seu caso essa recomendação foi mais que merecida!

 - Obrigada Irmã Agnes, sentirei sua falta!

 -“Também sentiremos a sua Bells! Não esqueça de ligar, adoraremos saber como anda a sua nova vida, fora dos portões”.

 - Não se preocupe, eu venho visitar nos finais de semana e quando não puder mando notícias!

 - Bom, agora eu tenho que ir! Ainda falta me despedir dos meus pequenos. –Ela me abraçou enquanto me despedia.

 - “Se cuide menina! Que Deus te ilumine e te guarde nesse seu novo caminho”. – Então ela se afastou de mim e depois de um longo suspiro, foi de encontro a duas crianças que brigavam no pátio.

 (...)

 Me despedir foi fácil, difícil foi ter que encarar a Alice.

 - Tia Bells por quê a Sra. Não pode ficar? – Disse Alice de 5 anos.

 - Alice minha flor, a tia Bells não é mas pequenina como você! Agora a Tia Bells virou “gente grande”.

 - “Tia Bells, a Sra. Não pode ser “gente grande” aqui?” – disse Alice com o rostinho mais triste do mundo.

 - Alice, a tia Bells quer conhecer o mundo lá fora!

 - “Mas lá fora é tão grande tia Bells, a Sra. pode se perder!”

 - Alice, eu não vou me perder. – disse rindo. - E eu prometo que assim que me organizar volto pra te ver ok?!?

 Ela me abraçou, e com as mãozinha miúdas no meu pescoço, me acompanhou até o portão principal.

 - Até Alice! – Eu disse colocando-a no chão.

 - “Até tia Bells!”