Aquele a quem chamam Severus Snape escrita por magalud


Capítulo 11
Capítulo 11




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Havia uma bigorna do tamanho da cabeça do dragão de Gringotts na cabeça de Harry. Ao menos era isso que parecia quando ele acordou.

Uma mão gentil, mais suave que a de Madame Pomfrey ajudou-o a tomar a poção. Tinha um gosto maravilhoso e ajudou-o a se tornar um pouco mais consciente do ambiente a seu redor.

Ele olhou em volta, confirmando sem surpresa que estava na ala hospitalar e viu uma dama gentil que o encarava, sorrindo suavemente. Ela parecia conhecida, mas ele não sabia dizer onde a vira antes.

Só levou uns segundos para ele se lembrar. Tudo veio à sua mente uma só vez, lavando como se fosse a onda de um tsunami. Ele chegou a se assustar e sentou-se na cama.

— O que aconteceu? — A voz dele estava alquebrada.

Apsara o encarou com infinita bondade e o olhar dela parecia, por si só, capaz de confortá-lo. Mas ela também tinha palavras de apoio para ele.

— Está tudo bem, e você vai ficar ótimo. Mas algo inesperado aconteceu. Deixe-me contar tudo enquanto você se alimenta.

E foi assim que, mesmo já desperto e consciente, Harry ainda sentia estar dentro de um sonho. Snape estava vivo? A essência do homem estava dentro de Harry? Eles teriam que ir todos para a casa deles?

A sensação de sonho só aumentou quando Harry viu, na cama ao lado, dormindo, seu antigo professor de Poções e Defesa Contra as Artes das Trevas (Harry não conseguia chamá-lo de Diretor). Nada era mais surreal do que as asas negras semiencobertas pelos lençóis.

— Isso tudo é tão incrível. — Harry terminou um prato inteiro de um mingau que ele não reconheceu, mas achou delicioso de qualquer forma. — Snape jamais pareceu... ser desse tipo, sabe? Quero dizer, para nós, vocês parecem mesmo ser anjos. Eu jamais usaria essa palavra para me referir ao Professor Snape. Sem ofensa.

Apsara escolheu olhar para frente.

— Ele deverá ter dificuldade para se adaptar, se escolher nosso modo de vida — antecipou Apsara, um pouco temeroso. — Ainda assim, eu gostaria que ele tentasse. Mas no momento, eu gostaria que você me ajudasse com isso. Eu gostaria de conhecer meu filho, saber se ele poderia aceitar a sugestão.

Harry se sentia bem fisicamente, mas o pedido de Apsara o deixava dividido. Ele passara um ano inteiro odiando Snape intensamente, e subitamente tinha que reverter esses conceitos.

Então, sem querer ser grosseiro com Apsara, ele foi diplomático, embora parecesse inseguro.

— Não sei se ele aceitaria uma mudança tão radical, mas tem algumas coisas a seu favor. Por exemplo: ele já é um grande protetor. Cuidou de mim toda a minha vida, por causa de minha mãe. Era apaixonado por ela.

Apsara exalava tristeza ao comentar:

— Meu filho tentou salvá-la, mas não conseguiu. Além do luto, a culpa quase o destruiu. — Apsara encarou Harry, observando a expressão de espanto e sorriu gentilmente, respondendo à pergunta que ele não fizera: — Nós o observamos disfarçados, de vez em quando, e à distância. Uma mãe gosta de acompanhar suas crianças.

Harry tentou não pensar em Lily. Continuou:

— Ele tem um jeito de esvoaçar os mantos. Também tem algo no jeito que ele se mexe, uma precisão de movimentos que é suave e elegante.

Apsara abriu um sorriso.

— Esse é um traço Elohim. Graça, fluidez também. É como você na sua vassoura, Harry. Só que não precisamos de vassoura para voar.

Os olhos de Harry ser arregalaram, e ele se lembrou:

— Ele também não! Ele pode voar do nada!... Isso me impressionou. É quase como se ele fosse... er... Como se ele tivesse...

— Como se ele tivesse asas? — Apsara sorriu para ele, com carinho. — Ele faz isso naturalmente. Eu gostaria que ele experimentasse o sentimento de alçar voo com suas próprias asas. Oh, a alegria! Não há nada que se compare, acredite. — Ela parou abruptamente, enrubescendo. — Por favor, perdoe-me. Não quis ser cruel. Você gosta tanto de voar, e eu não deveria estar lhe contando essas coisas.

Sem se constranger, Harry admitiu:

— Sim, eu sinto um pouco de ciúmes.

— Não deveria. Você tem muitos talentos no que se refere a voar, e eles são formidáveis. Você vai ficar bem, mas preciso adverti-lo.

Harry não entendeu e repetiu:

— Advertir? Advertir o quê?

— Sobre carregar um midrash. Todas as memórias dele e os sentimentos dele, tudo que ele foi e era, você carrega tudo isso dentro de você. Haverá momentos em que isso vai tentar emergir. Se isso acontecer, não há motivo para pânico. Só me diga e eu lidarei com isso.

— Não sei se entendi.

— O midrash daquele a quem chama de Severus pode tentar tomar sua mente. Se isso acontecer, você pode nem se lembrar da experiência. Então, se você acordar se sentindo estranho, esse é o motivo.

— Não me lembro disso ter acontecido antes.

— Mas aconteceu, querido. Parece que você não se lembra. Não precisa se inquietar. Você ainda está se recuperando, e em breve estaremos viajando para casa, para que possamos tratar de você. De vocês dois, quero dizer.

— Essa viagem demora? Quero dizer, sua casa é muito longe daqui?

— Não se preocupe com isso. Não será diferente de quando você Aparata. E você também levará seus amigos.

— Amigos?

— Ronald e Hermione concordaram em vir conosco. Eles estão lá fora, vieram assim que puderam. O jovem Neville está cuidando dos repórteres. Kingsley também está aqui, bem como Minerva e Poppy, claro. E Molly também apareceu. Ela estava bem nervosa a seu respeito, mas agora ela está bem.

Harry se inquietou com a quantidade de coisas ocorridas em sua ausência.

— Há quanto tempo exatamente eu estou apagado?

— Algum tempo, mas não deve se preocupar, ainda está se fortalecendo. Que tal isso: por que não fala com seus amigos um pouco? Uma rápida visita deve fazer bem às duas partes, já que eles estão bem ansiosos. Ron, Hermione e Neville estão esperando para entrar. Posso convidá-los?

— Sim, por favor. Obrigado.

Embora Apsara tenha dado a todos privacidade, Harry não conseguia superar o fato de Snape estar ali, respirando, e não enterrado. A presença dele era uma pergunta pairando no ar. Ron e Hermione já falavam da viagem, com planos e expectativas, mesmo depois de Elohim ter reforçado a eles o mesmo que Apsara dissera: não era diferente de uma Aparatação.

— O problema é — comentou Hermione — que não temos a mínima ideia de quanto tempo isso tudo levará. Lady Apsara deu a vocês qualquer pista sobre a duração disso?

Harry negou:

— Nada. Ela me alertou que Snape podia, er... querer sair. Na minha mente, ela disse. Disse que já tinha acontecido antes.

— Foi? — perguntou Neville. — Você se lembra?

Harry respondeu:

— Eu só me lembro de uma coisa estranha sobre a Prof. McGonagall. Era como se eu a estivesse vendo com outros olhos. E eu estava preocupado com a escola e comigo, quero dizer, com Harry Potter. Muito estranho.

— Que esquisito — comentou Ron.

— Eu que o diga. Já é estranho que Snape esteja vivo e tenha asas, mas ter o cérebro dele dentro do meu é de arrepiar.

— Puxa — comentou Neville. — E agora vocês estão indo lá para a terra deles. Onde exatamente isso fica?

— Ela não me disse — respondeu Harry. — Talvez Hermione saiba.

A moça respondeu, desolada:

— Eles não me disseram e não acho que farão isso. Obviamente estão tentando proteger sua identidade. Eu nunca ouvi falar desse povo antes. Eles se chamam Elohim, certo?

— Pelo que que entendi, isso não é bem verdade — respondeu Harry. — Elohim foi o nome que nós humanos demos à raça deles há muito tempo, quando eles eram considerados anjos. Não sei como eles se chamam a si mesmos.

— Anjos? Eles são anjos? — A voz de Hermione ficou tão estridente que parecia ter subido duas oitavas. — Como você sabe tanto?

Ele explicou:

— Eu ouvi o caso que eles apresentaram ao Wizengamot. Fui lá para falar sobre o verdadeiro papel do Snape durante a guerra. Eles deram a ele uma medalha póstuma.

— Como será que vão reagir quando souberem que Snape está vivo? — indagou Ron. — Espero que eles não queiram tirar a medalha.

— Eu não tenho certeza — disse Harry.

Hermione continuava intrigada.

— Será que Snape sabia que era um deles? Se soubesse, ele saberia que não morreria, e então teria passado para você esse lance da mente.

— Eu acho que ele não sabia de coisa alguma — disse Harry. — Ele morreu de verdade, Hermione. A mãe dele disse que sentiu quando isso aconteceu.

— Ele morreu mesmo — confirmou Neville. — Eu vi com meus próprios olhos quando a magia dele deixou o corpo. Então ele criou asas e voltou a respirar. Parecia uma resposta automática ou algo do gênero.

— Que raça interessante — comentou Hermione.

— Nev, você gostaria de ir? — quis saber Ron.

— Ir?

— Com Harry e Mione — explicou. — Posso ficar, se você preferir.

— Não, Ron, tudo bem — garantiu Neville. — Prefiro ajudar Harry e o ministro a tratar com a imprensa. Vocês três estão mais acostumados a essas aventuras juntos. A menos que Harry queira que eu vá. — Neville se virou para ver o Menino-Que-Sobreviveu deitado na cama. — Harry? Harry? Ih, acho que ele dormiu.

O rapaz na cama abriu os olhos e Neville franziu o cenho. Harry ergueu a cabeça e olhou em volta, parecendo confuso.

Hermione se aproximou:

— Tudo bem? Está sentindo alguma coisa?

— Não estou certo. — A voz de Harry soou diferente, reparou Neville.

— O que há? — insistiu Hermione.

— Quer que vá chamar alguém? — perguntou Ron.

— Estou confuso — confessou o jovem, baixinho, ainda com um ar perdido. — A escola... está segura?

Ron se riu:

— Do que está falando, cara?

Harry olhou diretamente para ele e pareceu espantado.

— Sr... Weasley?

— Está me assustando, cara. — Ron perdeu o sorriso. — Não brinque com isso.

Hermione cochichou para ele:

— Não acho que ele esteja brincando, Ron.

Harry virou-se para ela, com uma cara ainda mais espantada.

— Srta. Granger...?

— Harry?

O rapaz adquiriu uma expressão de quem achava ter visto um terceiro braço saltar de seu abdômen.

— Por que, em nome de Merlin, está me chamando de Potter?

Os olhos da moça se arregalaram quando ela percebeu o que estava acontecendo. Então ela cochichou para os outros dois, espantada:

— Oh, Merlin. Os olhos deles estão pretos. A voz está toda errada...

— Nossa — sussurrou Ron, perdendo toda a cor no rosto. — Esse aí é... Snape?

— É claro que sou eu, Sr. Weasley — disse Harry, na voz melíflua de Snape. — O que está havendo aqui? Por que me sinto... como... como se... — Ele perdeu o fôlego e deitou-se. —... como se precisasse... deitar... um pouco...

Ele fechou os olhos e não se mexeu mais, aparentemente adormecido.

— Ele desmaiou — disse Ron. — Isso não pode ser bom.

Neville se levantou.

— É melhor ir buscar Lady Apsara.

Hermione estava certa: Lady Apsara reconheceu que o episódio fora a consciência de Severus se apoderando do corpo de Harry. Ela decidiu que não era mais possível esperar. Eles tinham que ir imediatamente.

Em poucos minutos, puseram tanto Harry quanto Snape em macas. Elohim e Apsara se despediram, anunciando que não voltariam, a menos que as coisas piorassem. Neviile, McGonagall, Kingsley e Pomfrey observaram o grupo simplesmente desaparecer da ala hospitalar, levando Ron e Hermione.


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