I'm don't fine anymore. escrita por Sarahsensei


Capítulo 1
I'm (not) fine (anymore)


Notas iniciais do capítulo

Primeiro de tudo, eu não sei escrever tão bem quanto a Ivi Wolf, mas tô tentei. ~
Segundo, não sei se consegui passar todas as emoções do Tsukki no texto, então a opinião de vocês é importante.
Terceiro, leiam a fic da Ivi Wolf para entenderem melhor a minha.
Quarto,espero que gostem da leitura.



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Não houve mensagens de bom-dia vindas de Yamaguchi naquela manhã.

Aquilo não deveria incomodá-lo tanto, afinal seu melhor amigo não assinara nenhum contrato que o obrigasse a mandar mensagens de bom-dia, mas... Mas algo sentia-se estranhamente fora do lugar. O ar parecia rarefeito; sua cama não estava morna como de costume; sua constante apatia cresceu três vezes mais sem quaisquer motivos aparentes. Suspirou colocando os óculos. Hoje definitivamente seria um daqueles dias em que tudo ultrapassava o limite do chato e do monótono.

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Yamaguchi não estava no ponto fixo onde eles sempre se encontravam para irem juntos ao colégio. O primeiro pensamento de Tsukishima foi que o outro havia se atrasado e que em breve chegaria, porém, após quase quinze minutos esperando, acabou percebendo que ninguém viria ao seu encontro.

Arqueou a sobrancelha, perguntando-se mentalmente se o moreno faltaria a escola mesmo sabendo que os exames seriam realizados na próxima semana. Não, é muito provável que não. O garoto de sardas sempre foi muito preocupado com suas notas para faltar na semana preparatória. Alguma coisa deveria ter acontecido com ele para que faltasse. Ou talvez hoje fosse recesso escolar como aquela mensagem deixara implícito na noite anterior.

Ainda que...

Ainda que seus sentidos apontassem para a ideia de que alguma coisa acontecera ao seu tímido companheiro, preferiu acreditar no possível recesso escolar “surpresa”. Colocou os headfones para escutar qualquer música que levasse sua mente para longe dos pensamentos obscuros. Entregando-se a um impulso, pegou o celular e digitou um simples “bom dia”.

Olhou para o caminho a sua frente... Poderia dar meia volta e ir para casa.... Poderia ir até o colégio e saber se teria ou não aula...

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Optou por ir ao colégio (já estava de farda e mochila mesmo).

Os portões estavam fechados, e nas grades, um aviso em letras garrafais.

HOJE NÃO HAVERÁ AULA!

Foi recepcionado por sussurros e soluços de alguns alunos remanescentes nas proximidades do prédio. Por que os idiotas choravam como bebês quando claramente não haveria aula? Geralmente era ao contrário. Geralmente os idiotas comemoravam como os idiotas que eram. Queria que Tadashi estivesse ali para escutar seus comentários sarcásticos. Tsk, o jeito era contentar-se com observações venenosas mentais.

Um grupo de meninas o avistou e veio aos tropeços em sua direção. Elas mantiveram uma distância razoável, deram seus pêsames (?!) e saíram. Ele quis pará-las e pergunta-las por que demônios haviam desejado os pêsames sem mais nem menos. Ninguém em sua família havia morrido. Estariam loucas? O confundiram com outra pessoa? Deu de ombros, revirando os olhos. Não era problema dele.

“Como você sabia que não ia ter aula hoje?”

Enter.
Mensagem enviada.
Destinatário: Yamaguchi Tadashi

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A quantidade de jogadores da equipe de vôlei de Karasuno na quadra era uma estimativa de 0 pessoas com margem de erro de 0,0%. Uma quantidade incrível em sua opinião. Pôs as mãos nos bolsos. Por que o lugar estava vazio, trancado e escuro? Onde estavam o rei da quadra e seu fiel filhote de panda-vermelho? Nem no período de provas aqueles dois abandonavam o treino!

Será que ele fora em outra dimensão sem saber?

—E a cota de estranhezas de hoje só está aumentando. O que mais falta acontecer? Alienígenas invadirem minha casa? — Resmungou com um sorriso irônico nos lábios. O celular vibrou. Infelizmente não era nada importante. Apenas uma mensagem de Suga perguntando se o loiro estava bem. Por que ele não estaria? Yamaguchi ainda não respondera nenhuma das mensagens. Estaria ele dormindo até agora? Ou doente? Ou com o celular descarregado?

Nunca admitiria em voz alta (nem mesmo em um milhão de anos), mas sentia-se solitário sem o outro ao redor (claro que essa solidão possuía qualquer relação com a culpa de ter rejeitado os sentimentos do melhor amigo há dois dias atrás com uma mentira). Arregalou os olhos quando a ficha caiu. A justificativa para as mensagens não respondidas era tão óbvia....

“Você está me ignorado? É por causa da declaração? A minha resposta te magoou muito? Me desculpe, Yamaguchi, não era minha intenção.”

Salvo nos rascunhos. .
Mensagem não enviada.
Destinatário: ... Alguém a quem eu deveria pedir perdão de joelhos.

Seu polegar parou a milímetros do enter.

Ser direto ou não ser direto?

Mandar ou não mandar um pedido de desculpas anexado a pergunta cuja resposta era dolorosamente clara?

Deveria acrescentar um “continuaremos amigos?” ou seria muito descaramento?

Tsukishima nunca foi do tipo de cara que faz rodeios, entretanto, para Tadashi conseguir ignorá-lo por tanto tempo... O melhor que poderia fazer era ser sutil e cuidadoso com as palavras.

“Todo mundo sumiu. E quando eu digo todo mundo é todo mundo! A equipe não está treinando. Nem o rei, nem a rainha estão na quadra. Que porra tá acontecendo com o universo hoje?”

Enter.
Mensagem enviada.
Destinatário: Seu amigo que provavelmente está chorando até agora devido a sua insensibilidade.


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Em vez de voltar para casa, viu-se vagando sem rumo pelas ruas. Mentira. Conhecia bem onde seus pés estavam levando-lhe. A casa de Tadashi ficava a dois quarteirões dali. Não sabia se seria bem recebido na casa do amigo depois de ter dito que estava muito ocupado para vê-lo. Ou algo parecido. Iria contrariar as próprias palavras. Foda-se. Agora que sabia que o moreno o evitava por estar chateado com a rejeição, não conseguiria ficar em paz até que resolvesse o assunto de uma vez por todas.

Surpreendeu-se ao deparar-se com o filhote de panda-vermelho (a rainha) de Kageyama Tobio, também conhecido por Hinata Shouyo, chorando “rios e oceanos” sentado na calçada. E o dito (namorado) Kageyama consolando-o. Bufou. A escola não abrira as portas naquele dia por que era o feriado do sumiço e do chororô? Apressou o passo, querendo sair de perto deles antes que sua presença fosse notada. Infelizmente, karma é karma, Hinata murmurou seu nome entre soluços. O rei da quadra desviou o olhar de sua rainha para fita-lo.

Os olhos azuis-aço do levantador encontraram-se com os seus. No fundo daquelas piscinas frias descasavam pesares desconhecidos. Sua segunda surpresa em menos de um minuto. A fachada carrancuda do companheiro de equipe desmanchara-se em uma face limpa e tristonha. Tsukishima sentiu um arrepio acariciar sua espinha. O que acontecera com os dois para que estivessem tão abalados? Virou o rosto determinado a ignorá-los. Não era da conta dele o que os outros sentiam ou deixavam de sentir.


“Encontrei o rei e a rainha na rua. Eles estão agindo de um jeito (muito mais) bizarro (e pegajoso do que o normal), você sabe por quê? Enfim, estou indo aí...”

Enter.
Mensagem enviada.
Destinatário: que Kei esperava que não pulasse a janela após ler a última frase.


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Todos os acontecimentos até o momento serviram de prelúdio para a desgraça que decaiu sobre a cabeça de Tsukishima Kei no exato instante que ele pôs os pés na calçada da casa do melhor amigo. Não, não no exato instante que pôs os pés na calçada da casa do melhor assim, e, sim, no exato instante que ouviu a voz embargada da vizinha. Não, não quando ouviu a voz da embargada da vizinha, foda-se a voz embargada da vizinha, foram as palavras que ela dissera que o fizeram prender a respiração.

Yamaguchi Tadashi não estava em casa.

Seus pais não estavam em casa.

Ninguém estava em casa.

Portas trancadas.

Janelas fechadas.

Um clima sombrio decorava a casa uma vez acolhedora.
O clima sombrio quase o fez correr para longe.

Mas seus pés haviam se pregado no chão devido a notícia que acabara de escutar.

O loiro estava em choque. Sentiu os joelhos fraquearem. Apoiou-se na parede, sentindo lágrimas rolarem por suas bochechas e mancharem seus óculos. NÃO PODIA SER VERDADE! NEGAVA-SE A ACREDITAR! NÃO PODIA SER VERDADE! NÃO PODIA! NÃO PODIA! NÃO PODIA! NÃO PODIA! NÃO PODIA SER VERDADE! NEGAVA-SE A ACREDITAR! NÃO PODIA SER VERDADE! NÃO PODIA! NÃO PODIA! NÃO PODIA! NÃO PODIA! NÃO PODIA SER VERDADE! NEGAVA-SE A ACREDITAR! NÃO PODIA SER VERDADE! NÃO PODIA! NÃO PODIA! NÃO PODIA! NÃO PODIA! NÃO PODIA SER VERDADE! NEGAVA-SE A ACREDITAR! NÃO PODIA SER VERDADE! NÃO PODIA! NÃO PODIA! NÃO PODIA! NÃO PODIA! ... Por favor, Deuses, que a vizinha houvesse julgado errado a comoção de enfermeiros na casa do seu melhor amigo.

Yamaguchi Tadashi cometera suicídio na noite anterior.

“Por que você fez isso? POR QUE VOCÊ FEZ ISSO? Os bullies voltaram a te insultar? Aquelas meninas idiotas voltaram a te ridicularizar por causa das sardas? Duvidou de suas habilidades no jogo mais uma vez? Foi algum problema familiar? ... Eu fui o culpado? Eu fui o culpado por isso, Tadashi? A minha rejeição te machucou tão profundamente que até mesmo a vontade de viver se esvaiu? Eu menti, Tadashi, eu menti! Puta que pariu! Puta que pariu, Tadashi, eu menti por que não sabia como te responder! Eu nunca quis que isso acabasse assim... Eu posso não te amar como você queria que eu amasse, mas eu te amo. EU TE AMO. “

Enter.
Mensagem enviada.
Destinatário: ... Já está muito distante para receber a mensagem.

Fim...


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado.