Adeus, Viajante escrita por MogeBear


Capítulo 2
Capítulo Um


Notas iniciais do capítulo

Hey, como estão?
Como a história já está quase pronta, decidi postar um capítulo por dia. Ela vai ser uma história relativamente curta (vai ter 20 capítulos, sem contar o prólogo e o epílogo).
Espero que gostem!



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Denver, Colorado, 2015 - Lottie

— Hoje as aulas foram mais chatas que de costume. — Disse Ruby, enquanto atravessávamos a rua, saindo de nossa escola. — E o Mike me tirou do sério hoje.... Será que ele não entende que nem todo amor é correspondido? Eu me sinto mal por ele, tentando fazer eu me apaixonar.... Chega a ser patético.

— Tem razão, mas não pode culpá-lo. — Eu disse. — Não podemos escolher de quem vamos gostar.

— Isso é problema dele, não meu. — Revirei os olhos diante da insensibilidade dela.

— Você é cruel. — Eu disse.

— Aprendi com você. — Ela retrucou.

— Vamos à cafeteria? Estou morrendo de fome. — Mudei de assunto rapidamente. Ela realmente aprendeu aquilo comigo, mas não precisava jogar na minha cara.

— Claro. — Ela disse.

Fomos à nossa cafeteria preferida, que ficava perto de nossa escola. Era final de setembro, e o clima do verão esquentava o Colorado. Fazia, mais ou menos, 30° Celsius.

Sentamos numa das mesas perto da janela, e Clarie, uma mulher de meia-idade, que sempre nos atendia, chegou.

— Ruby, Lottie. Como estão? — Ela nos cumprimentou.

— Bem. — Respondi, com um sorriso.

— Mal. — Disse Ruby. — Estou realmente com muita fome.

— Você está sempre com fome. — Eu disse.

— Essa é você. Está se confundindo, Lottie. — Ela disse e eu revirei os olhos.

— O que vão querer? — Clarie perguntou.

— Uma coca bem gelada e brownies. — Eu disse.

— Chá gelado e bolo de mirtilo. — Ruby pediu.

— Saindo! — Ela exclamou, sorridente.

— Esse sol não faz bem para minha pele... — Reclamou Ruby. Ruby tinha descendência albina, ou seja, a pele dela era tão clara quanto papel. No verão, a pele dela ficava vermelha por conta do sol, o que a deixava muito irritada. — Nem todo o protetor solar do mundo consegue evitar isso.

Ri pelo nariz.

Apesar de Ruby sempre reclamar de sua pele, eu a achava linda. Era bem diferente da minha, que era pouco mais clara que a pele mulata; e bem mais bonita também.

Mas Ruby contrariava tudo o que eu dizia, ou seja, ela achava a pele dela horrível e gostava muito mais da minha; queria meu cabelo escuro e encaracolado e meus olhos castanho-escuros. Ela só podia estar louca.

Clarie voltou com nossos pedidos, ainda sorrindo.

— Como vai a faculdade, meninas?

— Ainda não chegamos lá, Clarie. — Eu disse. — Faltam dois anos.

— Mas... em que ano estão mesmo? — Ela perguntou, franzindo as sobrancelhas.

— Ainda estamos na High School, Clarie. Não chegamos em Harvard ainda. — Disse Ruby.

— Ah, e o que farão na faculdade? — Clarie perguntou.

Me endireitei na cadeira, desconfortável com a pergunta.

— Eu vou fazer medicina. — Ruby respondeu. — Ala de pediatria.

— Ah, mas isso é ótimo! — Clarie exclamou, e Ruby sorriu. A garçonete se virou para mim, e perguntou: — E você, Lottie?

— Eu... não faço a menor ideia. — Sorri, nervosa.

— Eu também não tinha a menor ideia do que faria. — Disse Clarie. — Mas olhe para mim agora, estou com dois filhos lindos, e me virando sem meu ex-marido! Não podia estar mais feliz! E eu adoro esse emprego!

Acho que não está ajudando muito, pensei. Não quero acabar como uma garçonete numa cafeteria de esquina, divorciada e com dois filhos para cuidar.

Sorri, fingindo estar confortada pelas palavras de Clarie, que sorriu de volta e se afastou de nossa mesa.

— Isso não parece uma vida muito feliz... — Ruby murmurou.

Embora concordasse com ela, não disse nada, apenas tomei um bom gole da Coca Cola gelada.

Olhei pela janela, observando a rua ligeiramente movimentada. Um cara, aparentemente um pouco mais velho do que eu, nos observava. Ao perceber que eu olhava de volta, ele virou o rosto, fingindo olhar uma mulher passando. Continuei o observando. Ele parecia sentir eu o encarando, e parecia desconfortável com isso.

— Ruby. — Chamei-a. — Olha aquele cara.

— Ele é até bonitinho... — Ela comentou, depois de alguns segundos. — Olha aqueles braços...

— Ele estava olhando para cá. — Eu disse, tornando a olhar para ela, que ainda o observava. — E não diga coisas assim, te faz parecer pervertida.

— Ele estava olhando para cá, e....? — Ela perguntou, olhando para mim.

Abri a boca para responder, mas suspirei, e disse:

— Esquece. — Então, voltei a olhar, enquanto ela dizia alguma coisa sobre não existir problema em fazer comentários pervertidos de vez em quando.

O homem tinha desaparecido. Observei toda a rua, mas não o encontrei em lugar algum.

— Ruby! Ele sumiu! — Eu sacudi sua mão, que descansava sobre a mesa.

— Quem sumiu? — Ela parou seu discurso sobre meu preconceito contra comentários e pessoas pervertidas.

— Aquele cara! — Eu disse, e ela franziu as sobrancelhas, botando a cabeça para fora da janela, aparentemente o procurando.

— Mas... como? — Ela perguntou. — Pessoas não desaparecem assim!

Nos entreolhamos um pouco tensas, e rimos. A situação não era nem um pouco engraçada, mas nós rimos. Muito.

— Ele é ninja! — Disse, entre gargalhadas. Meus olhos lacrimejavam, assim como os de Ruby.

— Eu vi ele dando um passo para frente. Aí, ele desapareceu! — Ela disse.

Por que estamos rindo?, perguntei a mim mesma. Não é nem um pouco engraçado!

Cheguei em casa cansada, passei direto por meus tutores e os filhos deles, sem querer papo. Ainda estava refletindo sobre o homem que nos observava e seu desaparecimento.

Fui para meu quarto, largando minha mochila em cima da cama, depois, tirei alguns cadernos, livros e meu estojo. Levei tudo para minha escrivaninha e comecei a estudar para minha prova de matemática.

Suspirei e afundei o rosto em minhas mãos. Era impossível me concentrar daquela maneira. Todos os meus pensamentos estavam voltados para o que acontecera mais cedo.

Deitei-me em minha cama, procurando alguma razão para tudo aquilo que aconteceu.

— O que foi que aconteceu lá? — Perguntei a mim mesma, pela milésima vez. — Ou ele realmente desapareceu, ou eu estou ficando louca.

Eu não soube qual era a melhor hipótese.

Sentei-me e soquei meu travesseiro, tentando deixa-lo mais confortável. Deitei de lado e fechei os olhos, acreditando que, se eu dormisse, conseguiria limpar minha mente e acordaria bem melhor.

— Acho que seria melhor acreditar que estava tendo uma alucinação... — Murmurei. — Mas como é possível Ruby ter alucinado com a mesma coisa? Ela definitivamente o viu...

A única coisa que eu conseguia pensar, era o rosto dele. Por que ele me observava? Por que, e como, ele desapareceu?

Alguns minutos depois, eu adormeci.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado! Não se esqueçam de deixar comentários.
Um beijo, um queijo, um abraço e até o próximo capítulo!



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