Twilight - a Magia do Amor escrita por Sol Swan Cullen


Capítulo 18
15º Capítulo - O Jantar




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/64105/chapter/18

(Edward POV)

 

Tal como Alice dissera, as roupas que ela me escolhera (uma camisa azulada e umas calças sócias beges) estavam em cima da cama de casal que se encontrava no meu quarto (uma ideia um pouco esquisita mas bastante útil de Esme). Suspirei e dirigi-me à casa de banho que ficava anexada ao meu quarto, tomei um dos banhos mais rápidos de sempre (com a água quente a escorrer-me pela pele, só me passava pela mente o toque quente de Bella e eu não precisava de me sentir torturado pelo chuveiro também), saí da casa de banho embrulhado na toalha e dirigi-me à minha aparelhagem, eu precisava relaxar… e a água quente de um bom banho já não resultava. Claire de Lune encheu o meu quarto, causando o efeito desejado.

No entanto, a minha mente continuava povoada pelo meu anjo, a minha Bella. Será que os nossos convidados eram vampiros? Impossível, vampiros não jantam e Esme esteve a preparar uma refeição, não poderiam ser vampiros. Também me perguntava o que estaria Bella a fazer naquele momento, porque iria Alice e Ana aconselharem-na a sair com aquela camisola azul? Não fazia sentido.

Não demorei tempo nenhum a arranjar-me e deitei-me na cama, ouvindo a música mas prestando atenção aos restantes ocupantes da casa. Ouvi Carlisle estacionar o carro na garagem e cumprimentar Esme na sala de jantar aonde ela ainda organizava algumas coisas, ouvi Jasper e Alice no seu quarto, ambos conversavam sobre qualquer coisa em que eu não estava interessado, e ouvi Rose e Emmett (também no seu quarto), Rose a tentar decidir que joalharia usar para combinar com a sua roupa e Emmett a tentar decidir se devia dizer a Rose que não queria usar sapatos de fato ou não.

- Edward? Querido, importaste de vir cá abaixo? – Esme pediu-me suavemente.

Suspirei e levantei-me, em menos de três segundos já estava no rés-do-chão.

- Sim, Mãe? – Perguntei, fazendo-a sorrir-me abertamente.

- Querido, ainda bem que já estás pronto. – Esme aproximou-se e tentou ajeitar-me o cabelo ainda molhado. – Não passaste uma escova pelo cabelo, pois não?

Ia responder-lhe, mas fui interrompido.

- Oh, Mãe! Creio que ele fica muito melhor assim com o cabelo desarrumado. – Alice disse passando as mãos pelo meu cabelo e desarrumando-o mais. – Dá-lhe um ar mais natural e penso que um dos nossos convidados gostará mais de o ver assim.

- Alice… - Disse Esme em tom de aviso.

Aquilo foi estranho, pelo que me chamou à atenção e me fez dirigir a minha atenção aos pensamentos de Esme, mas encontrei uma parede no lugar onde deveriam estar os seus pensamentos. Esme estava a bloquear-me. Isto era uma novidade.

- Querido, porque é que não vais ao jardim recolher algumas flores? Acho que as rosas vermelhas serão as mais indicadas. – Esme sorriu-me e, achei que ela julgou que eu não reparei no olhar de aviso que lançou a Alice.

- Hum! Edward! – Chamou-me Alice. Isto estava a tornar-se um hábito muito mau da parte da minha irmã. – Rosas brancas também.

Olhei para as duas com uma sobrancelha erguida, mas ambas me responderam com um sorriso idêntico. Virei-lhes costas e resmunguei sob a minha respiração, quando já estava no jardim, ouvi ambas rirem-se. O que será que andam aquelas duas a tramar? Olhei para as rosas que Esme plantara no jardim e recolhi algumas vermelhas e outras brancas, a maior parte das rosas que colhi eram apenas botões, mas eram belíssimos.

De repente, ouvi Alice a prender a respiração dentro da sala e o som de roupa a roçar em seguida.

- Alice? – Esme chamou. – O que vês, querida?

Pelo tempo em que Esme acabou a sua pergunta, já eu estava na sala, olhando preocupado para a minha irmã. Estaria ela a ver alguma coisa relacionada com Bella? Tentei entrar na mente dela, mas novamente, ela estava a bloquear-me.

- Eles estão a chegar! Já não falta nada. – Alice disse com os seus olhos a ganharem foco outra vez. – Só vão demorar um pouco porque o carro não vale nada.

Tive vontade de me rir com o comentário dela… e então imaginei que se o carro fosse como a carrinha de Bella, demorariam muito mais a chegar. Suspirei e decidi melhorar o humor das mulheres da casa que estavam todas reunidas na sala; utilizando a minha velocidade de vampiro, passei por todas elas e coloquei-lhes uma rosa por de trás da orelha em cada uma (em Rose, meti uma rosa vermelha que combinava perfeitamente com o seu traje; em Alice, coloquei-lhe a única rosa cor-de-rosa clarinha que tinha apanhado no jardim, a mesma combinou perfeitamente com a roupa da minha irmã; e em Esme, coloquei-lhe uma rosa branca, que também combinou perfeitamente com as suas roupas claras).

- Obrigada, querido. – Esme agradeceu-me beijando-me a face carinhosamente. – Que tal irmos arrumar essas rosas num ramo, sim?

Subi com a minha mãe para o seu quarto, lá ela tinha algumas coisas para arranjos florais e juntos fizemos um ramo que realmente me deixou a pensar que talvez Bella viesse a gostar dele.

- A pensar nela, querido? – Esme puxou-me dos meus pensamentos terminando o arranjo com um laço vermelho.

- Julguei que o leitor de mentes aqui fosse eu. – Ri-me mas ela lançou-me um olhar que me dizia que ela não estava a brincar. – Nota-se muito?

- Ela não aceitou vir, não é? Alguma coisa a ver com o pai dela?

Suspirei e respondi-lhe. – Sim, o que foi realmente bastante triste.

- Hum… Queria tanto conhecê-la. – Esme disse, pensativa, no entanto.

- E prometo que vais, Mãe. – Sorri-lhe.

Oh! Eu sei que sim! Ela pensou sorrindo. Ai de ti que eu não venha a conhecer a minha nora!

- Mãe…                                               

- Nem mãe, nem meia mãe, Edward. – Esme olhou-me com um ar sério e depois sorriu-me. – Eu tenho a certeza de que ela está louca para namorar contigo. Eu se fosse ela estaria. E já te disse isto uma vez, ela seria burra se não gostasse de ti.

- Isso não é um problema. – Admiti, relembrando-me orgulhosamente da discussão de Bella com o Newton. – Ela hoje defendeu a nossa relação quando um “amigo” dela se quis intrometer.

- Vês! Ela sabe melhor do que tu, meu querido. – Esme parecia aprovar a reacção de Bella mais do que eu. – Então tu vais fazer o seguinte. Da próxima vez que estiveres com ela, tu vais levar um ramo tão ou mais bonito que este e vais levá-la para algum lugar romântico, estás a ouvir-me, Edward? – Assenti, esperando que ela acabasse. – Vais levá-la a um lugar romântico, vais oferecer-lhe um ramo assim e um anel ou um colar e vais pedi-la em namoro! Estamos entendidos, Edward Anthony Masen Cullen?

Eu gostava do plano que Esme me estava a fazer, não tinha a certeza se Bella gostaria muito da parte do presente, mas talvez ela gostasse das flores.

- Estamos entendidos, Edward Cullen? – Esme tirou-me dos meus pensamentos, chamando-me com muito mais ferocidade na sua voz.

Sorri-lhe calmamente. – Estamos entendidos.

Esme sorriu-me abertamente e beijou-me a testa e a seguir as bochechas. Ao olhar-me nos olhos eu percebi que era isto que ela queria que eu já tivesse feito. Ri-me levemente.

- Oh, meu Deus! Eles chegaram! – Alice exclamou do andar de baixo.

Ouvi um carro à distância, ainda longe o suficiente para que eu pudesse apanhar os pensamentos dos ocupantes do carro com claridade. Suspirei, estava na hora de avançarmos com o show.

 

 

(Bella POV)

 

- Pai, quem é que são os amigos com quem vamos jantar? – Perguntei novamente.

- Uns velhos amigos, Bells. Alguém que não tenho a certeza de que te recordes. – Murmurou Charlie olhando-me pelo canto do olho. – Conheceste-os quando eras muito pequena.

Procurei na minha mente alguém de quando eu era uma criança, no entanto, não conseguia recordar-me de ninguém.

- Não te preocupes… Quando os vires vais ver que te recordas deles imediatamente! – Prometeu-me o meu pai. – Vais ver que vais gostar logo deles. São amigos da família há muito, muito tempo. Vais ver que vais adorá-los.

Decidi confiar nas palavras do meu pai. Não me conseguia recordar de ninguém, mas isso não queria dizer que ele não tivesse razão. Ficámos em silêncio durante um bocado até eu me sentir desconfortável o suficiente para ligar o rádio, o som que estava a passar na altura não era dos melhores e então decidi mudar de estação, não parecia estar a passar música de jeito na rádio quando parei numa cuja música me chamou à atenção.

 

I didn’t want to listen to what you were sayin’

I thought that I knew all I need to know

 

Inclinei a cabeça reconhecendo a voz feminina que cantava, comecei a cantar de acordo com a letra. Olhei para Charlie que sorria e assentia com a cabeça enquanto eu cantava.

 

I didn’t realize that

Somewhere inside me

I knew you were right

But I couldn’t say so

 

Olhei para Charlie novamente e sorri ao vê-lo abanar a cabeça sorrindo perante a letra.

 

I can take care of myself

Yeah, you taught me well

 

Sorri ainda mais ao chegar ao refrão da música. Era estranho estar a cantar uma música da Miley Cyrus sem estar a gozar com ela, mas esta música adequava-se maravilhosamente a mim e ao meu pai. Várias das coisas que eu sabia agora, fora ele que me ensinara.

 

I learned from you that I do not crumble

I learned that strength is something you choose

All of the reasons to keep on believin'

There's no question, that's a lesson that I learned from you.

 

Charlie juntou-se a mim, cantando a parte do pai da cantora, lançando-me olhares pelo canto do olho enquanto cantava. Ele estava a divertir-se e eu também.

 

We always don't agree on

What is the best way

To get to the place that we're going from here

But I can really trust you

And give you the distance

To make your decisions without any fear

 

Nunca ouvira o meu pai cantar, pelo menos que me lembrasse, talvez já o tivesse ouvido cantarolar sem palavras, seguindo apenas o ritmo das músicas quando estava contente, mas a sua voz era realmente fantástica quando cantava.

 

I'm grateful for all of the times

You opened my eyes

 

Continuámos a cantar muito até a música acabar, quando acabámos de cantar, ambos gargalhámos com o bom tempo de pai e filha que tínhamos acabado de passar. Era diferente, nunca tínhamos realmente passado por momentos assim mais íntimos para além dos treinos que ele me dava.

Pensando na diversão que acabáramos de ter, olhei para a rua, do lado de fora estava escuro como o breu (não que isso fosse um problema pra qualquer um de nós os dois) e da escuridão só conseguia distinguir os contornos sombrios das árvores que ladeavam a estrada.

- Pai? – Chamei-o.

- Hum?

- Ainda falta muito para chegarmos? – Perguntei olhando para o lado de fora com calma.

Ele virou num caminho por entre as árvores, saindo da estrada alcatroada para entrar num caminho de terra batida, estávamos totalmente envoltos na escuridão.

- Não. É já ali à frente. Já deves estar quase a avistar as luzes da casa. – Assegurou-me, dando-me a entender que ele já conseguia distinguir os contornos da casa a uma distância demasiado longa para a minha visão nocturna em desenvolvimento.

Foi como ele disse, não demorámos muito e eu já via as luzes de uma grande mansão a iluminarem a escuridão em redor da casa. Embora a luz da casa não fosse muito forte, dava para entender que a cor das paredes era branca e olhando para a casa conseguia perceber que a casa era composta por três andares. Ouvi o meu pai rir-se enquanto encostava o carro, ele abriu a porta e saiu, eu segui-lhe o exemplo, segurando a garrafa que ele me tinha passado antes de sairmos de casa.

Charlie esperou por mim à frente do carro, olhando para a porta da frente com um sorriso no rosto, era óbvio que ele estava feliz por poder voltar a ver os seus amigos, perguntei-me se me recordaria das suas faces quando as visse, afinal de contas, ele disse que eu já os conhecia.

Antes que qualquer um de nós se mexesse para ir tocar à campainha, a porta abriu-se mostrando um homem. Contra a luz não conseguia ver bem o seu rosto, mas o seu cabelo era loiro.

- Charlie! – Chamou o homem descendo as escadas do alpendre e vindo na direcção do meu pai de braços abertos. – Ainda bem que pudeste vir, meu amigo!

- Então, então! Eu disse que vinha, não disse? – Perguntou o meu pai abraçando o homem e batendo-lhe nas costas com camaradagem. – Então, meu velho, esta é a Bella, tenho a certeza que a tua boa memória ainda se recorda dela.

O homem riu-se e dirigiu-se a mim com um sorriso no rosto, como já não estava de costas para a luz pude ver-lhe o rosto e, então, paralisei por completo. Na minha frente, com um sorriso caloroso nos lábios, estava Carlisle Cullen.

- Sê bem-vinda à nossa casa, minha querida. – Ele disse sorrindo-me ainda mais.

Tentei encontrar a voz na minha garganta, no entanto, parecia que ela tinha-se evaporado. Consegui fazer-me acenar com a cabeça e deixar o bom médico saber que eu havia aceite as suas palavras. Ouvi o meu pai rir-se e então senti o seu braço envolver-me os ombros, estava a ser guiada por Charlie até à entrada da casa.

- Não nos convidas a entrar, Carlisle? – Perguntou Charlie algures ao meu lado, ainda não conseguira ultrapassar o choque de estar à frente do médico e muito menos de saber que fora convidada para jantar com a família de Edward, no fundo da minha mente, o facto de que eles não comiam deixava-me confusa no meio do choque.

- Claro, entrem. – Carlisle disse indicando-nos a porta aberta. – Acredito que não tenhas informado a tua filha de que o jantar seria na nossa casa, pelos vistos, ela ficou demasiado surpreendida.

Charlie riu-se outra vez e abanou-me os ombros levemente, fazendo-me olhar para ele pela primeira vez depois de ter cumprimentado o pai de Edward. Ele sorria-me calmamente e então eu pisquei os olhos fazendo-o rir.

- Então, Bells? Chocada? – Ele perguntou-me.

- Podias ter-me dito que era aqui que vínhamos jantar. – Sussurrei, não conseguindo que a minha voz soasse mais alto.

- Desculpa! – Ele disse ainda sorrindo. – Da próxima vez aviso-te com antecedência, queria apenas fazer-te uma surpresa, filha.

- Compreendo que te sintas desconfortável aqui, minha querida. – Disse Carlisle de modo gentil. – Quando convidámos o teu pai para jantar connosco não julgámos que pudesses chegar a não gostar de vir. Suponho que a Alice e a Rose te tenham convidado para vires jantar e conhecer-nos, durante o almoço, na escola.

- Sim, Dr. Cullen, mas não pude aceitar pois não sabia se o meu pai me deixaria vir. Mas quando cheguei a casa fui surpreendida por ele me dizer que iríamos jantar a casa de uns amigos. Nunca julguei que esses amigos fossem a sua família, senhor.

- Por favor, trata-me por Carlisle. Bem, mas vamos entrar? A Esme daqui a pouco vem buscar-nos aqui fora.

Charlie e Carlisle riram-se e entraram à minha frente, fui lentamente atrás deles, não sabendo ao certo o que fazer, temia encontrar os meus amigos lá dentro e receber olhares desiludidos deles, não conseguiria suportar ver Edward olhar-me com desilusão nos olhos. Entrei e fechei a porta atrás de mim, mas antes que eu tivesse tempo de ver o que me rodeava, fui abalroada por alguém.

- Bella! – Exclamou a bela voz de soprano da minha pequena amiga, Alice. – Eu disse-te que vinhas!

Ela apertava-me nos seus bracinhos gelados de fada, fazendo-me quase não respirar.

- Alice… Não… Consigo… Respirar. – Disse-lhe com dificuldade.

- Oh, desculpa! – Ela disse-me largando-me.

Ela continuou a sorrir-me com a sua hiperactividade. Nas suas costas pude ver Jasper, que se aproximou e inspirou o ar, então lembrei-me que não tinha o feitiço que fazia o meu cheiro desaparecer. Depressa levantei o feitiço, deixando Jasper mais relaxado. Ele dirigiu-se a mim e abraçou-me com delicadeza.

- Obrigado. – Ele murmurou ao meu ouvido. – Mas não precisavas de o fazer. Lembras-te que me “curaste” ao almoço?

Sorri um pouco envergonhada e acenei com a cabeça. Mesmo antes de poder abrir a boca pra responder a Jasper, fui envolvida por outros braços, mas desta vez eu nem sentia o chão.

- Bella! – Emmett exclamou na sua voz de trovão.

- Emmett… - A minha voz teria saído melhor se eu não estivesse envolvida num abraço de urso de Emmett. – Big brother bear!

- Emmett, larga-a! – Ordenou a voz cristalina de Rosalie.

Perante as palavras da loira, fui colocada no chão para ser cumprimentada por ela.

- Bem-vinda, Bella. – Ela disse-me sorrindo. Sorri também e abracei-a.

Quando me libertei dos braços frios de Rose comecei a olhar em meu redor, estávamos no hall de entrada, de ambos os meus lados havia dois arcos, um que julguei ser para a sala de estar e outro para a sala de jantar, tudo muitíssimo bem decorado em tons claros de branco e bege. Do meu lado esquerdo, na sala de estar, sobre um estrado de madeira que o elevava do chão, estava um belíssimo piano de cauda, fiquei a olhar para ele, maravilhada.

- Tocas, querida? – Uma voz doce disse-me.

Virei-me ligeiramente sobressaltada, não havia ouvido a pessoa aproximar-se e quando me virei, deparei-me com uma belíssima mulher. O seu rosto em forma de coração era rodeado por ondas macias do seu cabelo cor de caramelo; era pequena e esguia, mas menos angular que os outros. Aquele rosto com o sorriso carinhoso… Tal como acontecera quando eu vira Carlisle no hospital, uma memória, que em nada parecia pertencer-me, cegou-me da realidade. Na memória, ela segurava ao colo um bebé de aparência imensamente frágil com um pequeno tufo de cabelinhos castanho chocolate, olhava-o com muito amor e o sorriso caloroso nos seus lábios não deixava margem para dúvidas quanto à alegria que ela deveria estar a sentir com a criança nos seus braços.

Fechei os olhos e a memória acabou, voltei a abri-los e vi novamente a vampira, ela olhava-me com um misto de emoções no seu olhar, reconheci a alegria e o carinho entre outros.

- Não. – Respondi depois de me recordar da sua pergunta. – Nunca tive grandes capacidades musicais. – Admiti, ouvindo o meu pai clarear a sua garganta com desaprovação. – Mas o piano é belíssimo. É seu?

O sorriso nos lábios dela abriu-se ainda mais.

- Não. – Ela respondeu-me simplesmente, mas, de repente, o seu rosto pareceu chocado; eu assustei-me com a súbita mudança no seu rosto amoroso e por isso entrei-lhe na mente, procurando ouvir o que motivara aquela mudança repentina. O que ouvi, deixou-me confusa. – Oh, mas que falta de educação a minha. Sou a Esme.

Ela estendeu-me a mão, eu olhei para a sua mão antes de avançar e apertar-lhe a mão, sorrindo. – Prazer. Sou a Bella. – Senti-me estúpida, pois pelo que eu ouvi na mente de Esme, ela já me conhecia.

- O Edward falou-me muito de ti.

Com aquela simples frase, senti o calor subir-me ao rosto e depois ouvi vários risos abafados nas minhas costas. O sorriso de Esme continuou no seu lugar depois de ela ter repreendido Emmett e os outros com o olhar. Mas foi só depois de eles se terem calado que eu me perguntei onde estaria ele. Olhei para Alice e ela sorriu-me.

Ele está lá em cima a fazer uma coisa, ela respondeu-me mentalmente, despertando a minha curiosidade. Não te preocupes. Não tarda ele desce.

Assenti e sorri-lhe. Esme indicou-nos que nos sentássemos na sala de estar, não me impressionou muito que as cores da sala fossem em especial o branco, mas o que me impressionou mais foi mesmo a paisagem que se via pela parede de vidro. Nada, nem a noite, tirava a beleza daquela paisagem. Um relvado longo, que dava para ver perfeitamente que era bem tratado, estendia-se desde a casa até um ribeiro que corria no fundo do jardim, delimitando o relvado do início da floresta, e, do outro lado do rio, as imensas e imponentes árvores que circundavam a casa. A paisagem com a noite era coberta por cores escuras, azul-escuro na sua maioria, e era iluminada pela presença da luz branca da lua que se erguia sobre a casa, lançando um halo de luz prateada sobre aquela clareira. Junto dos canteiros de flores, flutuavam pequenas luzinhas, que eram mais notáveis à beira do rio, supus que fossem pirilampos.

- Gostas? – Ouvi Alice perguntar-me. – Quer dizer, não sei se consegues ver bem para além do alcance da luz da casa…

Eu ergui uma mão fazendo-a parar a sua frase a meio. – A minha visão vê perfeitamente até à orla da floresta e ligeiramente além dela.

- Mas claro que tu já devias saber disso, não é, Alice? – Uma voz suave como o veludo fez-se ouvir.

Mais depressa do que talvez me tivesse sido possível fazer há alguns meses atrás, virei-me para trás e deparei-me com Edward encostado à parede na entrada da sala, parecendo um deus grego como sempre. Senti a minha respiração ficar presa na garganta e o calor subir-me à face. Ele claro que reparou nisso e deu-me o seu lindo sorriso enviesado, ele assentiu com a cabeça olhando-me nos olhos.

Bella, ouvi-o pensar e senti a minha cara aquecer mais. Seria possível que eu esta noite não teria sossego?

- Finalmente te juntas a nós! – Rosalie disse, chamando à minha atenção. A Esme tem mesmo que lhe voltar a ensinar boas maneiras. Ouvi os seus pensamentos e não pude evitar rir-me, ela olhou para mim e depois revirou os olhos sorrindo. Mais um leitor de mentes para a família… Fantástico!

- Então, Rose? – Edward disse. – Parece que não sou só eu que preciso de aprender boas maneiras novamente.

Esme olhou para ambos com alguma confusão nos seus olhos. – Importam-se de me dizer porque é que alguém precisa de aprender boas maneiras?

- De facto, concordo com o jovem Edward, minha querida Esme. Eles necessitam realmente de voltar a aprender boas maneiras. – Ouvi Charlie dizer da entrada, onde ele e Carlisle ainda estavam. Olhando para os dois, havia algo neles que realmente chamava à atenção, algo que fazia com que eles se parecessem.

Alice foi a primeira a levantar-se e a correr para Charlie a uma velocidade incrível; quando ela voltou a aparecer à frente do meu pai, ele não se mexeu, apenas abriu um ligeiro sorriso. Ouvi os outros a prenderem a respiração quando Alice abraçou Charlie, eu não sabia como reagir, por um lado, estava chocada e, por outro, não estava nada surpreendida. Parecia ser algo que Alice fazia com frequência, parecia tão natural.

- É bom ver-te novamente, Alice. – Charlie disse, contribuindo para o meu choque.

Não percebi se foi influência de Jasper, mas eu conseguia sentir o choque de praticamente todos na sala e olhando para eles era óbvio que o sentiam, todos menos Esme, Carlisle, Charlie e Alice.

- Chefe Swan. – Edward foi o primeiro a sair do choque e logo se apressou a cumprimentar o meu pai com uma pequena reverência.

- Ora, ora. Trata-me por Charlie, Edward. – Tentei ouvir a mente do meu pai, mas parecia que a sua mente estava bem protegida por alguma parede mental. – Bella, querida, agradecia que saísses da minha mente. – Aquelas palavras fizeram-me olhar para ele, totalmente surpreendida. Como é que ele sabia? – Depois do jantar, Isabella.

Olhei para Carlisle, os seus olhos brilhavam com curiosidade, a sua mente estava cheia de perguntas; depois olhei para Esme e ela vibrava positivamente, a sua mente estava repleta de alegria, ela parecia que me comparava com Edward.

A dica do meu pai fez Esme levar-nos para a mesa na sala de jantar, quando lá chegámos, eu praticamente que estaquei na entrada da sala.

- Surpreendida? – A voz de veludo de Edward sussurrou-me ao ouvido. – A Esme esmerou-se ao máximo para vos impressionar.

Olhei para ele e ele sorriu-me e depois encaminhou-me até ao lugar na mesa ao lado do meu pai (que estava sentado do lado esquerdo de Carlisle, que estava na cabeceira da mesa), ele puxou-me a cadeira e esperou que eu me sentasse. Senti-me corar ainda mais e depois apanhei o olhar de Esme que sorria de modo aprovador para Edward. Ele andou tão depressa para o seu lugar ao lado de Esme (e a minha frente) que eu só o vi quando ele já estava sentado na minha frente, só depois me permiti ver onde cada um estava sentado. Alice sentara-se ao meu lado e Jasper sentara-se no lugar à frente dela ao lado de Edward, Emmett sentara-se ao lado de Jasper e Rose sentara-se à sua frente.

- Ahn… Não quero ser rude. – Disse olhando para Esme e depois para Carlisle. – Mas vocês não comem.

- Ora, ela tem razão. – Emmett disse, mas depois retraiu-se e gemeu baixinho fazendo uma careta de dor. – Rose, para que foi isso?!

Rose lançava-lhe um olhar mortífero, o qual eu preferi ignorar e voltar a prestar atenção a Esme e a Carlisle que me olhavam com expressões calmas.

- De facto, não comemos comida humana… Nisso tens razão, querida. – Carlisle disse.

- Mas… o teu pai também aceitou realmente vir jantar depois de me obrigar a prometer que o deixava “exibir-se” um pouco. – Esme continuou a explicação. – Não é, Charlie, querido?

- Definitivamente. – Charlie parecia uma criança. – Bella, por acaso já lhes fizeste uma pequena demonstração do que consegues fazer?

- Por acaso, senhor. – Edward disse chamando à minha atenção e à de Charlie. Percebi pelo canto do olho que Charlie lançou um olhar menos amigável ao meu vampiro. – A Bella fez muito mais do que uma pequena demonstração. Ela “curou”-nos da nossa sede.

Os três adultos lançaram-me olhares curiosos e satisfeitos, pelo menos, Carlisle olhou-me com curiosidade enquanto o meu pai e Esme olhavam para mim com aprovação. Senti novamente o meu rosto aquecer e baixei a cabeça na tentativa de esconder a minha face, mas o pequeno rosnado de descontentamento que Edward fez, obrigou-me a levantar a cabeça; ele olhava para mim como se me repreendesse e eu sorri-lhe, fazendo-o sorrir-me também.

- Bem, mas voltando ao assunto. – Disse Charlie. Tinha me esquecido completamente que estava numa sala de jantar com a minha “família”. – Esme, querida, tu poderias fazer as honras. – Não me escapou o olhar desafiador que ele lhe lançou. – Afinal, sabes o feitiço tão bem como eu.

- Ahn? – Ouvi alguém na mesa pronunciar cheio de confusão.

Charlie riu-se. – Não posso crer que não lhes tenhas contado.

- Não é da tua conta, Charles. – Esme disse olhando para ele irritada.

- Charles, por favor. – Carlisle intrometeu-se fazendo o meu pai olhar para ele. – Faz só o feitiço, sim?

Dizer que eu estava confusa era pouco. A conversa entre eles era muito mais confusa do que eu conseguia apanhar.

O meu pai fechou os olhos e a ruga entre as sobrancelhas que demonstrava que ele se estava a concentrar, surgiu. Reconheci a onda de magia que se espalhou pela sala; naturalmente, o meu corpo respondeu à magia descontraindo-se e deixando-se pronto para usar magia sem eu ter que me sentir irritada ou furiosa.

O processo do que quer que o meu pai estivesse a fazer não durou muito, ele não ficou nem quatro minutos com os olhos fechados e quando os voltou a abrir, estes tinham um tom ligeiramente mais escuro. Ao mesmo tempo que ele abriu os olhos, um sorriso iluminou-lhe o rosto.

- Bem, quem quer comer?! – Ele perguntou cheio de ânimo.

Olhei para Esme, mas esta apenas balançou a cabeça com um sorriso e levantou-se, começando a servir o jantar. Olhei para o meu pai com uma sobrancelha erguida e ele olhou para mim com um sorriso brincalhão nos lábios. Não conseguia apanhar nada diferente na sala, nada do que eu via fora modificado pela onda de magia que o meu pai libertara, mas quando olhei para Edward percebi. Os olhos dele, tal como os de todos, estavam com diferentes cores do dourado que os caracterizava; os olhos humanos de todos eles.

- Ahn… Chefe Swan. – Rosalie pronunciou-se, chamando à atenção do meu pai. – Poderia dizer-nos o que é que fez?

Eu não tinha bem reparado, claro não sabia o que procurar entre as diferenças, mas ao olhar mais atentamente para Edward reparei no leve rubor que as suas bochechas tomavam, não era nem de perto nem de longe igual ao rubor que a sua pele tomava depois de uma caçada, era ligeiramente mais forte. As feições de Edward permaneciam iguais, a beleza desumana continuava a tirar-me a respiração, mas agora conjugada com os olhos verdes vivos e aquele pequeno rubor que diluía a palidez acentuada da sua pele, deixando-a agora ligeiramente mais parecida com a tonalidade da minha, eu não tinha como não ficar a olhar.

         Obriguei-me a virar o meu rosto para olhar para o meu pai. Não sabia qual era a minha expressão, nem me preocupei em observá-la na mente dos outros, mas ela obviamente fez o sorriso do meu pai aumentar.

- Tornaste-os humanos?! – A minha intenção era afirmar, mas saiu mais em tom de pergunta devido ao choque.

Novamente, ouvi o choque de Rosalie, Emmett, Edward e Jasper, mas não o de Alice e dos outros. Não fazia muito sentido, era impossível tornar um vampiro de novo em humano, a menos que se fosse um feiticeiro ou bruxa muito poderoso.

- Bem, não foi propriamente isso. – Charlie respondeu-me. – Semi-humanos para ser mais exacto. Não tenho força suficiente para fazer com que os seus corações voltem a bater. E também é só por umas horas, depois voltaram ao normal.

- Humanos?! – Rosalie, novamente.

Ambos olhámos para ela, os seus olhos azuis estavam marejados, a palidez do seu rosto estava a ser coberta por um tom vermelho muito leve. Ela iria começar a chorar não tardava.

- Rosie, tu ouviste. É temporário. – Emmett tentou consolá-la.

- Teria que ser um feiticeiro ou uma feiticeira muito mais velhos e muito mais fortes que eu para conseguir tornar um de vós pelo menos num humano por artes mágicas. – Charlie comentou enchendo o seu copo de vinho.

- Como assim por artes mágicas? – Desta vez foi Edward e eu fiquei ligeiramente assustada com a ansiedade que fluía na sua voz.

Abri a minha mente e tentei acalmá-lo. Por favor, Edward, esquece o que o meu pai disse. Eu não precisava de ter os poderes de Ana ou de Alice para prever o que ele queria fazer, tal como também não precisava de ser uma leitora de mentes para saber o que ele pensava.

Ele olhou para mim, os seus olhos ligeiramente tristes. Mas, Bella…

Por favor! Implorei-lhe. Esquece o que ele disse.

Ele assentiu mas mesmo assim prestou atenção a cada palavra que o meu pai lhe disse.

- A minha mãe e o teu pai, Edward, acreditam que é possível haver um modo de um vampiro ou vampira retornarem a ser humanos. – Charlie explicou tão calmamente que senti a irritação a inflamar-se no meu peito. – Claro, a minha mãe criou um feitiço que permitiria um ou vários vampiros voltarem a ser humanos. Mas não conseguimos que o efeito do feitiço tenha uma duração maior que um dia.

- E é uma estupidez estarem a utilizar esse feitiço. – Resmunguei baixinho, mas mesmo assim chamei à atenção deles. – Não que eu tenha alguma coisa contra o feitiço. É só…

Não consegui concluir a minha frase, não queria magoar os sentimentos de ninguém na sala e seria difícil não o fazer se dissesse o que eu realmente penso. O pai foi fazer a pior coisa que podia, dizer a um vampiro, que deverá aparentar não gostar nada de o ser, que há um modo de voltar a ser humano. Era a mesma coisa que ouvir as histórias do Tio Angel e da Tia Buffy quando eles ainda nem eram casados.

- A Bella tem razão. – Olhei para Esme quando ela se pronunciou a meu favor. – Muito bem que o feitiço exista e deva ser usado em casos extremos, mas tentar a “ressurreição” é totalmente estúpido. Tanto a Isabel como a Marie, tal como o teu pai e o teu irmão, Charlie, concordaram em assinar isso.

- Claro, claro. – Charlie disse fazendo pouco caso. – Mas não deixa de ser verdade que o feitiço é útil! O Angel estava sob o feitiço quando ele e a Izy fizeram a Ella.

Eu nem acredito que eles estão a falar disto aqui…

- Sim, de facto, estava. – Concordou Carlisle. – Mas o feitiço já estava no fim, recordas-te?

- Mano, tu és um desmancha-prazeres. Nem o Carl consegue ser tão péssimo como tu.

O sorriso que surgiu no rosto de Carlisle fez-me rir. Era ligeiramente cruel, mas cheio de divertimento.

- É o que dá ser o único filho totalmente vampiro. – Carlisle riu-se.

- Poderiam explicar? – Pedi, aquela conversa começava a dar um novo sentido àquilo que Charlie me tinha dito sobre o modo como se sentia em relação a Carlisle quando descobri que os Cullen eram vampiros.

Carlisle e Charlie olharam para mim e ambos sorriram de um modo carinhoso.

- É uma longa história. – Afirmou Charlie.

- Tenho a noite toda. – Confirmei.

- Muito bem, então. – Carlisle sorriu um pouco e indicou o meu prato, tal como o dos outros que olhavam com curiosidade para os dois. – Façamos assim, nós vamos contando a história enquanto jantamos.

Todos concordámos e começámos a comer, estava tudo delicioso e Esme ficou ainda mais maravilhada quando eu elogiei os seus cozinhados. Ficámos até ao fim do jantar sem que Charlie ou Carlisle nos contassem a história, naturalmente e já por força do hábito, levantei-me e ia preparar-me para levantar a mesa, quando tanto Esme como Edward me impediram.

- O que é que pensas que estás a fazer? – Edward perguntou-me, olhando para mim chocado, por falta de melhor palavra.

- A levantar a mesa como é óbvio. – A expressão dele não mudou nem por um minuto.

- Querida, deixa que eles fazem isso. – Esme disse olhando para os seus filhos com um sorriso no rosto.

O quê!?! Ouvi na mente de Jasper e Emmett. Não parecia que eles estivessem satisfeitos com a ordem de Esme.

- Não é, queridos?! – A sua voz estava carregada com a ordem que ela tinha dado.

- Sim, mãe. – Emmett, Jasper e Edward responderam ao mesmo tempo, no mesmo tom de obediência que me fez questionar se eles já se tinham submetido às ordens de Esme antes.

Vi os três levantarem-se, andando a uma velocidade ligeiramente mais rápida que o passo de corrida de um humano e a recolherem os pratos sujos. Quando Edward passou por mim para recolher o meu prato, passou a mão pelo meu braço, numa carícia suave que me fez corar profundamente e o fez rir-se da minha reacção. Embora semi-humanos (graças a Deus que a duração do feitiço é só por algumas horas), eles os três conseguiram levantar a mesa em poucos minutos; embora também não tivesse a minha audição totalmente desenvolvida, eu pude ouvir Emmett reclamar baixinho na cozinha e as lamentações na sua mente começavam a irritar-me, pelo que resolvi bloqueá-lo.

Depois de os rapazes terem arrumado a cozinha, dirigimo-nos todos para a sala de estar com Carlisle e Charlie ambos com uma taça do vinho que o pai tinha trazido na mão. Ambos se sentaram bastante perto um do outro, parecendo mesmo irmãos, e nós sentámo-nos ao redor deles.

Carlisle olhou para todos, em seguida olhou para o meu pai e então ambos sorriram de maneira cúmplice um para o outro.

- Então… Vocês ainda estão interessados em saber a história de como eu me tornei o único filho totalmente vampiro da Matriarca Swan? – Carlisle perguntou bebericando o seu vinho.

Todos assentimos, esperando que Charlie e Carlisle começassem a contar a sua história.

 

 

(Edward POV)

 

Ouvi o carro encostar à entrada da nossa casa, conseguia ouvir o coração dos ocupantes do carro, mas não me importei em ouvir as mentes deles.

Tinha voltado para o meu quarto e olhava para o ramo que Esme fizera; eu poderia dá-lo a Bella, mas como? Não podia dar-lho na escola, sem quaisquer hipóteses, ela não gosta de ser o centro das atenções, imagine-se se eu lhe desse o ramo na escola! Ela nunca me perdoaria. Podia sempre levar-lho durante a noite, deixá-lo na secretária ao pé do computador, eu poderia… Não! Edward, em que estás a pensar? Ela iria ficar chateada contigo, iria fechar a janela, iria afastar-se de mim. Não, eu não podia permitir que isso acontecesse.

Inspira fundo… Expira. Isso, Edward, calma.

Como é possível que alguém consiga trazer o meu lado humano assim à tona tão depressa? Claro que eu podia confiar na Bella para ser essa pessoa. Com estes pensamentos não pude evitar sorrir.

Edward! Importas-te de parar com essa revolução catastrófica de sentimentos?! Ouvi Jasper pedir nos seus pensamentos. Decidi dar-lhe algum sossego. Seja o que for que estejas a fazer é melhor parares e desceres! Os nossos convidados chegaram. Suspirei e então decidi prestar atenção ao que se passava lá em baixo.

Carlisle estava a abrir a porta aos recém-chegados e eu pude ouvir nos seus pensamentos algo que me deixou ainda mais confuso do que eu já estava…

Ela está tão crescida… Tão linda… Não consegui perceber, mas na sua mente apareciam imagens de um bebé com um pequeno tufo de cabelos castanho chocolate no topo da sua cabecinha e uns olhos da mesma cor dos seus cabelos que me eram estranhamente familiares.

- Charlie! – Carlisle exclamou descendo as escadas do alpendre. Assim que ouvi o nome de um dos nossos convidados, paralisei, não podia ser quem eu estava a pensar que era. - Ainda bem que pudeste vir, meu amigo!

- Então, então! Eu disse que vinha, não disse? – Charlie respondeu e a sua voz respondeu à minha pergunta, um dos nossos convidados era Charlie Swan. - Então, meu velho, esta é a Bella, tenho a certeza que a tua boa memória ainda se recorda dela. – Bella… A minha Bella estava mesmo aqui. Ela tinha vindo.

Se fosse possível, o meu coração estaria a bater a mil à hora, talvez ainda mais rápido que o coração de um lobisomem. Eu estava a hiperventilar com a ansiedade, esperando as frases seguintes do meu pai e da reacção do meu anjo. Consegui ouvir o coração dela acelerar.

- Sê bem-vinda à nossa casa, minha querida. – Carlisle disse, sempre tão acolhedor e simpático. Através da sua vista, eu vi Bella assentir com a cabeça e o seu rosto ficar corado. Ouvi Charlie rir-se e ainda pela visão do meu pai, vi-o colocar o seu braço à volta dos ombros da sua filha.

- Não nos convidas a entrar, Carlisle? – A voz de Charlie estava coberta pelo sorriso que, supus, se encontrava no seu rosto e tinha também um tom de reprovação fingido.

- Claro, entrem. – Carlisle continuava com um sorriso na voz e a satisfação e alegria por Charlie e Bella estarem aqui preenchiam todos os seus pensamentos. - Acredito que não tenhas informado a tua filha de que o jantar seria na nossa casa, pelos vistos, ela ficou demasiado surpreendida.

Senti pena de Bella nesse momento, era óbvio que ela devia estar surpreendida! Recusa o nosso convite porque tinha o pai em casa à espera dela e no fim, o pai trá-la para aqui… Quem é que não ficaria surpreendido? E mais, como é que Charlie e o meu pai se conheciam assim tão bem? O modo como Charlie falou com Carlisle deu-me a entender que ele sabia o que nós éramos.

Charlie ria-se, certamente da cara de Bella. - Então, Bells? Chocada?

- Podias ter-me dito que era aqui que vínhamos jantar. – A sua maravilhosa voz não passava de um sussurro, mas eu consegui ouvi-la perfeitamente. Talvez porque eu estava demasiado ansioso para ouvir a sua voz.

- Desculpa! – Charlie pediu, mas era demasiado certo que ele não se sentia arrependido de maneira nenhuma. - Da próxima vez aviso-te com antecedência, queria apenas fazer-te uma surpresa, filha.

Sim, os seus pensamentos (ou aquilo que eu apanhava deles) davam a entender o mesmo que as suas palavras, não havia nenhuma pontada de remorso em Charlie Swan - chefe da polícia da pequena cidade de Forks, feiticeiro e meu futuro sogro.

Bom saber que já pensamos assim. Comentou a minha consciência. Foi então que eu me apercebi daquilo que acabara de pensar. Era incrivelmente fácil pensar em Bella como minha namorada e em Charlie como meu sogro, mas eu tinha que agir para poder afirmar os meus pensamentos. Novos planos se começaram a formar na minha cabeça, eu poderia mostrar-lhe a casa, trazê-la aqui ao quarto e pedi-la em namoro. Ou talvez eu pudesse falar com Charlie antes, pedir permissão para namorar Bella… Ela não iria gostar muito disso, mas poderia fazer-me cair nas boas graças de Charlie.

- Compreendo que te sintas desconfortável aqui, minha querida. – As palavras de Carlisle puxaram-me dos meus pensamentos. - Quando convidámos o teu pai para jantar connosco não julgámos que pudesses chegar a não gostar de vir. Suponho que a Alice e a Rose te tenham convidado para vires jantar e conhecer-nos, durante o almoço, na escola.

Voltei a concentrar-me na conversa deles, não queria perder nada do que o meu anjo dissesse.

- Sim, Dr. Cullen, mas não pude aceitar pois não sabia se o meu pai me deixaria vir. Mas quando cheguei a casa fui surpreendida por ele me dizer que iríamos jantar a casa de uns amigos. Nunca julguei que esses amigos fossem a sua família, senhor.

- Por favor, trata-me por Carlisle. – Sempre prestável. - Bem, mas vamos entrar? A Esme daqui a pouco vem buscar-nos aqui fora.

Ouvi os dois homens rirem-se e entrarem para dentro da casa. Levantei-me com a intenção de sair do quarto e ser o primeiro a cumprimentar Bella, mas claro que isso não aconteceu…

Nem penses! Ouvi Alice pensar. - Bella! – Exclamou a minha irmã com aparência de fada abraçando o meu anjo. - Eu disse-te que vinhas!

Alice, sempre demasiado animada por tudo. Mas… então era isto que ela me tinha estado a esconder a tarde toda.

- Alice… Não… Consigo… Respirar. – Ouvi Bella dizer, ela parecia que lhe faltava o ar.

Ups. Ouvi Alice. - Oh, desculpa!

Ouve um momento de silêncio e eu senti o ar mudar, ficou carregado, como tinha estado no carro quando Bella usou magia pela primeira vez (pela primeira vez que eu soube) perto de mim, então soube o que se passava.

- Obrigado. – Ouvi a voz de Jasper. - Mas não precisavas de o fazer. Lembras-te que me “curaste” ao almoço?

Não pude evitar sorrir, ela era aceite por todos da família e isso era mais do que o suficiente para que eu me sentisse seguro para lhe fazer o pedido.

Aleluia! Estava a ver que não te decidias. Alice pensou, mostrando-me uma visão em que eu me ajoelhava em frente de Bella. Tal como eu tinha a certeza de que faria. Ouve um pequeno momento de silêncio da parte de Bella, mas não da parte da família.

A irmãzinha chegou! Ouvi os pensamentos de Emmett, antes de puder antever as suas acções e chamá-lo à atenção. - Bella! – Vi pela mente de Alice que Emmett tinha elevado Bella do chão num dos seus abraços à urso.

- Emmett… - Ouvi Bella, a sua voz estava ligeiramente ofegante. - Big brother bear! – Eles os dois sem dúvida que se haviam de dar bem… Emmett já pensava nela como sua irmã mais nova e ela, pelos vistos, já o considerava o seu irmão urso.

Pensei se deveria chamar à atenção de Emmett para a respiração de Bella, mas Rosalie agiu bem mais depressa que eu. Estava definitivamente na hora de descer as escadas.

- Emmett, larga-a!

Pela mente de Emmett, vi Rosalie abraçar Bella.

- Bem-vinda, Bella.

Será que eu ficaria cada vez mais aliviado por verificar que a minha família realmente a aceitava? Ainda mais, seria possível que fosse melhor que isto? A minha família era amiga da família dela, parecia que o universo estava a conspirar a meu favor.

Ouve um momento de silêncio na sala, decidi descer, mas não aparecer para Bella, queria poder ver como é que ela estava antes de aparecer para ela. Estava a descer as escadas mas fiquei “escondido” no topo das escadas, onde eu conseguia vê-los mas eles certamente não me veriam. Vi Esme aproximar-se silenciosamente, ela olhava para Bella e eu soube que se a minha querida mãe pudesse chorar, ela estaria desfeita em lágrimas.

Oh, meu santo Deus. Como ela está crescida. - Tocas, querida? – Esme perguntou chamando à atenção de Bella que estava colocada no meu piano.

Bella ficou bastante tempo a olhar para Esme, quer dizer, mais tempo do que ela supostamente demoraria. Os seus olhos estavam focados no rosto de Esme, mas estavam distantes, fiquei preocupado, mas antes que pudesse agir, ela fechou os olhos e quando os voltou a abrir, havia alguma confusão espelhada nos seus belos olhos.

- Não. – Ela respondeu. - Nunca tive grandes capacidades musicais. – Nova informação para a lista e, felizmente, desta vez com a colaboração de Esme e não a do idiota humano Mike Newton. Ouvi o pai dela pigarrear e embora os seus pensamentos não fossem claros, o sentimento de reprovação que corria na sua mente depois de ter ouvido as palavras dela. - Mas o piano é belíssimo. É seu?

- Não. – Esme respondeu rapidamente, mas antes que pudesse, ou que se lembrasse, de acabar a sua frase dizendo que o piano me pertencia, Esme recordou-se de que embora ela já conhecesse Bella, ela não se recordava dela. Que estranho. - Oh, mas que falta de educação a minha. Sou a Esme.

A minha mãe esticou a sua mão na direcção do meu anjo, ponderando internamente se deveria dar-lhe um aperto de mão ou um abraço. – Prazer. Sou a Bella. – Eu não podia ter uma sorte maior que a que tenho por Bella me ter escolhido.

- O Edward falou-me muito de ti.

Claro que Esme iria referir-me e ao fazê-lo o rosto de Bella tomou a mais adorável cor rubra, isso despoletou o riso nos outros e eu tive vontade de lhes bater por estarem a rir-se da minha Bella, mas Esme repreendeu-os de uma maneira mais suave do que eu teria repreendido. Depois de todos terem parado de rir, vi Bella olhar para Alice, o seu olhar interrogava a minha irmã, perguntei-me o que lhe estaria ela a perguntar.

Ele está lá em cima a fazer uma coisa, ouvi Alice pensar e soube que ela “falava” sobre mim. Fiquei satisfeito por ficar a saber que a minha Bella estava preocupada em saber onde eu estava. Não te preocupes. Não tarda ele desce.

Depois dirigiram-se para a sala e eu já não conseguia vê-los do lugar aonde estava parado, desci as escadas, tendo o cuidado de não fazer um barulho que me denunciasse. Nunca antes tinha imaginado Bella sentada na nossa sala, mas a sala parecia muito mais luminosa com a sua presença, tentei imaginar como ela ficaria sentada ao meu piano e gostei do que vi. Cheguei-me perto da entrada da sala, não chamando à atenção de ninguém, Bella olhava para o jardim da parte detrás da casa, o seu rosto estava maravilhado e por conseguinte, também estava o meu. Encostei-me ao arco de entrada, observando-a.

- Gostas? – Alice perguntou, por momentos fiquei sem saber se estava a falar comigo ou com Bella. Se fosse comigo, oh sim! Eu não gostava, adorava. - Quer dizer, não sei se consegues ver bem para além do alcance da luz da casa…

Bella interrompeu-a erguendo uma mão delicada com a palma virada para a pequena fada que era a minha irmã. – A minha visão vê perfeitamente até à orla da floresta e ligeiramente além dela.

Pormenores que eu já sabia…

- Mas claro que tu já devias saber disso, não é, Alice? – Disse os meus pensamentos em voz alta, fazendo com que a atenção de todos (que antes estava focada no meu anjo) se focasse em mim.

Assim que os olhos de Bella caíram em mim, começaram a brilhar com um sentimento que presumi ser alegria. Sorri-lhe, nunca afastando o meu olhar do dela e vi o seu rosto ficar rubro, então não pude deixar de sorrir ainda mais.

Bella, pensei no seu nome, curvando ligeiramente a cabeça num cumprimento silencioso e ela corou mais. Era uma das melhores coisas que eu amava nela.

- Finalmente te juntas a nós! – Rosalie disse como se ela se importasse muito e depois ouvi-a pensar. A Esme tem mesmo que lhe voltar a ensinar boas maneiras. Eu queria rir-me, mas arruinar o bom humor com que Rose andava em relação a mim não me parecia uma boa ideia. No entanto, isso não impediu Bella de rir e eu soube que ela ouvira bem os pensamentos de Rosalie, que olhou para ela com falso aborrecimento no rosto. Mais um leitor de mentes para a família… Fantástico!

Eu poderia não me rir, mas nada me impedia de implicar um pouco com ela. - Então, Rose? – Fingi estar a repreende-la pelos seus pensamentos. - Parece que não sou só eu que preciso de aprender boas maneiras novamente.

– Importam-se de me dizer porque é que alguém precisa de aprender boas maneiras? – Esme perguntou-nos, olhando-nos com confusão nos seus olhos dourados.

Estava prestes a responder-lhe quando alguém se decidiu pronunciar antes de mim.

- De facto, concordo com o jovem Edward, minha querida Esme. Eles necessitam realmente de voltar a aprender boas maneiras. – Charlie disse, fazendo-me olhar para ele. Nunca estivera perto o suficiente do pai de Bella, quer dizer, não numa situação que eu não avaliasse como crítica, mas olhando para Charlie, eu podia dizer que havia imensas coisas em comum entre ele e a filha, a começar pelos olhos.

Antes que qualquer outro se movesse para cumprimentar o pai de Bella, Alice mexeu-se à sua velocidade normal e abraçou o homem, que sorriu calmamente abraçando a baixinha.

- É bom ver-te novamente, Alice. – Ele disse calmamente. Mas o que ele me disse não me escapou. Novamente? Que queria ele dizer?

Então Alice largou-o e eu avancei, tinha que manter em mente que eu deveria conquistar a simpatia e a confiança de Charlie.

- Chefe Swan. – Disse curvando-me ligeiramente para lhe demonstrar o meu respeito.

- Ora, ora. Trata-me por Charlie, Edward. – Ele disse colocando-me uma das suas mãos no meu ombro. - Bella, querida, agradecia que saísses da minha mente. – Isto eu não esperava, ele sentira Bella a tentar entrar na sua mente. - Depois do jantar, Isabella. – Olhei para Bella e o seu rosto representava tanta confusão como o meu deveria mostrar.

Esme pareceu ter considerado que estava na hora de nos reunirmos à mesa e assim o fizemos, dirigíamo-nos para a sala de jantar, eu seguia atrás de todos e assim que Bella viu a sala, parou. Achei o momento indicado para me meter com ela e por isso aproximei-me pelas suas costas para lhe sussurrar ao ouvido.

- Surpreendida? A Esme esmerou-se ao máximo para vos impressionar.

Ela olhou-me com os seus grandes olhos e eu sorri-lhe, perdendo-me momentaneamente naquele oceano de chocolate. Quando voltei a emergir, levei-a ao seu lugar ao lado do seu pai e agi como o cavalheiro que tinha sido educado para ser: puxei-lhe a cadeira esperando que ela se sentasse e depois e ajustei-lhe a cadeira; os olhos de Esme seguiam cada movimento meu, percebendo o modo como eu me movimentava em redor de Bella, e depois sorriu-me cheia de aprovação pelo meu acto. Não me podia sentar ao lado de Bella, por muito que quisesse, mas o meu lugar era ao lado de Esme como o filho mais velho, sorte a minha que o esse lugar era na frente da minha amada; apressei-me a sentar-me e depois esperámos que os outros se sentassem nos seus respectivos lugares. Bella seguiu todos com o olhar e quando já estávamos todos sentados, ela olhou para Carlisle e Esme com os seus olhos repletos de confusão.

- Ahn… Não quero ser rude. – A sua voz estava incerta, como se ela temesse poder ofender os nossos sentimentos. - Mas vocês não comem.

Sempre observadora.

- Ora, ela tem razão. – Emmett manifestou a sua opinião, concordando com Bella e por isso recebeu um pontapé para se calar. - Rose, para que foi isso?!

Rosalie não lhe respondeu, mas fulminou-o com o olhar. Bella ignorou o olhar que Rose atirou a Emmett e continuou a olhar para os meus pais.

- De facto, não comemos comida humana… Nisso tens razão, querida. – Concordou Carlisle, sempre calmo.

- Mas… o teu pai também aceitou realmente vir jantar depois de me obrigar a prometer que o deixava “exibir-se” um pouco. – Esme concluiu no mesmo tom sereno que Carlisle. - Não é, Charlie, querido?

- Definitivamente. – Charlie parecia uma criança a quem tinham entregue um doce. - Bella, por acaso já lhes fizeste uma pequena demonstração do que consegues fazer?

- Por acaso, senhor. – Tive que o interromper, olhando para Bella e ignorando o olhar irritado que ele me lançou. - A Bella fez muito mais do que uma pequena demonstração. Ela “curou”-nos da nossa sede.

O olhar dos adultos caiu sobre Bella, fazendo-a corar e tentar esconder o rosto. Reflexivamente, um rosnado de insatisfação fez o meu peito vibrar e Bella levantar a cabeça. Os nossos olhares encontraram-se, tentei repreende-la por ter escondido o seu rosto sabendo o quanto eu adorava vê-la corada; ela sorriu-me e isso fez-me sorrir também. Eu, praticamente, esqueci-me de que estávamos numa sala cheia e quando voltaram a falar, foi quase como um choque.

- Bem, mas voltando ao assunto. – Charlie disse despertando-nos. - Esme, querida, tu poderias fazer as honras. – O olhar que Charlie lançou a Esme deixou-me curioso, o que quereria ele dizer? - Afinal, sabes o feitiço tão bem como eu.

- Ahn? – Emmett expressou a confusão que todos sentíamos.

– Não posso crer que não lhes tenhas contado. – Os olhos do pai de Bella encheram-se com divertida descrença enquanto ele se ria.

- Não é da tua conta, Charles. – Esme foi curta e directa, ela não estava a gostar da direcção que a conversa estava a tomar.

- Charles, por favor. – Foi a vez de Carlisle chamar à atenção do seu amigo. - Faz só o feitiço, sim?

Charlie fechou os olhos, concentrando-se na sua missão, entre as suas sobrancelhas surgiu a pequena ruga que costumava surgir na testa de Bella quando ela se estava a concentrar ou envolta em pensamento. No momento a seguir, voltei a sentir o ar a ficar carregado com a magia e o meu corpo respondeu instintivamente à onda de magia que encheu a sala; senti o meu corpo formigar durante um minuto e depois parou, deixando uma sensação de calor para trás. Olhei para Bella e vi-a relaxar, parecendo que lhe tinha retirado um peso das costas; depois olhei para Charlie a tempo de o ver abrir os olhos, reparei na cor dos seus olhos, estavam mais escuros do que antes, mas o seu rosto abriu-se num sorriso, desviando a minha atenção.

- Bem, quem quer comer?! – Ele perguntou, o seu tom leve, diferente da cor dos seus olhos.

Reparei que Esme sorriu antes de começar a servir o jantar, vi Bella olhar para o seu pai confusa mas este só lhe respondeu com um sorriso brincalhão e então ela voltou a olhar para mim, os seus olhos traçando o meu rosto cuidadosamente. Vi os seus olhos iluminarem-se com reconhecimento e depois relaxarem.

- Ahn… Chefe Swan. – Rosalie chamou à atenção de Charlie, a sua voz repleta com cuidadosa curiosidade. - Poderia dizer-nos o que é que fez?

Não retirei o meu olhar de Bella e por isso reparei nos seus olhos a semi-cerrarem-se ligeiramente, estudando as minhas feições, procurando por diferenças. Então houve algo que apanhou a atenção dela e os seus olhos foram-se arregalando lentamente, ela virou o seu rosto (reparei que o fez com alguma dificuldade) para o Charlie e a sua expressão tornou-se furiosa, fazendo com que o sorriso do seu pai aumentasse.

- Tornaste-os humanos?! – Conhecendo o que eu conhecia dela, ela não estava a perguntar.

As suas palavras deixaram-me chocado. Seria isso possível? Seria possível que Charlie nos tivesse mesmo tornado em humanos? Procurei sentir o meu coração a bater, como aconteceria a um humano, mas não o sentia, ele não batia.

- Bem, não foi propriamente isso. – Charlie disse como se comentasse o resultado de um jogo de basebol. - Semi-humanos para ser mais exacto. Não tenho força suficiente para fazer com que os seus corações voltem a bater. E também é só por umas horas, depois voltaram ao normal.

- Humanos?! – Ouvi Rosalie dizer, segui o olhar de Bella para a minha irmã.

Ela era a que mais sofria com o que nós éramos, mas esta hipótese de voltar a ser humana levantava esperanças que seriam dolorosas. Emmett percebeu o mesmo que eu e apressou-se a consolar a esposa, não do melhor modo, mas pelo menos ninguém o pode acusar de não ter tentado.

- Rosie, tu ouviste. É temporário.

Mas por quanto tempo?! Horas?! Quantas? Retive-me para não fazer perguntas que mostrassem a minha curiosidade e ansiedade em relação a este novo assunto.

- Teria que ser um feiticeiro ou uma feiticeira muito mais velhos e muito mais fortes que eu para conseguir tornar um de vós pelo menos num humano por artes mágicas. – Charlie disse enquanto enchia o seu copo com vinho, aquele comentário fora feito num tom ligeiramente aborrecido, como se ele estivesse a comentar o tempo que estava a fazer.

- Como assim por artes mágicas? – Dei por mim a perguntar e por mais que eu tentasse, a minha voz mostrava toda a minha ansiedade.

Por favor, Edward, esquece o que o meu pai disse. Ouvi Bella na minha mente e olhei para ela, os seus olhos pareciam estar a implorar-me.

Mas, Bella… Tentei pedir-lhe mas ela cortou-me, sentia até nos meus pensamentos a tristeza por ver os seus olhos tristes.

Por favor! Ela voltou a pedir-me com mais insistência. Esquece o que ele disse.

Embora ela me tivesse pedido aquilo, Charlie explicou-me tudo e eu não pude evitar em ouvir aquilo com mais atenção do que devia.

- A minha mãe e o teu pai, Edward, acreditam que é possível haver um modo de um vampiro ou vampira retornarem a ser humanos. Claro, a minha mãe criou um feitiço que permitiria um ou vários vampiros voltarem a ser humanos. Mas não conseguimos que o efeito do feitiço tenha uma duração maior que um dia.

As palavras assentavam lentamente, tomando sentidos que eu quase não conseguia compreender. Foi só quando a voz baixa de Bella quebrou o silêncio que se formou depois do comentário do seu pai que eu percebi que estava a planear interrogar Carlisle quando Bella e Charlie se fossem embora.

- E é uma estupidez estarem a utilizar esse feitiço. – Ela sussurrou, mas todos ouvimos perfeitamente as suas palavras. - Não que eu tenha alguma coisa contra o feitiço. É só…

Eu não tinha percebido que a ansiedade na minha voz a tinha feito ficar triste até ouvir a amargura na sua voz. Arrependi-me profundamente por não lhe ter dado ouvidos.

- A Bella tem razão. – Esme pronunciou-se, a sua voz manchada pela mesma amargura que cobria a voz de Bella. - Muito bem que o feitiço exista e deva ser usado em casos extremos, mas tentar a “ressurreição” é totalmente estúpido. Tanto a Isabel como a Marie, tal como o teu pai e o teu irmão, Charlie, concordaram em assinar isso.

- Claro, claro. – As palavras saiam da sua boca com falta de interesse, como se estivessem a debater um assunto extremamente maçador. - Mas não deixa de ser verdade que o feitiço é útil! O Angel estava sob o feitiço quando ele e a Izy fizeram a Ella.

Seria possível que um vampiro podia ficar envergonhado e corar?! A resposta era sim, a partir do momento em que esse vampiro estava sob um feitiço que o tornava parcialmente humano. Dei graças por ninguém estar a olhar para mim enquanto sentia o sangue abandonar a minha cara.

- Sim, de facto, estava. Mas o feitiço já estava no fim, recordas-te? – Eu sabia que o meu pai tinha uma sinceridade fora do comum, mas também tinha imenso bom senso e não fazia ideia do que ele tinha feito ao seu bom senso neste momento.

- Mano, tu és um desmancha-prazeres. Nem o Carl consegue ser tão péssimo como tu. – Desde quando é que Charlie era irmão de Carlisle?! A resposta? Eu não sabia, mas isso era capaz de explicar a cumplicidade que os dois partilhavam, como irmãos.

E era essa mesma cumplicidade que fez o sorriso malandro surgir nos lábios do meu pai, os seus olhos brilhavam com algum sentimento que fez com que a minha mente se questionasse se Carlisle tivesse sido realmente (realmente se calhar não era a palavra certa, talvez, verdadeiramente) feliz só connosco. Eu sabia que o meu pai nos amava a todos, ele demonstrava isso todos os dias, mas neste momento, eu duvidava que nós fôssemos o suficiente para ele ser verdadeiramente feliz.

- É o que dá ser o único filho totalmente vampiro. – Carlisle riu-se.

- Poderiam explicar? – Bella disse, a sua voz perdera a amargura e agora estava carregada de pura curiosidade. Sempre curiosa.

- É uma longa história. – Charlie disse, olhando para ela num tom desafiador.

- Tenho a noite toda. – Ela respondeu-lhe quase do mesmo modo.

Eu queria rir, a Bella que eu via na escola não era a mesma que eu via aqui. Não era tão livre, tão descontraída, ela era simplesmente a Bella e era impossível que eu não me apaixonasse mais por ela.

- Muito bem, então. – Carlisle fez-nos a todos olhar para ele, o seu rosto estava iluminado com um sorriso. - Façamos assim, nós vamos contando a história enquanto jantamos.

Todos aceitámos o acordo que Carlisle nos tinha proposto. Começámos a comer e eu tinha que admitir, a comida estava óptima! Esme tinha um dom para isto, mesmo sendo vampira, ela tinha mão para a cozinha. A minha mãe parecia estar satisfeitíssima por todos parecermos apreciar imenso os seus cozinhados, mas foi Bella que lhe concluiu o dia, elogiando-a pela comida deliciosa, nada poderia ter feito Esme ficar muito mais satisfeita do que quando eu a cumprimentei com um beijo no rosto quando cheguei a casa.

Quando todos terminámos, vi Bella levantar-se. Não percebi o que ela tencionava fazer, a sua mente sempre um segredo para mim e vê-la a reunir os pratos deixou-me chocado.

- O que é que pensas que estás a fazer? – Perguntei, a minha voz reproduzia o choque que eu sentia perfeitamente.

- A levantar a mesa como é óbvio. – Ela respondeu-me, o seu tom era de como se aquilo fosse a coisa mais óbvia do mundo e era a coisa que eu não a deixaria fazer. Se dependesse de mim, ela nunca levantaria um dedo para trabalhar.

- Querida, deixa que eles fazem isso. – Esme disse, trazendo-me dos meus devaneios. Senti-me grato em relação à intromissão da minha mãe.

O quê!?! Ouvi Jasper e Emmett pensarem, chocados com a ordem.

- Não é, queridos?! – Esme olhou-os, quase como se tivesse ouvido os pensamentos deles, às vezes eu questionava-me se Esme não conseguiria mesmo ouvir os pensamentos.

- Sim, mãe. – Respondemos, os meus irmãos contrariados.

Nós os três levantámo-nos, Emmett reclamava internamente, mas Jasper parecia conformado. A nossa velocidade diminuíra ligeiramente, mesmo assim, éramos rápidos o suficiente para conseguirmos levantar e arrumar a loiça em menos de cinco minutos. Não consegui conter-me quando passei por Bella e acaricie-lhe o braço, a sua reacção foi a que eu esperava, o seu rosto corou e eu ri-me. Arrumámos a cozinha rapidamente com Emmett a reclamar, ele estava realmente descontente com o facto de que Esme nos tinha metido a nós a fazer aquilo.

Depois disso, juntámo-nos de novo aos outros e seguimos para a sala de estar. Não pude deixar de reparar como Carlisle e Charlie se comportavam de maneira idêntica, os dois sustentavam um porte imponente e uma expressão calma com um ligeiro sorriso nos seus lábios, até mesmo o modo como ambos seguravam a taça de vinho que ambos tinham nas mãos ou o modo como ambos se sentavam no sofá, era idêntico.

- Então… Vocês ainda estão interessados em saber a história de como eu me tornei o único filho totalmente vampiro da Matriarca Swan? – Carlisle perguntou.

Todos acenámos com a cabeça, esperando que os dois nos contassem a história.

- Muito bem. – Carlisle começou, terminando de beber o seu vinho juntamente com Charlie e depositando a taça na mesa de centro. – Tudo começou quando eu tinha acabado de completar um século de que me tinha tornado um vampiro, umas décadas depois de ter conhecido os Volturi. Como a maior parte daqui sabe, eu fiquei duas décadas na companhia dos três irmãos, Marcus, Caius e Aro, e depois parti.

- Foi na altura em que Carlisle não se encontrava em Volterra, o sítio onde moram os Volturi, que a minha mãe viajou para lá. – Charlie disse, contando também a história. – Estava na época das festas de S. Marcus. – Tanto Carlisle como Charlie riram-se ligeiramente perante a referência do espaço temporal da história. – E na altura faziam-se festas e mercados, coisas simples, nada como é feito hoje. Era ligeiramente mais difícil para uma bruxa andar por entre os humanos naquela altura, somos quase como os vampiros em termos de beleza e isso chamava muito à atenção das pessoas naquela época. Imaginem uma jovem mulher realmente muito bela a passear sozinha pelas ruas da Itália de 1766, chamava à atenção de qualquer um. – Seguindo as palavras de Charlie, eu podia imaginar perfeitamente isso, podia imaginar Bella com uma aparência mais velha mas incomparavelmente mais bela. – E Marie Swan era e, devo dizer, é uma mulher que chama muito à atenção pela sua beleza. De facto, e isto é apenas um à parte da história, mas talvez vos ajude a visualizar melhor o passado, a Bella é uma cópia perfeita da minha mãe, simplesmente mais nova, mas uma cópia perfeita.

Todos olhámos para Bella que corou perante o olhar de todos nós, senti vontade de lhe acariciar as faces, mas não queria arranjar sarilhos com Charlie.

- Sim, e foi isso que fez com que a Marie conhecesse Marcus Volturi. – Pronunciou-se Carlisle. – Ele estava a passear à noite pela cidade quando a conheceu e quando isso aconteceu, sentiu-se instantaneamente atraído por ela. Citando as suas palavras: Não foi a sua beleza que me prendeu a ela, mas sim os seus olhos. – Por momentos, vi os meus sentimentos reflectidos naquela frase. – Poderemos dizer que foi amor à primeira vista.

- No entanto, ele só a viu porque a minha mãe estava a ser cercada por um bando de homens sedentos por alguma diversão. – A voz de Charlie estava repleta de repulsa e eu ouvi Rosalie prender a respiração. – Marcus estava sedento também, mas a sua sede não era a mesma que a deles. Na altura, os Volturi não usufruíam da mesma poderosa guarda da qual usufruem hoje em dia, quando eles queriam se alimentar, tinham que ser eles a ir em busca do seu alimento e não um qualquer. E Marcus andava à espera de encontrar um bêbedo ou talvez uma prostituta algures nas ruas da sua imaculada cidade, mas o que encontrou foi um bando de bêbedos a tentarem aproveitar-se de uma senhora de aparente classe num beco escuro.

A imagem que ele descrevia estava fincada na minha memória como uma cena que eu vira imensas vezes na altura em que eu me tinha rebelado contra o regime alimentar de Carlisle, estremeci ao alterar a imagem de modo a que fosse uma mulher na casa dos vinte ou trinta anos com a aparência exacta de Bella no beco, ao vê-la naquela situação, senti as minhas mãos cerrarem-se à volta do braço do assento. Eu já não via a minha família à minha frente quando senti uma mão quente tocar-me na mão trazendo-me de volta à realidade, olhei para a dona da mão e deparei-me com Bella que me olhava preocupada, depois reparei nos outros que me olhavam do mesmo modo.

- Desculpem. – Murmurei. – Podem continuar.

Carlisle assentiu e continuou. – Ele tinha ouvido os homens falarem e também tinha ouvido Marie responder-lhes, a voz dela foi o que o fez ir ver o que se passava naquele beco. Ele escondeu-se nas sombras, invisível aos olhos dos homens, mas Marie viu-o e foi então que ele viu os seus olhos e o apelo silencioso que eles lhe lançavam. Marcus decidiu que tinha que salvá-la e naquele momento encontrou uma oportunidade para se alimentar, matou os homens e saciou a sua sede bem em frente da Marie.

- Ui! – Interrompeu Rose. – Que romântico! Para um primeiro encontro revelar-se logo um monstro sanguinário… Isso deve tê-la conquistado, certamente.

Charlie soltou um riso abafado. – Bem, de facto, não sei se foi isso. Mas o importante foi que sim, eles apaixonaram-se.

- Bem, continuando. – Carlisle voltou a trazer a nossa atenção para si. – Depois de ele a ter salvo, Marie não se importou com o facto de ele ter morto aqueles homens na sua frente e a sua bondade e outras óptimas características nela, fizeram com que Marcus se apaixonasse totalmente por ela. Encontravam-se todos os dias e passeavam ao luar, ela contou-lhe que sempre esperara por ele e que era uma bruxa, outra qualidade dela era o facto de ser sempre muito directa nos assuntos mas muito delicada. – Tal como a Bella, pensei sorrindo internamente. – Foi mais ou menos um ano que eles estiveram juntos, variando entre os Estados Unidos e Itália. Claro, acabaram por se casar e então… surgiu algo e eles chamaram-me. Fui chamado de urgência a Volterra, de facto, não fui chamado… Marcus pediu ao Demetri que me encontrasse com o seu dom e que me levasse a Volterra com a maior das urgências. Assim que o Demetri me encontrou, não perdi tempo e voltei com ele, foi então que conheci a Marie. Nunca tinha conhecido ninguém como ela, ela era simplesmente a mulher mais fascinante que eu alguma vez tinha conhecido e acreditem que naquela época as mulheres chegavam a ser muito fúteis, preocupando-se apenas com jóias e bons partidos. – Os olhos de Carlisle estavam distantes e na sua mente vagueavam memórias daqueles tempos. – Foi quando eu entrei pela porta do quarto onde ela estava que tudo mudou. Assim que fechei a porta atrás de mim, a Marie agarrou-se ao meu pescoço; ela surpreendeu-me ao fazer aquilo, ela sabia o que eu era e, no entanto, abraçou-me num abraço que se fosse para um humano seria sufocante. Quando se afastou de mim, ela apenas colocou as mãos em ambos os lados do meu rosto e disse-me que eu tinha demorado muito a chegar, que eu estava atrasado. – Carlisle riu-se e eu vi no canto dos seus olhos uma gota cristalina, ele apressou-se a limpá-la. – Ela disse “Carlisle, meu filho, estás atrasado, já cá devias estar”. Não sabia o que lhe dizer, tinha sido apanhado desprevenido por ela me ter chamado de seu filho e eu apenas fiquei a olhar para ela, sem saber o que havia de dizer, acabei apenas por pedir desculpa.

O Marcus acabou por me contar que tinha se casado com Marie, fiquei feliz por ele que já sofrera muito ao ter perdido a sua primeira esposa. Contou-me que Marie era uma bruxa, ao início fiquei bastante ofendido, ela tratava-me como se eu fosse seu filho, embora fosse mais nova que eu em termos de idade real, ela era mais velha que eu em aparência, e eu já a considerava uma pessoa que me era muito querida, ia reclamar com ele quando ela me demonstrou o que o seu marido queria dizer. Já devem ter adivinhado como fiquei. Havia tanto para aprender sobre a sua espécie, tinha tantas perguntas. Marie foi muito compreensiva e prometeu ensinar-me tudo acerca da sua espécie, mas disse que não se poderia esforçar tanto pois os meus irmãos assim não o iriam permitir. – Fez uma pausa esperando que algum de nós dissesse alguma coisa.

- Ela estava grávida. – As palavras saíram da minha boca sem que eu pensasse um segundo. – Ela estava grávida de um vampiro. – Recordei-me da “conversa” que eu e Bella tínhamos tido hoje, em que eu lhe perguntara se ela achara que o avô dela era um vampiro e aqui estava a resposta.

- Exacto, Edward. – Foi Charlie que me respondeu, a sua voz estava séria. – A minha mãe engravidou de Marcus Volturi. Ficou grávida de gémeos. Eu e o meu irmão Carl que é mais velho que eu por…

- Três minutos. – Concluiu Carlisle. – Foi por isso que eu tinha sido chamado. Marcus não podia correr os riscos de ir ter com um médico humano, ele estava demasiado assustado para dizer o mínimo. Na altura, a medicina não estava tão evoluída como está agora, mas ele sabia que eu conhecia imensa coisa sobre o assunto, e Marie também tinha os seus conhecimentos acerca dessa matéria. Assim que eu avaliei o seu estado, decretei que ela estava em condições para viajar, desde que essas viagens não fossem muito cansativas, eu não queria pôr em risco a saúde dos meus irmãozinhos. – Ele olhou para Charlie e sorriu. – Eu tinha passado muito tempo sozinho para agora permitir que aquela que me chamava de filho e que eu amava como uma mãe se magoasse. Marcus não queria que ela ficasse em Volterra, temia que Aro ou Caius descobrissem algo que não deviam e que a tentassem magoar, por isso deu-nos dinheiro e confiou-me a segurança de Marie, devo admitir que no começo senti-me hesitante em relação a estar sozinho com ela, mas achei que Marcus devia confiar mesmo em mim para ma confiar no estado em que ela estava. Viajámos para os Estados Unidos e procurámos um sítio onde ficássemos em segurança.

- A minha mãe nascera nos Estados. A família dela tinha sido uma das primeiras famílias a mudarem-se para as colónias inglesas e tinham se fixado em vários sítios, tentando não atrair as atenções. – Charlie continuou. – Havia apenas um sítio onde ela sabia que ninguém, a não ser que ela quisesse, os encontraria. A Marie e o Carlisle atravessaram o continente para chegarem a Salem.

- Na altura, a cidade estava a cair no esquecimento. Segundo o que ela me contou, há séculos atrás tinha havido ali uma guerra entre clãs, a cidade tinha sido considerada amaldiçoada e todos a tinham abandonado. – Carlisle voltou a contar. – A cidade ficava isolada de tudo, no entanto, tinha tudo o que precisávamos. Fui aprendendo tudo o que podia com ela que ainda me ensinou a usar coisas que a natureza nos dava para curar outras pessoas. Marie mostrava-me como a magia funcionava e foi neste companheirismo que vivemos durante os meses da sua gravidez, Marcus ia ter connosco à cidade e nós os dois e outros vampiros que por vezes surgiam e ficavam connosco na cidade, restaurámos a cidade à sua glória antiga. Aquela cidade era e ainda é um sítio sagrado.

- Foi naquela cidade que eu nasci. Que todos nós nascemos. – Charlie disse olhando para Bella. – A cidade foi crescendo, até ser o que é hoje. Bruxas e feiticeiros foram lentamente se juntando à nossa família na cidade que muitos julgavam amaldiçoada, vampiros que se renderam à alimentação por sangue animal também se juntaram a nós, tal como alguns vampiros que o meu pai às vezes conseguia livrar de Volterra, havia sempre aqueles que não queriam ser monstros e o meu pai mandava-os para Salem. Depois vieram os humanos, aqueles que descobriam acerca da existência dos seres míticos. A minha mãe tornou-se a “rainha” de Salem… aquilo que tu hoje conheces foi criado por muita luta dela.

- Sim… Mesmo grávida, a Marie ia fazendo as suas magias e ajudando-nos do modo como conseguia. – Afirmou Carlisle. – Mas voltando à história, três anos após o nascimento do Charlie e do Carl, a Marie voltou a ficar grávida, foi uma das melhores noticias que a família podia ter recebido. A Mãe estava certa de que seria uma menina para se juntar a ela, ela amava-nos e ama-nos muito a todos nós, os homens, no entanto, ela gostaria de ter uma companhia e nasceu a Isabel. Fiquei com eles durante anos, Carl e o Charlie cresceram e durante uns tempos, comportaram-se mais como vampiros do que propriamente bruxos e o Pai achou melhor levá-los durante uns tempos para Volterra.

- Não ficámos durante muito tempo, só o suficiente para vermos como ser vampiro podia ser bastante inconveniente. – Charlie declarou, vendo Bella olhar para ele com uma sobrancelha erguida.

- Já a Isabel estava crescida, o Angel juntou-se à família, ele e a Izy andavam sempre às cabeçadas. A Mãe dizia que eles iam ficar juntos, de facto, todos dizíamos e o Pai confiava no Angel. Ele era um dos chefes da guarda e era dos melhores. O Aro e o Caius muitas vezes usavam-no para torturar alguns vampiros que sequer arriscavam a expor a nossa existência, mas ele desistiu disso, não queria ser o monstro que se começava a achar. – Explicou Carlisle. – E certo dia… Já no início do século vinte, a Mãe disse-me que estava na hora de eu seguir o meu caminho. Tentei convencê-la a deixar-me ficar e ela disse que não podia, por muito que quisesse prender o seu filho mais velho sob a sua asa durante toda a eternidade, como ela desejava fazer com todos os filhos, ela não podia fazer-me ficar em Salem, disse-me que havia pessoas que precisavam de mim. – O seu olhar percorreu todos nós começando em mim e acabando em Alice e Jasper. – Disse-me muito claramente que dentro de quase duas décadas eu teria que salvar o seu primeiro neto, disse-me que o amor iria encontrar-me antes de eu ter o meu primeiro filho comigo e que eu seria obrigado a perdê-lo para apenas voltar a encontrá-lo mais tarde. E assim foi, tempos antes de encontrar o Edward, conheci a Esme. – O seu olhar suavizou-se e ele beijou a testa de Esme, sorrindo depois para mim. – Mais tarde encontrei o Edward e assim fui encontrando cada um de vocês, tal como a Mãe tinha dito que seria.

- E a história continua, por muitos pontos de vista… Com muitas desavenças e tretas pelo caminho até agora. – Disse Charlie, concluindo a história. – Alguém tem alguma pergunta?!

- Deixa-me ver se eu percebi bem a história… - Bella pronunciou-se pela primeira vez. – Marcus Volturi é um vampiro e é meu avô. – A sua voz afirmava aquilo, mas a incredulidade parecia consumir as suas certezas. Coloquei uma mão no ombro dela, dando-lhe o meu apoio. – Isso faz de ti, pai, meio-vampiro e meio-feiticeiro, certo?

- Certíssimo. - Afirmou Charlie com uma sobrancelha erguida, tentando perceber aonde Bella queria chegar.

- E tu casaste-te com uma humana, certo? Ou a minha mãe não é humana? – A voz de Bella começava a elevar-se.

- Não sei onde queres chegar, Bella. – Declarou Charlie olhando preocupado para a filha. – Mas se queres saber, a família da tua mãe estava em Salem quando eu era uma criança e acredita que isso foi realmente há já muito tempo.

- Mas posso confirmar-te, Bella. – Desta vez foi Carlisle a falar, tentando acalmar Bella, eu próprio começava a ficar preocupado, o seu coração estava muito acelerado. – É possível que a Renée tenha algum antecedente mágico na família, mas quando chegou à geração dela, o gene que carrega a magia já devia estar muito fraco mesmo para ela não ser uma bruxa. Mas qual é a tua dúvida, minha querida?

- O que é que eu sou?! Uma anormal?! Uma aberração?! – As palavras de Bella foram como um balde de água fria, eu sabia que Bella se sentia segura em relação a ser uma bruxa como a sua avó, mas agora ver a sua incerteza acerca do que ela era, doía-me.

- Não digas uma coisa dessas, Isabella. – Esme pôs-se de pé, os seus olhos e a sua voz transbordavam com a dor e a reprovação. – Tu não és nenhuma aberração, Bella. – Esme pôs-se de joelhos ao pé de Bella segurando-lhe as mãos nas suas. – Quando tu nasceste e eu te tive nos meus braços soube que tu eras um dos mais perfeitos milagres que nosso Senhor poderia ter posto nesta Terra.

Na sua mente, eu vi o que ela quis dizer e as imagens que eu vi deixaram-me confuso.

- C-Como assim? – Perguntei. – Esme, que quer isso dizer?!

- Edward, acalma-te. – Pediu-me Carlisle. – Quanto à tua pergunta, Bella. A Esme tem razão, tu não és aberração nenhuma, muito menos uma anormal. É normal sentires-te confusa em relação ao que és, agora que sabes a verdade, mas os teus genes são claríssimos. Tu és, em toda a tua maioria, uma bruxa. – O sorriso que Carlisle lhe deu era suposto ser calmante, mas a mim não teve esse efeito.

– Meu anjo, é tudo uma questão de percentagens. – Declarou Charlie. – Eu e o Carl somo cinquenta por cento de cada coisa, bruxos e vampiros. Mas temos uma metade dominante, a minha é a da magia e a do Carl é a de ser vampiro. E acerca do que tu, a tua irmã e os teus primos são, eu posso assegurar-te de que antes de qualquer um de nós ter pensado em ter filhos, nós falámos com o Carlisle e com a tua avó. Nunca vos teria tido sem saber que a tua mãe ou vocês ficariam bem e seriam perfeitamente saudáveis.

- Tu, Bella, tens uma percentagem bem pequena de vampirismo no teu organismo. Considerando que o teu organismo todo são os cem por cento, tu tens uma percentagem de vinte e cinco por cento de vampirismo e os restantes setenta e cinco por cento de bruxaria. Tu, como eu já disse, és uma bruxa. – Carlisle assegurou-lhe. – A Ana é cinquenta-cinquenta sem metade dominante, mas obviamente ela recai mais para a magia, e a Emily é o teu oposto, vinte e cinco de bruxaria e setenta e cinco de vampirismo.

- Estou tão confusa. – Ela murmurou colocando as suas mãos na cabeça.

- Shhh… Está tudo bem. – Disse-lhe puxando-a mais para mim e beijando-lhe a testa. – Tu não és nenhuma aberração nem nenhuma anormal. – Voltei a beijar-lhe a testa e a acariciar-lhe os cabelos. – Tu és a minha bruxinha. Não és nada mais. – Sussurrei-lhe ao ouvido para que o pai dela não ouvisse.

- Esme? – Rosalie chamou e todos olhámos para ela. – Que querias dizer quando disseste que quando a Bella nasceu e a tiveste nos teus braços?

- Julguei que tivessem apanhado isso durante a história. – Comentou Carlisle.

- Todos nós só confiávamos no Carlisle como médico na nossa família. – Disse Charlie desviando o seu olhar de Bella e de mim. – Como ele conhecia o historial todo da família e conhecia as duas espécies para além da espécie humana, o vosso pai era o melhor médico que alguém poderia ter a sorte de ter. Claro que nenhum de nós iria arriscar confiar os seus descendentes a outra pessoa qualquer, não importando o tamanho do seu conhecimento. Era o Carlisle que trataria da nossa família.

- E eu sentir-me-ia ofendido se assim não o fosse. – Disse Carlisle. – A partir do momento em que aceitei tratar da Marie, tomei o lugar de médico desta família.

- Todos nós falámos com o Carlisle antes de pensarmos sequer em ter filhos… Tínhamos medo de que as coisas não fossem normais, percebes? – Charlie disse, voltando a falar para Bella. – Quando a tua mãe ficou grávida, nós chamámos o Carlisle, que não tinha podido ir ao nosso casamento e já vos tinha a vocês todos. – Ele olhou para cada um de nós. – Nenhum de nós se importava que a família Cullen estivesse connosco em Salem, afinal de contas, vocês eram da família. Quase como os Denali são uma extensão da vossa família, vocês são uma extensão e membros da nossa.

- Depois de Carlisle ter recebido o pedido do Charlie, nós fomos para Salem, tínhamos a nossa própria casa lá! – Disse Esme. – Mas ficávamos muitas mais vezes na casa principal dos Swan, são capazes de perceber porquê, a casa estava cheia e também tínhamos lá a pequena Emy…

- Porque é que não nos lembramos? – Perguntei. Era como se tivesse um espaço em branco no lugar desses anos, não havia qualquer lembrança de ter visto Bella como um bebé ou de ter estado perto da mãe dela enquanto esta estava grávida.

- Foi uma questão de segurança. – Murmurou Charlie. – Salem é um sítio sagrado para muitos, mas não era a cidade que estávamos a tentar proteger. O Aro já andava desconfiado do que o meu pai andava a fazer, antes de o meu pai conhecer a minha mãe, ele ausentava-se mas não durante muito tempo nem tantas vezes, mas claro que com a nossa família, o meu pai não queria perder nada. Isso levantou suspeitas no seu irmão, tivemos que cercar a cidade com feitiços de protecção para que fosse imensamente difícil de um vampiro ou qualquer outra pessoa de qualquer espécie a encontrasse, mas claro que com o Aro não era assim tão fácil, podíamos esconder a cidade, mas não podíamos esconder as pessoas que o meu pai via sempre que lá ia.

- O dom do Aro, Bella, é quase como o do Edward e, pelos vistos, o teu. – Disse Carlisle. – Ele ouve os pensamentos, mas tem muitas limitações. Ele necessita de estar a ter contacto físico com a pessoa a quem quer ler os pensamentos e claro, dar as boas-vindas ao seu irmão com um abraço seria o primeiro passo para descobrir tudo. E o Aro, para além do seu poder, tem uma particularidade muito… intrigante. Sabes, ele é um coleccionador de poderes.

- Imagina só! – Exclamou Charlie. – A nossa família é repleta de videntes! Dos mais variados tipos! E ainda mais, nós temos o controlo sobre a magia, seriamos mais do que jóias na sua estúpida colecção. – Ele suspirou como se estivesse derrotado. – E não só… Vocês, tu, a Ana e a Emily, são muito mais poderosas do que podem pensar e se o Aro ou qualquer Volturi vos descobrisse… Nem quero imaginar.

- Para vos proteger de qualquer hipótese que surgisse para que os Volturi vos descobrissem, a Marie decidiu que seria melhor que vocês não se recordassem dos tempos que lá passámos. – Esme disse. – As visões da Marie são muito precisas, não há margens para erros nas suas visões, elas realizam-se sempre… E ela viu que nós tínhamos que partir, que por muito que quiséssemos, não podíamos ficar com a Bella.

- O dia em que partimos, foi muito difícil… Quando nasceste, Bella, tu eras o total oposto da Ana, eras saudável mas muito, muito fraca. Muito pequena, muito frágil. Não havia modo de sabermos se sobreviverias e tu, mesmo como um bebé, agarraste-te a nós. – Carlisle disse, um pequeno sorriso brincou nos seus lábios e as memórias encheram a sua mente.

Novamente o bebé com o tufo de cabelos castanhos e os olhos da mesma cor, Bella. Um sorriso brincou nos meus lábios ao ver uma memória de Carlisle em que Esme e eu estávamos sentados num sofá com Bella no meu colo e Esme a ensinar-me como tratar da pequenina.

- Sim, eu que sou teu pai ainda não compreendi o que é que os braços deles tinham que nos meus tu não encontravas. – Comentou Charlie. – Sempre que a Esme te entregava para os meus braços ou os da tua mãe ou de outro alguém que não fosse um vampiro, tu berravas como se te estivessem a matar.

- E quando era para dormir, Charlie? – Perguntou Esme com o mesmo sorriso. – Ela chorava tanto, só havia uma pessoa para além de mim que conseguia fazê-la adormecer.

Os olhos de Esme caíram sobre mim, tal como os olhos de todos os outros.

– Eu? Ela só adormecia nos meus braços? – Não sabia se estava mais satisfeito do que chocado, eu tinha estado com a minha Bella quando ela era apenas um bebé e ela só adormecia nos meus braços.

Bella aninhou-se no meu abraço e eu senti-a sorrir. – Consigo compreender porquê. – Ela murmurou inspirando fundo. – Aqui é muito confortável.

Ouvi Emmett rir-se, mas ignorei-o, estava demasiado maravilhado para me preocupar com outra coisa qualquer.

- Claro que na altura, já tu nutrias algo muito mais forte do que apenas carinho pela minha bebé. – A voz de Charlie tirou-me da minha bolha, mas não despertara Bella do seu conforto. – Eu sabia que a Bella viria, eu sabia que ia ter duas pequenas bruxinhas… - Ele suspirou. – Antes de te conhecer e antes de ter tocado na mãozinha da Ana, eu tinha pensado que as minhas meninas poderiam encontrar, talvez, o amor entre humanos ou, talvez, se apaixonassem por uns bruxos conhecidos pela nossa família. Mas tu surgiste… O meu dom também está condicionado ao toque, quando toco nas pessoas, vejo o seu futuro, não importa que decisões façam, vejo qual será o seu fim, com quem ficará… E quando te cumprimentei, vi que tu ficarias com a minha Bella.

- Então você sabia, sempre soube…

- Sim. A minha mãe também, tal como sabia que tu serias o primeiro a ser encontrado pelo Carlisle e por isso o mandou embora de Salem. – Sussurrou o pai de Bella. – Foi por isso que vocês tiveram que se ir embora, não podíamos permitir que a Bella crescesse junto de ti, ela poderia não vir a nutrir os mesmos sentimentos que agora nutre por ti e o futuro tinha que acontecer como nós o tínhamos visto.

- Mas porque é que o Carlisle e a Esme se lembram? – Rosalie perguntou.

- Não podíamos apagar a mente do Carlisle, ele sabia dos problemas da Bella, logo, se lhe apagássemos a memória poderíamos estar a colocar a saúde da Bella em risco. E a Esme…

- Foi pelo que se passou antes de me ter tornado uma vampira. – Esme respondeu. – A Bella foi o primeiro bebé em que eu peguei na minha nova vida e ela era e é como uma filha para mim, não queria esquecer-me dela, percebem?

Acenei com a cabeça, então vi Charlie levantar-se e dirigir-se a mim e a Bella.

Amanhã, passa pela esquadra. Ele pensou. Tenho uma coisa para te entregar que a minha mãe te enviou.

Voltei a assentir e vi-o baixar-se para acordar Bella que, de facto, tinha adormecido nos meus braços.

- Bells. – Charlie chamou-a. – Vá lá, Bells. Está na hora de irmos embora.

Ela não abriu os olhos, apenas se aninhou mais no meu peito. Charlie não pareceu gostar do facto de Bella não se querer mover para sair do meu abraço. Tive vontade de sorrir, mas não podia. Inclinei-me na direcção de Bella e beijando-lhe a testa chamei-a.

- Bella, tens que acordar, querida. – Murmurei no seu ouvido.

- Não… - Ela resmungou, aninhando-se mais contra o meu peito. – Aqui está bom…

- Querida, eu sou muito frio. Tens de acordar… Está na hora de ires para casa. – Insisti, vendo-a abrir os olhos, contrariada. – Vá lá, Bella adormecida. Horas de acordar.

Ela soltou um pequeno rosnado de insatisfação e esfregou os olhos, afastando o sono das suas pálpebras e então levantou-se e começou a despedir-se de todos. Charlie fazia o mesmo, mas ele estava a demorar muito mais tempo do que Bella e eu seguia-a com o olhar calmamente, quando ela se decidiu despedir de mim, os seus olhos já estavam totalmente despertos e agora sustinham outra vez a indecisão e a tristeza brilhavam nas suas íris castanhas.

- Levas-me ao carro? – Ela perguntou, a sua voz estava nivelada com cansaço.

Assenti e segui-a para a porta da rua.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Twilight - a Magia do Amor" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.