Love me Harder escrita por Grind


Capítulo 15
Capítulo 15 - Confissão




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Love me Harder / Capítulo 15 - Confissão

 

— Nossa — Houve uma pausa para se pensar nas coisas que eu havia contado — Isso tudo foi tão adulto. Eu não sei o que dizer exatamente pra você.

  Sthella me ouviu falar com muita calma, sem me interromper para comentários nem nenhuma coisa parecida. Levou a xícara de café aos lábios com calma, o olhar vago enquanto pensava em como me consolar.

    A situação com Beto Dantas tinha ficado tensa, meio perigosa. Com uma despedida não muito calorosa, ele foi embora a duas noites e não voltou a dar sinais de vida. Eu me sentia culpada, pela abordagem e pela forma que me expressei.

     Na verdade sentia que a culpa toda estava nas minhas costas, por não me expressar melhor, por causar a impressão errada falando sobre paixonites do colegial. Gostava tanto dele mas não conseguia fazer com que ele percebesse.

     Será que eu havia passado todo esse tempo sonhando com um príncipe encantado sem conseguir enxergar um bem a minha frente?

— Fico pensando se talvez, Duda não saberia se expressar melhor do que eu com você sobre tudo isso — Ela se levantou, dando a volta na mesa em que estávamos e sentando ao meu lado.

      Eu com certeza não ia querer ouvir o ponto de vista de Duda esse momento.

— Mas vou fazer o possível pra me expressar de um jeito que você não se ofenda, e você sabe — Ela fez uma pausa — Eu te amo, você é minha melhor amiga, eu vou estar sempre do seu lado, mas eu tenho que concordar com ele sobre você não ser muito expressiva no que se refere as coisas que sente por ele. Eu sei que você tá caidinha porque sou sua amiga, mas ele não te conhece tanto quanto eu.

    Fechei os olhos com pesar.

— Mas não acho que a situação esteja totalmente perdida — Ela voltou a falar antes que eu começasse a me debulhar em lágrimas. — Ele também está doido por você, é só você deixar ele saber que ele tem total liberdade pra partir pro ataque.

— E como eu faço isso Sthella, eu mal consigo sentar do lado dele sem gaguejar.

Ela deu de ombros.

— Sei lá, mande flores com um cartão.

    Eu me sentia um verdadeiro turbilhão de emoções. Declarar emoções não eram de longe a minha especialidade, tudo o que eu sabia fazer era tremer e gaguejar. Sthella concluiu o mesmo pensamento que eu e então com um beijo no rosto um abraço ela me deixou pra resolver problemas mais reais que os meus.

   Encarei meu celular abandonado na mesinha, talvez eu devesse mandar uma mensagem, uma ligação? E se ele estivesse no hospital atendendo alguém numa super necessidade e a tonta aqui interrompesse o salvamento da vida de alguém com uma ligação?

       A mensagem demorou pra chegar mas quando chegou meu coração batia dez vezes mais rápido. Será que ele tinha urgência em me responder? Será que eu era alguém que ele podia ver a notificação e pensar em responder mais tarde? Ou ele simplesmente ia  deslizar o dedo sobre a tela me fazendo sem importância alguma?

      Me joguei sobre o sofá sentindo meu cérebro torrar aos poucos, enchendo a sala de fumaça e indicando aos vizinhos que já estava na hora de chamarem os bombeiros. Por que a vida tinha de ser tão complicada?

   O celular vibrou sobre minha barriga e me ergui num pulo.

   “Oi, você pode falar?”

   “Claro! Te ligo num instante.”

   Ele então voltou a tocar, como um sonho. Eu deslizei o dedo sobre a tela com rapidez.

— Olá.

— Oi — Ele deu um suspiro — É bom ouvir sua voz. Senti sua falta.

   Minhas pernas estremeceram.

— Eu também senti a sua.

Houve um minuto de surpresa no ar.

— Verdade?

— Sim.

 Uma pausa.

— Onde você está agora? O que está fazendo?

— Estou em casa, falando com você.

— Acabo de chegar no refeitório, respirando um pouco depois de ter passado algumas horas fazendo receitas para viroses.

— Você não quer almoçar aqui em casa comigo?

   Ele hesitou. Oh não, será que eu estava sendo muito invasiva? Muito rápida? Será que ele achava que eu estava desesperada?

— Claro, te vejo em meia hora.

    Voltei a me erguer num pulo, arrumando a cozinha, tirando roupas da sala, cozinhando como se eu tivesse voltado para meus estágios adolescentes em restaurantes agitados de madrugada. Arrumei a mesa, estiquei uma toalha e posicionei as travessas em milhares de posições diferentes.

    Será que eu estava sendo muito perfeccionista? Será que eu não estava forçando a barra oferecendo tantas coisas? Será que aquilo não iria parecer um encontro ás pressas? E se ele quisesse comer na sala de frente a TV, afinal deveria ser mais divertido do que ficar olhando pra mim enquanto colocamo comida boca a dentro.

     Manu, respira.

    Dois toques na porta da frente, e tentei não sair correndo com a ansiedade no meio nas mãos, eu precisava ser uma pessoa normal certo?

     Beto Dantas abriu um sorriso lindo quando abri a porta e dei espaço para que passasse, se aproximou me oferecendo um beijo no rosto que eu era incapaz de negar, olhou em volta para a estranha organização da casa e ainda assim não disse nada.

— Arrumei a mesa pra gente.

— Oh — Ele pareceu surpreso.

  Tomei a frente de guiá-lo até a cozinha, como se ele nunca tivesse estado ali antes, e novamente ele pareceu surpresa com a variedade de comida que eu tinha feito, e senti que de fato, eu podia ter sido um tanto quanto exagerada.

    Ele piscou pra mim para sorrir de novo, em um agradecimento implícito, ajeitou os óculos de grau sobre o nariz e puxou uma cadeira para se sentar.

— Como você está? — Ele não olhou para mim quando perguntou. Ergueu o prato aproximando das travessas para se servir.

— Vou bem, tenho andado um pouco atarefada com as papeladas do restaurante, mas no geral, vou bem.

— Fico contente — Piscou os olhos brilhosos pra mim.

— E você?

— Puxei dois turnos de 12 horas esses dias então, ando bem cansado.

  Ah não, e eu fazendo ele andar de um lado pro outro pra me ver.

— Ah me desculpe, se eu soubesse eu-

— Não se preocupe, eu já passei por tempos mais puxados.

  Talvez lotar a boca com comida fosse melhor.

— Preciso admitir que fiquei surpreso com a sua mensagem, achei que você levaria mais tempo.

— Eu sei.

  Ele ergueu o rosto para me encarar de vez. Ainda que parecesse sério, não era como se sentisse raiva de mim, ou estivesse cheio de remorso pela última conversa, mas não significava que ele queria deixar o assunto de lado. Ele estava me dando espaço, mas não ia esquecer.

— Desculpe se eu dei a entender que gosto do garoto do colegial. Eu contei pra você porque eu guardei por muito tempo e achei que você tinha o direito de saber.

  Ele respirou fundo, o peito erguendo e enchendo, logo esvaziando. Puxou as mangas da camisa social rosada, exibindo os braços brancos e tatuados.

— Eu sei, não quis ser grosseiro quando perguntei do porquê ter me contado.

— Eu gosto de você, é só que é tudo muito novo pra mim. Passei muito tempo sonhando com você, e te ter aqui agora é um pouco inacreditável.


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