Twilight - a Magia do Amor escrita por Sol Swan Cullen


Capítulo 2
2º Capítulo – Livro Aberto (1ª Parte)




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(Bella POV)

 

O dia seguinte foi melhor… e pior

Foi melhor porque ainda não chovia, embora as nuvens fossem densas e opacas. Foi mais fácil, pois eu sabia o que esperar do meu dia. Mike sentou-se a meu lado na aula de Inglês e acompanhou-me até à sala da aula seguinte, sob o constante olhar feroz de Eric, do Clube de Xadrez, o que era lisonjeador. As pessoas já não me olhavam tanto como haviam feito no dia anterior. Ao almoço, sentei-me a uma mesa com um grande grupo, que incluía Mike, Eric, Jessica e várias outras pessoas de cujos nomes e caras agora me recordava. Comecei a ter a sensação de que caminhava sobre água, em vez de nela me afogar.

Foi pior porque estava cansada; ainda não conseguia dormir como deve ser com o vento a assobiar em torno da casa. Foi pior porque o professor Varner me chamou na aula de Trigonometria quando a minha mão não estava levantada e eu dei a resposta errada. Foi péssimo porque tive de jogar voleibol e, da única vez que não me afastei da trajectória da bola, atingi a minha colega de equipa com ela na cabeça. Foi, por fim, pior porque Edward Cullen não apareceu na escola.

Tirando esse segundo dia, o resto da semana foi igual, tirando que eu já me conseguia habituar ao som do vento e adormecia com relativa facilidade. Continuei a fazer a rotina do almoço com os meus amigos, temendo sempre encontrá-lo sentado na sua mesa com a sua família, mas para meu desespero e felicidade, ele nunca aparecia.

A minha mãe mandava-me e-mails com bastante frequência tentando manter-me sobre controlo, já eu respondia-lhe com menos frequência devido à falta de tempo que começava a tomar os meus dias. Charlie, embora chegasse tarde a casa, passou a ensinar-me a controlar os meus poderes depois de eu lhe ter contado sobre o incidente na aula de Biologia, mostrando-se bastante paciente para com as minhas desastradas tentativas de feitiços, que agora se começavam a tornar tentativas com sucesso. E descobri também que o meu pai não era um cozinheiro de confiança, logo tomei a iniciativa de ser eu a cozinhar.

No sábado, eu estava sentada na cozinha da casa do meu pai a tomar o pequeno-almoço, sozinha, quando um som nada estranho começou a tocar da minha mala.

 

You get the limo out front

Hottest styles, every shoe, every color

 

Eu conhecia aquela música, tal como conhecia as vozes de quem a cantava. Apressei-me a seguir o som, procurando a sua origem dentro da mala.

 

Yeah when you’re famous it can be kind of fun

It’s really you but no one ever discovers

 

Por esta altura já estava a ficar farta de procurar o som e começava a amaldiçoar a mala de mulher! E no entanto, o som não cessava e a música continuava, as vozes que eu tão bem reconhecia como sendo a da minha irmã e a da minha prima.

 

In some ways you're just like all your friends

But on stage you're a star

 

Ao colocar a mão fundo o suficiente na minha bolsa, apanhei o telemóvel que vibrava incansavelmente e tocava a música com que nós as três gostávamos de gozar, era a nossa música como Ana dizia. Olhei para o telemóvel topo de gama que Ana me tinha oferecido como prenda de regresso a Forks – ou presente por me ter visto livre da mãe, como ela tinha escrito na carta que vinha com o embrulho.

 

You get the best of both worlds

Chillin' out, take it slow

Then you rock out the show

 

A música tinha chegado ao refrão e quando olhei para o visor do telemóvel vi quem me estava a ligar: Ana e Emily. Rolei os olhos e abanei a cabeça, elas as duas eram sempre certeiras no que tocava a timings!

- Estou? – Falei para o telemóvel esperando a reacção explosiva das duas bruxas do outro lado do telemóvel.

- Bella! – Exclamou Ana com um tom alegre na voz. – Como está a minha amada irmã gémea?

- Holla, Chica! – Emily cumprimentou-me com a sua habitual habilidade multi-línguas. – Qui passa, Chica?

- Olá, Ana! Holla, Emy! – Disse-lhes rindo-me, sentia saudades das minhas melhores amigas e era óptima a sensação de as estar a ouvir. – Onde estão?

- Hum! Eu estou numa bela esplanada em Copa Cabana a beber um coco fresco! – Explicou-me Ana. – Mana, tu havias de adorar o Brasil! – Ela sempre tinha desejado ir lá.

- E tu, Emy? Em que parte sombria da Europa páras? – Perguntei-lhe, eu sabia que ela nunca abandonava a Europa e que no geral estava sempre em Itália, mas estava sempre a viajar e neste momento não sabia em que lugar é que ela estava.

- Até parece que eu só ando pela Europa, Bells! Sabes bem que eu gosto de viajar pelo mundo! – A resposta dela veio com uma gargalhada, ela sabia bem o que eu queria dizer. – Estou em Bucareste, na Roménia, priminha. Vim ver as igrejas! Mas em breve estarei de volta aos EUA.

Ri-me, estávamos em partes totalmente diferentes do mundo e no entanto falávamos como se estivéssemos a alguns quilómetros de distância, parecia que as coisas estavam a correr bem para todas – ou quase todas.

- Tenho saudades vossas! – Murmurei.

- E nós tuas, mana! Mas conta coisas! Como vão as coisas por Forks, Washington? O Sol já se decidiu a aparecer? – Perguntou-me Ana com uma gargalhada.

- Muito engraçadinha, Anabella! – Exclamei dizendo o nome todo dela, tal como eu, também ela odiava que a chamassem pelo nome completo. – Não! Nada de sol! Só chuva e chuva e mais chuva.

- Já sinto a falta desse tempo! – Disse Emily do outro lado da linha. – É super irritante estar sempre a fugir do sol!

- Preocupaste demais, Emy! – Cantarolou Ana mostrando o seu conforto sob o meu amado sol.

- Invejo-te tanto, Ana! – Exclamei com voz de choro, eu sentia saudades do calor, das t-shirts, dos calções e dos chinelos de dedo.

- Bad luck, sis! Talvez na próxima venhas comigo! Mas conta novidades! Coisas novas de Forks!

- A cidade contínua igual! Nada de novo, quer dizer… - Hesitei, não sabia se havia de lhes contar acerca de Edward e da sua família, se havia de ficar calada.

- Há aí coisa! Conta, Bella! – Ordenou-me Emily sabendo que eu estava a esconder algo.

- É um rapaz? Bella, não me deixes fora do segredo! – Pediu-me Ana como se estivesse a fazer beicinho. E na verdade eu podia vê-la a desencostar-se da espreguiçadeira ao sol com o entusiasmo para saber as novidades. – Como é ele? É giro?

- Porque é que há-de ser um rapaz, Ana? – Perguntou Emily parecendo genuinamente desinteressada. – Não é um rapaz, pois não, Bella?

- Por acaso… - Comecei mas fui interrompida por Ana.

- Eu sabia! Eu sabia! Como é ele? Diz-me tudo! Altura, cor e tipo de cabelos, cor dos olhos, porte… Tudo! – Ela era a rainha dos rapazes entre nós, conseguiu namorar todos os rapazes da cidade da avó e mesmo assim acho que ainda faltavam alguns.

- Lindo! – Foi tudo o que consegui dizer ao princípio quando a imagem de Edward me apareceu na mente. – Ele faz lembrar aquelas estátuas dos deuses gregos! É pálido, eu dou-lhe pelo ombro, os seus cabelos são cor de bronze e os seus olhos…

- E os seus olhos… - Incitou Emily como que querendo que eu continuasse a descrever o deus grego que era meu parceiro de mesa.

- Não consegui perceber bem a cor deles, mas são tão profundos que eu sinto-me perdida quando olho nos seus olhos.

- Como se chama? Que idade tem? Pormenores, Bella! Eu quero pormenores! – Ana insistia e eu senti uma vontade enorme de rir, tão típico da Ana.

- Edward… Edward Cullen! Deve ter a nossa idade, Ana, não sei! É filho adoptado do médico da cidade, Dr. Carlisle Cullen. Tem um irmão e uma irmã, Emmett e Alice, também eles adoptados! E ainda há outros dois, os gémeos Hale, Rosalie e Jasper! Eu sei pouco acerca deles, a minha amiga que me falou deles não disse tudo!

- Hum… Carlisle Cullen… Acho que já ouvi esse nome em algum lado. – Disse Emily, mais para ela do que para nós. – Bella, tens que saber bem quem são eles! Não te esqueças que não nos podemos envolver com Humanos.

- Eu sei, Emy! Mas eu tenho medo de me aproximar dos Cullen, especialmente do Edward. – Disse-lhe, eu precisava de desabafar, precisava de contar o que se tinha passado na primeira vez que encontrei Edward Cullen.

- Medo? Medo de um rapaz? Isabella Swan, uma das quatro belezas da família Swan, tem medo de se aproximar de um rapaz? Um rapaz Humano?! – Ana parecia mais chocada com o facto de eu ter medo de me aproximar do que propriamente de ele ser Humano. – Porquê?

- Recordam-se das histórias que a avó contava sobre o lado negro das Bruxas? Sobre o despertar?! – Perguntei, Ana deveria saber mas eu tinha a certeza de que seria Emily a lembrar-se melhor disso.

- Sim, Bella. O que tem isso a ver com o facto de teres medo de te aproximar dos Cullen? – Tal como eu tinha previsto, Emily foi a primeira a responder-me. – Não me digas que…

- O meu lado negro acordou. – Murmurei. Embora soubesse que não me deveria sentir envergonhada por esse facto, eu estava.

- Oh My God! Bella, isso é… péssimo! E foi por ele? – Desta vez foi Ana que conseguiu ser mais rápida.

- Eu tenho medo de lhe fazer mal! Tenho medo de o magoar! E o pior é que a família dele parece emitir a mesma radiação de poder que ele. Eu tenho medo, meninas!

- Bells, já contaste isso ao Tio Charlie? Ele sabe?

- Ya, Bellsy! O pai sabe disso? Sabes que o pai pode ajudar-te! Mana, fala disso ao pai! Ou então liga à avó!

- Eu… Eu não quero preocupar nem o pai, nem a avó! Eles já têm os seus problemas… Não precisam dos meus.

Um momento de silêncio e então eu ouvi Ana prender a respiração, paralisei com o telemóvel na mão, o que estaria ela a ver?

- Ana? – Chamei-a e então Emily pareceu aperceber-se do mesmo. – O que viste? Ana!

- Mantém-te afastada dos Cullen, Bella! Não perguntes porquê! Faz apenas o que te digo! É realmente necessário! Bella, tu sabes que não é por eu não querer que os magoes, mas porque não quero que tu saias magoada! – Ana disse aquilo tão depressa que se não fosse por eu já estar habituada ao seu modo enigmático e rápido de falar, eu não teria compreendido pontas do que ela tinha dito.

- Ana, não percebi! O que queres dizer? Sair magoada? Ana! – Eu realmente não tinha percebido nada do que se tinha passado e mais uma vez desejei ter os ditos poderes especiais que a avó falava! – Ana, eu quero respostas!

- Bella, faz o que a Ana está a dizer. Será melhor que te mantenhas afastada até descobrires quem eles são! – Desta vez Emily disse aquilo com uma calma tão temível que eu queria poder ver a sua cara para ter a certeza que não estava a ter alucinações. – Descobre quem eles são e depois liga-nos! Não me interessa os pretextos que uses! Eu quero saber tudo o que se passa aí por Forks!

- O Edward já não vai à escola há já uma semana. Como poderei…

- Não te preocupes. Ele vai voltar! Quando menos esperares ele vai voltar! Eu sei que sim! Ah! E Bella? – Informou-me Ana como se estivesse a prever um futuro próximo.

- Sim? O que viste?

- Quando descobrires quem eles são e te achares capaz de te aproximares deles, não contes o que somos! E não te metas em sarilhos, mana!

- Sim! Assim que tiveres notícias, liga-nos e diz-nos tudo! Eu vou ver se conseguirei voltar aos EUA o mais depressa possível! Mas antes de regressar tenho que ir a Itália! – Emily disse tudo aquilo também prevendo um futuro muito próximo.

- E depois? Deverei esperar por vocês? O que devo fazer?! Meninas! Eu não tenho poderes tão fixes como vocês, recordam-se?

- Bella, minha amada irmã, tu não queres saber o futuro! Acredita em mim! – Prometeu-me Ana com seriedade.

- A Ana tem razão, o futuro nem sempre é muito bom para se saber. Acredita, Bells! Bem agora vou desligar! Falamos em breve, Bellsy! Beijos, Ana! – Despediu-se Emily e então desligou o telemóvel.

- Bem, Bells! Eu também vou desligar! Vou ficar a ver-te, mana! Eu juro que se houver coisas no futuro das quais devas saber, eu ligo! Prometo, sis! Agora vá! Vou desligar! Fica segura, maninha! Não sejas irresponsável e manda beijos meus ao pai! Adoro-te!

- Sim! Serão entregues! Também te adoro, Anns! Beijos! – Desliguei e fiquei a olhar para o visor do telemóvel.

Ana tinha dito que Edward ia voltar, quando? Eu queria saber quando é que o poderia voltar a ver. Estupidamente, o meu coração batia mais depressa só de pensar nele e agora parecia que não havia o peso que me tinha acompanhado pela semana em que não o tinha visto, parecia que tinha sido substituído por uma leveza incontestável e que eu poderia voar se quisesse.

Foca-te, Bella! Ordenou-me a voz da minha consciência, parecia que sabia melhor que eu o que não devia acontecer. Tu és perigosa para ele! Ele é apenas humano!

E eu sou meia-humana! Eu tenho direito a ser feliz! Mas que importa? Eu não me posso aproximar dele e ele deve odiar-me… Pelo olhar que ele me lançou…

Era uma verdade que eu deveria considerar, o olhar que ele me tinha lançado na aula não era normal. O olhar dele estava tão repleto de ódio que eu tive medo e não deveria. Não deveria sentir medo porque sou um ser superior e mais forte que a sua espécie e no entanto, eu tremia só de pensar naquele olhar.

Ainda pensando nele, olhei para fora da janela e vi as grossas gotas de água começarem a cair do céu, suspirei e virei-me para a cozinha, olhando para os pratos por lavar. Concentrei-me e a água da torneira começou a correr e os pratos lavaram-se sozinhos, sorri satisfeita com a minha pequena prática de magia e sai da divisão dirigindo-me para a sala e arrumando tudo com a ajuda da magia no caminho para o meu quarto.

Continuei a pensar nele pelo resto do fim-de-semana, desejando que o dia do seu regresso chegasse mais depressa.

 

 

(Edward POV)

 

Encostei-me ao suave e branco banco, deixando que o pó seco se moldasse à volta da minha cintura. A minha pele tinha arrefecido para condizer com o ar à minha volta e os pequenos pedaços de gelo pareciam veludo contra minha pele.

O céu sobre mim estava limpo, brilhante com estrelas, um brilho azul em alguns lugares, amarelo noutros. As estrelas criavam majestosas e engraçadas formas contra o negro universo – uma vista fantástica. Requintadamente bonita. Ou melhor, deveria ser requintada. Seria, se eu pudesse realmente vê-la.

Não estava a melhorar. Já se tinham passado seis dias, seis dias em que tinha estado escondido nas vazias florestas de Denali, mas eu não estava nem perto da liberdade como tinha estado desde o primeiro momento em que apanhei o cheiro dela.

Quando olhei para o céu brilhante, era como se houvesse uma obstrução entre os meus olhos e a sua beleza. A obstrução era uma cara, apenas uma demarcante cara humana, mas eu parecia não conseguir apagá-la da minha mente.

Ouvi os pensamentos de alguém a aproximar-se antes de ouvir os passos que os acompanhavam. O som de movimento era apenas um leve murmúrio contra o pó.

Não estava surpreendido que Tanya me tivesse seguido até aqui. Eu sabia que ela tinha estado a pensar na conversa que estava para vir nos últimos dias, tirando de questão até ela ter a certeza do que exactamente ela queria dizer.

Ela ficou à vista a cerca de seis metros de distância, apoiando-se no topo de uma rocha negra e lá balançando na ponta dos seus pés descalços.

A pele de Tanya era prateada sob a luz das estrelas e os seus longos caracóis loiros claros, quase rosa com a sua tinta cor de morango. Os seus olhos cor de âmbar brilharam enquanto ela me espiava, meio enterrados na neve, e os seus lábios cheios abriram-se lentamente num sorriso.

Requintada. Se eu pudesse realmente vê-la. Suspirei.

Ela agachou-se na ponta da pedra, os seus dedos tocando na rocha, o seu corpo encolheu-se.

Bola de canhão, ela pensou.

Ela lançou-se no ar; a sua forma tornou-se numa sombra negra e indistinta enquanto ela se lançava entre mim e as estrelas. Ela enrolou-se numa bola mal entrou em contacto com o banco de neve ao meu lado.

Um amontoado de neve voou ao meu redor. As estrelas ficaram pretas e eu estava enterrado numa montanha de cristais de gelo.

Suspirei outra vez, mas não me mexi para me desenterrar. A escuridão sob a neve não estragou nem melhorou a vista. Eu continuava a ver a mesma cara.

- Edward?

Então a neve voltou a voar enquanto Tanya me desenterrava rapidamente. Ela sacudiu o pó da minha cara, não fazendo contacto com os meus olhos.

- Desculpa. – Ela murmurou. – Era uma piada.

- Eu sei. Foi engraçada.

A boca dela descaiu-se.

- A Irina e a Kate dizem que eu devia deixar-te sozinho. Elas pensam que eu te irrito.

- De todo. – Assegurei-lhe. – Pelo contrário, eu é que estou a ser rude – terrivelmente rude. Peço muita desculpa.

Tu vais para casa, não vais? Ela pensou.

- Eu ainda… não decidi isso… inteiramente.

Mas não vais ficar aqui. O seu pensamento agora era desejoso, triste.

- Não. Não me parece que esteja… a ajudar.

Ela fez uma careta. – A culpa é minha, não é?

- Claro que não. – Menti suavemente.

Não sejas um cavalheiro.

Sorri

Eu faço-te desconfortável, ela acusou.

- Não.

Ela ergueu uma das sobrancelhas, a sua expressão era tão incrédula que eu tive que me rir. Uma pequena gargalhada, seguida por outro suspiro.

- Tudo bem. – Admiti. – Um pouco.

Ela suspirou, também, e pôs o seu queixo nas suas mãos. Os seus pensamentos estavam desgostosos.

- Tu és um milhão de vezes mais adorável que as estrelas, Tanya. Claro, tu já sabes isso. Não deixes que a minha teimosia mine a tua confiança. – Ri-me perante a desigualdade delas.

- Não estou habituada a ser rejeitada. – Ela resmungou, o seu lábio inferior puxou-se para fora num beicinho atraente.

- Estou certo que não. – Concordei, tentando com pouco sucesso bloquear os seus pensamentos enquanto ela corria pelas memórias das suas milhares de conquistas bem sucedidas. Na maior parte das vezes, Tanya preferia homens humanos – eles eram muito mais populosos de uma coisa, com a vantagem adicionada de serem suaves e quentes. E sempre ansiosos, definitivamente.

- Succubus. – Provoquei-a, na esperança de interromper as imagens vacilantes na sua cabeça.

Ela sorriu mostrando os seus dentes. – A original.

Ao contrário de Carlisle, Tanya e as suas irmãs tinham descoberto as suas consciências lentamente. No fim, era a sua paixão pelos homens humanos que fez com que as suas irmãs se tornassem contra o assassínio. Agora os homens que elas amavam… estavam vivos.

- Quando apareceste aqui. – Tanya disse lentamente. – Pensei que…

Eu sabia o que ela tinha pensado. E eu devia de ter adivinhado que ela iria sentir-se assim. Mas eu não tinha estado no meu melhor para analisar pensamentos naquele momento.

Não estava nem podia quando na minha mente só existiam duas coisas, a cara da rapariga e os seus pensamentos escondidos.

Vai-te embora, Edward... Por favor! Foge! Outra vez os pensamentos dela vieram até mim. A voz clara como se ela estivesse mesmo ali ao meu lado a sussurrar-me as palavras.

- Tu pensaste que eu tinha mudado de ideias. – Disse como distracção para afastar a voz que me assombrava.

- Sim. – Ela disse carrancuda.

- Eu sinto-me horrível por brincar com as tuas expectativas, Tanya. Eu não pretendia que – eu não estava a pensar. É só que eu parti… com muita pressa.

- Suponho que não me vás contar porquê…?

Sentei-me e abracei as minhas pernas, enrolando-me defensivamente. – Eu não quero falar sobre isso.

Tanya, Irina e Kate eram muito boas neste estilo de vida. Melhores, nalguns modos, que até Carlisle. Apesar da sua insanamente profunda proximidade que elas se permitiam a ter com aqueles que deviam ser – e já foram – as suas presas, elas não cometiam erros. Eu estava demasiado envergonhado para admitir a minha fraqueza a Tanya.

- Problemas com mulheres? – Ela lançou-se a adivinhar ignorando a minha relutância.

Eu soltei uma fria gargalhada. – Não do modo como pensas.

Ela então calou-se. Eu ouvi os seus pensamentos enquanto ela corria por diferentes hipóteses, tentando decifrar o significado das minhas palavras.

- Não estás nem perto. – Disse-lhe.

- Uma pista? – Ela pediu.

- Tanya, esquece isso, por favor.

Ela calou-se outra vez, ainda a especular. Ignorei-a, tentando em vão apreciar as estrelas.

Ela desistiu depois de um momento de silêncio, e os seus pensamentos adoptaram uma nova direcção.

Para onde irás, Edward, se te fores embora? Voltarás para o Carlisle?

- Não me parece. – Sussurrei.

Para onde iria? Eu não podia pensar num lugar no planeta inteiro que pudesse suster algum interesse para mim. Não havia nada que eu quisesse ver ou fazer. Porque, não importa para onde quer que eu fosse, eu não estaria a ir para lugar algum – eu estaria apenas a fugir.

Eu detestava isso. Quando é que me tornei tão covarde?

Tanya lançou o seu braço magro em torno dos meus ombros. Eu enrijeci, mas não sai debaixo do seu toque. Ela apenas queria que aquilo fosse conforto de amigos. Principalmente.

- Eu acho que tu vais voltar. – Ela disse, a sua voz apanhando apenas um pouco do seu há muito perdido sotaque russo. – Não importa o que seja… ou quem seja… que te está a assombrar. Tu vais enfrentá-lo de frente. Tu és desse género.

Os seus pensamentos estavam tão certos como as suas palavras. Tentei abraçar a visão de mim próprio que ela carregava na sua mente. Aquela que enfrentava as coisas de frente. Era agradável pensar sobre mim daquele modo outra vez. Eu nunca tinha duvidado da minha coragem, da minha capacidade de enfrentar as dificuldades, antes daquela horrível hora na aula de Biologia no liceu há tão pouco tempo atrás.

Beijei-lhe a bochecha, afastando-me rapidamente quando ela virou o seu rosto para o meu, os seus lábios prontos. Ela sorriu fracamente para a minha rapidez.

- Obrigado, Tanya. Eu precisava de ouvir isso.

Os seus pensamentos tornaram-se petulantes. – Não tens de que, acho eu. Eu gostava que fosses mais razoável sobre certas coisas, Edward.

- Desculpa, Tanya. Tu sabes que és demasiado boa para mim. Eu apenas… ainda não encontrei o que ando à procura.

- Bem, se te fores embora antes de eu te voltar a ver… Adeus, Edward.

- Adeus, Tanya. – Mal disse as palavras, eu pude ver. Eu podia ver-me a partir. A ser forte o suficiente para voltar ao lugar onde queria estar. – Obrigado outra vez.

Ela estava de pé num ágil movimento, e então afastou-se a correr, como um fantasma atravessou a neve tão depressa que os seus pés nem tinham tempo de se enterrar na neve; ela não deixou nenhum rasto atrás de si. Ela não olhou para trás. A minha rejeição incomodava-a mais do que ela tinha dado a entender antes, até mesmo nos seus pensamentos. Ela não deveria querer ver-me novamente antes de eu partir.

A minha boca torceu-se com desgosto. Eu não gostava de magoar Tanya, embora os seus sentimentos não fossem profundos, quase puros, e, no caso, algo que eu não poderia retribuir. Isso ainda me fez sentir inferior a um cavalheiro.

Pus o meu queixo nos meus joelhos e olhei para cima para as estrelas outra vez, embora estivesse subitamente ansioso para me pôr a caminho. Eu sabia que Alice já devia ter-me visto a ir para casa, que ela tinha contado aos outros. Isso faze-los-ia ficar feliz – especialmente Carlisle e Esme. Mas olhei para as estrelas por mais um momento, tentando ver através daquela cara na minha cabeça. Entre mim e as luzes brilhantes no céu, um par de perplexos olhos castanhos-chocolate olhavam-me de volta, parecendo perguntar o que esta decisão poderia significar para ela. Claro, eu não podia ter a certeza se era essa a informação que os seus curiosos olhos procuravam. Até mesmo na minha imaginação, eu não podia ouvir os pensamentos dela. Os olhos de Bella Swan continuaram a questionar, e uma vista desobstruída das estrelas continuava a iludir-me. Com um pesado suspiro, desisti, e pus-me de pé. Se corresse, eu estaria de volta ao carro de Carlisle em menos de uma hora…

Com pressa para ver a minha família – e querendo muito ser o Edward que enfrentava as coisas – eu corri pelo campo nevado e estrelado, não deixando pegadas.


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Notas finais do capítulo

Obrigada pelos comentários! Estarei a postar todos os capítulos que tenho o mais rápido possível!
Bjs



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