Twilight - a Magia do Amor escrita por Sol Swan Cullen


Capítulo 25
Capítulo 22 - A Clareira


Notas iniciais do capítulo

Oi!
Peço imensas desculpas pela demora!
A Escola não me larga e ainda por cima este ano tenho exames...
Mas aqui está um novo capítulo!
Espero que gostem!



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(Bella POV)

 

De manhã, quando me levantei, tinha a casa totalmente vazia, só cá estava eu. Ana e Ella tinham-me deixado um recado no frigorífico.

 

Querida Bells,

Fomos para La Push com o pai.

Está um belo dia de Sol, por isso deixámos-te uma cesta pronta com um piquenique, pode ser que tu e o Edward queiram ir passear.

Nós não voltamos muito tarde... Se calhar até chegamos a tempo de irmos todos ao baile, manda uma mensagem à Alice se mudares de ideias quanto a isso.

Comportem-se.

Beijos,

Ana e Ella.

 

Sorri quando vi a cesta em cima do balcão, duvidava que chegassemos a sair por causa do Sol, mas a intenção delas tinha sido a melhor.

Tive tempo que chegue e que sobre de tomar o pequeno-almoço e arranjar-me antes de Edward chegar. Estava a pensar em ir secar o cabelo quando bateram à porta, desci as escadas a correr, tendo o cuidado de não tropeçar e cair. Assim que a abri, deparei-me com o meu vampiro que estava a usar um boné que lhe cobria a cara com sombra, a gola do seu casaco cobria o seu pescoço e eu senti-me ainda com uma grande vontade de me rir perante aquele ar antiquado.

Puxei-o para dentro e mesmo antes de eu ter noção do que se estava a passar, Edward pressionou-me contra a parede e eu senti os seus lábios nos meus, ferozes com a saudade. Agarrei-me ao seu pescoço, prendendo o meu corpo contra o dele, estando necessitada de sentir fricção entre os nossos corpos. Quando nos afastámos estavamos ambos ofegantes por ar e ele que não o precisava.

- Bom dia. – Ele disse brindando-me com o meu sorriso favorito.

- Bom dia. – Respondi sentindo as minhas faces corarem.

Ele tirou-me o cabelo do rosto e acariciou-me as faces. Estava totalmente perdida nos seus olhos que brilhavam mais do que nunca.

- E então, quais são os planos para hoje? – Perguntei enquanto ele me puxava para a sala.

- Hum... Está fora de questão irmos a Salem, não é? – Ele relembrou-me dos meus antigos planos. – E sabemos que hoje há aquele maravilhoso e fantástico...

- O baile não! – Apressei-me a dizer, sabendo que qualquer que fosse a sua decisão, Alice iria ver e lá se ia o meu dia perfeito.

Ele riu-se e beijou-me a testa, abraçando-me com um pouco mais de força.

- Já sei que não... A Ana fez um relatório à Alice acerca de tudo o que tu detestas.

- Julguei que eu é que devia dizer-te isso. – Disse-lhe fingindo-me ofendida.

- E eu espero ouvir tudo isso de ti... Acreditas que mesmo com a Alice a gritar-me as coisas na sua mente eu consegui ignorá-la? Pelo menos tanto quanto possível.

- O que é que apanhaste? – Perguntei, esperando que ele me dissesse que coisas terríveis teria que lhe contar sobre mim.

Pensamento positivo... Ele já sabe que és uma bruxa. A minha consciência informou-me e eu não pude deixar de sorrir... Sim, ele já sabia disso... e era isso que nos tinha unido mais que nunca.

Ele sorriu perante o meu sorriso e fez-me novamente uma festa, fazendo despertar o lado felino que existia em mim... Alguma coisa tinha que vir com o facto de ser uma bruxa... e a afinidade com os gatos era uma caracteristica comum... já comentara isso com Edward, mas claro que nunca lhe iria revelar quão profundamente essa afinidade se exibia numa bruxa... era extremamente embaraçoso.

- Tirando algo que a Alice me disse quando dormiste lá em casa no outro dia... Ou o que não consegui deixar de ouvir hoje?! – Ele perguntou, um brilho totalmente diferente nos seus olhos, algo entre a brincadeira e a provocação. – Apenas sei que o teu pequeno-almoço favorito é panquecas...

- Se tiverem chocolate ou morango ainda ficam melhores. – Comentei, sabendo perfeitamente que ele iria adorar a informação que lhe estava a oferecer. Tal como eu tinha previsto, o seu sorriso aumentou.

- A tua cor favorita é o azul... – Ele continuou.

- Qualquer tom de azul serve, embora eu goste mesmo do azul-bebé e do azul meia-noite. – Continuei com os meus comentários.

- E que as tuas flores favoritas são as rosas. – Ele terminou, esperando pacientemente por um comentário meu.

Aquele último promenor trouxe na sua voz um tom diferente, quase que desejoso, como se ele planeasse algo.

- Vermelhas. – Disse passado um minuto. – Rosas vermelhas. – Repeti vendo o ar confuso no seu rosto. – Também gosto de rosas brancas, mas os botões de rosa vermelhos são muito mais encantadores.

- Rosas brancas representam a pureza. – Ele sussurrou.

- E as vermelhas representam amor e paixão.

Ficámos em silêncio a olhar um para o outro, apenas a apreciar o olhar do outro. Claro que o silêncio não durou muito, o meu telemóvel tocou na cozinha, fazendo-me saltar para o ir atender... no fim não passava de uma mensagem. Era Ana.

Eles já são lobos!

E são tão fofos!

Tirei fotos, depois mostro-te!

Bjs, Ans

Ri-me e quando me virei, Edward observava-me atentamente com uma sobrancelha erguida.

- O Jacob e o Seth já se transformaram. – Informei-o, vendo-o sorrir levemente. – Gostava de saber o que os levou a transformarem-se tão depressa...

- Algo deve ter sido, mas vamos não nos preocupar com isso, que tal? – Edward perguntou-me abraçando-me.

Abracei-o de volta e deixei-me estar ali nos seus braços pelo que me pareceu uma eternidade... Pensando bem, não me importava de estar assim pelo resto da minha longa, longa vida. No entanto, os meus planos foram arruinados quando Edward se mexeu.

Olhei para o seu rosto e vi-o a olhar com extremo interesse para o cesto em cima do balcão. Os seus olhos então desceram para mim, questões brilhavam nos seus olhos dourados.

- A Ana e a Ella pensaram que tu e eu poderíamos ir fazer um piquenique. – Expliquei-lhe. – Mas acho que se esqueceram do pormenor de que está Sol.

- Mas que bem nos iria fazer um piquenique com chuva? – Ele perguntou erguendo uma sobrancelha perfeita. – A ideia é apanharmos o máximo de sol possível, não concordas, meu amor?

Repensei na hipótese de um piquenique com Edward... A ideia era agradável. Sol... Ar fresco... Um lanchinho e Edward... Quem quer que me dissesse isto, eu diria que soava exactamente como o meu plano ideal para passar o dia. Havia apenas o pequeno pormenor de que ambas as nossas peles ao Sol estariam a brilhar, a dele muito mais que a minha... resumindo, seria um chamariz.

- Poderíamos fazê-lo no jardim das traseiras... – Sugeri, pensando em como a casa mais próxima da minha ficava a uns bons 500 metros.

- Estava a pensar noutro sítio, no entanto. Um lugar que te queria mostrar...

Olhei para ele realmente curiosa. Ele estivera a planear isto. Fora por isso que Ana planeara isto... Só podia.

- Já tinhas pensado nisto?!

Ele sorriu-me parecendo querer pedir desculpas.

- Na verdade, tenho andado a pensar nisto desde que voltámos de Salem... Quando combinei contigo ir a Salem, a Alice informou-me de que estaria Sol... Recordas-te? Falámos sobre isso na aula de biologia na quarta-feira.

         Assenti, lembrando-me daquela conversa.

- Então pensei em levar-te a um sítio diferente, algum lugar mais... particular. Onde possamos estar sem que nos interrompam...

- E isso seria aonde?

O seu sorriso enviesado encontrou o seu caminho para os lábios do meu vampiro e isso fez-me sorrir.

- Diz-me, Bella, o quanto te opões a correr ao colo de um vampiro à velocidade da luz pela floresta.

Ponderei a sua questão... e subitamente encontrei-me a lamentar o facto de não ser assim tão rápida como um vampiro.

- Opor, não me oponho. – Respondi-lhe sorrindo. – Embora lamente não poder correr ao teu lado.

Ele sorriu-me e acariciou-me o rosto calmamente, então puxou-me para o exterior da cozinha, trazendo consigo o cesto que Ana e Ella tinham preparado.

- Não preocupes... Há-de chegar o dia em que hás-de conseguir. – Ele prometeu. – Agora, se não te importas.

Passou-me o cesto para as mãos e antes que eu percebesse, já estava nos braços de Edward a ser carregada como uma noiva. Assim que aquele pensamento me passou pela cabeça, olhei para Edward e reparei no brilho desejoso que se encontrava no seu olhar, tentei ao máximo ignorar isso e ignorar a vontade extrema de lhe entrar no pensamento e ver o que significava aquele brilho. Mas aquele momento não durou nem um minuto, pois num instante estávamos a correr pela floresta, as árvores não passavam de borrões à minha volta enquanto Edward corria comigo nos seus braços.

Não precisava de ser como Emily ou ter o poder de Jasper para sentir a alegria que Edward sentia enquanto corria, o sentimento de liberdade que se alastrava por cada célula do seu ser. A sua alegria era contagiante e eu sabia que nunca iria encontrar tal sentimento em qualquer vampiro que conhecesse, todos poderiam apreciar a sua velocidade, gostar da sensação de liberdade, mas nenhum deles iria amar aquela faceta da sua natureza como Edward, nenhum deles seria capaz disso. Nem eu... e eu gostava de correr, de sentir a vida da floresta à minha volta, de sentir a vida que a corrida me trazia.

- Podes fechar os olhos se isso te fizer mais confortável. – Edward disse-me, desviando o seu olhar do caminho por meio segundo. – Não precisas de estar a observar o caminho. Eu não bato em nenhuma árvore.

- Eu confio em ti. – Disse-lhe e virei o meu rosto para o seu ombro, beijando-o em seguida. – Sei que não irás bater em árvore alguma, mas gosto de sentir a tua alegria.

Ele riu-se e beijou-me a testa sem nunca tirar os olhos do caminho.

Continuámos a correr pelo que me pareceu bastante tempo, até que Edward parou. Estávamos no meio da floresta, podia sentir toda a vida à minha volta, podia sentir o cheiro do calor do Sol, no entanto, não sabia dizer onde estava. O meu vampiro pôs-me no chão e eu olhei para ele, curiosa pelo motivo de termos parado no meio do nada. Edward apenas sorriu-me e com o queixo indicou-me uma abertura entre as árvores um pouco mais à frente, foi então que reparei na luz amarela que passava pelos espaços abertos, o cheiro forte do calor e de plantas a apanharem Sol atraia-me.

Senti uma alegria sem igual puxar-me na direcção dos espaços abertos, a necessidade pelo Sol a consumir cada célula do meu corpo. Mas eu não ía deixar Edward sozinho aqui nas sombras, olhei para ele e, não sei o que é que ele viu, mas sorriu-me e assentiu.

- Vai à frente, eu já te apanho.

Não precisei de muito mais, saí das sombras, movendo-me o mais depressa que conseguia sem tropeçar. Claro que nada me tinha preparado para aquilo que encontrei.

As aberturas entre as árvores davam para uma clareira em forma circular, mas ampla, o chão era coberto por um relvado verde magnifico e havia imensas flores selvagens a encherem o prado de beleza. Aporei os meus ouvidos e sem dúvida alguma conseguia ouvir um riacho no fundo do prado, quase como o riacho que corria no jardim das traseiras dos Cullen. Sorri maravilhada com a beleza simples daquele lugar, mas aquilo não seria nada sem Edward, olhei para trás, para a orla da floresta e encontrei-o escondido entre as sombras.

Ele olhava para mim com um ar cauteloso, como se esperasse por qualquer coisa. Olhei para os meus braços e reparei como o Sol fazia a minha pele brilhar levemente, seria esse o motivo pelo qual ele não se juntava a mim?!

- Edward?! – Comecei, querendo chamá-lo para junto de mim, mas ele ergueu a sua mão, fazendo-me sinal para que esperasse.

Reparei como ele inspirou fundo e então deu um passo em direcção ao Sol... Já o tinha visto ao Sol, mas a sua beleza em conjunto com a beleza da clareira tirou-me o fôlego! Não sei qual era a minha expressão facial, mas a cara de Edward parecia demonstrar que ele não gostava mesmo nada do que eu estava a pensar.

- Eu sei, sou medonho. – Ele disse enquanto se aproximava de mim.

- Eu por acaso não estava a pensar nisso... Estava a pensar em como a clareia fica ainda mais bela contigo aqui, a brilhar ao sol. – Disse-lhe, sentindo-me irritada com a sua suposição.

Porque tinha ele que pensar tantas vezes assim?! Ele não era um monstro, nem nunca seria, o que tinha eu que fazer para lho provar?

Ficámos em silêncio enquanto estendiamos a toalha que Ana e Ella tinham posto na cesta, só depois de já termos a toalha estendida na relva, reparei numa folha dentro do cesto sobre as caixas com a comida. Peguei no papel e mostrei-o a Edward.

- Outra mensagem?! – Ele perguntou, parecendo ligeiramente surpreendido.

- “Queridos Bella e Edward,” – Comecei a ler, pegando no papel. – “Deixámo-vos esta cesta com comer para os dois. Sim, nós promovemos uma maneira de enfeitiçar a cesta para que quando a abrissem o Eddy pudesse ser humano pelo menos pelo tempo em que estivessem na clareira... Esperamos que gostem do nosso presente de agradecimento por nos terem ajudado com os nossos lobos. Vemo-nos mais logo!” – Olhei para Edward e reparei nos seus olhos, a bela cor verde que eu tanto amava brilhava nos seus olhos, não pude evitar sorrir.

Edward tirou-me o papel da mão, lendo-o rapidamente e depois um pequeno sorriso surgiu nos seus lábios. – “P.S: Agradecia imenso que se recordassem das tradições e que não quebrassem nenhuma, a Avó teria muita dificuldade em manter as aparências mesmo perante Salem se todos ficássemos a saber que um pequeno Swan Cullen estava a caminho.” Consegues perceber?!

Ri-me em alto e bom som... Sim, eu percebia aquela última parte perfeitamente e entristecia-me o facto de toda e qualquer bruxa estar proibida, por lei, de ter tanta intimidade com o seu parceiro ao ponto de criar a sua descendência antes de ter feito a passagem... Olhei para Edward que agora retirava as coisas da cesta, debicando aqui e ali em alguns dos pratos que as minhas queridas tinham preparado. Lembrei-me do meu sonho, do menino, de Edward enquanto criança e senti o meu peito apertar-se... O que eu não faria para poder dar a Edward um bebé... O que eu não daria para poder ter um filho com Edward, uma pequena réplica do meu vampiro.

Abafei um soluço que Edward ouviu, isso foi o bastante para o fazer virar-se para mim, os seus olhos verdes, que tão bem combinavam com a cor esmeralda da floresta, estavam em total pânico, sem saber o que fazer, o que procurar e sem saber o que se passava.

- Bella?! – Ele abraçou-me e eu não consegui segurar os soluços.

Estava a fazer a coisa errada, estava a chorar sobre um assunto com o qual não me deveria preocupar por agora, mas porque é que me sentia tão triste?! Porque é que a ideia de ainda não poder dar a Edward aquilo que a Avó tinha dado ao Avô, a Tia Isabel tinha dado ao Tio Angel, a Tia Erica tinha dado ao Tio Carl, a Mãe tinha dado ao Pai... eu queria poder dar-lhe aquilo que elas lhes tinham dado, eu queria ser capaz de o fazer, eu queria tanto já ter essa possíbilidade em mãos.

- Bella, meu amor, o que se passa?! Bella, estás a assustar-me. Por favor, fala comigo. – Edward continuava a dizer, passando-me as mãos pelos cabelos e pelo rosto, limpando-me as lágrimas. – Por favor... Diz-me.

Inspirei fundo, prendendo outro soluço na garganta. Tentei recompôr-me. Eu não podia deixar os meus desejos serem mais fortes que as tradições que eu aprendera a respeitar desde que tomara consciência do que era. Iria esperar, iria custar-me como um raio, iria ser difícil, mas eu iria conseguir vencer a vontade de ter uma família pelos próximos meses... Não faltava muito para o meu décimo oitavo aniversário, depois deveria contar apenas com pelo menos um mês para a passagem e então o ritual de união... Pormenores... Eu iria esperar.

- Bella?! – Ele voltou a chamar-me quando me afastei dele para limpar as lágrimas.

- Desculpa. – Sussurrei. – Não consegui impedir...

- Bella, não estou a perceber.

Suspirei... Edward poderia ter recebido uma palestra acerca das bruxas e as suas tradições, mas as Leis de Salem ainda não lhe tinham sido instruidas. Bem, talvez esse fosse o meu trabalho.

- Estava a pensar nas tradições... – Disse-lhe, ainda com a voz rouca. – Sobre quais tradições é que o Avô te falou?

- Ele falou-me dos rituais de matrimónio entre as bruxas e os seus parceiros... Falou-me dos rituais de passagem, a primeira lua cheia de uma bruxa ao chegar à maior idade... Os rituais de aceitação, os rituais de quando uma criança nasce. – Vi as bochechas de Edward ganharem um tom mais avermelhado ao falar naquilo e então o meu coração voltou-se a apertar no meu peito, isto seria difícil, muito difícil. – E, claro, o ritual das rainhas e sacerdotisas.

- Sim... Os mais importantes pelos vistos... – Murmurei, sabendo o quanto o Avô não lhe tinha contado. – Juntamente com esses rituais, Edward, há leis... Leis essas que nos são incutidas de todas as maneiras e feitios... Salem saberá se uma bruxa quebrar uma das leis sem grande dificuldade... e então essa bruxa terá que ser julgada perante o Conselho... e dependentemente do seu crime, perante a comunidade.

Fiz uma pausa, inspirando fundo, relembrando-me das lições que eu tomara com Denize, que era a “guardiã” da cidade. Ela ensinara-me tudo acerca daquela parte da protecção... A Avó ensinara-me o resto. Eu estava bem ensinada nesses campos, tanto a Avó como Denize compartilhavam comigo o mesmo elemento, sendo por isso as que estavam mais ligadas à primeira defesa da cidade: a floresta. Mirela estava ligada ao fogo, pelo que era a Sacerdotiza que realizava alguns dos rituais, não os liderava pois esse era o lugar da Avó, mas estava lá perto. Anaíza era outro caso interessante, ela comandava a água, quase como Ana, e tratava das escolas e dos ensinamentos da nossa comunidade...

Conhecia a esquematização do poder das quatro bruxas do Conselho, mas ainda desconhecia o lugar de Esme nos cinco tronos, não fazia ideia de qual era o seu elemento – embora que pelo jeito que ela apresentava para a jardinagem e para a decoração, eu diria que ela estava ligada à terra também - , não sabia qual era o seu dom, se é que ela tinha algum... Fazia parte das coisas que eu teria que aprender... das mais coisas que eu teria três meses de verão para aprender.

- Uma das leis... Uma das leis que nos foi incutida, visando proteger a propriedade magicamente genética de cada família, foi uma que proibia qualquer tipo de intimidade visando relações sexuais entre as bruxas e os seus companheiros antes de estas terem completado os dezoito anos e terem sobrevivido à passagem. – Disse-lhe, deixando a minha voz morrer na última palavra.

Prendi as lágrimas novamente. Outra coisa para me preocupar, sobreviver à passagem, sobreviver à minha primeira lua cheia... O sonho da pequena criança com os olhos de Edward começava a morrer mesmo antes de sequer ter tido hipótese de nascer.

- Uma lei que previne uma gravidez na adolescência devia ser uma coisa boa... Pelo menos para alguém tão prático como tu, meu amor. – Edward era inteligente de mais para perceber o ponto fulcral da questão. – Embora eu não perceba bem o que isso quer dizer de “propriedade magicamente genética de cada família”, percebo que a Marie e o Conselho criaram essa lei para a protecção do vosso povo, não para vos projedicar.

Aquelas palavras trouxeram novas lágrimas, libertaram a angústia que se tinha acomulado quando percebi a minha maior preocupação no meio disto tudo.

- É tão injusto! – Solucei, voltando a agarrar-me a Edward. – É tão injusto.

- Bella, o que é que é injusto?! Eu não percebo, amor, tens que me explicar.

- Mesmo que a ideia dessa lei seja proteger as famílias e as suas honras, isso é tão injusto. – Reclamei olhando para ele. – Existem muitas mais probabilidades de uma bruxa morrer sem deixar descendência do que conseguir sequer engravidar antes dos dezoito anos!

Edward ficou em silêncio, absorvendo aquilo que eu lhe contava, não sabia quais haviam de ser a conclusões que ele iria tirar daquilo, mas estava quase certa de que ele iria acertar nos meus pensamentos... Ele tinha que conseguir compreender, ele tinha que perceber!

Olhei para a sua mente, esperando descobrir o que se passava, a que conclusões estava ele a chegar. E não me surpreendi quando ouvi o triste desejo que lhe tomava a mente, mas surpreendi-me com a imagem que vi. Na sua mente, Edward imaginava-se a pegar numa menina com lindos e longos cabelos castanhos que pareciam ter madeixas acobreadas ao Sol, quando se viraram, eu pude ver o rosto da criança, ela era linda, absolutamente linda e tinha os meus olhos. Estava tão longe do menino que eu imaginava, mas mesmo assim doía-me a impossíbilidade de ter aquela criança, de não poder pegá-la ao colo e mimá-la de todas as maneiras possíveis.

- Não podemos. – Ele sussurrou, apertando-me contra ele. – Não te quero desiludir a ti e à tua Avó, muito menos ao teu pai e aos restantes.

Solucei mais uma vez, sabendo que ele tinha razão, mas não conseguindo mandar a tristeza embora.

- Bella, meu amor, tu sabes que é verdade. Sabes tão bem quanto eu o quanto o desejo, o quanto desejo ter-te como minha esposa e ter uma filha ou um filho contigo. Agora percebo o pedido da Ana e acredita que percebo o teu medo, tremo só de pensar que existe a possíbilidade de te perder durante essa dita passagem, mas nós não podemos. – Olhei para os seus olhos, vendo a tristeza tão clara neles. – Eu vi, Bella. Eu vi o modo como todos em Salem te olhavam, eu vi a admiração nos seus olhos, a esperança de que tu um dia te tornasses a rainha deles... Eu vi isso tudo... E não quero que percas isso, de modo nenhum... e não o perderás, não se eu puder evitar.

Suspirei, aceitando as suas palavras, vendo a verdade que elas tinham... Não havia outra coisa a fazer... Apenas aceitar.

Olhei à minha volta, sentindo a natureza acalmar-me, transmitindo-me a tranquilidade do prado. As lágrimas ainda me escorriam dos olhos, os pensamentos trazidos pelo recado de Ana ainda vibravam na minha mente, a dor de um futuro incerto ainda me apertava o peito... Mas eu não tinha o direito de estragar o dia a Edward, não tinha o direito lhe arruinar a surpresa que ele me quisera fazer...

- Desculpa. – Murmurei passados uns momentos. – Eu não devia ter-me descontrolado daquele modo... é só que...

- As coisas não têm sido fáceis para ti, meu amor. – Edward voltou-me a abraçar, puxando-me contra o seu peito. – No espaço de duas semanas, descobriste que eu sou um vampiro, disseste-me que eras uma bruxa, ajudaste e conheceste a minha família, descobriste que já nos conheciamos, ficaste a saber que ias ser caçada por um monstro que já tinha assombrado o passado da tua família, declarei-me a ti e ainda tivemos aquela discussão estúpida em Salem... Teria que haver algum ponto em que terias que rebentar. Admira-me que tenha sido por este motivo, mas tinha que ser.

- Mesmo assim... – Suspirei e soltei um riso fraco. – Que raio de rainha, Salem vai ter.

Edward sorriu-me e beijou-me a testa. – Aquela cidade vai ter a sorte de ter a melhor rainha que já alguma vez existiu. Tens o coração mais puro que alguma vez já vi... Não quero que te preocupes com nada que não devas. Já não posso dizer o mesmo do rei!

Ele gargalhou e o som da sua gargalhada cristalina encheu o prado, aquilo sim era música para os meus ouvidos. No entanto, as suas palavras estavam erradas.

- Serás o melhor rei que Salem terá a hipótese de ter. – Disse-lhe teimosamente, a minha voz com um tom que o desafiava a contrariar-me.

- Como queiras, minha Rainha. – Ele respondeu-me fazendo-me uma vénia.

- Acredito, meu Rei.

Obriguei-o a endireitar-se e abracei-o, sentindo os seus lábios encostarem-se à minha cabeça em seguida.

Não sei por quanto tempo ficámos assim, quietos no meio do prado, apenas abraçados um ao outro, a sentir a floresta vibrar com vida à nossa volta e o Sol a aquecer-nos sob a sua luz quente. Acabámos por nos sentar na pequena toalha, nunca largando um ao outro.

Deitei-me sobre o peito de Edward e ele colocou os seus braços à minha volta, mexendo-me nos cabelos, acariciando-me as costas...

- Em que estás a pensar? – Edward perguntou depois do que me pareceu uma eternidade.

- Em tanta coisa. – Disse-lhe levantando a cabeça para olhar para ele. – Estou a pensar em ti, em nós, na tua família, na minha, nos lobos...

Ele levantou-se levando-me atrás. – O que é que eu te disse acerca de te preocupares com coisas que não deves?

- Eu sei, meu amor, eu sei. Mas não consigo evitar. Preocupa-me o que vai acontecer amanhã.

Os olhos de Edward ficaram duros, cheios de irritação.

- Nós temos um plano, nós vamos seguí-lo e o James vai morrer. – Ele disse com a voz carregada de raiva. – Ainda não sei às mãos de quem... O Angel, o Jasper, o teu pai e o Emmett sentem-se extremamente tentados a tomar a vida, se é que lhe posso chamar isso, daquele monstro.

- E tu também te sentes tentado a isso, não é?!

Ele sorriu-me timidamente, como se pedisse desculpa.

- Sim, não posso ficar parado enquanto o amor da minha existência é posto em perigo, enquanto a minha rainha fica em risco de vida.

Abracei-o novamente, querendo que aquele abraço fizesse com que tudo ficasse melhor, com que tudo desaparecesse, com que tudo não passasse apenas de um pesadelo.

- Vai ficar tudo bem. – Edward prometeu-me e então soltou um riso que me assustou ligeiramente. – E depois disto, quando acabarmos a escola, vamos os dois visitar a tua mãe, vamos passar uns dias ao sol, numa praia qualquer.

Eu conseguia idealizar aquilo, conseguia ver-me na praia com Edward, só havia um pormenorzinho que não ficava bem na pintura.

- Estás a esquecer-te que brilhamos ao sol?! – Perguntei apontando para os nossos braços que brilhavam como se tivessem infinitos cristais. – Iria ser giro estarmos na Florida e termos milhares de pessoas a olharem.

- Bem... talvez não saibas... e pelos vistos não sabes. – Ele sorriu-me. – A Ana antes de ir para a reserva, ligou-me. Ela disse-me, prometeu-me, de facto, que se eu conseguisse manter-te calma e assegurar-te de que amanhã tudo vai correr bem, que ela faria um feitiço que durasse pelo menos um mês e que me permitisse passar por humano sem que tu te tivesses que preocupar.

Fiquei a olhar para ele, estupefacta com aquilo que ele me estava a contar. Ele andara a negociar com Anabella Swan... grande erro.

Sorri perante a sua ingenuidade.

- Meu amor, só cometeste um erro. – Disse-lhe calmamente. – Regra número um da família Swan: nunca, mas nunca mesmo entres em negociações com a Ana.

- Porquê?!

- Ela não é muito justa nos seus negócios... Ela pode prometer uma coisa, se aceitares fazer o que ela manda, tendes a tornar-te seu escravo para o resto da eternidade.

- Como a Alice?!

Sorri. – Como a Alice.

Ele voltou a gargalhar, fingindo arrependimento sobre as suas acções.

- Minha rainha, o que devo eu fazer para me livrar deste compromisso que me prende a Anabella, vossa irmã, pelo resto da eternidade?!

Desta vez ri-me eu, sentindo-me mais leve, menos preocupada com a angústia que me tinha assombrado antes.

- Não te preocupes, meu rei, eu proteger-te-ei.

E beijámos-nos. Nada como tinha sido antes, nenhum dos beijos que eu e Edward já tinhamos dado. Este começou calmo, no entanto, cheio de emoção, entusiasmo, era impossível dizer o que realmente havia ali, o que quer que fosse, fez com que o beijo acelerasse, fez com que eu acabasse por cima de Edward.

Conseguia recordar-me do nosso primeiro beijo (não fora bem o primeiro, mas fora o primeiro que tinhamos dado e ele me tinha respondido), no seu quarto há duas noites atrás, parecia que tinha passado imenso tempo desde aquela noite, mas afinal não, ainda não se passara assim tanto, mas comparando aquele primeiro beijo a este... Cheguei à conclusão de que não havia comparação possível, este estava a ser muito melhor. Não havia motivos para nos prendermos, ninguém nos iria interromper, não havia ninguém ao nosso redor por, pelo menos, uns bons quilómetros.

As mãos de Edward apertaram-me contra si, fazendo-me gemer de prazer e receber um gemido idêntico do meu vampiro. Já estava demasiado próxima dele, mas ainda não era o suficiente, eu queria estar ainda mais próxima, queria acabar com qualquer milimetro que nos distanciasse um do outro, sentia tanta necessidade de sentir o seu corpo contra o meu, como sentia necessidade pelo Sol que brilhava no céu acima de nós.

Edward sentou-se, puxando-me para o seu colo, ficando com uma perna de cada lado da sua cintura. Nunca parámos o beijo e mesmo assim ainda consegui tirar-lhe a camisa, deixando-o de tronco nu à luz do astro brilhante, e nesse momento, ele inverteu as posições, deitando-me na toalha e ficando sobre mim. As suas mãos que me agarravam a cintura desceram para a minha coxa e puxaram-me a perna para a sua cintura.

Proximidade, proximidade, proximidade... Era a única ideia que me passava pela cabeça. Até os lábios de Edward descerem para o meu pescoço, permitindo-me respirar e foi só receber o cheiro das plantas ao Sol que eu lembrei-me aonde estas coisas irião levar... E foi só pensar nisso que o rosto da Avó surgiu na minha mente, como se me estivesse a ver ao espelho, a desilusão nos seus olhos...

Voltei a sentir os lábios de Edward nos meus, mas não conseguia encontrar-me para lhe responder. Não conseguia encontrar em mim a força para continuar aquilo que tinhamos começado.

- Bella? – Edward chamou-me, segurando-me no rosto com ambas as mãos. – Querida, está tudo bem?!

- Sim. – Murmurei. – Acho que devemos parar, antes que isto nos leve longe de mais.

Vi a dor passar-lhe pelos seus olhos e então ele voltou a deitar-se, puxando-me para cima do seu peito. Ficámos quietos, a apreciar o silêncio que nos envolvia, não havia nada melhor.

Não sei quanto tempo passou, mas depois do que pareceu muito tempo, algo que me pareceu imensamente improvável, vi três pessoas na orla da floresta. Uma mulher com duas crianças. A mulher era me familiar, longos cabelos cor de cobre, pele clara e olhos verdes fortes, era a mulher do meu sonho. Já as crianças... Nunca vira crianças tão bonitas como aquelas, era um menino e uma menina. O rapazinho tinha cabelos castanhos chocolate e os olhos mais verdes que eu alguma vez vira – fazia-me lembrar os olhos de Edward, já a menina tinha os cabelos da mesma cor que a mulher, cor de cobre com algumas madeixas mais avermelhadas que outras, mas a cor dos seus olhos é que me chamou à atenção... seria de esperar que fossem iguais aos olhos da mulher, aos olhos do menino, mas não eram... eram de um tom castanho chocolate, quente e único... eram da cor dos meus olhos.

Via as duas crianças olharem para a mulher e ela sorriu-lhes, mas nenhuma das crianças retribuiu o sorriso.

- Já podemos ir ter com eles?! – O rapazinho perguntou, olhando da mulher para mim.

- Sim, Avó, já podemos?! – A menina insistiu imitando o rapaz.

- Ainda não. Sejam pacientes. – A mulher olhou dos meninos para mim e com um sorriso gentil, falou-me. – Quando o tempo chegar, voltaremos a encontrar-nos, minha querida.

As duas crianças que olhavam para mim sorriram-me e ergueram as suas mãozinhas para me acenar.

- Adeus... Voltaremos a ver-nos em breve. – Disseram os dois em coro.

- Bella, Bella! – Senti-me a ser chocalhada, mas não deixei de ver as criancinhas a acenarem-me. – Bella!

Pisquei os olhos e as crianças desapareceram, à minha frente estava Edward, olhando-me preocupado. Sentei-me, sentindo-me baralhada. Onde estavam as crianças?! O que queria a mulher dizer?! Quem eram aquelas pessoas?!

- Bella?

- O que se passou?! – Perguntei, esfregando os olhos.

- Adormeceste, querida! Acho que está na hora de irmos.

Olhei para o céu e vi as núvens tomarem uma cor cor-de-rosa alaranjada, parecia impossível que o tempo tenha passado tão depressa!

- Para onde é que foi o tempo?! – Perguntei, ouvindo como a minha voz estava rouca com o sono.

- Parece-me que escapou sem darmos conta, meu anjo.

Acabei por me levantar reparando que Edward já tinha arrumado as coisas na cesta, menos a toalha onde tínhamos estado deitados. Espreguicei-me, miando no processo e fazendo Edward rir, sorri ligeiramente, sabendo que não me escaparia da explicação que teria que dar no fim.

Já estavamos a correr – bem, Edward escava a correr comigo ao colo – quando ele perguntou.

- Diz-me, querida. – Ele hesitou e isso assemelhou-se-me a um mau presságio. – Com que sonhaste?!

Relembrei-me das crianças. No pequeno menino com os olhos de Edward e cabelos castanhos da minha cor e na pequena menina com os meus olhos e os cabelos da mesma cor que os de Edward... e ainda a mulher que me era tão familiar e ao mesmo tempo tão desconhecida. Não sabia se havia de contar a Edward o que tinha sonhado, mas algo lá no fundo da minha mente me dizia para não o fazer.

- Não me lembro bem, porquê?

- Há já oitenta anos que não durmo, que não sonho... E naquele tempo que estivemos ali, eu adormeci também... e sonhei.

Mesmo estando ao seu colo, esforcei-me para olhar para o seu rosto. Queria ver os seus olhos.

- E com o que sonhaste?

- Contigo. – Ele disse-me sorrindo. – E sonhei com a minha mãe.

Vi as sombras das árvores preencherem o seu olhar e estiquei a minha mão para lhe acariciar o rosto. Conseguia sentir a dor que ele sentia, conseguia imaginar aquilo que passava pela sua alma.

- Como era ela?

Um sorriso surgiu nos seus lábios, leve, triste, mas ainda assim era um sorriso.

- É das poucas coisas que me lembro da minha vida humana, sabes? – Ele comentou, nunca tirando os olhos do caminho. – Lembro que ela adorava-me, a mim e ao meu irmão, embora eu fosse aquele que ela sempre acudia primeiro. Não quer dizer que ela não gostasse do meu irmão, mas eu era o mais novo, eu era o menino da mamã como deves pensar. Ela era muito meiga, muito querida, não me lembro bem das suas feições, mas lembro-me dos seus olhos, da sua voz...

Edward abrandou e eu reparei que já estavamos no quintal da casa do meu pai. Olhei para a casa e reparei como esta ainda estava às escuras, significando que ainda ninguém tinha chegado. Caminhamos os dois para dentro de casa e fomos sentar-nos nas poltronas na sala.

- Ela costumava cantar-me para adormecer, costumava contar-me histórias sobre grandes guerreiros, magos e bruxas, principes e princesas, reis e rainhas... Nunca pensei que metade das histórias que ela me contava fossem reais. – Ele disse-me sentando-se ao meu lado. – Lembro-me dos seus olhos que eram da cor das folhas das árvores em plena Primavera... Lembro-me também da cor dos seus cabelos, tão singulares como os meus, a cor das folhas no Outono... Mas é só disso que me lembro.

Ficámos em silêncio enquanto absorvia a informação... Poderia dizer que ele tinha descrito Denize, mas, segundo o que eu sabia, a bruxa não tinha tido filhos e nunca tinha saído de Salem desde que lá chegara há cento e cinquenta anos.

Edward sorriu subitamente, olhando para algum lugar atrás das minhas costas, virei-me lentamente, temendo o que iria ver lá. E claro que eu tinha razões para o fazer. Sobre uma mesa, num dos cantos da sala, estavam os retratos de família que o pai teimava em expor. Sendo que a maioria das fotografias eram da minha evolução através dos anos, soube imediatamente porque é que Edward se tinha mostrado tão alegre.

- Retratos?! – Ele perguntou erguendo-se rapidamente.

- Edward, não! – Exclamei, mexendo-me tão depressa como ele, atraindo o seu olhar espantado, mas mesmo assim, não o desviando do objectivo principal. – Por favor, não!

Ele sorriu-me o meu sorriso e eu pura e simplesmente esqueci-me do motivo porque é que valia a pena respirar. Teria ficado assim durante imenso tempo, se ele não tivesse comentado uma das fotos.

- Estavas muito bonita.

Apressei-me para o seu lado, vendo qual era a fotografia que ele segurava. Era uma minha e de Ana em Salem, no nosso décimo primeiro aniversário, o aniversário em que a Avó e o Pai me tinham dito que eu era uma bruxa. A tia Isabel tinha feito uma festa enorme com a ajuda de Ana, que ficara imensamente feliz, o que não tinha sido o meu caso.

Peguei num outro retrato, observando-o atentamente, era um dos maiores retratos que se encontravam sobre aquela mesa, era o retrato do casamento dos meus pais. Edward olhou para a foto também, poisando a que tinha pegado antes no seu lugar, não me disse nada e apenas esticou a mão para tocar levemente na fotografia.

- Esta é a tua mãe?

- Sim. – Disse observando a fotografia em que ambos os meus pais dançavam calmamente nos braços um do outro, sorrindo como dois apaixonados, admirando-se e adorando um ao outro com apenas um olhar. – Agora tem mais algumas rugas, coisas quase imperceptíveis, mas continua tão bonita como estava aqui.

- Hum. – Edward apenas parou o seu dedo indicador sobre uma pequena parte da foto. – Ela estava grávida contigo e com a Ana?!

Segui o seu dedo com o olhar, procurando ver o que lhe indicava isso naquela foto. Não me parecia ter nada de errado na imagem, mas olhando bem, observando com olhos analíticos aquela imagem, dava para perceber uma leve saliência no seu ventre. Fiz as contas mentalmente, procurando ver como teria sido possível a mãe ter estado grávida de nós já naquela altura.

- Bella?

- Não. – Respondi. – O pai e a mãe já estavam casados há dois anos quando eu e a Ana nascemos. – E foi fácil aperceber-me do que se tratava. – A minha mãe esteve grávida de um irmão ou irmã minha muito antes.

- Que queres dizer?

- A menos que isto seja apenas uma impressão óptica provocada pela imagem, a minha mãe estava grávida, sim, mas não era de mim e da Ana. Terei que perguntar ao Charlie.

Edward ficou em silêncio, fazendo-me olhar para ele, esperando a sua reacção. E então, sorrindo-me...

- E por falar em Charlie, ele, a tua irmã e a Ella estão agora a chegar.

Concentrei-me imenso para ouvir o mesmo que ele e, de facto, o som dos pneus do carro de patrulha do meu pai surgiu no fundo da rua. Acompanhei Edward até à porta onde vimos os outros chegar rapidamente.

E estava na hora de ele se ir embora... Olhei para o meu vampiro com um ar de pena, não queria que ele se fosse embora, não ainda... era muito cedo.

- Está na hora de eu ir. – Ele constatou, olhando-me nos olhos, e eu vi que ele também não se queria afastar. – Diverti-me imenso.

- Eu também. Obrigada. – Disse-lhe com um sorriso.

Ele baixou-se para me beijar nos lábios e depois de depositar lá um leve beijo, beijou-me o rosto e então sussurrou-me ao ouvido: - Não te preocupes, voltaremos a ver-nos mais cedo do que pensas.

Edward afastou-se de mim, preparado para se ir embora, quando Charlie e as outras sairam do carro.

- Já vais, Edward? – O pai perguntou no seu tom mais educado. – Não queres ficar para jantar?

E ao ouvir a menção da refeição da noite, senti o meu sangue gelar... Ainda não tinha feito nada.

- Não, Charlie. Lamento ter que recusar o convite, mas devo regressar. – Edward disse parando ao pé do meu pai para o cumprimentar. – A Esme ficaria um pouco aborrecida se eu não lhe fosse fazer companhia e contar como foi o dia.

- Compreendo. – E o olhar do meu pai voltou-se para mim, parecendo desconfiado. Espero que se tenham portado bem. Ouvi-o pensar para mim.

- Bella!! – Ella e Ana gritaram correndo para mim. – Temos que te contar tudo!

Olhei uma última vez para Edward e fui arrastada para dentro de casa para ouvir as novidades sobre os lobos.

Ana e Ella contaram, mostraram e fizeram tudo para que eu visse no que Seth e Jacob se tinham tornado. Não me senti realmente surpreendida ao ver que Jacob se transformara num lobo de pêlos castanhos avermelhados, ainda me lembrava do sonho que tivera depois da minha visita a La Push há uma semana atrás, ainda tinha na memória o lobo que quisera atacar Edward... Mas surpreendi-me com a cor de Seth, um tom de areia que o deixava a parecer um grande labrador. Tive que sorrir para o entusiasmo das duas raparigas que me descreviam passo a passo, palavra a palavra, a sensação que era correr nas costas de um daqueles monstruosos lobos.

Ambas só se calaram quando o pai entrou na sala, com um sorriso nos lábios e um brilho desconfiado no olhar.

- E então, Bella? – Ele disse sentando-se na sua poltrona predilecta. – Como foi o dia?

- Foi muito agradável, obrigada. – Respondi-lhe, deixando-o sondar o terreno. Sabia bem o que ele queria saber, mas deixá-lo-ia tomar as suas próprias conclusões das minhas palavras. – E o teu, pai? A Ana e a Ella já me contaram o delas, só faltas tu.

- Também foi agradável.

Ficámos em silêncio a olhar um para o outro, a testar a resistência um do outro, a ver qual seria o primeiro a abrir a boca. Mas claro, os anos de experiência poderiam ser uma virtude no que tocava à sabedoria, no entanto, no caso de Charlie, sabedoria não significava paciência.

- Vá! Conta-me, o que é que vocês estiveram a fazer?

Sorri, sabendo o que ele estava a pensar mesmo sem lhe ter lido a mente. Fora ele que pedira a Ana para me lembrar das tradições, por isso ele devia ter visto algo que não lhe agradava muito quando tocou em alguma coisa.

- Nada de especial. – Respondi calmamente. – Como a Ana e a Ella sugeriram, fomos fazer um piquenique.

- Bella. – Ele disse-me em tom de aviso.

- Não fizemos nada, pai. – Disse-lhe. - As tradições ainda se mantém.

Levantei-me, voltando a sentir a dor que sentira durante o tempo em que me lembrara do meu triste destino, e dirigi-me para o meu quarto. Não tinha vontade de jantar e Charlie e as outras sabiam desenrascar-se sem mim.

Arranjei-me para a noite e peguei no meu livro de feitiços para estudar alguns enquanto esperava o sono chegar. Claro que durante aquele tempo todo, lembrei-me das crianças que me acenavam e que se pareciam tanto comigo e com Edward.

Acabei por adormecer a recordar-me daquele sonho... Daquelas crianças... Da mulher e das suas palavras.

Quando o tempo chegar, voltaremos a encontrar-nos, minha querida.

Quando é que ela estava a falar? O que queria aquilo dizer?


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Notas finais do capítulo

E então?
O que acharam?!
Quem é que vocês acham que são as crianças?
E a mulher?!
A mulher é um pouquinho óbvio não?
As criançinhas chamaram-na de Avó... Logo ela é...
Digam-me vocês!
Bjs



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