100 dias escrita por Camila Lião


Capítulo 9
Capítulo 9 - O começo da batalha IV


Notas iniciais do capítulo

Desculpem a demora. ♥



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/640132/chapter/9

—Acordou cedo, caiu da cama? -Perguntou Vi de costas para Leon-

—Como sabe que sou eu? Poderia ser um invasor.

—Um invasor não é lento como você.

—Que engraçadinha. Respondendo a sua pergunta, na verdade eu nem dormi.

—Ora, e porque?

—Pensamentos.

Viollet estava preparando seu café da manhã na mesa enquanto Leon estava apoiado na pia, inquieto como se quisesse dizer algo.

—Viollet, sobre ontem...

—Eu vou tomar meu café e depois verificar como a plantação está. Percebeu a mudança no clima? Essa região está mais danificada do que quando chegamos. Os efeitos da destruição estão mais claros.

—O que podemos? Se é que nos sobrou algo que possamos fazer.

—Eu não sei. Precisamos procurar outros sobreviventes, outro lugar para ficar. Se continuarmos aqui, vamos morrer, assim como tudo ao nosso redor. Estou pensando em voltar a fazer o que eu sempre fiz.

—E o que você fazia?

—Ficava perambulando por aí. Nunca fiquei tanto tempo em um lugar. E você, vai fazer o que?

Aquela pergunta soou como um murro no rosto de Leon. Ela não queria mais a sua companhia?

—Como assim o que eu vou fazer?Achei que nós fôssemos continuar juntos. Lembra o que eu disse sobre unir forças?

—Você não está atrás de alguma coisa?

—Sim, estou.

—Então continue sua procura. Não vai precisar de mim para isso.

Leon vai até a mesa e senta-se de frente para Viollet que não o olha enquanto saboreia seu café da manhã.

—Você realmente pensa isso ou está apenas querendo bancar a durona?

Viollet levanta o olhar mas não diz nada.

—Eu tenho muita estrada pela frente até chegar ao meus destino. -Leon suspira- É provável que eu encontre outros sobreviventes durante o percurso.

Viollet muda sua expressão e Leon percebe.

—Vamos fazer um acordo. Que tal? -Pergunta Leon para Vi-

—Que trato?

—Você viaja comigo e no primeiro abrigo para sobreviventes que nós encontrarmos eu te deixo caso você queira.

—Feito. Quando partimos?

—Você não ia ver a plantação? Vou com você.

—Vamos então.

Viollet se levanta da mesa mastigando o último pedaço de pão, vai até uma gaveta, retira uma arma e sai pela porta.

Leon vai logo atrás.

Os dois se direcionam para trás da casa onde tem uma pequena e estreita estrada de terra cercada por cercas brancas. A cada dez metros existe uma divisão feita com as mesmas cercas, que separam os tipos de plantas.

—É bem organizada a sua plantação.

—Muito obrigada. -Diz Viollet enquanto passa a mão em uma folha que há alguns dias estava saudável-

—É uma pena que está tudo morto.

—Realmente é uma pena. As pequenas árvores frutíferas demoraram tanto para dar frutos. E quando eles finalmente nascem, a plantação é extinta.

—Olha, você realmente tem uma vaca, eu não acredito!

Viollet ri.

—Ou talvez um projeto de vaca. Ela está bem magra, não acha? -Pergunta Leon observando o animal-

—Já é possível ver as costelas dela. Mas, não há nada que eu possa fazer. Quase não temos comida para nós.

—Então ela vai morrer em breve?

—Sim.

—É. Acho que eu realmente não posso ficar mais tempo aqui. Tenho que fazer algo sobre essa situação.

Leon tira as mãos do bolso e vai em direção à casa.

—Onde você está indo? -Diz Viollet correndo atrás dele-

—Para onde eu poderia estar indo? Vou para casa arrumar minhas coisas e partir.

—Espera aí.

Viollet puxa o braço dele tão forte que ele quase se desequilibra.

Leon e Viollet frente a frente.

Tão próximos.

Conseguem ouvir a batida do coração um do outro.

Viollet era menor que ele, precisava olhar para cima para observar os olhos de Leon.

O silêncio entre eles era gritante.

—Você tem certeza de que quer partir agora? Não se esqueça que...

Leon aproxima o rosto ao rosto de Viollet que para de falar e tenta respirar.

—Sim, eu tenho certeza.

Leon se afasta. Retira a mão de Viollet que ainda segurava seu braço e vai para casa.

Viollet fica ali paralisada. Seu coração batia tão forte que parecia poder rasgar sua pele.

Respirar... Respirar... Precisa respirar... Inspirar e expirar.

Ela começa a andar em direção à casa.

—Leon -Ela grita- Você tem certeza do que está fazendo? Não seja impulsivo.

Ele aparece na escada.

—Prepare logo suas coisas, temos que ir. Minhas malas estão prontas.

—O que? Como assim estão prontas? Você entrou na casa há dois minutos.

—Eu não desfiz elas totalmente quando cheguei aqui. Vamos para o seu quarto preparar as suas.

Viollet subiu as escadas assim que Leon desapareceu em direção ao quarto.

—Você não vai mexer nas minhas coisas.

—Nem preciso. Basta você me entregar o que quer levar e eu coloco na mala.

—Leon -Vi suspira- vá arrumar outras coisas. Vá verificar se há combustível suficiente no carro para que nós possamos sair daqui.

—Eu trouxe combustível de emergência comigo.

—Então vá arrumar os mantimentos. Há bolsas térmicas na parte inferior esquerda do armário.

—Tudo bem, não demore.

Viollet deu as costas e foi em direção ao armário.

Leon desceu as escadas correndo.

Quando retirou as bolsas do armário e estava prestes a guardar as coisas, sentiu uma dor em sua nuca e de repente tudo ficou escuro.

Vi terminou de preparar suas malas e desceu a escada reclamando.

—Você podia ao menos me ajudar com isso aqui, não é mesmo? Ficou me apressando tanto.

Não houve resposta.

Ela colocou as malas no fim da escadas.

—Leon?

Virou-se em direção a cozinha e viu duas pernas no chão como se alguém estivesse deitado.

Retirou a arma da mala e chamou por Leon mais uma vez mas não obteve resposta.

Ao contornar a esquina do balcão da cozinha pode ver Leon caído no chão com sangue na nuca.

—Leon -Ela gritou- Meu Deus, o que aconteceu?

Ela foi até o banheiro e pegou o kit de primeiros socorros.

Assim que terminou o curativo ele despertou.

—Graças a Deus. O que aconteceu? -Ela perguntou desesperada-

—Eu não sei. Eu me lembro de ter descido as escadas, ter me ajoelhado para pegar as bolsas e assim que levantei... Não me lembro de mais nada.

—Isso significa de que tem mais alguém por perto. Mas porque nos machucaria? Não estamos infectados. Será que ele te confundiu com um zumbi no estágio um?

Após receber a mordida de um zumbi você passa por quatro estágios.

Estágio um: É parecido com uma gripe, febre, cansaço, na maioria dos casos, suor frio.

Estágio dois: O começo da mudança na cor da pele.

Estágio três: Morte e deterioração.

Estágio quatro: O corpo volta à vida.

—Pode ter sido.

—Consegue se levantar?

—Creio que sim.

—Vamos para o carro, vou dirigir para longe daqui.

Leon se levanta cambaleando mesmo estando apoiado em Vi.

Saem pela porta e já é possível ver o carro que está estacionado logo em frente.

Ela abre a porta do veículo, coloca Leon sentado e volta imediatamente para buscar as malas.

—Ainda tenho que prepara os mantimentos. Se importa de ficar aqui no carro? Deixarei a porta da sala aberta, qualquer coisa grite.

—Está tudo bem. Pode ir.

Ele responde tentando disfarçar a dor e a tontura que está sentindo.

—Certo. Volto em alguns minutos.

Ela corre para dentro de casa.

Rapidamente abre os armários e guarda os alimentos.

Ouve um barulho na porta dos fundos.

—Eu não vou esperar para ver quem é. Não mesmo.

Pega as duas bolsas que estavam repletas de mantimentos e uma que estava vazia e corre para a porta da sala.

Joga as bolsas no banco de trás e entra rapidamente no carro.

—Alguém entrou na casa. Quem quer que tenha feito isso com você, voltou por algum motivo.

Ela liga o carro, solta o freio de mão, engata a primeira e acelera.

—Por acaso existe alguém atrás de você? -Ela pergunta-

—Não que eu saiba. Talvez a pessoa só estivesse atrás de alimento.

—Que seja, vamos para longe.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Obrigada por ter lido até aqui. ♥



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "100 dias" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.