Twilight - a Magia do Amor escrita por Sol Swan Cullen


Capítulo 11
10º Capítulo - Fantasma




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(Edward POV)

 

Eu não vi muito os convidados de Jasper nos dois dias soalheiros em que eles estiveram em Forks. Eu apenas fui de todo a casa para que Esme não se preocupasse. Caso contrário, a minha existência parecia mais a de um espectador do que a de um vampiro. Eu vagueava, invisível nas sombras, onde eu podia seguir o objecto do meu amor e obsessão – onde eu podia vê-la e ouvi-la nas mentes dos humanos sortudos que podia caminhar à luz do sol ao seu lado, às vezes acidentalmente esfregando as costas das suas mãos nas dela. Ela nunca reagia a tal contacto; as suas mãos eram tão quentes como as dela.

A ausência forçada da escola nunca tinha sido uma experiência como esta antes. Mas o sol parecia fazê-la feliz, então eu não podia ressenti-lo tanto. Qualquer coisa que lhe agradasse estava nas minhas boas graças.

Segunda de manhã, eu ouvi uma conversa que tinha o potencial de destruir a minha confiança e fazer o tempo passado longe dela, uma tortura. Contudo, quando acabou, melhorou o meu dia.

Eu tinha que sentir algum respeito por Mike Newton; ele não tinha simplesmente desistido e se afastado para curar as suas feridas. Ele tinha mais coragem do que eu tinha julgado ele ter. Ele ia tentar outra vez.

Bella tinha ido para a escola bastante cedo e, parecendo ter a intenção de apreciar o sol enquanto este durava, sentou-se num dos raramente usados bancos de picnic enquanto ela esperava pelo primeiro toque. O seu cabelo apanhava o sol de maneiras inesperadas, dando-lhe tons avermelhados que eu não tinha previsto.

Mike encontrou-a lá, desenhando outra vez, e estava animado com a sua sorte.

Era agonizante poder apenas observar, inútil, preso às sombras da floresta pela brilhante luz do sol.

Ela cumprimentou-o com entusiasmo suficiente para o fazer ficar maravilhado, e a mim o oposto.

Vês, ela gosta de mim. Ela não sorriria deste modo se não gostasse. Aposto que ela queria ir comigo ao baile. Pergunto-me o que haverá de tão importante em Seattle…

Ele percebeu a mudança no cabelo dela. – Nunca tinha reparado antes – o teu cabelo é avermelhado.

Eu acidentalmente parti o jovem ramo da árvore em que as minhas mãos estavam pousadas quando ele agarrou numa madeixa do cabelo dela entre os seus dedos.

- Só ao Sol. – Ela disse. Para minha profunda satisfação, ela afastou-se levemente dele quando ele pôs a madeixa atrás da sua orelha.

Levou um minuto a Mike para aumentar a sua coragem, gastando algum tempo em pequena conversa.

Ela relembrou-o do trabalho que todos tínhamos que entregar na quarta-feira. Pela leve expressão convencida no seu rosto, o seu já estava feito. Ele já se tinha esquecido, e isso diminuiu drasticamente o seu tempo livre.

Raios – estúpido trabalho.

Finalmente, ele chegou à questão – os meus dentes cerraram-se com tanta força que podiam pulverizar granito – e mesmo então, ele não conseguia obrigar-se a fazer a pergunta.

- Ia perguntar-te se querias sair.

- Ah. – Ela disse.

Houve um breve silêncio.

Ah? O que quer isso dizer? Vai ela dizer sim? Espera – acho que não perguntei mesmo.

Ele engoliu com força.

- Bem, nós podíamos ir jantar ou qualquer coisa… e eu podia fazer o trabalho depois.

Estúpido – isso também não foi uma pergunta.

Poderia eu concordar mais com este estúpido humano?

- Mike…

A agonia e a fúria do meu ciúme eram tão poderosas como se tivesse sido na semana passada. Parti outra árvore tentando segurar-me ali. Eu queria tanto correr através do pátio, demasiado depressa para os olhos humanos, e levá-la – roubá-la de ao pé daquele rapaz que eu odiava tanto neste momento que eu podia tê-lo morto e gostado disso.

Dir-lhe-ia ela que sim?

- Acho que não seria a melhor das ideias.

E respirei outra vez. O meu corpo rígido relaxou.

Seattle era apenas uma desculpa, afinal de contas. Não devia ter perguntado. Em que estava eu a pensar? Aposto que é aquele anormal, Cullen…

- Porquê? – Ele perguntou soturnamente.

- Julgo… - Ela hesitou. – E se alguma vez repetires o que eu vou dizer neste preciso momento, eu terei todo o prazer em espancar-te até à morte…

Gargalhei-me alto ao som da ameaça de morte vinda dos seus lábios. Assustando um pássaro que fugiu para longe de mim.

- Mas acho que isso feriria os sentimentos da Jessica.

- Da Jessica? O quê? Mas… Ah. Ok. Suponho… Então… Huh.

Os seus pensamentos já não eram coerentes.

- Sinceramente, Mike, tu és cego?

Eu ecoei os seus sentimentos. Ela não devia esperar que todos fossem tão perceptivos como ela era, mas realmente neste momento era para além do óbvio. Com tanto problema como Mike tinha tido para convidar Bella para sair, imaginava ele que seria tão difícil convidar Jessica? Deve ser o egoísmo que o fazia tão cego para os outros. E Bella era tão altruísta, ela via tudo.

Jessica. Huh. Wow. Huh. – Ah! – Ele conseguiu dizer.

Bella usou a confusão dele para fazer a sua saída.

- Está na hora da aula, e eu não posso voltar a atrasar-me.

A partir dai, Mike tornou-se num ponto de vista com que eu não podia contar. Ele descobriu, enquanto ele virava a ideia de Jessica em redor da sua cabeça, que ele até gostava do pensamento de ela achá-lo atraente. Era um segundo lugar, não tão bom como se Bella se tivesse sentido desse modo.

Ela é gira, também, acho eu. Corpo decente. Um pássaro na mão…

Ele desligou-se então, para novas fantasias que eram tão vulgares como as outras com Bella, mas agora elas apenas irritavam em vez de enfurecerem. Quão pouco ele merecia uma das duas; elas eram quase imutáveis para ele. Eu fiquei fora da sua cabeça depois disso.

Quando ela estava fora de vista, eu agachei-me contra o grande tronco de uma enorme e velha árvore e dancei de mente em mente, mantendo-a à vista, sempre contente quando Angela Weber estava disponível para servir de observador. Eu desejava que houvesse alguma maneira de agradecer à rapariga Weber por simplesmente ser uma pessoa simpática. Isso fazia-me sentir melhor por pensar que Bella tinha um amigo que valia a pena ter.

Eu observei a face de Bella de qualquer ângulo que me fosse dado, e eu podia ver que ela estava triste outra vez. Isto surpreendeu-me – eu pensei que o sol seria o suficiente para a fazer sorrir. Ao almoço, eu vi-a olhar de tempos a tempos para a mesa vazia dos Cullen, e isso animou-me. Deu-me esperança. Talvez ela também sentisse a minha falta.

Ela tinha planos para sair com as outras raparigas – eu automaticamente planeei a minha própria vigia – mas estes planos foram cancelados quando Mike convidou Jessica para sair no encontro que ele tinha planeado para Bella.

Então fui direito para a casa dela em vez disso, fazendo uma rápida ronda nos bosques para ter a certeza de que ninguém perigoso tinha vagueado demasiado próximo. Eu sabia que Jasper tinha avisado o seu antigo irmão para evitar a cidade – citando a minha insanidade como ambos explicação e aviso – mas eu não baixava a guarda. Peter e Charlotte não tinham intenção de causar nenhuma animosidade com a minha família, mas intenções era coisas que mudavam…

Tudo bem, eu estava a exagerar. Eu sabia disso.

Como se ela soubesse que eu estava a observá-la, como se ela soubesse da agonia que eu sentia quando eu não podia vê-la, Bella veio para o jardim de trás depois de uma longa hora dentro de casa. Ela tinha um livro na sua mão e um lençol no seu braço.

Silenciosamente, subi para o ramo mais alto da árvore mais próxima observando o jardim.

Ela estendeu o lençol na relva e então deitou-se de barriga para baixo e começou a folhear o velho livro, como se tentando encontrar onde tinha ficado. Eu li sobre o seu ombro…

Ah – mais clássicos. Ela era uma fã de Jane Austen.

Ela leu rapidamente, cruzando e descruzando os seus tornozelos no ar. Eu observava a luz do sol e o vento a brincar com os seus cabelos quando o seu corpo subitamente estremeceu, e a sua mão congelou na página. Tudo o que vi foi que ela alcançou o capítulo três quando ela bruscamente agarrou num fino marcador e o atirou na página.

Eu apanhei de relance o título da página, O Parque dos Mansfield. Ela estava a começar uma nova história – o livro era uma compilação de romances. Perguntei-me porque teria ela mudado de histórias tão abruptamente.

Apenas uns momentos depois, ela fechou o livro furiosamente. Com uma careta feroz na sua face, ela pôs o livro de parte e deitou-se de costas. Ela respirou fundo, como se se tentasse acalmar, puxou as suas mangas para cima e fechou os seus olhos. Lembrava-me do livro, mas não conseguia pensar em nada de ofensivo nele que a pudesse aborrecer. Outro mistério. Suspirei.

Ela deitou-se muito quieta, movendo-se apenas às vezes para afastar os cabelos da cara. Ele afastou-se sobre a cabeça dela, um rio de castanho. E então ela ficou quieta outra vez.

A sua respiração abrandou. Depois de vários longos minutos os seus lábios começaram a tremer. Murmurando durante o seu sono.

Impossível de resistir. Ouvi tão longe quanto podia, apanhando vozes nas casas vizinhas.

Duas colheres de farinha… um copo de leite…

Vá lá! Lança o para o cesto! Oh, vá lá!

Vermelho, ou azul… ou talvez eu deva usar algo mais casual…

Não havia ninguém por perto. Saltei para o chão, aterrando silenciosamente nos meus pés.

Isto estava errado, demasiado arriscado. Quão condescendentemente já tinha eu julgado Emmett pelos seus modos impensados e Jasper pela sua falta de disciplina – e agora eu estava conscientemente a quebrar todas as regras com um abandono selvagem que os seus lapsos parecerem nada. Eu costumava ser o responsável.

Suspirei, mas expus-me à luz do sol, descuidadamente.

Evitei olhar-me na claridade do sol. Já era mau o suficiente que a minha pele fosse pedra e desumana na sombra; eu não queria olhar para Bella e eu lado a lado na luz do sol. A diferença entre nós já era insondavelmente dolorosa o suficiente sem também esta imagem na minha cabeça.

Mas eu não conseguia ignorar o arco-íris brilhante que se reflectia na pele dela quando me aproximei. O meu maxilar cerrou-se à vista. Poderia eu ser mais anormal? Imaginei o seu terror se ela abrisse os seus olhos agora…

Comecei a recuar, mas ela murmurou outra vez, segurando-me ali.

- Hum… Hum.

Nada inteligível. Bem, eu podia esperar mais um pouco.

Eu cuidadosamente roubei o seu livro, esticando o meu braço e prendendo a respiração enquanto estava perto, apenas por precaução. Comecei a respirar outra vez quando estava a uns metros de distância, saboreando o modo como a luz do sol e o ar livre afectavam o seu odor. O calor parecia adoçar o cheiro. A minha garganta incendiou-se com desejo, o fogo fresco e feroz outra vez porque eu tinha estado longe dela por muito tempo.

Passei um momento controlando isso, e então – forçando-me a respirar através do nariz – deixei o seu livro abrir-se nas minhas mãos. Ela tinha começado com o primeiro livro… Voei pelas páginas rapidamente para o terceiro capítulo de Sensibilidade e Bom Senso, procurando por algo potencialmente ofensivo na prosa excessivamente educada de Austen.

Quando os meus olhos pararam automaticamente no meu nome – a personagem Edward Ferrars a ser introduzida pela primeira vez – Bella falou novamente.

- Hum. Edward. – Ela suspirou.

Desta vez não temi que ela tivesse acordado. A sua voz era apenas um baixo e desejoso murmúrio. Não o grito de medo que deveria ter sido se ela me tivesse visto agora.

Alegria guerreou com o auto-aborrecimento. Ela continuava a sonhar comigo, pelo menos.

- Edmund. Ahh. Demasiado… perto…

Edmund?

Ah! Ela não estava a sonhar comigo de todo, percebi brancamente. O auto-aborrecimento voltou em força. Ela estava a sonhar com personagens fictícias. Tanto para a minha compreensão.

Devolvi o seu livro, e voltei para a cobertura das sombras – onde eu pertencia.

A tarde passou e eu observei, sentindo-me inútil outra vez, enquanto o sol lentamente desapareceu do céu e as sombras arrastaram-se através do relvado em direcção a ela. Eu queria puxá-las de volta, mas a escuridão era inevitável; as sombras apanharam-na. Quando a luz desapareceu, a sua pele parecia demasiado pálida – fantasmagórica. O seu cabelo estava escuro outra vez, quase preto contra a sua face.

Era uma coisa assustadora de se observar – como testemunhar a visão de Alice realizar-se. O estável e forte batimento cardíaco de Bella era a única segurança, o som que fazia este momento não parecer um pesadelo.

Fiquei aliviado quando o pai dela chegou a casa.

Eu podia ouvir pouco dele enquanto ele guiou rua abaixo até à casa. Alguma vaga irritação… no passado, algo do seu dia no trabalho. Expectativa misturada com fome – supus que ele estivesse ansioso pelo jantar. Mas os seus pensamentos eram tão sossegados e contidos que eu não conseguia ter a certeza de estar certo; eu apenas apanhava a substância deles.

Perguntei-me como soaria a sua mãe – qual combinação genética tinha sido que a tinha formado tão única. Perguntei-me também se seria capaz de ouvir os pensamentos da sua irmã gémea, se seriam idênticas nisso.

Bella começou a acordar, sentando-se bruscamente quando os pneus do carro do seu pai atingiram o chão ladrilhado. Ela olhou à sua volta, parecendo confusa pela escuridão inesperada. Por um breve momento, os seus olhos tocaram a sombra onde me escondia, mas afastaram-se rapidamente.

- Charlie? – Ela chamou numa voz baixa, ainda olhando as árvores que rodeavam o pequeno jardim.

A porta do carro dele fechou-se, e ela olhou na direcção do som. Ela levantou-se rapidamente e recolheu as suas coisas, lançando mais um olhar na direcção dos bosques.

Mudei-me para uma árvore mais próxima da janela traseira perto da pequena cozinha, e ouvi a sua noite. Era interessante comparar as palavras de Charlie com os seus pensamentos confusos. O seu amor e preocupação por esta filha eram quase opressivos, e ainda assim as suas palavras eram sempre tensas e casuais. Na maior parte do tempo, eles sentavam-se num silêncio confortável.

Ouvi-a discutir os seus planos para a noite seguinte em Port Angeles, e redefini os meus próprios planos enquanto ouvia. Jasper não tinha avisado Peter e Charlotte para se afastarem de Port Angeles. Ainda que eu soubesse que eles se tinham alimentado recentemente e não tinham intenção de caçar em qualquer lugar na vizinhança da nossa casa, eu poderia observá-la, apenas por precaução. Afinal de contas, havia sempre outros da minha espécie por aí. E então, todos aqueles perigos humanos que eu nunca tinha considerado muito antes de agora.

Ouvi-a preocupar-se em voz alta sobre deixar o seu pai preparar o seu jantar sozinho, e sorri com esta prova para a minha teoria – sim, ela gostava de tomar conta das pessoas.

Depois de ouvir as palavras de Charlie sobre aquele assunto, fiquei curioso quando ele comentou que ela se parecia cada vez mais com a sua avó e com a sua tia. Pelos vistos, eles não eram uma família tão pequena como todos pensavam.

E então parti, sabendo que voltaria quando ela estivesse a dormir.

Eu não trespassaria a sua privacidade do modo como um rapaz olheiro faria. Eu estava aqui para a sua protecção, não para olhar de soslaio para ela do modo que Mike Newton, sem dúvida, olharia, era ele ágil o suficiente para se mover de ramo em ramo como eu conseguia. Eu não a ameaçaria tão estupidamente.

A minha casa estava vazia quando regressei, o que estava bem por mim. Eu não sentia falta dos confusos ou deprimentes pensamentos, questionando a minha sanidade. Emmett tinha deixado um recado preso ao poste mais recente.

Futebol no campo chuvoso – vá lá! Por favor?

Encontrei uma caneta e escrevinhei a palavras desculpa por baixo do seu apelo. As equipas estavam equilibradas sem mim, de qualquer modo.

Fui na mais curta caçada, contentando-me com mais pequenas e mais gentis criaturas que não sabiam tão bem como os caçadores, e então mudei para roupas frescas e corri de volta a Forks.

Bella não dormiu tão bem esta noite, Ela remexeu-se nos cobertores, a sua cara às vezes preocupada, outras vezes triste. Perguntei-me que pesadelo a assombrava… e então apercebi-me de que talvez eu não quisesse realmente saber.

Quando ela falou, ela murmurou na maioria revogáveis coisas sobre Forks numa voz mal-humorada. Apenas uma vez, quando ela suspirou as palavras – Volta – e a sua mão se abriu – um apelo silencioso – eu tive uma hipótese de esperar que ela estivesse a sonhar comigo.

No dia seguinte de escola, o último dia em que o sol me faria prisioneiro, foi muito parecido com o dia anterior. Bella parecia ainda mais mal-humorada que no dia anterior, e eu perguntei-me se ela não iria cancelar os seus planos – ela não parecia estar para aí virada (e eu desejava em grande parte isso).

Mas, sendo Bella, ela iria provavelmente por o divertimento das suas amigas acima do seu próprio.

Ela usou uma blusa azul-escura hoje, e a cor combinava perfeitamente com a sua pele, fazendo-a parecer de um creme fresco.

A escola acabou, e Jessica concordou em apanhar as outras raparigas – Angela também ia, pelo que eu estava grato.

Fui a casa buscar o meu carro. Quando descobri que Peter e Charlotte lá estavam, decidi que podia suportar dar às raparigas uma hora ou mais de avanço. Eu nunca seria capaz de suportar seguir atrás delas, conduzindo ao limite de velocidade – pensamento hediondo.

Entrei pela cozinha, acenando vagamente para os cumprimentos de Esme e Emmett enquanto passei por todos na sala da frente e fui directamente para o piano.

Ugh, ele está de volta, Rosalie, claro.

Ah, Edward. Eu detesto vê-lo a sofrer tanto. A alegria de Esme estava a tornar-se estragada pela preocupação. Ela devia estar preocupada. Esta história de amor que ela tinha previsto para mim estava a encaminhar-se para uma tragédia mais perceptivelmente a cada momento.

Diverte-te em Port Angeles esta noite, Alice pensou alegremente. Diz-me quando eu puder falar com a Bella.

Tu és patético. Eu não acredito que tu perdeste o jogo da noite passada apenas para ver alguém dormir, Emmett resmungou.

Jasper não se importou comigo, mesmo quando a canção que eu toquei saiu um pouco mais tempestuosa do que eu pretendia. Era uma canção antiga, com um tema familiar: impaciência. Jasper estava a dizer adeus aos seus amigos, que me olharam curiosamente.

Que criatura tão estanha, a Charlotte do tamanho de Alice com cabelos loiros esbranquiçados estava a pensar. E ele era tão normal e agradável da última vez que nos encontrámos.

Os pensamentos de Peter estavam em sincronia com os delas, como era normalmente o caso.

Deve ser dos animais. A falta de sangue humano enlouquece-os eventualmente, ele estava a concluir. O cabelo dele era tão claro como o dela, e quase tão longo. Eles eram muito parecidos – excepto pelo tamanho, visto que ele era quase tão alto como Jasper – tanto em aparência como em pensamento. Um par bastante compatível, sempre tinha julgado.

Todos menos Esme pararam de pensar sobre mim depois de um momento, e eu toquei em tons mais vencidos para que não atraísse as atenções.

Eu não lhes prestei atenção por um longo tempo, apenas deixando a música distrair-me do meu pouco à vontade. Era difícil ter a rapariga fora de vista e da mente. Eu apenas devolvi a minha atenção à conversa deles quando o adeus final se aproximou.

- Se vires a Maria outra vez, - Jasper estava a dizer, um pouco secamente, - diz-lhe que lhe mando cumprimentos.

Maria era a vampira que tinha criado ambos Jasper e Peter – Jasper na metade tardia do século dezanove, Peter mais recentemente, nos anos 40. Ela tinha procurado Jasper uma vez quando nós estávamos em Calgary. Tinha sido uma visita cheia de acontecimentos – tivemos que nos mudar imediatamente. Jasper tinha-lhe pedido educadamente para manter a sua distância no futuro.

- Não imagino que isso vá acontecer em breve. – Peter disse com uma gargalhada – Maria era inegavelmente perigosa e não havia muito amor perdido entre ela e Peter. Peter tinha, afinal, sido instrumental na detenção de Jasper. Jasper tinha sido sempre o favorito de Maria; ela considerava um detalhe menor que ela tinha uma vez planeado matá-lo. – Mas, deve acontecer, eu certamente irei.

Eles estavam a apertar as mãos então, preparando-se para partir. Eu deixei a música que eu estava a tocar encaminhar-se para um insatisfatório fim, e meti-me apressadamente de pé.

- Charlotte, Peter. – Disse, acenando.

- Foi bom ver-te novamente, Edward. – Charlotte disse duvidosamente. Peter apenas acenou de volta.

Louco, Emmett atirou-me.

Idiota, Rosalie pensou ao mesmo tempo.

Pobre rapaz. Esme.

E Alice, num tom de censura. Eles vão directos para este, para Seattle. Para nenhum sítio perto de Port Angeles. Ela mostrou-me a prova nas suas visões.

Fingi que não tinha ouvido aquilo. As minhas desculpas já eram frágeis o suficiente.

Uma vez no meu carro, senti-me mais relaxado; o robusto ronronar do motor que Rosalie me tinha arranjado – no ano passado, quando ela estava num humor melhor – era suave. Era um alívio estar em movimento, saber que eu estava a aproximar-me de Bella com cada quilómetro que voava sob os meus pneus.


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