Lis

Minhas amigas sempre foram muito unidas a mim e eu a elas, quando uma sofria alguma coisa todas sofríamos, éramos assim cada uma tinha uma personalidade que se completava com a da outra. Mas depois do fim de semana que eu tive colocaria um limite nessa amizade...

Sempre que contava alguma atitude de Fábio que não se enquadrava no sexo aventura, ou na amizade-colorida que tínhamos, as meninas ficavam fazendo mil e umas suposições sobre nossa relação e sempre chegavam a uma única conclusão que ele estava apaixonado por mim, segundo elas o que estava atrapalhando era o fato de não termos momentos mais comuns de vida como namorados, para ele estava cômodo ir para minha cama e com todas aquelas regras tínhamos quase uma relação, o que faltava era assumir. Eu escutava e tentava filtrar, pois essas mesmas que diziam essas coisas viviam me dizendo também para não me prender, não me apegar... De algum modo sem eu saber traçaram um plano, chamaram de “Transformando o apavorado do café num namorado perfeito.” Lógico que quando descobri quis matar elas, mas antes disso tive que lidar com algumas situações estranhas no fim de semana mais maluco da minha vida.

A primeira delas foi quando Lia me contou que tinha conhecido Igor.

—Foi muito legal, eu estava lá no bar com as meninas, segurando vela para a sol e tal, quando ele apareceu. Supersimpático.

—Nossa que engraçado, no mesmo fim de semana que o Fábio me contou que ele estava querendo te conhecer.

—Nem me fale quando você me contou isso cai para trás... E ele nem demostrou nada. - Lia ficou pensativa.

—E sobre o que conversaram?

—Muitas coisas. - desconversou. – Você vai ir com agente no fim de semana?

—Não sei, essa semana vai ser difícil, vou ajudar todo dia na confeitaria.

—Ah, Lis vamos vai ser legal... E eu estava pensando podíamos chamar o Fábio e o Igor.

—Não né?! Ele vai achar que eu que quero que ele vá e já viu...

—Ah, por favor vou mandar uma mensagem convidando o Igor.

—Bom você que sabe... Mas não vou convidar o Fábio e nem sei se vou.

Aquela conversa passaria na minha cabeça um milhão de vezes depois. Outra coisa estranha foi minha tia.

—Lis esse fim de semana não tem nada na agenda, vou fechar a confeitaria e ir visitar uns parentes.

—Parentes? Que parentes tia?

—Ora do lado do pai do seu falecido tio.

—Ah sim... É que a senhora nunca visita eles...

—É então já estava na hora né. O Léo me contou que as suas amigas convidaram ele para passar o fim de semana no litoral.

—É parece que a Nanda convidou, eles estão se dando bem.

—Ela é bonita e simpática, gosto dela.

—É.

—E você meu bem vai ir com seu namorado?

—Que namorado tia, está louca?

—O menino que estava te cuidando quando ficou doente.

—Amigo tia, ele é meu amigo.

—A é verdade ele me falou aquele dia que era seu amigo.

—A senhora nunca me contou como que foi esse dia né?!

—Simples, eu fui lá te ver, de manhã cedinho, ele estava lá, simpático falou que você tinha passado bem à noite. Eu levei umas coisas para o café da manhã...

—Café da manhã?

—Sim querida, tomamos café da manhã, ele estava faminto, também ficou a noite toda lá, e não sei o que acontece com você é uma ótima cozinheira, mas sua geladeira está sempre vazia.

—Eu estava doente tia, e não tive tempo de fazer comprar. -me desculpei, sabia que minha mãe odiaria ver minha geladeira vazia também. -Ainda não acredito que tomaram café juntos...

—Como não?

—Ah tia deixa para lá é uma longe história.

—Eu sei que gostei dele, ele não vai mesmo para o litoral?

—Não sei ainda tia.

Eu não tinha convidado ele e ele tão pouco falou sobre isso, embora Lia estivesse pulando porque Igor iria com elas.

E vem a coisa mais estranha de todas que depois seria também o motivo da maior briga...

***

Fábio

L: Oi Fábio, esse fim de semana vou passar com as meninas na casa da prima da Sol, no litoral. Vou sentir saudades... Se tivesse lugar no carro levaria você ;)

Eu sabia do fim de semana no litoral, Igor estava animado e todo dia falava sobre isso. Eu estava me acostumando que ele tivesse conhecido a Lia sem precisar que eu ou Lis intermediássemos o encontro e já tive que engolir a ideia de que passariam o fim de semana todos juntos. Nos dias que me encontrei com Lis ela não tocou no assunto, ai fiquei tranquilo porque podia ser uma coisa de casais, e ela não se sentisse confortável para falar, achei melhor afinal passaríamos o dia juntos mesmo. Mas aquela mensagem mudou tudo, ela iria junto com eles? Será que iria mais algum cara?

F: Oi Lis, então esse fim de semana tem evento é? Posso ir com você se quiser... Com meu carro, e a Lia e Igor podem ir com agente.

***

Lis

Quando li o que ele escreveu achei que nada mais estranho poderia acontecer, não entendi nada, mas achei que Igor tivesse falado com ele e eu tinha decidido não ir fiquei sem saber o que falar... Mesmo assim respondi:

L: Parece que vai ser divertido, se não tem problema para você tudo bem.

F: Você vem no meu carro?

L: Claro...

F: Vou falar para o Igor que vamos levar ele e a Lia.

L: Sim.

F: É um final de semana de amigos... certo?

L: Sim!

***

Viagem ao litoral *

Na divisão dos carros por algum motivo que Lis e Fábio não entenderam os dois acabaram sozinhos. Igor e Lia foram com Sol e Henrique. E eles deveriam esperar Léo e Nanda que haviam se atrasado. Meia hora depois ela ligou avisando que resolveram ir no carro do Léo e já estavam a caminho

—Nossa que chato isso, ficamos aqui esperando e eles já estão quase lá.

—Tudo bem Lis, A gente chega rapidinho, vai dar tempo de ir à praia.

Lis sorriu, mas em seu interior estava com uma sensação que algo daria errado.

Quando chegaram à casa, tudo estava quieto.

—O de casa! -Lis gritou na porta. -Que coisa, parece que não tem ninguém.

—O endereço é esse mesmo?

—Sim, e eu já vim aqui um tempo atrás.

—Bom eles devem estar na praia.

—É nos fundos vamos olhar?

Contornaram a casa e chegaram a um caminho de pedrinhas brancas que levavam a praia.

—Lindo aqui.

—É sim.

Chegaram até a divisa entre o jardim e a areia da praia, olharam para um lado e para o outro e não avistaram nada até onde os seus olhos alcançavam.

—Praia particular?

—É do condomínio, os tios do Sol são superbem de vida.

—Percebi. Vamos voltar lá na frente ver se chegaram e tentar ligar, estou ficando preocupado.

O clima estava tranquilo mas tanto Lis quanto Fábio sentiam que alguma coisa não estava certa.

Ficaram sentados no carro tentando ligar para os amigos.

—Igor não atende de jeito nenhum.

—Nem as meninas, nem Léo. E se aconteceu alguma coisa.

—Mas eles nem estavam juntos.

De repente o celular de Lis começou a tocar dando um susto nos dois.

—Alô... Nanda?

—Oi amiga você não acredita o carro estragou, resolvemos vim por um caminho diferente que teu primo conhecia e o carro foi pro brejo, pelo jeito é um estrago grande, provavelmente estamos presos aqui, mas achamos uma pousada tão bonitinha, resolvemos ficar para passar o fim de semana juntinho, tudo bem? Avise as meninas! – Nanda falou num folego só, meio nervosa.

—Nanda, não acredito o combinado era todos juntos. E a Lia e a Sol não estão aqui!

—Como assim eles saíram bem antes.

—Estamos aqui na casa e não tem ninguém, tudo fechado.

Fábio percebeu a alteração na voz de Lis e um certo tremor em suas mãos.

—Ai Lis, sinto muito tentei ligar pra eles não consegui então liguei para você.

—Onde é essa pousada, vamos buscar vocês.

—Fala sério Lis... Me dá essa folga, o teu primo está todo carinhoso, poxa amiga deixa a gente se conhecer melhor a sós. – Nanda fez uma voz de suplica quase chorando.

—Se queria ficar a sós não devia ter chamado todo mundo.

—Eita mau humor, Lis para tá. O pessoal já deve estar chegando, levou biquíni?

—Sim, o que meu biquíni tem a ver com isso?

—Vai para a praia, coloca esse pezinho branco na areia e descarrega esse estresse, depois toma um solzinho porque está muito palmito, com toda certeza o pessoal chegou antes e foi na vilinha para abastecer a geladeira.

—Você prática né, o carro estraga, vamos dormir aqui, o pessoal some, vai Lis coloca um biquíni e vai tomar sol.

Fábio até então escutando concentrado e sério riu do jeito de Lis, e resolveu amenizar aquela explosão colocou a mão na perna dela e fez sinal para ela se acalmar.

—Tudo bem, deixa eles se divertirem, o pessoal já deve estar voltando.

Lis concordou com um sorriso fraco.

—Nanda, veja bem hein não vai desencaminhar meu priminho! E se divirta, nos encontramos em casa, para uma conversinha séria mocinha.

—Também te amo mãe! Beijoooo aproveita a praia e seu amiguinho ai! Beijo para ele também!

Lis chacoalhou a cabeça enquanto encostava as costas tensas no banco.

—Mandou beijo para você.

—Você ficou muito brava.

—Eu ando muito tensa acabei explodindo, desculpa.

—Ei sua boba, está pedindo desculpa por quê? – Fábio se aproximou dela e deu um selinho em seus lábios. –Quero saber desse biquíni ai, onde está?

Ela deu um sorriso ainda com os lábios dele próximos e o puxou para um beijo mais profundo.