Dear, Soldier escrita por TheKlainerGuy


Capítulo 13
Queen and Country


Notas iniciais do capítulo

Faltei com vocês semana passada? Faltei, mas tinha metade do capítulo pronto, mas ele não tava me agradando, então como eu não de postar qualquer coisa, fiz vocês esperarem.

Não tenho muito o que dizer, só que o capítulo anterior foi o meio da fic. (:

Boa leitura.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/641188/chapter/13

Já haviam se passado dois meses desde que Sebastian havia ido para o exército e Kurt ainda se encontrava na mesma situação. Ele ainda se sentia devastado e culpado. Suas rotinas continuavam, mas eram cobertas por grandes camadas de fingimento. Só as paredes do quarto de Kurt sabiam o quão péssimo ele se sentia.

Kurt preferia não contar para ninguém como se sentia nesse momento, pois sabia que ninguém iria entender e levaria aquilo como um drama adolescente. Nem mesmo Finn. Porque quando você se vê sozinho e uma pessoa aparece disposta a mudar o seu mundo, você não pode ignorar, muito menos perde-la. E com o histórico que o castanho carregava, a dor de ficar imaginando se Sebastian ainda estava vivo era excruciante.

Kurt e Quinn não estavam tão próximos e nenhum dos dois podiam exigir qualquer coisa. Quinn estava precisando de espaço e achava que Kurt estava a respeitando. Já Kurt, não queria passar perto da casa de Quinn e sabia Quinn estava tão indisposta quanto ele. Burt e Carole não desconfiavam de nada sobre os problemas que Kurt estava enfrentando, já que estavam tão entretidos com seus próprios problemas. Finn havia sido um obstáculo, mas logo Kurt o convencera de que estava tudo bem.

Pelo menos seis vezes por semana, Kurt tinha um pesadelo com Sebastian explodindo pelos ares. Sua última imagem antes de acordar era sempre uma mancha vermelha do sangue do Fabray. Kurt também estava fora de si nas aulas e no Glee Club. Geralmente era pensando no que teve mais cedo. Não saía para lugar nenhum e em casa, seu refúgio para o restante do dia era somente o quarto.

Quando não estava no quarto arrumando ele mais uma vez, passando suas roupas, tirando o pó dos sapatos ou estudando alguma coisa, Kurt ia para o sótão para tocar o antigo piano de sua mãe. Era ali que ele se sentia próximo a ela novamente, pois foi com aquele instrumento que sua mãe havia lhe ensinado as melhores lições; tanto musicais, quanto para a vida. Estar junto ao instrumento, era como se a música que havia em seu sangue, o guiasse para que um novo ensinamento de sua mãe. Kurt sentia que a música que ele, por acaso tocava, era um conselho que, de alguma maneira, vinha de sua mãe.

Ao movimento que ocorrera mais cedo no andar de baixo, Kurt sabia que toda sua família havia saído para um jantar na casa dos Berry. Aproveitando enquanto a casa estava sozinha, Kurt subiu para o sótão e foi diretamente para o piano. Era um grande piano preto de cauda. Ele era a melhor lembrança que ele tinha de sua mãe, das horas que eles passavam juntos com o instrumento.

O castanho tirou um grande pano cobria o instrumento. Kurt fazia questão de cuidar dele perante todo aquele pó do sótão. O rapaz tirou o banquinho tirou o banquinho debaixo do instrumento e se sentou. Delicadamente, Kurt passou os dedos pelas teclas do piano. Era quase possível escutar a voz de sua mãe lhe dizendo que ao fazer isso, ele se tornaria mais íntimo do instrumento. Kurt respirou fundo, fechou os olhos e como sempre fazia, pediu ajuda de sua mãe.

I wanna sleep next to you
But that's all I wanna do right now
And I wanna come home to you
But hom
e is just a room full of my safest sounds

A mesma música retornara para Kurt. Assim como as outras cinco vezes “TALK ME DOWN” era a música que a mãe de Kurt enviava para ele. Mas sem parar, Kurt se deixou levar e cantar alto como nunca. A insistência em algum momento chegaria a algum lugar.

Cause you know that I can't trust myself and my 3am shadow
I'd rather fuel a fantasy than deal with this alone
I wanna sleep next to you
But that's all I wanna do right now
So come over now and talk me down

Por vezes Kurt pensara que sua ligação com sua mãe havia se perdido depois da música se repetir por tantas vezes, mas talvez pela música fazer tanto sentido no momento, realmente fosse a mulher tentando faze-lo entender alguma coisa. Ela ainda estava presente com ele.

I wanna hold hands with you
But that's all I wanna do right now
And I wanna get close to you
Cause your hands and lips still know their way around

Kurt ao invés de simplesmente cantar a música, deu um significado a letra. Ele claramente não queria chorar, mas estava disposto a levar aquilo como uma declaração e imaginar como seria estar com Sebastian nesse momento. Kurt tentava forçar a imaginação em coisas boas, mas somente tragédias vinham a sua cabeça.

And I know I like to draw the line when it starts to get too real
But the less time that I spend with you, the less you need to heal
I wanna sleep next to you
But that's all I wanna do right now
So come over now and talk me down

O castanho repassou todos os acontecimentos do primeiro encontro que teve com Sebastian. Se lembrou da primeira vez que viu o Fabray. Até uma lembrança de quando viu Sebastian sem camisa veio a sua mente. Um sorriso surgiu em seu rosto e Kurt fechou os olhos para tentar fazer a lembrança mais clara.

So if you don't mind, I'll walk that line
Stuck on the bridge between us
Gray areas and expectations
But I'm not the one if we're honest, yeah

O ar ao redor de Kurt era tranquilo – apesar da bagunça dos moveis velhos e das caixas de papelão. Por esse fato e por estar sozinho, Kurt conseguia soltar a sua voz e faze-la soar muito melhor com o piano. Cantar agora era o único grito desesperado que ele podia soltar. Um dom que nesse momento o salvava de não se perder em pensamentos. Como sempre era dito no Glee Club: cante seus sentimentos.

But I wanna sleep next to you
And I wanna come home to you
I wanna hold hands with you
I wanna be close to you

Kurt imaginou o que aconteceria com ele se Sebastian não voltasse. Ele provavelmente levaria aquilo como um sinal para ele ficar sozinho, pois quando não era alguém que ele não correspondia, era alguém que era impossível de se alcançar. Mas quando pensava na ideia de ver Sebastian voltando, imaginava que seria tudo pior. Porque o Fabray talvez se tornasse alguém inalcançável – por não perdoar Kurt – e isso mataria Kurt diariamente.

But I wanna sleep next to you
And that's all I wanna do right now
And I wanna come home to you
But home is just a room full of my safest sounds
So come over now and talk me down

Kurt concluiu a música e pela primeira vez, não chorou ao termino. Dessa vez o final da música não havia trago algum tipo de peso ou algo que mexesse com a consciência de Kurt. Fora algo mais libertador. Claramente o Hummel não se sentia totalmente em paz, mas não era como se uma sombra ainda estivesse o vigiando. Ele só se sentia diferente.

Foi olhando para as teclas do piano sem focar em algo ou refletir sobre sua situação, que Kurt passou quinze minutos imóvel. Ele nem ao menos se dera conta de que tanto tempo havia se passado. Ele só conseguiu sair daquele estado, quando escutou alguém tocando a campainha e batendo na porta da entrada.

Um pouco desorientado do que havia acabado de acontecer, Kurt saiu do sótão e desceu as escadas até ficar de frente para a porta da entrada. Com a mão na maçaneta, o Hummel expandiu os olhos para acordar e colocar seu cérebro para funcionar de maneira coerente e passou a mão pela lateral do cabelo. Bufou alto e abriu a porta. Seu olhar desorientado foi subindo até encontrar o rosto do rapaz na porta.

— Em que posso ajudá-lo? – Ao terminar a frase, Kurt teve a sensação de perder a língua dentro da boca e não conseguiu pronunciar mais nenhuma palavra.

Segurando um buquê de rosas laranjas, Sebastian encarou Kurt sem nenhuma reação. Uma das mãos de Kurt teve a única reação do seu corpo e se colocou na frente da boca. O espanto era gigantesco. A minutos atrás o castanho estava cantando uma música sobre estar com Sebastian, e agora, ali estava ele: na frente de sua casa, a salvo, com buquê de flores e lindo como sempre.

Ao tomar uma boa quantidade de ar, Kurt correu para sentir o atrito de seu corpo com o do jovem soldado. Kurt segurou Sebastian pelo pescoço e só quando viu que era realmente o rapaz, pode suspirar em paz. Fora um suspiro de alívio e tranquilidade. Sebastian compreendia aquela relação e colocou seu braço livre envolta da cintura de Kurt.

O cheiro de cereja ainda estava presente no rapaz. Era forte e intenso. Talvez porque não tenha tido contato com ele há mais de dois meses, mas agora, parecia que o cheiro nunca tivesse sido ausente e agora era impossível de confundi-lo. Kurt enterrou o nariz na curva do pescoço do Fabray, deixou seus lábios tocarem aquele espaço de pele e passou a mão pela parte de baixo, do que ainda restava do cabelo de Sebastian.

Por mais longos minutos, Kurt ficou abraçado a Sebastian. Os olhos percorriam a rua, seu gramado, o céu em um azul forte. Ele finalmente estava conseguindo se livrar daqueles pensamentos terríveis uma vez que podia sentir Sebastian com ele. Aquela sensação como se o medo fosse algo físico que rondasse a orelha de Kurt, havia desaparecido. Kurt só pôde fechar os olhos e agradecer a quem estivesse o escutando e à sua mãe.

Sem tirar a mão da nuca de Sebastian, Kurt encarou os olhos verdes de Sebastian. Assim como o cheiro das cerejas, era o mais intenso verde. Os olhos, o uniforme verde e o gramado era uma boa combinação para Kurt. Um sorriso torto surgiu no rosto de Kurt, enquanto um crescia no de Sebastian.

— Eu trouxe flores, chocolate e alguns filmes. Espero que não esteja ocupado. – O rapaz olhou para dentro da casa de Kurt e depois voltou para os olhos azuis de Kurt. Ele desejava outra mão para poder tocar o rosto do castanho.

— Minhas ocupações atualmente são todas voltadas para você. Seja pensando, falando, chorando, tudo inclui você. Passar esse tempo com você – Kurt deixou uma de suas mãos subir do peito de Sebastian até o ombro, ele observou esse trajeto e depois voltou aos olhos do rapaz. – Não é algo que me ocupa, é algo que me traz paz e tranquilidade.

Os dois corresponderam um sorriso. Kurt pegou o buquê de flores e com a mão livre, segurou a mão de Sebastian, o guiando para dentro de casa. Nunca deixando os olhos um do outro. O medo da perda de conexão era grande.

[...]

Após Kurt colocar as flores em um vaso, ele prepara os chocolates de Sebastian e abriu um vinho. Com a ajuda de Sebastian, os dois levam tudo o que precisam para o andar de cima; para o quarto de Kurt.

Eles preparam um pequeno lugar no chão, em frente a TV. Enquanto tirava aquela roupa pesada que Kurt estava usando todo o final de semana, Sebastian ficou no quarto e observou os pertences de Kurt. Ele nunca estivera ali e sabia que o quarto de uma pessoa poderia dizer muito sobre a personalidade dela. Kurt parecia ser elegante, extravagante em alguns aspectos e detalhes, detalhista, organizado e bem decido.

Sebastian passou o dedo sobre o topo da máquina de costura do castanho, depois olhou o tecido no manequim – o qual Kurt planeja fazer um blazer e estava coberto de alfinetes – olhou alguns porta-retratos de Kurt com a família, com Quinn, os amigos do Glee Club. Sebastian também observou o cuidado da cama do castanho, olhou objetos de decoração como uma impecável cabeça de cervo branca que ele tinha, uma caveira cheia de brilhantes, um espelho com uma linda armadura dourada. Kurt parecia viver em um palácio e seu quarto era mágico, disso, Sebastian o via como encantador.

Kurt saiu do banheiro vestido um moletom gigantesco e vermelho que ele havia roubado de Finn, shorts um tanto curtos de ginástica e meias brancas. Ele não queria parecer muito arrumado na presença de Sebastian para não incomoda-lo e a forma como ele estava agora, era o mais básico que ele poderia estar: um moletom velho roubado, algo que não era uma calça extremamente cara – pois até as de dormir de Kurt, tinham alguma coisa cara, pois todas eram de seda – e meias comuns. Não eram coisas que assustariam Sebastian.

Mas parecia que Kurt não havia causado essa impressão, pelo contrário, Sebastian havia gostado de ver Kurt menos produzido. Kurt se aproximou de Sebastian, que ainda segurava uma bola de football coberta de glitter.

— Caso não tenha mencionado, fui jogador de football e essa foi a bola que venci meu primeiro jogo. – Sebastian tirou os olhos de Kurt e olhou para o objeto em suas mãos. – Claro que ela não estava tão fabulosa assim, eu tive que colocar um “K” nisso. – Sebastian sorriu e guardou a bola onde estava. – Sinta-se a vontade para tirar a jaqueta e essas botas. – Kurt observou que tudo o que Sebastian usava parecia ser pesado demais, então ele achou melhor deixar o rapaz confortável.

— Tudo bem. – Sebastian começou a desabotoar a jaqueta e Kurt o ajudou a tira-la. Enquanto Kurt pendurava a jaqueta, Sebastian desamarrou e tirou suas botas. Kurt logo retornara até ele. – Obrigado.

Kurt sorriu e se sentou no chão. O castanho bateu no lugar vazio no chão ao seu lado e Sebastian fez. Um momento tenso surgiu, pois os dois não sabiam exatamente o que fazer. Kurt então colocou o primeiro filme, mas assim que deu play, deu pause e olhou para Sebastian.

— Eu não posso fazer isso sem antes colocar as coisas no lugar. Talvez eu me arrependa muito, mas eu não quero que continue uma situação estranha, porque nós não somos tão... travados assim. Eu quero que as coisas aconteçam naturalmente e fluidamente, mesmo que essa seja uma decisão da qual eu venha me arrepender depois. – Disse Kurt, depois mordeu o lábio inferior.

— Não, está tudo bem. Eu quero conversar. – Por conta do silencio, Sebastian acabou começando. – O que aconteceu exatamente naquela festa? – Sebastian parecia amedrontado e envergonhado de perguntar aquilo. Kurt notou que Sebastian acabou conferindo seu pescoço.

Kurt respirou fundo. Ele se lembrara totalmente do que havia acontecido. Não havia acontecido nada para deixar marcas permanentes que o rondassem até o final da vida. Haviam sido mais algumas coisas que um adolescente normal havia sofrido e que seriam coisas a se esconder na vida adulta.

— Bom, estava tudo bem até por volta das três da manhã, mas aconteceu o incidente de me deixarem dançando sozinho e isso fez com que aquele garoto do parque, Pierre, viesse até a mim com duas bebidas e me chamasse para uma conversa. – Sebastian respirou fundo.

— Você convidou ele? – Kurt não estava certo se aquilo o incomodava ou o chateava. Sabia que definitivamente causava uma sensação em Sebastian.

— Não. Eu não convidei ele. A festa foi na casa de Sam Evans, amigo da Quinn e meu amigo, que teve a infelicidade de ter Pierre como primo. – Sebastian ergueu as sobrancelhas. – Pois é. Continuando, como Finn estava cuidando das bebidas, não achei que talvez algo de errado viesse acontecer, porque meu irmão sabe que não gosto de ingerir álcool. – Kurt se preparou para lidar com a reação de Sebastian quando ele soubesse da verdade. – Eu de fato não ingeri álcool... Pierre me drogou com um “Boa noite, Cinderela”.

Sebastian já não estava muito bem com aquela conversa e o caminho que ela havia tomado, só piorou as coisas. A raiva em seu rosto era evidente.

— Mas qual o problema daquele garoto?! Ele sabia que você era amigo desse garoto Sam? Porque ele claramente fez isso premeditado. Ninguém anda com essas coisas por aí. – Sebastian começou a bater o pé no chão e morder o lábio inferior. Ele estava tentando conter sua raiva que estava prestes a explodir. – Alguém fez alguma depois que descobriram?

— Sam não sabia disso. E aparentemente ele é do tipo que anda com essas drogas, pois me pareceu surpreso quando nos recebeu na porta e me viu. – Sebastian deu uma risada sarcástica. Ele não gostaria de encontrar Pierre, pois a coisa definitivamente ficaria feia. – Então, ele acabou me falando algumas coisas, tentou me beijar – Os lábios de Sebastian estavam ficando roxos com as mordidas. Ele nem conseguia mais manter os olhos abertos. O Sebastian pacifico de alguns minutos, havia sido consumido. – Mas o máximo que conseguiu foi meu pescoço. – Kurt não queria contar porquê havia batido em Pierre, mas precisava ser totalmente honesto. – Então, quando eu estava no meu terceiro copo, esse já com álcool, comecei a dispensar ele, falando sobre você... – Isso chamou a atenção de Sebastian, que olhou para Kurt. – Ele até tentou seguir adiante com o plano, mas quando eu falei sobre você, ele se sentiu ofendido e quis fazer o mesmo com você, então... eu bati nele.

— Você o quê? – Sebastian deixou escapar um sorriso de surpresa, mas logo escondeu.

— Eu não sei o que me deu, a agressão foi coisa da droga, mas eu realmente teria te defendido caso estivesse bem. – Sebastian coçou a boca e sorriu. Ele se lembrava vagamente das mãos de Kurt machucadas. – Então Pierre foi embora todo machucado, Finn me achou em um estado não tão bom, foi quando eu fiquei sabendo que Quinn estava no andar de cima com Puck- mas olha, não aconteceu nada, eu juro, eles estavam vestidos quando cheguei. – Kurt disse antes que a raiva de Sebastian pudesse voltar. – Acredito que eles só tiveram um daqueles momentos de bêbados, onde eles ficam se declarando um para o outro e olhando nos olhos um do outro. – Kurt deu os ombros e esperou que Sebastian acreditasse nele. Depois de processar tudo, ele sorriu. – Você não acredita em mim, não é?

— Não, eu acredito sim. Eu conheço você um pouco para saber que você não se drogaria, principalmente quando eu te pedi para se cuidar. Não é prepotência, é só que você se importa bastante com as pessoas que te cercam para querer deixa-las chateadas... – Sebastian olhou para os seus dedos. Kurt tentou achar os olhos do rapaz. – Eu... e-eu passei bastante tempo pensando nisso na verdade. De momento eu fiquei devastado, sim, mas eu sabia que alguma coisa não fazia sentido. Então ouvir essa história, mais os pensamentos que tive no campo e com o que vi, me faz ter certeza que você não teve culpa nisso. Eu acredito em você. – Sebastian deu um sorriso torto. Kurt correspondeu mostrando o seu lindo sorriso aberto. Mas Sebastian havia voltado para os dedos e tinha a testa franzida. Ele parecia muito querer dizer alguma coisa, só não encontrava as palavras. – Ouvir você ser tão honesto e leal comigo, me cresce um desejo de estar nesse mesmo nível que você.

— Eu não estou entendo o que você quer dizer, Bas. – Kurt colocou a mão no ombro de Sebastian e chegou mais perto dele. – Você pode confiar em mim. – Disse Kurt, levantando o rosto do rapaz.

— Eu não te contei que iria para o exercito porque eu sabia o que iria acontecer. Eu vi o que aconteceu com Lucy quando soube que eu estaria indo da primeira vez. Ela ficou devastada meses antes, quando deveria, talvez, se preocupar de fato quando eu estivesse deixando nossa casa. – Kurt passou a mão pelos cabelos de Sebastian, enquanto o rapaz ainda encarava as pontas dos dedos. – Eu não queria ser responsável por te causar uma dor precoce. Haveria uma angustia, eu só não quis antecipa-la. – Sebastian encarou Kurt. – Eu iria te contar no dia e explicar tudo o que estava acontecendo, mas por conta das eventualidades, não aconteceu. Sei que pode ser convencimento, mas depois do que você me disse lá baixo, sei que não foi fácil para você, então eu imagino o quão difícil deve ser para você e eu sinto muito se te causei alguma dor.

Kurt precisou limpar uma lágrima que escorria. Ninguém nunca havia falado com ele daquela forma. Geralmente as pessoas não se importavam com os sentimentos dele, e Sebastian estava sendo tão condescendente na situação, que Kurt não pôde resistir. Ele nunca se sentira tão forte assim desde que sua mãe morrera. Sebastian o ajudou a limpar as lágrimas.

— Os dias foram difíceis. Eu me encontrei várias vezes em uma batalha interna de sensações sobre você estar voltando ou não, e se caso voltasse, como lidaríamos com as coisas. Mas além do medo crescente a cada dia – Kurt parou para respirar fundo. Sebastian também estava começando a ficar mexido. – A saudade foi crescendo. Então eu entrei nesse dilema sobre sua volta e sua vida. Se você estava vivo; se você voltasse ainda estaria chateado comigo ou não; se o que temos seguiria normalmente e com eu me sentiria, mas tudo o que eu sabia era que caso você voltasse e me deixasse, seria como se eu me tornasse invisível e tivesse sido drenado do mundo. – Sebastian estava chorando agora e isso piorava a situação para Kurt. – Porque... e-eu não queria perder alguém que gostava de mim por um erro que ia além da minha pessoa. Eu não queria ter que fugir de uma depressão por acreditar que as três chances que tive de dar certo com alguém, algo maior que a mim mesmo me impediu; e começar acreditar que romance não era uma coisa para mim.

Os dois choraram na presença do outro, sem sentir vergonha de expressarem seus sentimentos. Era intenso demais para eles fingirem que nada era verdadeiro. Isso estava sendo o pico de sensações que Kurt teve nos últimos meses, mesmo que quando comparado aos seus ataques histéricos.

— Quando eu via o que eu poderia ser para você, eu só conseguia ver uma pessoa incapaz de fazer isso. Você ainda é novo, precisa passar por coisas, coisas que eu não posso protege-lo pois você precisa aprender com os erros; não sou seu pai para priva-lo e fazer desperdiçar essa fase da vida. Eu sou ciumento e as vezes quando um sentimento ruim me consome de uma maneira muito forte, eu acabo enlouquecendo e me tornando uma pessoa que eu não quero ser. Não quero que você me veja como alguém que foi arrogante com você quando nos conhecemos, quero ser o cara que fez todos os minutos que passou com você, valerem a pena e serem únicos. – Kurt tocou o rosto de Sebastian, que colocou sua mão sobre a do Hummel. – Eu quero ser uma pessoa boa e dedicada a você igual a você, porque quero ter essa qualidade sua, quero poder te dar essa qualidade que você tem. Eu quero ser um bom parceiro para você, porque você merece isso. – Sebastian segurou as mãos de Kurt. – Eu quero que você se sinta feliz e em paz comigo, mesmo quando eu não posso te dar isso a todo momento. Quero me tornar uma pessoa melhor, porque você me faz ser melhor. E não é algo unilateral, eu prometo de dar essa resposta, pois se tem alguém que eu quero dar o meu melhor, esse é alguém que me faz ser melhor.

Kurt jogou os braços envolta de Sebastian e segurou o Fabray com força. Era bom tê-lo de volta, principalmente quando tudo estava ficando esclarecido e eles estava fazendo planos de se tornarem melhores um pro outro. Era bom ficar junto dele.

Enquanto estava abraçado com Sebastian, uma pergunta surgiu no fundo de sua cabeça. E se tudo já estava aberto para verdades, seria uma pergunta que valeria a pena a se fazer. Kurt se separou um pouco de Sebastian e o encarou nos olhos.

— Então você voltará para o exercito? – Kurt apertou as duas mãos atrás do pescoço de Sebastian e o Fabray fez o mesmo na cintura de Kurt.

— Eu não sei. Acho que não. Não fui muito bem nas execuções. Estava um pouco lento e fraco. Dificilmente eles me chamarão e me aceitarão para o combate. – Sebastian não queria falar sobre aquele assunto com Kurt. Principalmente quando ele ainda tinha medo de ser chamado para combate. O Fabray enterrou o rosto no pescoço do Hummel.

— Se você não queria ser aceito para combate, por que voltou a fazer exercícios? Você quis voltar a ficar em forma para passar? – Milhões de ideias voltaram a rodar a cabeça de Kurt. – Bas, você não está mentindo, né? Você não está aqui para curar qualquer remorso ou algo assim, não é? – Kurt procurou o rosto de Sebastian.

— Claro, que não, Kurt. – Sebastian estava se sentindo enjoado. – Eu fiz uma auto-sabotagem, Kurt. – O castanho juntou as sobrancelhas. – Eu conheço meu corpo. Eu sabia que se eu começasse a fazer uma série de exercícios e parasse de repente, quando eu voltasse para o exercito, meu corpo estaria desacostumado a uma rotina e demoraria mais tempo para me fazer presente nos treinamentos. Assim teria um mal desempenho e seria dispensado. – Sebastian deu os ombros e olhou para Kurt.

— Entendo...

Então Kurt ficou em silencio e não perguntou mais nada. Ele não queria alimentar a ideia de que Sebastian havia feito o fez por mais algum motivo. O Hummel precisaria aceitar que por enquanto, Sebastian apenas não queria voltar a viver no inferno chamado exercito. Sebastian pegou o controle da TV e colocou o primeiro filme: “Rainha e País”, um filme sobre a situação que Sebastian e Kurt se encontravam, que o soldado havia escolhido de propósito.

— E sim, eu também fiz tudo isso por sua culpa. – Kurt olhou para Sebastian, que continuou olhando para a TV. O soldado pegou um chocolate e colocou na boca. – Não quero perder momentos assim. Na verdade, não querer perder momento algum, desde que seja com você.

Kurt e Sebastian não disseram mais nada, porque o filme havia começado. Sebastian encostou as costas ao final da cama de Kurt. O castanho segurou a cintura de Sebastian e encostou a cabeça no ombro de Sebastian para poder assistir o filme. Sebastian aproveitou para puxar Kurt para mais perto e beijou a testa do rapaz.

[...]

Quase duas horas depois, o filme havia terminado. Sebastian havia comido praticamente toda a caixa de chocolates e bebido metade do vinho. Kurt não tinha nem se mexido o filme inteiro, prestou atenção em todos os detalhes. A história o tocara de uma maneira muito intensa, fazendo-o pensar em tudo o que estava acontecendo com ele e Sebastian nesses últimos meses.

Kurt olhou para Sebastian. Os narizes dos dois estavam quase se tocando. Sebastian tinha um olhar tão apaixonado por Kurt, que fazia o castanho se sentir acolhido. O clima entre os dois estavam muito bom. Os créditos estavam rolando, a noite já chegara, o calor deles estava confortante e a casa silenciosa.

Antes que Kurt pudesse dizer o que ele queria, Sebastian colocou sua mão no rosto de Kurt e o olhou no fundo dos olhos. Aquele olhar havia trago uma nova sensação para Kurt. Sebastian nunca havia o olhado tão intensamente assim. Sebastian desejava Kurt como nunca. E Kurt não estaria negando aquilo a ele.

Sebastian e Kurt se aproximaram até que um tocou os lábios do outro. A mão de Sebastian alisou a pele de porcelana Kurt com todo o carinho possível. Por lidar com tantos exercícios e segurar em armas, Kurt achou que o toque teria uma sensação diferente, mas aparentemente, Sebastian sabia que estava fazendo. O toque causava uma sensação de segurança em Kurt.

Aos lábios de Sebastian, Kurt era certo que teriam gosto de cereja, mas fora o sabor amargo do vinho com um pouco do chocolate. Sebastian foi muito delicado ao beijar Kurt. Ele sabia fazer aquilo. Os lábios de Sebastian eram tão macios e faziam Kurt entrar no mundo de Sebastian. Era estranho se sentir assim, mas quando estava beijando Sebastian de olhos fechados, Kurt os imaginava em um campo verde, um imenso céu azul, Sol e flores amarelos, um vento forte e roupas ao vento, como se ao se beijarem, aquilo os levava para um lugar de isolado e particular.

As línguas tinham sincronia, o sabor era bom, o clima era intenso e toque suave. Sebastian estava guiando o beijo para ser perfeito e valer a pena ser lembrado como primeiro. Kurt não queria fazer o papel de inocente, mas ele não conseguia ignorar o fato de estar escutando fogos de artifício. Quando se separaram, Kurt sentiu como se a atmosfera ao redor tivesse voltado ao seu quarto.

Kurt estava um pouco sem folego, mas ainda conseguiu dizer alguma coisa.

— Será... será que conseguimos fazer isso funcionar? – Perguntou Kurt, olhando para o peito acelerado de Sebastian.

— Ei, olhe para mim. – Sebastian levantou o queixo de Kurt e fez o castanho olhar para ele. Sebastian começou a distribuir selinhos nos lábios do castanho. – Nós já fazemos isso funcionar. Você me faz bem e espero que eu faça o mesmo com você-

— Você faz. – Garantiu Kurt, emocionado.

— Então já estamos fazendo isso funcionar, uh? – Sebastian sorriu e deu mais um selinho em Kurt. – Uh? – Outro. – Ein? – Outro. Kurt não se aguentou e começou a rir. Eles se aproximaram ainda mais. – Então, deixe-me recapitular tudo: colocamos todas as cartas na mesa, nos entendemos, estamos muito bem e a última atualização do dia é que podemos chamar isso de namoro.

— Até onde sei sim. – Kurt ficou vermelho de repente. Quando ele imaginou que Sebastian estaria dizendo aquelas palavras? Na verdade, o rapaz nunca se imaginou namorando alguém como Sebastian. O Fabray tentou procurar os olhos dele. – Então, eu já posso te chamar de namorado...?

— Você não pode me chamar de namorado. Você deve. – O susto momentâneo de Kurt passara e um sorriso envergonhado tomou lugar em seu rosto. Sebastian se virou completamente para Kurt, segurou o rosto do castanho e o olhou no fundo dos olhos. – Porque é isso que você é agora. Você é meu namorado.

Kurt, não pôde dizer mais uma palavra, pois Sebastian já estava o beijando novamente, mas dessa vez era mais intenso e com mais vontade. Kurt não escutava apenas fogos de artificio, com os olhos fechados ele conseguia ver a meia noite de ano novo. E aquele calor que percorria seu corpo era como os fogos de artificio: subia pequeno e frio desde a barriga e explodia em cores e quente por todo o peito do castanho.

Ele finalmente estava vivendo seu conto de fadas.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Pronto, agora eles são um casal e o drama pode começar de verdade.
Ficou muito melado essa capítulo? Foi quase um capítulo de "Açúcar?"
Fazia tempos que eu queria colocar um Troye Sivan nessa fic, viu? Adorei *-*

Espero que tenham gostado. Atém semana que vem.