Love me Harder escrita por Grind


Capítulo 4
Capítulo 4 - Fora


Notas iniciais do capítulo

Hello, it's me! Perdão pela demora, venho travada em desenvolver esse cap pelo menos umas duas semanas, e com a volta as aulas as coisas vem andado uma loucura. No entanto, aqui está! :3 Boa Leitura miguxos, nos vemos nos comentários!
P.S.: Muitíssimo obrigada a Diamoxd pela recomendação ♥ Veio no momento certo, pq além da alegria de saber que alguém recomenda a minha fic ^^ eu bem que estava precisando de uma levantadinha no alto-astral. Valeuzão, cap dedicado a ti. Beijocas
Grind~*



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Love me Harder / Capítulo 4 – Fora

— Você devia ter dado a ele uma chance.

— Meu Deus, por quanto tempo ainda mais vão repetir isso?

— Feito um charme, ter dado a entender que estava a fim, ele é médico, não pode ser tão lento. – Foi a vez de Duda fazer o comentário, e aquilo me fez revirar os olhos.

— Não use a desculpa de ele ser médico pra justificar qualquer coisa que ele faça ou comente, eu fiz o mesmo e levei a bela de uma indireta.

— Tanto faz – Ela deu de ombros, disfarçando o ódio de ser contrariada.

E eu revirei os olhos outra vez, um vicio cada vez mais constante conforme as babaquices que estava sendo obrigada a ouvir, simplesmente não gostava quando Duda resolvia fazer comentários sobre qualquer possível interesse meu, ela era muito mais amiga de Sthella do que minha, e muito menos confiável.

— Até quando esse seu celibato vai durar? – Sthella está completamente indignada, o rapaz que ela tanto gosta de paquerar deixa nossos pedidos sobre a mesa. Chá gelado para Duda, café expresso para Sthella, café com chocolate pra mim. Eles trocam um último sorriso antes dele voltar a trabalhar.

— Por que vocês não se pegam de uma vez?

— Estragaria a magia – Ela da de ombros.

— Não importa mais, não temos nenhum motivo pra vê-lo de novo.

— Ah não ser que ele queira ver você – Duda se encolheu com um sorriso perverso.

— Acho que eu já escutei besteira suficiente de vocês duas por hoje – Eu me ergui louca para voltar ao trabalho e ocupar a cabeça com qualquer coisa que não fosse Dr. Dantas ou hipóteses de Dona Sthella. Eu tinha que arejar a mente ou acabaria enlouquecendo.

— Não da pra viver sem sexo por toda eternidade Manu – Sthella ficou de pé, falando mais alto que seria aceitável – E você tem tudo pra fazer ele babar por você.

Eu gargalhei, gargalhei alto. Ela só podia estar tirando com a minha cara, levei a mão a barriga quando me veio aquela pontada por respiração incorreta e ainda assim não conseguia me conter, as pessoas nos encaravam, assustadas o absortas.

— Uau – Uma voz de fora fez minha garganta se fechar.

Era ele, parado, bem ali a nossa frente, os olhos brilhando como constelações, a energia positiva quase palpável. Oh Deus, teria ele ouvido o comentário de Sthella? Tinha me escutado rir como uma maluca?

O sorriso perverso de Duda, ainda sentada não me passou despercebido.

— Oi – A voz não veio de mim, Sthella parecia tão nervosa quanto eu.

— Olá – Abriu o maior sorriso do mundo – Tudo bem?

— Tudo – Lhe devolveu um sorriso discreto, porque eu ainda estava em estado de choque.Com as mãos geladas. – E você?

— Vou bem – Concordou e jogou o olhar curioso sobre mim.

Mantenha-se em pé, mantenha-se em pé. Ele nem disse nada ainda.

— E o pulmão?

Meu cérebro levou alguns segundos para processar.

— Vai bem – Foi tudo que consegui dizer com um sorriso sem graça. Ele balançou a cabeça na direção de Duda que fez o mesmo.

— Pena que já estávamos de saída – Sthella virou e pegou a bolsa pendurada na cadeira em uma velocidade surpreendente – Foi bom te ver de novo – Abriu um sorriso solene, enquanto ameaçava Duda com o olhar se ela não se levantasse.

Não me deixem sozinhas, não me deixem sozinhas.

E com acenos de cabeça, as duas se afastaram em passos rápidos, lançando todos os tipos de sorrisos sugestivos pra mim enquanto saiam pela porta.

Ele pregou o olhar no chão antes de voltar a me olhar.

— Do que estavam rindo?

Da hipótese de transarmos, só pra eu sair da seca.

— Piada interna.

— Oh – Houve uma pontada de desapontamento em sua voz – Adoraria ouvi-la rir de novo enquanto me conta.

Ai meu pai do céu.

Não sei se fiquei tão vermelha quanto o meu rosto queimou, mas realmente esperava que não, porque ele mantinha  sorriso bobo na cara enquanto esperava uma resposta. A questão era que, cantadas não eram a minha especialidades, mas fugir delas.

— Sou péssima em contar piadas – Dei de ombros, procurando manter os pés estáveis no chão – Peço a Sthella pra te contar na próxima vez que se encontrarem. - Porque ela provavelmente lhe daria uma ficha de como as minhas qualidades superam meus defeitos, e faria uma palestra de como deveria me conquistar. – O que está fazendo aqui?

Tive a sensação de que ele também pareceu voltar a realidade.

— Estou no meu horário de almoço – Olhou o relógio de pulso, que cobria algumas das tatuagens junto com a camisa social branca, a gravata azul cobalto se destacando no peito. – Então pensei em passar aqui.

Você tem um restaurante Manu, ele está no horário de almoço e quer comer, vocês se conhecem. Vai um descontinho ai?

Parte da minha alegria de desvaneceu.

— Claro! – Procurei disfarçar, indicando a mesa em que estivera – Fique aqui mesmo, já chamo alguém pra te servir, pode pedir o que quiser.

Ele afirmou com a cabeça e puxou a cadeira, eu me virei, indo o mais rápido que podia dentro do aceitável até a cozinha.

— Dan! – Um dos funcionários ergueu a cabeça, a bandeja com pratos sujos recolhidos em uma das mãos – Mesa 13, seja o mais cortez possível.

Ele afirmou, deixando a bandeja para qualquer outro e trocando o avental encardido para outro mais limpo, eu sempre podia contar com Dan. E então caminhei até o quartinho ao fundo que mantinha como eu escritório, desabando na cadeira, respirando fundo. Meu celular vibrou no bolso do jeans

— Cadê você? – A voz histérica de Sthella fez com que afastasse o aparelho celular da orelha por impulso – Não achou que eu ia embora e perder vocês dois né, porque tu saiu? Estou vendo tudo de longe e não me parecem terem brigado pra que você desse as costas.

— Ele só veio almoçar – Retruquei – Não espere que eu fique no cangote dele só ter decidido vir até aqui.

— Sim, espero – Suspirou – Não pode ter vindo só pela maldita comida, tem pelo menos umas dez lanchonetes perto da hospital, todas com preços baratos – Não discordei porque Sthella passara tempos demais frequentando hospitais por causa do irmão mais novo – E seu restaurante, não pé um meia boca pra qualquer pé rapado fazer uma boquinha.

— Ele não é um pé rapado – Revirei os olhos.

— Não, mas ainda é dinheiro demais pra se gastar numa almoço corrido de 20 minutos num dia comum.

— E mesmo o que eu vá lá, o que eu digo? – Estava mais do que exasperada, não queria dar em cima de ninguém, fazer a fácil interessada ou qualquer coisa do tipo, tudo o que eu menos precisava era parecer desesperada.

Como se pudesse ler meus pensamentos ela bufou.

— Não vou dizer o que tem que falar, porque tem que ser de você, se não seria uma Sthella divosa dentro da Manu trouxa.

— Valeu a ajuda amiga.

— Não a de quer amiga. Vou deixar de espiar se isso faz de você mais a vontade, Cesar me ligou.

— Vocês não tinham terminado?

— É difícil esperar pela pessoa certa, quando a errada fode bem pra caralho.

E desligou. Cobri o rosto com as mãos. Por que eu meu Deus? Por que?

Batidas interromperam minha linha de pensamentos, e com um murmúrio em resposta, Dan colocou a cabeça para dentro.

— Reclamações do bife Srta. – Ele engoliu duro.

Muito bem, eu era paciente com muita coisa, menos quanto a criticas na minha comida. A receita era minha, e os cozinheiros estavam comigo desde do inicio, inicio a tempo o suficiente para que eu soubesse que jamais dariam o tipo de bundada que fizesse Dan voltar com aquela cara de pavor.

— Qual mesa?

— Mesa 13.

Eu o encarei surpresa.

— Tem certeza?

— Absoluta.

Então eu estava de pé em um salto, querendo esquecer qualquer ideia que Sthella pudesse me mandar por mensagem e acabasse embaralhando ainda mais a minha mente. De volta ao salão, caminhando o mais discretamente possível. Eu o vi ao longe, sereno, saboreando a comida como qualquer longe, o olhar perdido, a gravata frouxa no pescoço.

Oh Deus.

Cruzei os braços quando finalmente parei, ao seu lado. Ele ergueu o olhar brevemente e depois voltou para a comida.

— Hey.

— O que aconteceu?

— Nada – Deu de ombros.

Mudei o peso de um pé para o outro, aquilo era algum tipo de brincadeira ou o quê?

— Por que eu estou aqui então?

Indicou a cadeira a frente com a cabeça, e contra a gosto eu me sentei.

— Você desapareceu, achei que voltaria então foi a única coisa em que pensei.

Franzi o cenho, e ele deixou o garfo cair sobre o prato.

— Não gosto de comer sozinho.

Okay, aquilo me atingiu como um tiro, bem no peito. Eu me remex desconfortável.

— Bem, estou aqui agora.

Ele sorriu, cúmplice, voltou para o prato.

— Está agitado por lá hoje?

— Está sempre agitado – Suspirou entre uma garfada e outra – Mas acho bom, assim consigo – O olhar dele vagou antes de continuar – Manter a cabeça ocupada.

Mordi o lábio inferior com força, porque não fazia ideia do que dizer.

Ai como aquilo tudo era ridículo, terrivelmente insuportável. Que merda eu estava fazendo? Qual a necessidade de ser simpática? Não é como se as coisas fossem entre nós dois não é e mesmo? Nunca dava. Queria levantar dali e eir embora, pra minha casa, pro meu quarto.

Me esconder debaixo do cobertor e refletir porque esses tipos de relações eram necessárias, porquê precisamos delas pra ser alguém no dia a dia, e se eram tão importantes por que era tão dificieis?

Socializar deveria ser fácil, ser simpático deveria ser fácil, viver deveria ser fácil.

Mostrar o que eu sentia não era exatamente a minha habilidade, a não ser que eu estivesse a ponto de explodir – e não era um explosão de sentimentos bons – Sthella sempre me advertia sobre essas coisas, que eu precisava ser mais romântica, que eu precisava ser mais carinhosa.

Tinha como ser mais alguma coisa? As vezes eu sentia que amava coisas de tamanha força que era impossível existir algo maior, e ainda assim não era o suficiente?  O que era suficiente?

— Você está bem? – A voz dele quebrou meu raciocínio louco.

— Não – Suspirei – O que estamos fazendo afinal de contas? – Ele se mostrou confuso – Não sou nenhuma especialista no assunto. Mas você chega ai todo cheio de sorrisos e simpatia como se realmente fossemos próximos – Ele abriu a boca para falar, mas eu continuei – Porque poxa, tenho certeza de que você tem muitas outras coisas pra fazer, da mesma maneira que eu tenho. Então se estamos naquela fase de aproximações sutis pra se conhecer melhor, já pode ir parando ai. Não é como se eu estivesse interessada.

Ele deixou a cabeça pender para trás, num suspiro longo e profundo.

— Se não queria ficar era só dizer.

— Eu quero, quero mesmo, mas me incomoda que seja assim que as coisas precisem acontecer. Não sou uma pessoa sociável, não me sinto bem sentando com estranhos e conversando como se fossemos parentes.

— E como as coisas funcionam pra você? – Empurrou o prato vazio a frente, os talheres unidos de um lado – Se já estou sendo negado antes mesmo de cogitar a hipótese de chama-la pra sair. De que maneira eu deveria fazer isso? Encontros ao acaso? Eu deveria te destratar, bancar o indiferente?

— Não sei, mas não faça parecer fácil. Não sei se percebeu, mas eu tenho uma amiga e meia, e nenhum namorado ou coisa do tipo no meu pé.

Ele bufou erguendo as mangas até os cotovelos, ignorando os olhares curiosos femininos que se ergueram na mesa vizinha. Quando abriu a boca para falar, meu celular vibrou no bolso e ergui a mão no ar, calando-o.

— Hey! – A voz masculina veio cheio de entusiasmo do outro lado.

Eu não recebia ligações de caras. Além de não ter contato com meus irmãos, e menos ainda com meu pai, duvidava muito que algum cara alheio tivesse meu numero.

— Desculpe, quem é?

— Eduardo.

— Eduardo? – Eu repeti mais do que perplexa, tínhamos nos visto uma única vez e de onde ele conseguira meu número. Pois Dr. Dantas pareceu gelar do outro lado da mesa, o cenho franzido, rugas se formando em volta dos olhos.

Nem mesmo ele sabia.

Como se lê-se meus pensamentos, soltou uma risada abafada.

— Duda me passou seu numero.

Por que aquilo não me surpreendia?

— Claro que ela passou.

— Liguei porque pensei que pudesse passar pra te pegar depois do trabalho hoje talvez se você quiser, pra darmos uma volta quem sabe.

Primeiro que nenhuma informação extraída de Duda era de graça, então certamente que tinha acontecido alguma coisa, o que justificava totalmente o sorriso perverso que lançara antes de ir embora. E dar uma volta, era nada mais nada menos do que um bom sexo casual.

— Hoje não vai dar – Tinha a resposta na ponta da língua – Dia de visitar minha irmã.

— Sexta talvez?

Eu cobri o celular com as mãos.

— Que dia é hoje?

Ele travou o maxilar, sério. Era como ver o cavalo de Troia passar pelos muros.

— Quarta.

— Claro, sexta está ótimo.

— Muito bem, depois a gente se fala.

Eu desliguei, jogando o aparelho celular com pouco caso sobre a mesa, suspirando.

— Seu amigo Carlos acabou de me convidar pra sair.

— Meu amigo Carlos é um cretino – Não era mais Betinho que falava, o extrovertido. Era legitimamente, Dr. Dantas, o médico, sério e sem paciência para brincadeiras ou trocadilhos – Tenho sido o mais aberto e sossegado possível e acaba de me dar o fora mais educado que já ganhei, e ainda aceita sair com meu amigo na minha frente. Sou eu quem vai por as cartas na mesa agora.

— Não sou do tipo que sai com caras como Carlos se é isso que está pensando, mas prefiro barra-lo na cara dele ao invés pelo telefone. Pode parecer cruel, mas a possibilidade dele insistir é praticamente nula.

Ele umedeceu os lábios, voltando a respirar fundo.

— Eu realmente espero que não esteja mentindo pra mim Manuela – Ele fechou os olhos, balançando a cabeça para o lado, lentamente, perigosamente. Os punhos fechados sobre a mesa – Porque-

— Por que o que? Não tenho motivos pra mentir.

Ele ficou de pé, vermelho, irado. Tirando o celular do bolso, abrindo janelas em uma velocidade incrível.

— Conversamos mais tarde, quando nós dois estivemos de melhor humor e melhores condições psicológicas.

Melhores condições psicológicas.

Eu gargalhei alto, alto como não deveria ser, alto como eu me repreendia a não fazer. Qual é, que espécie de boa imagem na minha posição de gerente eu ia passar? Mas eu me via incapaz de me conter.

Toda a tensão se esvaiu dele, os ombros caindo, o aperto no celular se tornando mais fraco, enquanto as constelações voltavam para seu olhar atrás dos óculos.

— “Melhores condições psicológicas” – Eu voltei a me engasgar de tanto rir – Pelo amor, fale a minha língua Dr. Dantas, porque se estamos em uma consulta, já vou avisando que não pago a parte.

Ele sorriu, cobrindo os olhos com as mãos.

— Você é completamente retardada. - Eu cobri o rosto, sentindo minha barriga se contrair enquanto meu rosto esquentava, incapaz de diminuir o sorriso. – Eu realmente tenho que ir, depois a gente se fala.


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