Dear, Soldier escrita por TheKlainerGuy


Capítulo 5
Cherry


Notas iniciais do capítulo

Olá.
Quase não postei porque as pessoas do nada necessitaram de mim no domingo. Mas para ser sincero, amei demais esse capítulo, meo Deus ♥ (04:28 e eu aqui, postando fanfic)

Boa leitura.



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Kurt e Sebastian haviam combinado de saírem no sábado, no final da tarde. Kurt não entendera muito bem porque Sebastian já tinha um horário e um local tão bem definidos, mas mesmo assim, topou. O Hummel, desconfiado, precisou de dez mensagens extras para ter certeza de que Sebastian não estava bancando o psicopata e aceitar a proposta.

Quando sábado chegara, Sebastian sentia aquele mesmo nervosismo que sentiu no dia em que preparou o jantar para Kurt. Ele gostaria de impressionar Kurt e se mostrar de verdade. O fato era que ele tinha ciúmes de Quinn e isso acabou se transparecendo demais. Sim, ele tinha seu lado durão e determinado, mas com certeza não era daquele modo que Kurt via ele.

Kurt as vezes se odiava por inúmeras razões, mas dessa vez estava sendo pior. Ele tinha aceito um encontro – se é que ele poderia chamar assim – com irmão de Quinn, que nos últimos dias o tratou de quinze maneiras diferentes. Só que a curiosidade do garoto era tão grande e toda situação tão intrigante, que ele não via o porquê de não sair com o Fabray.

Hoje, Kurt queria mostrar o quão bem se vestia, mas não queria dar a impressão de que aquilo era para Sebastian, então ficou no meio termo. Aproveitando um pouco o sol do Outono, Kurt vestiu sapatos preto, uma calça branca, uma camisa de manga curta preta, um lenço no pescoço laranja-abóbora, um dos seus óculos de grife e um chapéu campaign.

Assim que desceu para o térreo da casa, chamou a atenção de todos. O rapaz foi para cozinha e logo toda a família e a cunhada foram atrás.

– Kurt, meu filho, entrou para alguma seita? – Questionou Burt, encarando o chapéu do filho. Ele sabia que Kurt era fashionista, mas hoje ele estava diferente.

– Vou entrar em uma sorveteria, para ser mais exato. – Disse o rapaz, depois de beber água. Kurt tirou o chapéu e os óculos, encarando a família.

– Desse jeito? – Perguntou Rachel. Aquilo não fora uma alfinetada, era porque Kurt estava realmente muito bem vestido. Era quase que colocar um vestido de festa para ir à escola em uma segunda-feira.

– Você vai sozinho? – Agora era Finn. O Hudson cruzou os braços e encarou o irmão mais novo com os olhos cerrados.

Finn tinha ciúmes descontrolado por Kurt, coisa que Kurt não entendia direito. O castanho precisou esconder do irmão que havia apanhado no início da semana, caso contrário, Finn se sentiria culpado e ficaria transtornado.

– Não. Vou com o irmão de Quinn, Sebastian. – Respondeu o castanho, encostado no balcão.

– Quinn tem um irmão? – Perguntou Carole.

– Quinn não tem um irmão. – Respondeu Finn. Todos olharam desconfiados para Kurt, principalmente Burt.

– Sim, Quinn tem um irmão. – Kurt foi até um espelho que havia no corredor que dava caminho para cozinha e recolocou seu chapéu. – Ele entrou para o exército quando tínhamos treze, quatorze anos. Voltou há alguns dias e quer conversar comigo. Quinn nunca disse nada, porque quando nos conhecemos, era como mexer em uma ferida falar do irmão, então nos escondeu. – Do lado de fora da casa, uma buzina soou. – Se me derem licença. – Kurt colocou os óculos e passou pelos familiares.

Saindo de casa, Kurt encontrou Sebastian encostado no carro e de braços cruzados, o esperando. O rapaz estava mais simples do que nunca. Sebastian vestia jeans escuros, uma camiseta branca e um all star vermelho de cano alto.

Quando Kurt foi se aproximando, o sorriso de Sebastian foi crescendo. O Hummel parou de frente para Sebastian, que bloqueava a porta pela qual ele entraria. Sebastian o analisou dos pés à cabeça, chegando até a checar a aba do chapéu de Kurt com as próprias mãos.

– Oi. – Falou o Fabray.

– Olá. – Respondeu Kurt. O Hummel gostaria de saber porque Sebastian ainda estava parado.

– Você tem um ótimo sistema de vigilância. – Declarou o outro, ainda sorrindo.

– O quê- – Kurt olhou para trás e viu sua família os observando pela janela da sala, mas se esconderam rapidamente quando o castanho virara. Kurt rolou os olhos, se virando para o outro. – Vamos logo, por favor? Não quero Finn vindo aqui daqui a pouco.

– Tudo bem. – Sebastian saiu da frente da porta e a abriu para o castanho. Kurt entrou e Sebastian fechou a porta. O mais velho se abaixou e olhou por dentro do carro. – Não sei se deveria fazer isso, mas sou uma pessoa muito sincera. Você está encantador. – Sebastian se lentou para dar a volta no carro e ir para seu lugar.

Kurt não pôde evitar de olhar para fora, afim de esconder as bochechas coradas. Ainda bem ele estava de óculos escuros. Olhando para fora, ele percebeu que a família inteira ainda os espionava. Kurt abaixou os óculos e os encarou de modo feio, fazendo-os se esconder novamente. O Hummel apenas balançou a cabeça, enquanto Sebastian dava partida.

Os dois se sentaram em um sofá afastado, enquanto tinham seus pedidos em mãos. Por ser um daqueles sofás circulares e Kurt não querer levar a situação para segundas intenções, se sentou de frente para Sebastian.

– Lugar legal, uh? – Perguntou Sebastian, aproveitando seu sorvete de cereja.

A sorveteria se tratava de um lugar todo decorado com um tema vintage e ficava localizada no lado leste de Lima. As paredes do lugar eram brancas, o chão quadriculado e os estofados dos sofás eram vermelhos. Kurt gostou do lugar porque o lembrava filmes antigos, como Grease.

– Diferente, mas sim, muito legal. – Disse o castanho, tomando seu milk-shake e olhando em volta. Kurt se sentia um estranho usando seus óculos e seu chapéu, quando todos estavam tão simples com suas roupas inspiradas nos anos 40.

Fazendo algo que era praticamente lei e regra para ele, o rapaz retirou seus óculos e seu chapéu, tentando se adequar ao lugar. Sebastian ficou encarando o rapaz por tanto tempo, que o sorvete em sua colher começara a derreter. Quando Kurt ergueu uma sobrancelha para situação, Sebastian se tocou e voltou a comer.

– Desde quando se interessa tanto por roupas? – Questionou Sebastian. O Fabray sempre vira Kurt se vestir bem e com roupas caras.

– Desde cedo, eu acho. Minha mãe tinha um lado estilista e sempre me ensinou como me vestir da melhor forma. Por volta dos cinco anos, já escolhia o que queria vestir. – Kurt girou o copo, lembrando-se de sua mãe. Um leve sorriso brotou em seus lábios.

– Me fala um pouco sobre você. E hoje eu realmente estou perguntando. – Disse Sebastian, se lembrando da vez que dera uma queimada no castanho.

– Eu não sei o que dizer. – Kurt deu os ombros.

– Pode ser o que você gosta de fazer, quem são suas inspirações ou como se vê daqui a cinco anos. – Sebastian se acomodou da melhor forma que encontrou no sofá e se preparou para escutar o Hummel.

– Bom, meu nome é Kurt Elizabeth Hummel, tenho dezessete anos, atualmente estudo no Colégio McKinley High, participo do Glee e das Cheerios, sou fashionista, sou gay, meu sonho é Broadway. – Kurt pensou sobre seus gostos. – Gosto de comer cenoura crua, sou compulsivo por cremes para pele, amo roupas com detalhes dourados, tenho uma grande variedade de broches e lenços e amo passar domingos chuvosos no sofá e debaixo das cobertas. – O último item surpreendeu Sebastian, pois o rapaz adorava isso. Kurt pensou em suas inspirações e sorriu. – Minhas inspirações são meus pais, Lady Gaga e Patti LuPone. – Kurt respirou fundo e olhou nos olhos de Sebastian. – Daqui a cinco anos me vejo longe dessa cidade, em cima de um palco da Broadway e fazendo sucesso.

Sebastian sorriu para Kurt. Ele ficava radiante quando falava de seu futuro e de seus sonhos.

– Você tem aspirações maravilhosas, Kurt Hummel. – Disse Sebastian. – Meu nome é Sebastian Peter Fabray, tenho vinte e dois anos, sou soldado do exército americano, as vezes prático lacrosse e futebol e sou gay. – Disse ele, antes de levar mais uma colherada cheia de sorvete até a boca.

– Então você não tem mais nenhum sonho ou não se imagina daqui a cinco anos? – Perguntou Kurt, ficando intrigado.

Sebastian respirou fundo e olhou para janela atrás de Kurt.

– É difícil ter um sonho e se imaginar daqui a cinco anos quando se está no exército. – Disse o Fabray um pouco desanimado. – Você deve estar se perguntando como é lá. – Por incrível que pareça, Kurt realmente estava pensando nisso. – Os primeiros anos são péssimos. Você está lá para defender e cuidar do país, mas é tratado como nada. Depois, quando você se torna qualificado e ganha respeito, a situação a sua volta também muda. Você para de se preocupar com o olhar dos que estão acima de você e começa a se preocupar de verdade. – Kurt tinha as sobrancelhas juntas para o rapaz. – Você não tem ideia de quais formas e quantas vezes eu me vi morrendo. – Ele dizia como se não fosse nada.

Kurt ficou em silencio, enquanto encarava Sebastian. Um olhar vazio e sem esperança. Era assim que Kurt imaginou como ficava os soldados mais novos: desamparados. Era quase como se a situação tivesse sugado a vida de Sebastian, tivesse mostrado para ele o que são problemas de verdade. Era um choque de realidade que seria difícil remover. Ele sabia. Ele tinha visto. Tinha vivido e ainda vive aquele drama.

– Mas agora você está aqui. – Kurt mandou um sorriso, que nem ele mesmo pode controla-lo, tentando reanimar Sebastian. – Quem gostaria de ver ou fazer?

Sebastian não moveu a cabeça, mas apenas os olhos e sorriu para Kurt. Ele sabia exatamente onde gostaria de ir.

– Você tem certeza de que aqui é um lugar seguro para estar? – Questionou Kurt. – Você ao menos esteve aqui alguma vez?

Sebastian estacionou o carro em um lugar à relva, que ficava de frente para um pequeno local cheio de árvores, mas ainda pequeno demais para ser uma floresta. Ao longe ele conseguia ver o Sol se pondo entre as árvores.

– Você realmente acha que te traria para algum lugar estranho? – Sebastian tirou seus óculos de sol do porta luvas e olhou para Kurt. – Sou o tipo de psicopata que lhe oferece um sorvete e em seguida lhe tira a vida?

– Digamos que não tivemos um bom começo para que eu confie cem porcento em você. – Disse Kurt, abaixando o espelho do carro e arrumando seus óculos e chapéu. – E você falando assim, dá uma ótima ideia para uma temporada de série de terror. Algo relacionado a um condomínio de luxo e um assassino do carrinho de sorvete. – Kurt subiu o espelho e olhou para Sebastian.

– E você está com medo de mim? – Sebastian tinha a sobrancelha levantada.

– Foi mal. Acho que estou assistindo séries demais. – Kurt saiu do carro e fechou a porta. – Mas vamos pensar pelo lado positivo: ainda não comecei a escrever fanfics. – Sebastian indicou Kurt com o dedo indicador, como se ele tivesse um bom ponto. Os dois se dirigiram ao espaço a sua frente. – O que fazemos agora?

– Atravessamos. Quero te mostrar algo além disso. – Sebastian começou a seguir o caminho, com Kurt em seus calcanhares. Nas mãos, o rapaz carregava um pano azul-marinho.

Por cinco minutos, os dois caminharam em linha reta em direção a algum lugar. Eles permaneceram em silencio, assim talvez chegassem mais rápido. Por algum motivo, o qual Kurt não entendia, Sebastian estava com muita pressa de chegar ao outro lado. Quando finalmente tirou os olhos das raízes que se fundiam com seu pé, Kurt pisou em uma rocha e olhou para cima.

A vista era linda. Um pôr do sol muito colorido. Rosa, vermelho, laranja e amarelo em vários tons e se misturando com as nuvens. Kurt ficou chocado e ao mesmo tempo maravilhado, não resistiu e foi mais para frente, retirando os óculos de sol para poder ver as cores mais intensamente.

– Uau. – Foi a única coisa que o castanho conseguiu dizer. Seus olhos percorriam os prédios, as casas, as montanhas ao fundo, o limite da rocha em baixo de seus pés. Tudo o que o sol tocava, tinha uma nova cor incrível.

– Sabia que iria gostar. – Quando procurou por Sebastian, Kurt o encontrou no chão, deitado sobre uma toalha estendida. – Vem ver isso. – Chamou o soldado.

Kurt removeu o chapéu e se deitou ao lado de Sebastian. De lá, Kurt teve certeza que Sebastian já estivera lá. Só uma pessoa que havia se deitado e vivenciado aquilo antes, poderia imaginar quão melhor a imagem poderia ficar.

Nuvens parecidas com algodões, um enquadramento perfeito do céu. Deitados, parecia que os dois estavam vendo a curvatura da Terra. Kurt sentia uma enorme necessidade de congelar o tempo naquele momento. Queria sentir a brisa batendo em seu rosto e o sol queimando sua pela pálida para sempre.

– Esse lugar é incrível. – Disse Kurt de olhos fechados. Já havia se passado por volta de meia hora e o sol já não queimava mais.

– Tente ver agora. – Pediu Sebastian.

Kurt abriu os olhos e mal pôde acreditar. Ele agora contemplava uma imagem completamente diferente do que antes. Um céu azul-marinho e muito estrelado era o que estava acima dele. Estrelas de diferentes tamanhos e brilhos contemplavam o céu. Kurt se sentou, ainda olhando a imagem. Quando direcionou o olhar para a cidade ao longe, viu as luzes coloridas dos prédios somando a imagem. Era como um quadro. Nem parecia a terrível e destrutível Lima.

– Como alguém com um coração de pedra pode conseguir encontrar um lugar tão maravilhoso quanto esse? – Perguntou Kurt, inocentemente. Só depois que olhou para o outro rapaz, se tocou do que dissera. – Desculpa. – Pediu Kurt, quase inaudível.

– Okay, chega de contemplar o céu. É hora da verdade. – Disse Sebastian, se sentando e ficando de frente para Kurt. – Vou explicar a minha posição em relação a você e porquê eu te tratei tão mal. – Sebastian respirou fundo e reuniu as palavras. – Quando vi você, eu realmente te julguei, mas eu só fiz isso porque achei que fosse namorado da minha irmã e que possivelmente estaria ocupando meu lugar em cuidar dela.

– Só queria mencionar que seu gaydar é péssimo e pedir para que não se sobrecarregue tanto em cuidar de Quinn. Não é seu dever e ela já passou dessa fase onde precisa da proteção do irmão. Vai por mim, eu entendo disso. – Interrompeu Kurt. Agora o castanho indicara com a mão, para que Sebastian prosseguisse.

– Quando nos vimos pela segunda vez no domingo, eu ainda estava te julgando. Mas foi quando eu fiquei sabendo eu você iria dormir no mesmo quarto que minha irmã e com a consciência dos meus pais, que eu estranhei completamente a situação. – Sebastian corou rapidamente e olhou para as mãos, depois voltando para os olhos azulados do amigo da irmã. Kurt ficava melhor ainda sobre a luz do luar. Era como se a pele dele brilhasse intensamente. Assim como os olhos. – Quando te disse que algo me forçava a ficar longe de você naquela noite no telhado, foi porque... de certa forma você me chamou a atenção e queria afastar esse sentimento de um possível namorado da minha irmã e um rapaz hétero... – Kurt piscou os olhos ao tentar imaginar como ficara a mente de Sebastian. – Foi quando eu pesei no fato de você dormir no mesmo quarto que minha irmã e ser líder de torcida, que talvez você não fosse tão hétero assim.

– Finalmente. – Kurt jogou as mãos para o ar. – Você me faz questionar quantos gays você já viu na vida. – Kurt sorriu. Ele estava começando a gostar da presença de Sebastian e de sua honestidade.

– Pode confiar, não foram muitos. – Os dois riram. Sebastian reviu onde havia parado e continuou. – Quando você me contou que de fato era gay e que havia apanhado por isso, minha cabeça pareceu explodir. Eu não queria vê-lo sofrer ou nada parecido. O motivo pelo qual fui atrás daqueles garotos, foi porque eu não queria ninguém te machucado e saindo ileso. – A frase “Eu sabia” piscava em neon na mente de Kurt. – Foi vendo você dormindo depois de me contar sobre sua sexualidade, que comecei a pensar na ideia de me envolver com você. – Kurt corou e Sebastian vira isso, e acabou dando um sorrisinho de satisfação. – Pensei em como você é bonito, encantador, inspirador e interessante. Nunca senti isso por outra pessoa, nem por Hunter. Foi aí que eu soube que tinha algum interesse por você.

– Só que aí, você já tinha me confundido de quinze maneiras diferentes em apenas três vezes que nos vimos. – Sebastian sorriu para o rapaz.

– Isso é meu próximo ponto. Eu incialmente tive raiva de você, mas isso foi se diluindo com o passar do tempo. Você ficou confuso porque uma pessoa que praticamente te odiava, depois começou a te tratar bem e até defender você. – Sebastian olhou para o céu. – Me arrependi do que fiz e quis consertar. Porque se eu quisesse conhecer mais ainda sobre você, teria que consertar a burrada que já havia feito. Então fiz o jantar, que foi um desastre graças ao Hunter, mas tive a oportunidade de te trazer aqui hoje. – Sebastian olhou para Kurt e sorriu. Kurt ficava maravilhado toda vez que Sebastian sorria para ele. Era um belo sorriso e bem convidativo. Sebastian ficou de frente para Kurt. – Eu sinto muito e espero que me perdoe, assim talvez eu tenha chance de te mostrar mais de quem realmente é Sebastian Fabray.

Kurt analisou o menino de joelhos a sua frente.

Sebastian estava sendo fofo como nenhum rapaz havia sido para com ele. Desde o início ele sentiu um tremendo ódio do rapaz por conta das suas atitudes, mas agora que ele estava se explicando e se desculpando, Kurt via um lado que nunca imaginou que Sebastian tivesse. Naquele momento, ele estava mudando seu pensamento por Sebastian e começando a sentir uma leve atração pelo rapaz. Mesmo não sendo capaz de admitir em voz alta. Provavelmente nem em pensamentos.

– Preciso tirar umas dúvidas antes de me pronunciar. – Sebastian assentiu e se preparou para as perguntas. – Quais eram os motivos exatos para você ser forçado a ficar longe de mim ou emprestar seu carro para Quinn para não acabar nos levando para escola? – Sebastian achou que havia respondido aquilo, mas resolveu dar mais detalhes.

– Não queria ter que conviver com você. Não queria ter o risco de me apaixonar por você. – Kurt engoliu em seco. A ideia de Sebastian o dizendo que o amava, o assustava. – Naquele momento você era hétero para mim e preferi ficar solteiro e esconder minha sexualidade de você. Te evitei não porque realmente não gostava de você, te evitei porque você me parece perfeito demais.

Kurt não precisava perguntar para saber com exatidão do que Sebastian estava falando. O que ele queria dizer, é que Kurt faz o tipo dele, e se apaixonar pelo cunhado, seria uma bomba tanto para família, quanto para ele. Kurt o entendia melhor agora.

Algo, veio de encontro a Kurt, fazendo-o entender algo a mais da situação. O jantar, esse encontro, Sebastian pedindo desculpas. Isso só poderia significar alguma coisa, muito além de um simples crush do soldado em Kurt.

– Espera. Você está dizendo que está gostando de mim? – Perguntou Kurt. – Tipo assim, na lata? Me conhecendo por uma semana e meia e me odiando por metade disso, já está gostando de mim?

– Não exatamente assim. Relaxa, não sou tão psicopata. Já disse. – Kurt riu forçadamente do outro. – Mas eu também não vejo motivo para não nos conhecermos melhor... – Kurt entrou em choque. – Disse que sinto algo diferente por você, como uma atração. Eu gostaria de levar isso mais fundo e descobrir se isso se torna algo mais forte. – Sebastian deu os ombros de uma maneira fofa, parecida com a de Finn.

– Olha, eu sinceramente não quero ser grosso, mas, meu Deus, Sebastian! – O outro sorriu para Kurt. O Hummel não estava sendo levado a sério. – Pelo o que estou percebendo, você está dando em cima de mim porque sou o único gay que você conhece. – Sebastian negou rapidamente com a cabeça, mas Kurt voltou a falar. – Não é que você esteja gostando de mim, é que eu sou sua única opção...

– Não, Kurt, é sério. – O coração de Kurt palpitava em saber daquelas coisas. Sebastian realmente tinha um crush nele. – Eu conheço outros caras de Lima que são gays. Você acha que eu só conheço sorveterias nesse lugar? Conheço lugares onde poderia encontrar outros caras, mas nenhum vai me chamar atenção como você está fazendo agora. – Sebastian se aproximou. – Eu me segurei para não ficar tão obvio que você mexia comigo, mas agora que eu sei que você também é gay, eu estou tentando te dizer isso. Você é tão especial, que em alguns dias tive minha cabeça virada e minha opinião mudada. Olha o que eu estou fazendo agora...

Kurt encarava olhos, boca, nariz, sobrancelhas, testa, bochechas, queixo, cabelos e todas as outras partes do rosto de Sebastian. O ator precisou achar uma resposta rápida para Sebastian, antes que ele arriscasse descobrir se estava realmente gostando de Kurt com um beijo.

– Tudo bem, eu aceito suas desculpas e acho que podemos nos conhecer melhor. – Se fosse beijar Sebastian, que fosse daqui a uns dias, mas não hoje.

Sebastian deu um enorme sorriso e abraçou Kurt. Os braços fortes do soldado enlaçaram o pescoço de Kurt e o Hummel acabou ficando sem reação. Quase no final do abraço, Kurt depositou suas mãos nos lados de Sebastian.

Quando se separaram, Sebastian ainda tinha um sorriso enorme no rosto de satisfação. A distância entre eles estava curta e agora até Sebastian estava concentrado no rosto e na respiração do outro. Kurt conseguiu sentir o cheiro de cereja que vinha do outro. Agora Kurt notara quão vermelhos eles estavam e que suas mãos ainda estavam na cintura de Sebastian.

– Talvez se eu... – Kurt começou a se aproximar, mas antes de fechar os olhos, viu que Sebastian fazia o mesmo, então tratou logo de abrir os olhos e se afastar. – E-eu estou morrendo de frio, Sebastian... V-você não se importaria em me levar para casa, certo?

Kurt definitivamente havia acabado com a tensão entre os dois. Sebastian parecia ter despertado de um sono profundo e concordou, se perguntando se ele realmente imaginara isso ou Kurt e ele quase haviam se beijado.

– T-tudo bem. Vamos. – Os dois se levantaram e Sebastian recolheu a toalha.

A Lua conseguia iluminar o caminho dos dois por entre as árvores, então foi fácil de conseguir enxergar. Assim como a ida, a volta foi silenciosa. Agora Kurt é quem ia na frente, analisando as mãos ao invés do caminho. Ele estava realmente com frio. Kurt também não parava de se questionar onde é que ele estava com a cabeça quando quase beijou Sebastian.

Quando chegaram ao carro, Sebastian abriu a porta para Kurt. O castanho entrou e o Fabray fechou a porta. Depois de dar a volta no carro, Sebastian entrou no carro e começou a mexer em alguma coisa no banco traseiro. Sebastian se sentou direito no banco e entregou algo para Kurt.

– O que é isso? – Perguntou Kurt aceitando aquilo.

– Uma jaqueta minha. Não é tão cara quanto os seus casacos, mas é bem quentinha. – Sebastian sorriu com o canto da boca. Kurt via que ele estava um pouco chateado, mas não havia nada que ele poderia fazer, ele simplesmente só não iria beija-lo hoje.

– Oh... obrigado. – Kurt abriu a jaqueta jeans e a vestiu. Ela era bem maior que seu tamanho.

Depois de ver o castanho com a sua jaqueta, Sebastian deu a partida no carro e se afastou da relva verde em direção a casa dos Hummel.

Depois de quarenta minutos silenciosos, o Ford Mustang preto e antigo de Sebastian estacionou na entrada da casa de Kurt. O castanho puxou o freio de mão e olhou para Kurt ao seu lado.

– Está entregue. São e salvo. – Disse Sebastian, apesar de não querer ver Kurt sair do carro.

– Obrigado. – Disse Kurt sorrindo e saindo do carro.

– Espera. – Sebastian o segurou pelo braço, fazendo-o retornar. – Quando poderemos fazer algo assim de novo? – Sebastian se referia mais ao encontro do que ao sorvete e as estrelas.

– E-eu não sei. – Respondeu Kurt sinceramente. Sebastian o soltou e olhou para o chão do carro. – Mas você está convidado para ver Quinn e eu nas Seletivas no McKinley nesse final de semana. – Respondeu Kurt, tentando melhorar a situação. E funcionara.

– Então vou te ver cantar? – Sebastian se animou com a ideia e sorriu. Ele nem ao menos se lembrou que sua irmã também estaria cantando. Kurt deu uma curta risada.

– Claro que vai. – E beijou a bochecha do Fabray. – Boa noite, Sebastian. – Kurt saiu do carro e foi em direção a sua casa, sem olhar para trás e deixando um Sebastian abobalhado com a mão no rosto.

Kurt entrou em casa correndo, para que ninguém o perguntasse nada sobre o encontro. Subiu as escadas correndo e entrou no quarto, fechando a porta atrás de si. Com as costas para a porta, pensou em tudo o que havia acontecido e sorriu, cobrindo o rosto com as duas mãos.

Por um reflexo ou algo parecido, Kurt virou o rosto e acabou sentindo o cheiro de Sebastian na jaqueta. Era um cheiro gostoso e único de Sebastian. Era de algum modo bem masculino, mas com cheiro que Kurt reconhecia, só não sabia da onde, mas sabia que já sentira em Sebastian. O Hummel correu para tomar um novo banho.

Em meia hora, Kurt já havia tomado outro banho, tinha cuidado de sua pele e estava pronto para dormir. Debaixo das cobertas, pensou com mais detalhes em seu dia e em Sebastian. Ele se sentia feliz agora que tudo estava explicado e que Sebastian gostava dele. Pela primeira vez um menino estava gostando dele e ele amava essa sensação. Algo parecido com uma onda de água gelada e borboletas batia nas paredes de seu estomago.

De longe, Kurt viu a jaqueta de Sebastian na cadeira. O castanho esticou o braço e pegou. Não se aguentou e cheirou mais uma vez, sentindo o mesmo cheiro bom. Uma curiosidade cresceu no castanho, dando-lhe determinação. Kurt olhou para os lados – como se alguém estivesse vigiando-o – e olhou nos bolsos da jaqueta.

No último bolso, Kurt encontrou algo e o tirou do lugar. Era o papel de uma bala de cereja. Agora Kurt reconhecia de onde sentira o cheiro misterioso da jaqueta. O hálito de Sebastian cheirava a cereja. O cheiro deveria vir da mesma bala que a do papel.

Kurt não era muito de fazer isso, mas guardou o papel de bala embaixo do travesseiro e deixou a jaqueta na cadeira. Agora ele tinha algo para se lembrar de Sebastian. Melhor ainda, tinha algo para se lembrar de como era a boca de Sebastian.


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Notas finais do capítulo

Se cereja for realmente a fruta do pecado, não quero nem saber quem é Sebastian Fabray.
Ajudei vocês a entender melhor quem é o Sebastian e sua ações? Espero que sim.
Semana que vem Kurt vai cantar uma música que eu não paro de imaginar na voz dele! Aguardem.

Espero que tenham gostado e até semana que vem. Fui!



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